Viajantes - O Príncipe de Âmbar [HIATUS] escrita por Kath Gray


Capítulo 27
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Heey! Olha quem está de volta!
o/
Desculpem pelo período sem postar. Tive um sério bloqueio criativo primeiro no diálogo deles [ficava longo e cansativo demais], depois na descrição da cabana e, por último, na descrição do personagem.
Mas aqui estou! Voltei, e espero que tudo dê certo! Esse capítulo é o ESBOÇO DOS ESBOÇOS, porque apesar de eu ter corrigido a gramática, só li umas três ou quatro vezes. Por isso, quero a sua opinião SINCERA se há alguma coisa destoante do resto da história, um diálogo cansativo, repetição de palavras ou qualquer outra coisa!
Bom, aqui vai mais um personagem. Agora teremos um treinamento, uma confissão de Katherine, o retorno à cidade e então FINALMENTE começamos a ação! Estou contando os caps! o/
Caso você não entenda qualquer termo técnico na descrição das roupas e afins, o google imagens pode ajudar!
Ah, e só para avisar: a brincadeira do Ty não tem nada a ver com a altura 'dele', tá? Ele tem uma altura bastante razoável, uma cabeça ou uma cabeça e meia a mais que Dean! É só uma resposta brincalhona! [vocês vão saber quando lerem XD][eu vou esclarecer isso direito nos próximos caps, mas, por enquanto, quis deixar claro para vocês visualizarem a cena como se deve! :3]
Ah, e quanto ao rabo de cavalo dele... bom, quem não consegue visualizar pesquisa algumas imagens de Magi! É aquilo lá de fino!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653064/chapter/27

No dia seguinte, Dean, Kath e Ty se levantaram com o sol.

Todos já estavam de pé quando Dean desceu os degraus da escada. Henric tinha preparado um lanche para a viagem, que, mais uma vez, teriam que fazer a pé.

— Se cuidem - disse Elliot, abraçando Kath. Logo em seguida, virou-se para Dean e apertou-lhe a mão. - Boa sorte. Nos vemos em alguns dias.

— Poucos, se tivemos sorte - concordou Dean. - Até.

— Diga para o Indra que, quando pudermos, faremos uma visita - disse Shira à garota.

— Pode deixar. - disse ela.

Henric andou até Ty. Ty deu um passo para trás, com medo de que ele o abraçasse novamente, mas Henric apenas riu.

— Menos de uma semana não é tempo suficiente para um abraço apertado - brincou ele, sorrindo. Ty sorriu de volta.

Quando estavam prestes a sair, Katherine soltou uma exclamação muda, como se tivesse lembrado de algo de repente.

— Ah, Shira, você ainda tem aquele livro? - perguntou, tornando a virar-se para os três do outro lado da porta aberta.

Ao ouvir o pedido, o rosto de Shira se tornou sério.

— Você sabe que eu nunca o venderia, Kath - respondeu. Sua voz grave fez Dean se perguntar o que estava acontecendo.

Kath sorriu um pouco. Tentava manter uma expressão alegre, mas seu olhar para Shira era de uma gentileza pesarosa, beirando o triste. Provavelmente mais triste por ele do que pelo quer que aquele livro significasse. Era como se ele lhe fizesse um favor que ela preferiria que ele não tivesse que fazer. Como se lhe dissesse 'Me desculpe. Eu não queria ter te metido nisso.'

— Poderia pegar ele para mim? - pediu ela, ainda sorrindo. - Acho que vou ler algumas vezes enquanto estivermos lá.

Shira concordou com a cabeça, murmurando uma resposta baixa demais para que Dean pudesse ouvir. Por alguns minutos, ele se retirou, mas logo voltou com um volume em mãos. O livro era um pouco maior do que um infanto-juvenil tradicional do Domo de Dean, e, como a maioria das aquisições da livraria, estava desgastado pelo tempo.

— Obrigada - agradeceu ela. - Bom... e assim partimos.

Com as despedidas já terminadas, a porta fechou-se às suas costas.

Naquela manhã, o céu estava tingido de laranja.

.

Não era só perto da cidade que ficavam as muralhas.

