Amor & Preconceito escrita por L CHRIS


Capítulo 9
Capitulo VIII - Apenas amigas?


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora, pessoal. O novo capitulo demorou, mas chegou. A todos uma boa leitura!



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Posso sentir as batidas do meu coração, que palpitava dentro do peito. Por um momento me sinto constrangida.

Será que Valentina podia ouvir como meu coração batia descompensado? Droga!

Valentina e eu estávamos em seu carro, à noite era amena e silenciosa isso só deixava aquele momento ainda mais embaraçoso. Enquanto ela nos guiava pelas ruas silenciosas, eu observo-a, seu corpo estava relaxado enquanto locomovia seu carro. O cabelo loiro estava preso com um elástico, vestia uma camisa preta e jeans de lavagem escura, ela estava linda... Sim, ela era linda. Linda.

Desvio meu olhar.

Quando caminhei em direção ao seu carro, me pareceu uma boa ideia sair com ela essa noite, mas agora, eu já não tinha certeza.

A verdade é que tudo era muito confuso dentro de mim, nunca gostei de alguém antes, não sabia exatamente se gostava de Valentina, mas o que sabia era que nunca havia sentido algo assim antes.

– Você conhece algum lugar que podemos ir? – Sua voz me tira dos meus pensamentos.

– A-ah – gaguejo confusa – tem uma lanchonete aqui perto, eles tem um hambúrguer ótimo.

Valentia sorri parecendo gostar da ideia retribui com um sorriso tremulo.

– Me parece uma boa ideia. Estou faminta.

Seus olhos agora me fitam, o que me faz estremecer.

Droga, não me olha assim, Valentina. Por favor. Imploro em pensamentos.

Talvez aquela noite fosse à noite perfeita para o desastre.

O desastre dos meus sentimentos.

***

– Me diga um desejo, Norah. Algo que você queira muito.

Beijar você.

– Eu não sei. Talvez eu queira me formar e entrar em uma boa universidade.

– Sério?

Concordo sentindo meu rosto corar.

– Sim.

– Eu pensava que você diria algo do tipo, casar ou ter filhos.

Analiso Valentina em silencio.

– Por que diz isso? – Meu tom é sério.

Ela dá de ombros.

– São isso que as pessoas mais idealizam, não é? Ter uma família, deixar herdeiros, construir raízes... Essas coisas.

Fico refletindo sobre sua pergunta por algum tempo. Valentina não parecia ser o tipo de garota que sonhava em ter filhos ou em ser dona do lar.

Sinceramente, nem eu sonhava com isso.

– Você pensa em ter filhos?

Valentina sorri.

– Claro. Mas esse não é meu sonho.

– Então, qual é seu sonho?

Valentina me encara risonha.

– Que esse hambúrguer nunca acabe. Isso é muito bom. – Seu tom é brincalhão enquanto limpa os cantos da boca.

Solto o riso e encaro Valentina que está sentada ao meu lado, estávamos no estacionamento da Facuu’s uma lanchonete que servia o melhor hambúrguer com fritas da cidade.

– Isso não vale!

– Tudo vale nessa vida, senhorita Carter.

Fico em silencio.

Tínhamos pedido um hambúrguer duplo, fritas e dois milk-shakes. O relógio já marcava oito da noite quando resolvemos sentar sobre o capô do seu Mustang para saborearmos a nossa refeição.

A noite era agradável, o céu negro trazia consigo pontos brilhantes das estrelas daquela noite, a lua estava majestosa naquela noite, mostrando todo seu brilho e encanto.

A noite era linda, perfeita para ser aproveitada.

– Eu gosto daqui – começou Valentina enquanto encostava suas costas contra o capô de metal – quando meu pai me comunicou que viríamos para cá, eu juro que pensei que minha vida tinha acabado – sentia tom de sinceridade em sua voz – mas então eu conheci você, Norah. E tudo fez sentido.

Sinto sua mão tocar a minha, um forte arrepio sobe por todo meu corpo, naquele momento as palavras morrem em minha garganta e eu sou capaz de dizer qualquer coisa.

Qual é seu problema, Norah Carter? Penso.

Desvio o olhar e passo a observar o imenso estacionamento a céu aberto, os carros que entravam e saiam, as pessoas, os casais, droga, eu não conseguia encarar Valentina nos olhos.

Novamente sinto minhas mãos frias, e meu medo é que ela também notasse meu nervosismo.

Quando finalmente tomo coragem para encarar Valentina nos olhos, posso perceber que ela também me encara, e por um momento penso em pular daquele capô e sair correndo.

