Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 7
Quando Nymphadora tentou me matar afogado




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Como eu disse, eu não tinha contato frequente com Nymphadora em Hogwarts.

Eu a via pelos corredores, cumprimentava, as vezes dividíamos alguma mesa na biblioteca ou riamos quando nossos amigos em comum se reuniam debaixo de alguma árvore. Mas o fato dela ser um ano mais nova e consequentemente ser de um ano diferente interferia muito em nosso contato diário.

Ela agora mantinha madeixas alaranjadas, e apenas mudava quando tinha alguma alteração em seu humor, o que era frequente. Sua companheira fiel, Franchesca, vivia rodeada de amigos, de todas as casas, mas ela nunca tinha alguém fixo, era Dora que vivia correndo atrás dela, louca para fazer algo novo, já que a garota tinha ideias mais doidas que a própria Tonks.

E Audrey ainda estava muito magoada com quem julgava sua melhor amiga.

— Você viu, não viu? Ela com aquela nojenta da Diggory, ai que ódio, William, eu me seguro para não lançar uma boa azaração naquelas duas... Correndo por aí, berrando, atrapalhando a vida dos outros, e eu lá quero ouvir sobre a engraçadíssima detenção que elas tiveram juntas? Não estou interessada. Não, pior que elas não sabem falar baixo, elas começam a berrar e eu sou obrigada a ouvir aquilo, uma palhaçada, Bill, só você vendo! Quero só ver o que os pais da Nymphadora vão achar isso, ela vai levar umas boas palmadas, isso sim, vai sair tudo no boletim dela e ela vai se ferrar, e bem feito! Bem feito, porque ela sabe que aquela garota, a Diggory, é uma péssima...

— Pelo amor de deus! — gritou Joe, interrompendo sua leitura de uma revista de quadrinhos. Audrey arregalou seus olhos castanhos, assustada. — Dá pra você calar a boca um minuto? Só um minuto, não é pedir muito!

— Eu...

— Audrey. — virei-me totalmente para ela, toda envolvida com seu cachecol da Corvinal. — A Dora sempre foi assim, dá um tempo para ela, você vai ver que nas férias vai tudo ser como antes.

Eu sabia que estava mentindo descaradamente, mas eu não aguentava mais ouvir Audrey choramingar pelos cantos a nova amizade de Nymphadora. O Natal estava próximo e eu estava seriamente pensando em ficar em Hogwarts, mas passar uma data como aquela fora de casa parecia uma espécie de crime. Eu tinha minhas coisas favoritas em Hogwarts, por exemplo, eu gostava de ler meu jornal de manhã (tentando entender algo sobre politica) ao lado de Louise, pois vê-la fazer miçangas enquanto pega colheradas de morangos ao leite me acalmava de alguma forma.

Eu também gostava de conversar com o time da Grifinória pouco antes das aulas começarem, sempre perto da saída do Salão Principal. Então Joe aparecia, sempre atrasado, cumprimentando seus diversos amigos. Eu acenava para Nymphadora ao longe e ela retribuía, com o costumeiro cabelo “ninho de rato” e o uniforme desorganizado e sujo.

Após as três primeiras aulas, eu encontro Audrey seguindo Charlie para algum lugar, com os dois discutindo. Eles viviam brigando, mas era só Audrey ameaçar ignorá-lo que Charles se desesperava com a possibilidade de perde-la. As brigas só aumentaram quando ele começou a aproximar-se perigosamente de Franchesca, o que está enlouquecendo a Smith. Mas os dois se resolvem um dia, afinal, brigam desde que usavam fraldas.

Durante o almoço, apenas gargalhadas e engasgos com Joe Jordan e alguns colegas. Eu também me dividia em comentar sobre o tempo ou corujas com Louise Spinnet, o que sempre faz minhas orelhas pegarem fogo e eu me sentir um completo idiota enquanto ela sorri, – e ela tem um sorriso simplesmente encantador – sempre com seu prato vegetariano. Ela e Nicholas foram criados em uma família vegetariana e escreveram uma carta para Dumbledore chamando atenção sobre mais pratos verdes pela mesa.

Então são mais algumas aulas e o fim do dia chega, com mais algum breve tempo para jogar Xadrez com algum veterano, escrever alguma carta ou simplesmente conversar com alguém pela Sala Comunal enquanto a lareira queima. Entretanto, na última aula do dia, Transfiguração, a professora Minerva McGonagall apareceu com uma proposta:

— Estamos iniciando um programa de interação entre estudantes de países diferentes, então durante alguns meses, ou além, vocês irão trocar cartas com algum estudante de alguma escola de outro país. O objetivo é a troca de cultura, informações e curiosidades, sem contar a possibilidade de intercâmbio. — ela pegou uma caixa. — Vocês podem convidá-los para passar uma temporada com vocês da mesma forma que eles podem convidá-los para o país deles. O sorteio foi realizado no fim de semana da ONBU*e nós sorteamos o Instituto Brasileiro de Magia Cartola, localizada no interior da Amazônia.