Conforme se afastavam da livraria, cada vez mais raras se tornavam as casas e feiras, até eles finalmente caminharem sobre a grama nua de colinas naturais, sempre mantendo os muros de pedra à esquerda - não necessariamente perto - e a longínqua visão dos aglomerados de construções simples à direita.

Dean tinha ficado poucos dias sem se exercitar, mas era mais do que o suficiente para desacostumá-lo. Depois de algumas horas, a mochila que levava pareceu se tornar ainda mais pesada.

No começo, Protetores voavam ao redor dos três jovens tranquilamente, brincando no ar, às vezes se afastando para dar uma olhada no terreno ao redor. Porém, depois de um tempo, eles também começaram a se cansar. Primeiro Pinmur, depois Ellie, e, por último, Rue, os três pequenos pássaros abandonaram suas brincadeiras para empoleirar-se no ombro de seus Viajantes.

Para Dean, aquilo não parecia nada demais, já que ele mesmo estava começando a ficar cansado. Mas, aparentemente, Kath e Ty não pensavam o mesmo.

— O que foi, Rue? - perguntou a garota, virando a cabeça para o pássaro em seu ombro.

Como sempre, Dean não ouviu a resposta, mas a face de Katherine ficou imediatamente séria.

— Isso não é bom... - murmurou ela, tornando a virar-se para frente.

— O que aconteceu? - perguntou Dean.

— Os Protetores não deviam se exaurir. - respondeu ela. - Eles são entidades de pura luz e Consciência, criadas à partir da nossa conexão com Milady. Sua disposição deveria variar apenas com a personalidade de cada um e a daqueles que protegem. Em outras palavras, ela deveria ser constante, alheia a fatores físicos ou psicológicos. - sua expressão se tornou pensativa. - Se eles estão ficando cansados assim, é porque realmente há alguma coisa interferindo nessa conexão, e isso nunca é uma coisa boa.

Em voz alta, Katherine se encerrou ali, mas seu último comentário sussurrado não passou despercebido para o garoto.

O que está acontecendo com esse Domo?

As horas se passaram silenciosas quase que do começo ao fim da viagem, com poucas exceções.

Dean, menos habituado do que os outros com os longos trajetos e desconfortável com o silêncio sufocante, procurava uma desculpa para iniciar uma conversa.

— Esse Indra... por que ele vive tão distante da cidade? - perguntou, de repente. Assim que a pergunta lhe veio à mente, ele mal ponderou-a antes de ela deixar seus lábios, tamanha era sua ansiedade.

Por um momento, ele se perguntou se a pergunta abordava algo pessoal, mas como Katherine não hesitou em responder, essa preocupação se dissipou rapidamente.

— Pelo mesmo motivo que estamos vindo para cá para treinar. - respondeu ela. - Nos Reinos do Norte, a prática de magia é considerada um ato de rebeldia e traição ao rei, e, portanto, recebe pena capital. A história por trás disso é muito longa e remonta às origens da população no continente, mas, em suma, a família real acredita veementemente que a Floresta está tentando tomar de volta o território que um dia lhe pertenceu. Eles morrem de medo de todo o Povo do Oeste se levantar contra eles e tentar uma guerra aberta, então oprimem qualquer tipo de prática que se relacione à Natureza de alguma forma.

— E... eles estão? - perguntou Dean. - Digo, tentando tomar o território?

— É claro que não. - Katherine retrucou. - Se a Natureza quisesse expulsá-los, ela o faria. Se quisesse travar uma guerra, bastava parar de oferecer os alimentos e a água que os sustentam, que eles não durariam uma semana. Não... o Povo do Oeste não está interessado em começar uma guerra, e nunca estará. Isso tudo é paranoia do rei.

Ela soltou um longo suspiro.

— Mas, paranoia ou não, o fato é que o rei acredita realmente nisso - continuou. -  Algumas pessoas já se opuseram à sua vontade e foram executadas. Indra não é especialmente forte e sua magia não chama tanto a atenção, mas ele não aprovava a ideia de assumir a Floresta como sendo inimiga do Reino, e acabou chamando muita atenção perto da capital. Para não ser pego, ele acabou tendo que se retirar para as terras da Fronteira, onde o poder do rei é menor e a qualquer sinal de perigo é possível efetuar uma fuga imediata.

