Entropia escrita por Reyna Voronova
Notas iniciais do capítulo
Terceiro Cântico - Atos
Interlúdio
Efemeridade
A vida é feita de momentos e prazeres efêmeros.
O agora já passou; a cada milésimo de milésimo de milésimo, o momento passado deixou de acontecer dando lugar a um novo que já morreu e deu lugar a um novo, e assim até o momento em que esses milimomentos um dia vão terminar — com a morte.
Pensar nisso é como pensar sobre respirar ou piscar os olhos: por alguns instantes, você não irá conseguir parar de pensar no “agora”, assim como quando alguém pensa em piscar e fica sem conseguir fazê-lo automaticamente por alguns instantes até que a mente se ocupe com outra coisa.
Não é apenas isso, no entanto, que define o quão passageira é a vida: o que você faz nela, principalmente atividades prazerosas, parece passar num estalar de dedos. Dormir, algo tão apreciado e necessário para a manutenção do corpo, é algo que dura um simples piscar de olhos; no momento em que se perde a consciência, há apenas um brevíssimo vazio escuro, e depois, o acordar e a claridade. Comer igualmente. Corta-se a comida, coloca-a na boca, mastiga-a, engole-a e fim. Momentos que duram segundos ou, no máximo, pouco mais de um minuto, são tão bons e logo se acabam. Até mesmo escrever; palavras surgem no papel com segundos, e assim como os milimomentos, cada palavra que você deve escrever já foi escrita, dando lugar a uma nova palavra, e segue-se assim até o fim do texto [que já está terminando, aliás].
Toda essa lógica e pensamento serve para uma simples lógica sem números: se os momentos são efêmeros, logo a vida é igualmente efêmera.
No entanto, ela pode ser passageira como um piscar de olhos, mas também pode ser passageira como um sono pesado.
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