As horas passavam, mas seu efeito era indiferente para o casal abraçado na praça. Eles podiam passar dias ali, sentados e se beijando. O sol começava a despontar atrás da paisagem bonita que os cercava, então o ruivo sussurrou na orelha da morena:

–Vou te levar para casa agora, ou Sirius acaba comigo.

–Isso seria divertido de ver – ela admitiu, dando a mão para ele.

Os dois caminharam de volta para o largo Grimmauld, e na frente da casa número doze, Fred beijou a mão de Bianca e disse:

–Nos vemos na escola.

A menina entrou em sua casa, encontrando Remus no sofá.

–Onde foi? - ele perguntou.

–Dar uma volta com Fred.

O lobisomem deu um risinho e deixou a menina ir. Enquanto ela passava pelo escritório do pai, ouviu-o dizer:

–Não! Que ideia maluca é essa? Casá-los? Pelo amor de Merlim, Bellatrix! Eles têm treze anos! Se você quer tratar seu sobrinho como um objeto de troca, tudo bem, mas saiba que eu não vejo minha filha assim – e desligou na cara de quem fosse.

Só de ouvir aquele trecho da conversa, Bianca já sabia que Bellatrix queria casá-la com Draco – talvez para reafirmar o sangue-puro dos Black ou sujar o dos Malfoy – e Sirius era contra essa ideia.

Bianca encontrou Harry parado no fim do corredor, encostado a porta de seu quarto, a postura displicente, a gravata grifinória afrouxada ao extremo.

–Porque está usando o uniforme? - ela perguntou. - Vai mais cedo esta semana?

–Não, resolvi prová-los para ver se preciso comprar outros. Vou ao Beco esta tarde para pegar algumas camisas. Talvez você queira ir comigo…

Bianca aceitou o convite e depois do almoço, a dupla foi para o Beco Diagonal, mas em vez de irem para a loja da Madame Malkin, Harry levou Bianca para um pequeno porto, o Sol incidia diretamente sobre o mar abaixo deles, dando-lhe uma cor dourada.

–Você me deve uma coisa – disse o moreno. - Desde o segundo ano.

–O que?

–Isso.

Ele se esticou para um beijo, e foi bem-aceito, como teria sido no ano anterior, se Tom não os tivesse atrapalhado.

****************

O porto ficava perto de uma esquina, e dali, duas pessoas observavam aquela cena. Seus olhos estavam encharcados de lágrimas. Estavam apoiados um no outro para não caírem de nariz no chão. Um deles era loiro e cerca de duas cabeças menor do que o outro, que era ruivo.

–Vamos falar com eles? - perguntou o loiro, soluçando pesado.

–Pode ir falar com Harry. Eu preciso falar com ela – o tom do ruivo era decidido.

Harry viu o loiro chamando-o pelo canto do olho. Afastou-se de Bianca, dando margem para o ruivo se aproximar dela. Os olhos azuis do garoto estavam tempestuosos, e ao vê-los daquela forma, Bianca imaginou um milhão de coisas que podiam ter acontecido para deixá-los assim. Nenhuma delas era agradável.

–Fred, eu…

–Não precisa justificar. O filho do melhor amigo do seu pai, que mora com você… o filho da prima do seu pai, rico… todos eles são melhores opções do que eu, não? Que sou só seu amigo e pobre, ainda por cima?

As bochechas de Bianca esquentaram. Os boatos maldosos chegaram aos ouvidos de Fred, ela já sabia disso, e ele também testemunhara aquele beijo entre ela e Harry, mas não era nada.

–Acabou - a menina decretou. - De agora em diante somos só nós dois.

Então ela avançou. Pela primeira vez, ela tomara a iniciativa num beijo que ela queria, que importava, não era como aquele com Tom, esse era um beijo do qual ela precisava para se sentir querida, amada. Fred queria amar Bianca, queria poder se afirmar como namorado dela, queria poder chegar de surpresa e beijá-la sem ser só um amigo.

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Harry e Draco caminhavam pelas ruas gélidas, com as mãos nos bolsos dos casacos. Harry acabara de beijar sua melhor amiga, sua irmã, quando queria beijar outra boca, uma boca que Bianca já tivera. Onde ele estava com a cabeça? Não seria através dos lábios dela que conseguiria o que realmente queria, pelo contrário, poderia estar até afastando-se de seu objetivo.

Já Draco era um turbilhão de emoções. Estava feliz por estar sozinho com Harry pela primeira vez em três anos, estava triste por tê-lo visto beijando Bianca, mais triste ainda por ele mesmo já ter beijado a morena – mesmo que apenas para cumprimentá-la e instigar Pansy Parkinson a fazer fofoca – e deprimido por não ser corajoso o bastante para contar a Harry a verdade sobre quem era Draco Malfoy. Realmente ele nunca poderia estar na Grifinória.

Algo precisava acontecer ali e naquele momento, Potter e Malfoy sabiam disso. Papai e mamãe não aprovariam, Draco pensou, mas também, quem ia aprovar um homem Malfoy com outro homem? Ah, dane-se.

E se beijaram como nunca.

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–Bianca não vai gostar de ler isso – Sirius guardou o jornal em uma gaveta.

–Ela vai ficar sabendo mais tarde, de qualquer forma, mas acho que é bom você deixá-la ler – Remus opinou.

–Ficou maluco? Ela vai me matar porque não fiz nada para impedir isso.

–Você estava ocupado demais e ela também. Pelo que Harry falou, Bianca teve de resolver primeiro a questão com os Malfoy primeiro e não pôde tomar nenhuma atitude. Vai ficar irritada, é verdade, mas se for matar alguém, vai ser ela mesma.

–Nossa, obrigado Remus, melhorou em muito a minha situação – Almofadinhas disse, irônico.

Sirius decidiu ignorar Remus e debater sozinho a questão sobre mostrar ou não o jornal para Bianca. Por um lado, ela saberia do que se tratava em breve, mas seria um choque muito grande, por outro, se ela ficasse ciente antes, talvez pudesse tomar uma atitude e mudar isso.

Antes que Sirius pudesse chegar a um consenso, Bianca e Harry voltaram do Beco, vermelhos como dois tomates e ofegantes, como se tivessem corrido de lá até a casa. Era uma cena cômica de se ver.

–Foram correr a maratona, meninos? - Remus riu, oferecendo-lhes chá.

–Muito engraçado – Bianca disse, pegando a xícara. - O Profeta já chegou?

Sirius gelou. Ela é a líder de um grupo de alunos, então é melhor que fique sabendo disso logo, ele pensou, chamando Monstro e pedindo-lhe que fosse buscar o jornal. Remus deu o jornal a enteada com um sorriso, tentando amenizar a situação que viria. Bianca retribuiu o sorriso, mas ele murchou assim que seus olhos tocaram o título.

DUMBLEDORE É DEMITIDO

O diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts desde 1955 (data imprecisa), Alvo Dumbledore, foi oficialmente demitido de seu cargo pelo ministro da magia Cornélio Fudge. Entre os motivos para a demissão estão: incitação de conspiração entre os alunos, sua idade – e portanto, sua lucidez —, métodos duvidosos de ensino e outros. Ainda não se sabe quem será o substituto de Dumbledore, mas aqui estão os votos dessa repórter para que o próximo diretor leve a amada de Hogwarts de volta a glória.