Dean assentiu devagar com a cabeça, compreendendo.

Outra dúvida lhe ocorreu.

— Mas... se é tão perigoso assim, por que estávamos treinando na cidade? - perguntou ele.

— Alguns lugares são mais extremos do que outros. - respondeu Ty, mais à frente. - A livraria do Henric fica em um lugar especialmente tranquilo, então as pessoas não andam na rua procurando por magia. Além disso, estávamos praticando magia simples e discreta; caso alguém entrasse de repente, poderíamos apenas disfarçar a folha flutuando como uma obra casual de uma corrente ou brisa fraca que entrou pela janela ou pela porta.

— E na única vez que praticamos algo maior, a Magia Direta da Natureza, nós andamos até os portões e adentramos os bosques exteriores em mais de meia hora, lembra-se? - acrescentou Kath. - Ninguém em sã consciência sairia dos portões do Reino para tão dentro da Floresta. Ou, pelo menos, ninguém dos Reinos do Norte.

— Ah...! Entendi...

Dean nunca gostara muito de história, mas, talvez por influência de Shira, de repente desejou ter em mãos algum livro onde pudesse ler mais a respeito.

Durante as horas que se seguiram, não houve um único momento em que o garoto não tivesse se arrependido de suas últimas palavras. Afinal, 'Ah, entendi' não era uma resposta que deixava muitas aberturas para conversa.

Mas seu objetivo já não era atravessar meio continente, e sim um único reino. Assim, o dia apenas começava a escurecer quando eles tiveram o primeiro vislumbre da cabana.

.

Em contraste com a forte muralha de pedra da entrada principal do Reino, ali o muro parecia ter sido abandonado.

Apesar da mesma altura respeitável, essa era a única semelhança entre ambos. As árvores do lado de fora avançavam sobre a passagem, penetrando até as mínimas rachaduras do paredão. O portão parecia ter sido engolido pela floresta, e seus limites eram impossíveis de demarcar em meio à confusão de folhas.

A própria casa não tinha escapado dos domínios da natureza; as trepadeiras haviam engolido facilmente três quartos da construção de madeira já escurecida pela idade e pela longa exposição aos caprichos do tempo.

Com dois andares não muito largos, só o que se via da morada era a parte da frente. Nunca antes Dean vira uma fusão tão perfeita entre uma obra das mãos humanas e a entidade incompreensível das florestas - não por ela ser sublime ou mesmo especialmente bela, mas pelo simples fato de que era impossível distinguir o que era um e o que era outro.

Tudo o que se podia ver dali era simples; a porta de madeira, as duas janelas visíveis em meio ao verde - onde deveriam estar as outras, só o que se via era os galhos das árvores invadindo seu interior, tornando suas molduras indistintas -, uma discreta extensão do telhado que se erguia sobre duas toras finas de madeira e criava uma espécie de varanda em frente à entrada e mais alguns poucos detalhes.

Enquanto se aproximava da habitação, só o que o garoto conseguia pensar era em como a casa estava de pé até hoje. Tudo, desde suas paredes até suas estruturas, parecia inegavelmente frágil, a ponto de vir ao chão.

O gramado ao redor da casa era especialmente vivo, de um verde brilhante que remetia aos contos de fada que ele ouvira quando criança.

Em silêncio, ele seguiu os dois irmãos em direção à entrada. Seu olhar inconscientemente fixou-se na tora direita, onde se focou enquanto Katherine batia à forta.

Ele somente tornou a virar o rosto quando ouviu o barulho das dobradiças.

.

O homem parado em frente à porta estava na faixa dos trinta, trinta e cinco anos. A pele era apenas um pouco bronzeada, mas ele não parecia o tipo de pessoa acostumada a tomar sol - talvez porque alternasse as longas horas de seus dias entre o conforto da própria casa e as sombras acolhedoras da floresta e do jardim -, então mantinha boa parte da brancura.

