As Demoras de Floyd escrita por Majora Rollins


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

- Agradeço por estar aqui. Vejo que a minha sinopse o agradou. - - Espero que goste do capítulo e que Floyd Louis Williams o agrade tanto quanto agradou a mim. ♥

— Tenha uma boa leitura e se gostar do capítulo, deixe sua opinião. ♥



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Antes mesmo de nascer, minha mãe dizia que eu era especial. Em algumas noites, antes de dormir, quando eu a questionava sobre algumas pessoas não gostarem de mim e me chamarem de idiota, burro, bobo ou lerdo. Ela respondia que eu era especial para o Senhor e que essas pessoas não sabiam ainda disso. Mamãe as chamava de invejosas.

Em uma consulta médica no consultório do doutor Oliver Jackson, ele disse a minha mãe que eu estava bem e estava impressionado com a minha capacidade de ler frases completas sem pausar. Eu tinha sete anos quando isso aconteceu e aquilo fez a minha mãe abrir um sorriso de orelha a orelha.

O douro Oliver sempre ria toda vez que lia minha ficha e dizia meu nome. Floyd. Minha mãe me explicou uma vez o significado do meu nome. Meus pais, quando se conheceram, estavam em um show da banda Pink Floyd e em uma troca de copos de cerveja super quente, meu pai tocou a mão da minha mãe e os olhares se encontraram de tal maneira, que ela podia ver o brilho dos olhos dela nos olhos dele. Aquilo soava tão romântico para a minha mãe, pois ela sempre chorava quando recordava dessa história da primeira troca de olhares com o meu pai. Ela ainda contava que duas semanas depois do show do Pink Floyd na sua cidade natal, eles se reencontram em outro estado que estava acontecendo mais um show da banda Pink Floyd. Minha mãe acreditava fielmente em destino e aquele dia, foi o destino que os juntou. Meses depois, meus pais estavam juntos, morando no Kansas e ouvindo muitas bandas de rock. Meu pai dizia que queria muito ter um filho para chama-lo de Floyd e então, em uma noite de festa, música rock'n'roll e bebedeira, meus pais tiveram relações "legais" e eu nasci. Mamãe insistia em me contar que eu tinha vindo de uma cegonha, mas eu descobri, por Cory Peters, que eu tinha vindo da vagina dela.

Fiquei uma semana vomitando imaginando como eu sai da vagina da minha mãe depois que eu a peguei fazendo xixi no banheiro.

Eu nasci com um QI de 69, isso fez eu ser devagar e pensar as coisas com mais calma antes de dizer e fazer besteiras. Não sou uma pessoa estressada, muito pelo contrário, minha mãe diz que sou a pessoa mais calma do mundo e que ela admira muito isso. Eu levo uma vida normal ao contrário do que pensam. Ia para a escola especial, porque sou uma pessoa especial e mereço ir a uma escola especial. Praticava futebol americano e sonhava em um dia em jogar rugby. Mas minha mãe não permitia porque eu era pequeno demais e rugby é um esporte muito violento.

Aos dez anos, meu pai faleceu. Ele foi morto em um assalto por um cara alto e aparentemente negro. Aparentemente negro foi o que a policia descreveu depois do depoimento de uma testemunha aparentemente branca. Sabe, as pessoas negras não são muito bem vistas no mundo. Eu ainda não sei porque. São pessoas. O que elas tem de tão inferior a mim ou a um macaco? Por que as chamam de macaco se não são agem e andam como macacos?

Mamãe dizia que negros são pessoas como nós e algumas são especiais como a mim. Talvez seja por isso que me dava tão bem com Bernadeth Carter, a garota negra que sempre conversava comigo enquanto ficávamos pendurados nas arvores perto da praça principal ou sentados nela conversando sobre desenhos animados.

Bernadeth Carter era uma garota muito legal e com o cabelo muito legal também. Eram cachos que iam até a metade de suas costas e seus olhos pareciam grande gotas de chocolate. Ela era um chocolate. Só que eu nunca me atrevi a dizer isso a ela por medo de ela não gostar mais de mim, pois Bernadeth era minha única e melhor amiga.

A minha melhor amiga me deixou também. Se mudou para longe fugindo das agressões que sua mãe e ela sofriam do pai. Ainda lembro quando ela foi a minha casa e despediu-se de mim com um abraço forte e beijo na bochecha. Bernadeth nunca havia me beijado na bochecha. Sua mãe se despedia aos prantos da minha mãe, que parecia sorrir aliviada pela senhora Carter ir finalmente embora. Ao darem partida no carro, pude ver Bernadeth acenando para mim. Eu acenei de volta e então, meu raciocínio lerdo deu o alerta de que nunca mais ia ver Bernadeth na minha vida. Não íamos mais brincar de banho de mangueira no quintal da minha casa nos dias super quentes, não íamos mais assistir desenhos bebendo leite e comendo os biscoitos que sua mãe fazia, não íamos mais brincar de guerra nas estrelas e nunca mais íamos conversar em baixo das arvores como antes.

— Vamos entrar, querido.

Aquela frase foi estranha de ouvir da minha mãe. Eu estaria dando as costas para o adeus de Bernadeth e aquilo me machucou muito. Chorei por dois dias por Bernadeth, até eu receber uma ligação sua. Ela dizia que morar na Flórida era melhor que morar na cidade do Kansas. Lá era um lugar bonito, com muitas flores — Bernadeth gostava de flores — e que o sol era muito quente. A escola onde ela estava estudando era legal e que já havia feito alguns amigos, mas que nenhum deles era igual a mim, especial.

Bernadeth ainda me contou que sua mãe estava muito feliz e que ela também havia feito amigos. Frequentava o clube das senhoras da sua rua e fazia chá gelado quando recebia visita aos sábados. A senhora Carter estava muito feliz e isso deixava Bernadeth feliz também.

Muitos anos se passaram desde que Bernadeth mudou-se e que o nosso contato havia diminuído. Ambos estavam no ensino médio e Bernadeth dizia que sua vida estava mais complicada. Sua mãe estava mais estressada devia as ligações sob ameça que recebia do seu pai. Ele dizia que queria mata-las e aquilo deixava a senhora Carter com muito medo.

Em uma manhã de domingo, quando fui pegar o jornal na varanda a pedido da minha mãe. Vi na primeira página, em letras grandes e de ar assustador, o assassinato de mãe e filha na Flórida. Em baixo, na parte em que explicava o motivo do assassinato estava o nome de Bernadeth e da senhora Carter.

Fomos ao velório de Bernadeth e sua mãe. Eu estava muito triste, pois definitivamente não veria mais Bernadeth na minha vida e nunca mais poderia ver aqueles olhos de gota de chocolate novamente. Deixei uma carta no caixão de Bernadeth, contando como foram os meus dias antes do funeral e de como me senti diferente toda vez que sentava nas árvores perto do parque principal. Ousei em escrever que a considerava como um chocolate e que lá de cima, não ficasse com raiva de mim, pois era num sentindo bom e não num sentido ruim.

Foi assustador, mas eu consegui não chorar no funeral. Quando cheguei no meu quarto, eu chorei tanto, que nem mesmo os cães da minha rua conseguiram parar de chorar também.


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Notas finais do capítulo

- Obrigada por ler. ♥



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