Bianca jogou o jornal no chão, abraçou os joelhos e chorou. Sem soluçar ou fazer som algum, mas violentamente. Suas lágrimas iam afogá-la, e o dia, que já estava frio, baixou mais algumas centenas de graus para ela. Sirius, Remus e Harry tentaram consolá-la, mas toda a esperança que Bianca um dia tivera se esvaíra. Sem Dumbledore por perto, ela e Harry ficariam a mercê de Voldemort vir atacá-los e teriam de contar com a sorte, além de que ela nunca entenderia porque teve de buscar Jonay, afinal apenas Dumbledore sabia a razão daquilo.

Após algum tempo, uma ave vermelha e grande demais para ser uma coruja pousou no batente e entregou uma carta para Bianca. Ela a abriu, pensando que era de algum aluno da Armada que já lera o jornal, mas ela se enganou.

Tenha esperança,

Alvo Dumbledore.

Analisando o texto por alguns segundos, a última coisa que ela conseguia ter era esperança, mas talvez aquela carta seria importante mais tarde, então a guardou no fundo do malão e adormeceu. O sol da manhã de domingo invadiu o quarto de Bianca e aqueceu-lhe o rosto suavemente. Hoje até podia ser um dia bom, a menina pensou, prendendo os cabelos e se vestindo. Mas provavelmente não será. Deprimida, desceu para o café.

Mergulhada em uma inércia paralisante, ela não foi capaz nem de colocar café na xícara. O jeito era esperar até que Dumbledore lhe mandasse outra carta, dizendo o que fazer.

*****

Assim que cruzaram as portas do salão principal, os alunos encontraram outra pessoa na cadeira de Dumbledore. Uma pessoa baixinha, vestida de rosa de cima a baixo, que tinha uma cicatriz na mão esquerda. Não era possível que Fudge tivesse colocado Umbridge no lugar de Alvo. Agora sim a escola estava perdida. E com certeza a Sapa Velha ia se negar a ensinar Jonay, como Dumbledore fazia, talvez até o expulsasse dali.

Não se preocupe, disse Severo na cabeça dela. Já conversei com os outros professores e elaboramos um horário de aulas para ele.

Obrigada, a menina disse aliviada.

Quase tivemos um problema com Defesa Contra as Artes das Trevas, mas acho que posso ensinar duas matérias.

Eu já disse que você é incrível?

Já, ele riu, mas vou adorar se repetir isso mais vezes.

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Depois do jantar, a Armada se reuniu a pedido de Bianca.

–Não podemos nos acomodar – ela abriu a reunião. - Temos de lutar contra a Sapa Velha, de modo que ela desista do cargo e quem sabe, poderemos ter Dumbledore de volta.

Sorrisos serpentearam pelos rostos dos presentes. Fred e Jorge eram uma espécie de superintendentes do que dizia respeito a sair pelo castelo aprontando com todo mundo e se prontificaram a mostrar a Umbridge que não seria fácil conduzir a escola, e muito menos, domar os alunos. A reunião deu-se por encerrada e Jonay se retirou às pressas, dizendo que tinha aula de História da Magia. Fred parou Bianca antes que ela pudesse chegar à torre da Grifinória.

Ele ia dizer, as palavras estavam na ponta de sua língua, mas antes que pudesse articulá-las, eles viram Umbridge caminhando em direção a eles.

–Temos de sumir.

Com um sorriso maroto, ele pegou a mão dela e espremeu-os entre uma coluna e uma armadura. Viram o casaco de Umbridge passar por eles mais ou menos cinco vezes até ela desistir e voltar para sua sala.

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Fred e Jorge decidiram que uma boa maneira de provocar Umbridge era que os alunos começassem a andar em grupinhos, panelinhas, para mostrar a diretora que estavam unidos, e a qualquer abuso, atacariam.

Quando Umbridge deu uma detenção para Cho Chang e Cedrico Diggory, por estarem se beijando no corredor e portanto, infligindo a regra sobre decoro o tempo todo, os grupinhos se reduziram a casais andando de mãos dadas para cima e para baixo.

Estranhamente, a Sapa Vela tinha um apreço por Draco – que não gostava nem um pouco daquilo – e achava que ele era o modelo perfeito de estudante. Boa família, ótimas notas e sangue-puro, enquanto que Bianca, Harry e Fred eram a personificação de tudo o que podia haver de ruim no mundo. Bianca era A Mestiça, Harry tinha péssimas notas – apesar de ser elogiado pelos professores na maior parte do tempo por seus resultados excepcionais nos testes —, e é claro, Fred, apesar de sangue-puro, não tinha dinheiro, mas os três não ligavam para o que a mulher pensava deles. Pelo contrário, lhes dava várias ideias.

O MBWP 2 estava reunido na biblioteca, e Fred tinha uma ideia que seria uma ótima cartada final:

–Ela odeia o Harry, mas gosta do Draco. E se vocês se beijassem na frente dela?

–Grande! - Draco concordou. - Quem sabe assim ela larga do meu pé?

–Um espetáculo só, não será o bastante – Harry especulou. - Será que vocês poderiam participar também? - perguntou para Fred e Bianca.

Os garotos aceitaram, planejando como fariam.

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O “show” já estava todo planejado. Fred invadiria a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas do terceiro ano grifinório, que por sorte, era em dupla com a Sonserina e então, os dois casais se beijariam bem na frente da Sapa Velha. Draco, Harry e Bianca tomaram lugares na primeira fileira e Fred chegou logo depois, agindo normalmente, como se fizesse parte daquela turma. A profa. Umbridge entrou e antes de cumprimentar a sala, seus olhos pousaram sobre o Weasley.

–Sr. Weasley, esta não é sua aula – disse ela, com sua voz irritante. - O prof. Flitwick deve estar sentindo sua falta.

–Tem razão… tchau Bia – então ele a beijou de forma muito intensa e apaixonada enquanto Harry e Draco faziam o mesmo.

Umbridge estava chocada com a ousadia dos jovens. Ela mesma já tivera um namoro assim, não respeitava as regras, para eles nada importava, a não ser a própria felicidade. Mas isso havia sido há séculos, e agora ele estava casado com aquela mulher desprezível. Por algum motivo “desconhecido”, Dolores não os castigou, apenas mandou Fred sair dali o mais rápido possível.

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Bianca e Fred caminhavam pelo castelo de mãos dadas. Quando chegaram as estufas, Fred conjurou uma rosa vermelha escarlate e colocou-a nos cabelos de Bianca, que corou levemente.

–Combina com você – ele sorriu. - Planos para o fim de semana?

–Não, acredito que Narcisa não vai nos chamar para jantar essa semana.

–Então que tal se, sei lá, eu fosse almoçar na sua casa no sábado e você na minha no domingo? E podíamos também… você sabe, aquele negócio das apresentações…

Bianca engoliu em seco. Não sabia porque, mas a ideia de apresentar Fred a Sirius como seu namorado lhe causava borboletas no estômago. Eu tenho treze anos, provavelmente lutarei em uma guerra e planejo sobreviver. Se consigo fazer isso, posso apresentar meu namorado para o meu pai.