Seus cabelos eram negros e incrivelmente longos, mas lisos e pouco volumosos, presos em um rabo de cavalo extremamente fino que lhe alcançava o meio das costas. À luz enevoada do ambiente, os fios adquiriam um tom quase acinzentado, escuro e com uma sutileza slate blue. Seus olhos eram de um misterioso cinza opaco.

Sua camiseta branca era de um tecido fino e maleável, com um decote canoa culminando em uma fechadura discreta bem no meio da frente e mangas três-quartos folgadas, justas apenas nos punhos da camisa. A calça, de um material semelhante a liganete ou side slit, era de um marrom puído, também folgada em toda a sua extensão, exceto pelos tornozelos. O peso do tecido fazia com que as sobras descessem e chegassem a acumular-se um pouco sobre seus sapatos gastos.

— Oi, Indra! - cumprimentou Katherine, com um sorriso.

Por um momento, ele ficou confuso. Então, seus olhos lentamente se acenderam.

— Katherine? - a garota confirmou com a cabeça. - Kath!

Ele se precipitou para frente, erguendo a garota do chão por debaixo dos braços.

— É você mesma! - comemorou ele, sorridente. - Olha como você cresceu! Faz o quê, uns três anos? Quatro?

— Três - corrigiu ela, alegremente.

Passada a explosão inicial de entusiasmo incontido, ele tornou a baixá-la no chão.

— Olha só! - comentou, colocando a mão sobre a cabeça de Kath. - Você cresceu alguns centímetros, hein? Está ficando grandinha! - brincou.

— Mas ainda sou bem menor do que você! - replicou ela, divertindo-se.

— Algumas coisas nunca mudam! - retrucou ele, rindo.

Então, acalmando-se da euforia, ele desceu sobre um joelho e abraçou-a forte.

— Eu senti tanto a sua falta...! - suspirou ele. - Fiquei preocupado... Comecei a achar que nunca mais ia te ver.

— Não importa quantas vezes eu Viaje, você sabe que eu nunca esqueceria de você, Indra - respondeu ela, envolvendo seu pescoço com com os braços e encostando suas testas.

— Não foi o que eu quis dizer.

Assim eles permaneceram por vários instantes. O silêncio era quase solene, mas carregava o ar de um reencontro que era mais do que aparentava, e Dean não queria interrompê-lo.

Por fim, Katherine afastou seu rosto do de Indra, permanecendo com os olhos fechados por um momento, e deu um passo para trás. O homem a acompanhou, lentamente pondo-se de pé.

— Indra, esse é Dean. - apresentou ela, indicando-o com a mão. - Ele vai passar um tempo com a gente. Estávamos tentando ensiná-lo magia, mas ele estava tendo dificuldades, então pensamos que talvez você possa ajudá-lo.

— Muito prazer, Dean - cumprimentou Indra, curvando-se sutilmente.

— O prazer é meu... Indra. - respondeu o garoto, também se curvando. Ali, cada pessoa parecia cumprimentar de um jeito diferente, então ele se contentava em responder com o mesmo gesto daquele que o cumprimentasse.

O homem sorriu discretamente. Então, seu rosto se voltou para Ty.

— E você, garoto? - brincou, se aproximando dele e esfregando seus cabelos loiros. - Também cresceu, né? Logo, logo você vira um verdadeiro rapaz!

Ty sorriu mais largamente do que Dean jamais se lembrava de tê-lo visto, sua face um pouco avermelhada.

— Hey! - cumprimentou. - Você não cresceu nada!

Indra riu.

— Isso não me surpreende! - respondeu ele. - Acho que já passei da idade de crescer... Mas você está se tornando um garotinho espirituoso, não é mesmo? - riu.

Retornando à porta, ele deu os primeiros passos para dentro, até perceber que não estava sendo seguido.

— O que estão esperando? - ele olhou para trás, sorrindo. - Essa casa sempre foi de vocês! Entrem!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Sugestões? Correções? Críticas?
O que acham do novo personagem? Alguma teoria? Ideias em mente?
Aliás, só uma pessoa me mandou o resultado do quiz! E vocês? O que tiraram? Estou curiosa! ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Viajantes - O Príncipe de Âmbar [HIATUS]" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.