Por que era tão difícil está perto dela? Valentina era tão legal comigo. Penso cabisbaixa.

– Eu sei que para você é difícil. Mas eu quero que saiba que não quero nada que você não queira, Norah.

Desvio meu olhar e passo a encarar meu Milk-shake que estava pela metade. O grande problema era que queria Valentina, era estranho, embaraçoso, confuso. Mas queria ela, só não sabia de qual forma. Pelo menos não ainda.

Pressiono meus lábios.

Minha garganta seca e meus batimentos cardíacos aceleram.

Por que as coisas não podiam ser fáceis como em um filme? O mocinho e a mocinha apenas se beijam e fica tudo bem. Mas aqui não é um filme, e não existe mocinho, apenas duas mocinhas.

– Podemos ser apenas amigas?

Amigas? Norah Carter! Não é isso que você quer. Por que você faz isso? Acorda! Diga o quanto você quer beija-la. Agora!

Infelizmente Valentina não podia ler pensamentos.

Seu olhar podia mostrar com clareza seu desapontamento, era obvio que ela queria aquilo, tanto quanto eu. E era claro que ela percebia o quanto eu queria, e talvez por isso fosse tão decepcionante, saber que minha covardia me impedia.

– Tudo bem – assentiu enquanto terminava seu hambúrguer – podemos ir embora se você quiser.

Valentina desce do capô, caminhando até a lata de lixo mais próxima para jogar as embalagens fora.

Sinto-me envergonhada, não só por minha atitude, e sim, por não ter coragem de fazer o que sinto vontade, me prender aquela ideia fixa que isso era errado só estava me deixando ainda pior.

Por que gostar dela poderia ser algo ruim?

O mundo é mesmo um lugar cruel.

À volta para casa foi silenciosa, não tive coragem de dizer muita coisa, e Valentina pareceu não se importar, talvez ela até preferisse meu silencioso. Depois do nosso desastroso quase encontro ela teve certeza o quão babaca eu era. E talvez agora, ela finalmente se convenceria que eu não era a pessoa certa.

Não era.

Enquanto cruzávamos um farol, pude perceber um grupo de jovens que conversavam em uma praça, meus olhos percorriam aquelas pessoas que falavam alegremente. Mas minha atenção se focou no casal de garotas que se beijavam, as duas pareciam estar felizes, e seus amigos pareciam não se importar.

Por que todas as pessoas não poderiam ser assim? Penso.

Encaro Valentina e percebo que seu olhar está fixo na direção do carro, mesmo assim, parecia que ela estava distante dali. Como se seus pensamentos estivessem em outro lugar.

– Me desculpa. – Começo me sentindo envergonhada.

Valentina desvia o olhar para me encarar.

– Pelo o quê?

– Por hoje...

– Norah, você está pedindo desculpas por ser hetero? – Valentina solta um riso, mas eu sinto peso em seu sorriso.

Ela não estava feliz.

Meneio minha cabeça fitando agora meus pés.

– Eu sei que parece difícil de acreditar – Valentina suspira – eu não sou como os garotos, Norah. Eu sei muito bem diferenciar os sentimentos, se você me quer como amiga, eu serei sua amiga. E isso será o suficiente para mim também.

Esse é o problema. Eu não quero ser só sua amiga. Rebato em pensamentos.

– Tudo bem...

Valentina estacionou o carro em frente a minha casa ainda era nove da noite, as luzes da casa estavam acessas, provavelmente, meu pai me esperava enquanto lia seu jornal.

– Então... Boa noite. – Anuncio enquanto me livro do cinto.

– Boa noite, Norah. Até segunda. Você quer que eu venha te pegar?

Encaro Valentina por um momento e me convenço que talvez passar muito tempo com ela só dificultaria as coisas.

– Ah, não... Encontramos-nos na escola. Precisamos resolver nosso seminário.

– Podemos fazer isso depois da aula. Se não for problema.

– Ótimo. – Interrompo Valentina com um sorriso tremulo.

Inclino meu corpo para me despedir com um beijo, e parece que Valentina fez o mesmo, já que nossos rostos ficaram a poucos centímetros de distancia. Posso sentir sua respiração quente contra meu rosto, seu halito fresco contra minha pele, por um momento eu desejo que aquele momento não tenha fim. Quando dou por mim meus olhos se fecham, nossas bocas estão próximas demais, posso sentir a quentura que seus lábios trazem. Por um momento eu me vejo beijando-a, posso sentir – imaginar – o gosto de seu beijo.

Afasto-me no momento que ouço a porta da entrada principal da minha casa se abrir.

– Eu preciso ir. – Anuncio visivelmente sem jeito.

– Tudo bem. – Valentina desvia o olhar alisando o volante.

Respiro fundo.

Meu pai estava na varanda da casa, ele me olhava com seus olhos observadores, provavelmente já estava incomodado com a minha demora em sair do carro.

– Até segunda. – Beijo seu rosto deixando o carro.

Caminho em passos rápidos passando pelo gramado da minha casa, enquanto subo o pequeno lance de escadas, olho para trás e posso notar o carro da Valentina ser arrancado.

Aquela era o fim da minha noite.

– Por que sua amiga não quis descer? – Indagou papai.

Dei de ombros.

– Ela tinha hora para chegar em casa. – Menti.

– Gosto de saber com quem você anda, Norah – meu pai me fitava como se estivesse a ponto de me interrogar – boa noite, querida.

Sinto-me alivia por suas palavras e apenas beijo seu rosto lhe desejando boa noite e sigo para meu quarto.

Para minha sorte, meu pai estava cansado demais para discutir sobre minhas amizades.

***

Será que é realmente errado gostar tanto de Valentina, assim? Por que quando determinado assunto é pessoal se torna ainda mais difícil? Queria ter as respostas para tudo, mas infelizmente eu não tenho. E pior, eu não sei aonde encontra-las. Eu não escolhi me apaixonar por Valentina, mas estou. Eu devo mesmo me sentir culpada por gostar de uma garota? Eu não consigo entender o porquê me sinto assim. Eu só queria ter o poder de tirar esse sentimento dentro de mim. Mas será que é isso que eu realmente quero? Difícil dizer. Ultimamente eu mesma não sei quem é Norah Carter. Será que sou a garota exemplar que meus pais sempre idealizaram ou apenas uma adolescente com medo de ser quem realmente quer? Lembro-me que no meu aniversário de sete anos eu fiz um pedido para conhecer um garoto legal e me apaixonar por ele, me casar. Talvez, Valentina tivesse certa, talvez esse fosse o grande sonho da minha vida. Construir um lar, ter um marido e um lindo filho. Mas tudo muda, inclusive os sonhos. Hoje não quero mais um garoto bom, muito menos me casar e ter uma família feliz e perfeita. Hoje eu não sou mais a Norah Carter sonhadora, na noite de hoje eu só queria uma coisa. Valentina Hentz.

Termino de escrever e guardo a caderneta no lugar de sempre – embaixo do meu travesseiro – o relógio já passara das dez da noite, todos já estavam dormindo. Mas meu sono simplesmente não havia chegado. Talvez a frustração da noite fracassada roubasse todo meu sono.

Foi quando ouvi meu celular vibrar – o que é consideravelmente estranho, já que quase ninguém me mandava mensagem, ainda mais àquela hora da noite – apanho o celular que estava ao lado da cama sobre o criado mudo e encaro a tela.

Era uma mensagem de texto de Valentina.

Meu coração palpita.

Aperto em cima e então leio sua mensagem.

“Acordada?”

“Sim.”

Envio e fico encarando a tela esperando sua resposta.

“Eu também. Não consigo dormir.”

Abro um leve sorriso. Por algum motivo gosto de saber que Valentina também não havia dormido.

“Faça-me companhia, então.”

A resposta veio no momento seguinte.

“Vou adorar.”

Abro um sorriso.

“Perfeito.”

“Sim... Norah, eu preciso te confessar algo.”

Engulo a seco sentindo meu coração acelerar consideravelmente.

“ O quê?”

Dessa vez a resposta de Valentina demorou em chegar, o que me fez pensar que talvez ela tivesse adormecido, que por alguma razão me deixou aliviada e curiosa.

Mas meu celular novamente apitou.

Estremeci.

“Eu estou apaixonada por você.”

Ler aquela mensagem me fez querer sorrir, mas por algum motivo meus olhos ficaram marejados. Por mais que aquilo fosse tudo que quisesse ouvir, era algo que não podia acontecer.

Apaixonar-me por Valentina já ruim o bastante, mas agora ela se apaixonar por mim era um erro. Um enorme erro.

Eu nunca iria poder corresponder as suas expectativas, eu não conseguiria enfrentar meus pais, meus familiares, meus amigos, minha religião.

Aquele era um amor impossível.

Deixo o celular cai sobre a cama, me sinto incapaz de responder sua mensagem.

Talvez fosse melhor assim. Valentina não merecia alguém tão covarde como eu.

Não merecia.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Até o proximo capitulo!



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