Meus olhos brilharam. Era um lugar extremamente diferente e longe de onde morávamos. Tudo que eu sabia sobre o Brasil, segundo meu pai e meu tio Joseph, é que lá tem as criaturas mágicas mais incríveis de toda a história bruxa e poções que nós jamais ouvimos falar e nem mesmo Dumbledore saberia executar. Minha mão coçava para iniciar contato com meu novo amigo brasileiro, mas assim que a professora McGonagall me deu o destinario eu pensei estar lendo grego.

— Quê diabos de nome é esse? — indagou Joe, quase esfregando seus olhos no pergaminho, recebendo uma “cartada” da professora McGonagall, extremamente ofendida.

— Mais respeito, senhor Jordan! E é bom que não escreva nada ofensivo ou... Indecente nessas cartas, pois eu serei informada sobre. — Joe girou os olhos assim que a professora virou as costas. Eu me esforcei para parecer interessante enquanto eu escrevia para o desconhecido, sem conseguir montar um personagem na minha mente. Pedi uma foto dele e prometi que enviaria uma minha.

— Não sei como pronuncia o nome dessa garota, então vou chamar de Agb. — decidiu Joe, enrolando seu pergaminho.

— Que vergonha. — reprimi, mas eu também não fazia ideia de como falava o nome de meu destinario, então ele se chamaria Acb, ou Aquele Cara do Brasil, igual Aquela Garota do Brasil de Joe. Após a aula e a entrega de cartas, eu desci todas as escadas com Louise Spinnet, que precisava falar com seu irmão.

Eu me recordo, que aos doze, eu já reparava nas meninas, mas nada muito gritante ou frequente, e nem em todas. Na verdade, eu ficava nervoso e começava a ficar cada vez mais envergonhado, mas esses efeitos surgiram pela primeira vez com Louise, que apenas pensava que eu era tímido ou algo do tipo.

— Mas eu amo muito os animais para isso... Sabe, eu sinto isso em Charlie. — disse ela, com as mãos nos bolsos da capa, enquanto descíamos. — Seu irmão gosta de bichos, não?

— Sim, ele sempre cuidava das galinhas... Digo...

— Galinhas? — sorriu Louise, assistindo eu ficar vermelho. Ela ia pensar que eu morava em um chiqueiro ou algo do tipo. Apertei a bolsa de Louise entre minhas mãos, constrangido. — Você tem galinhas na sua casa? Bill, isso é demais, eu sempre quis ver uma de perto!

— Bem... Você pode ir lá no Natal. Onde você mora mesmo?

— Eu moro perto dos Lovegood, conhece? Eles tiveram agora uma filhinha tão bonitinha, ela é tão branquinha e tem uns olhos enormes! O nome dela é Luna...

Tocamos o térreo após o último degrau e pegamos Nymphadora e Franchesca rindo de algo enquanto mexiam em uma bolsinha, pareciam ter acabado de ter feito algo errado. Ficamos em um silêncio tenso até Frankie dar uma olhada estranho em Nymphadora que pareceu mandar um demônio para o corpo da garota:

— Podemos ajudar em algo? — indagou, grosseira.

— Na verdade, sim, eu gostaria que você chamasse meu irmão, por favor. — Dora e Franchesca tinham um olhar extremamente debochado e maldoso para Louise, que era incapaz de matar uma mosca, mas não era boba como Audrey. Ela notou o clima, mas continuou firme. Nymphadora Tonks olhou-me com suas madeixas alaranjadas e fitou por alguns minutos a mochila de Louise, qual eu carregava.

— Não somos suas empregadas. — retrucou Dora para ela. O cabelo de Dora escurecia sutilmente enquanto ela sorria para Louise, assim como Frankie. — Me perdoe a grosseria. Eu estou tendo muitos trabalhos para resolver. Olhe, é só você batucar aquele barril ali, dispara um alarme dentro da Sala Comunal.

Havia algo errado. O cabelo de Dora estava negro feito breu enquanto Louise passava pelo grande quadro de natureza morta que forma a entrada para a escada. Ela caminhou até uma pilha de barris grandes, empilhados em um recuo sombrio de pedra no lado direito do corredor. O olhar malicioso de Franchesca, mais o olhar seco de Dora, me fez ir até Louise e por impulso, segurar seu braço antes que ela batesse, mas ela já tinha dado um soquinho no barril.

O que aconteceu em seguida foi uma entrada extraordinária de vinagre por todos os buracos em meu rosto que foram direto para os meus pulmões e quase me matou intoxicado. Uma chuva terrível de vinagre caiu sobre nós, literalmente, parecia um mar de água salgada enquanto Louise berrava, tentando se levantar. Eu tossi tanto que senti meu ouvido esquerdo ensurdecer-se tamanha pressão de água.

As gargalhadas de Franchesca e Nymphadora preenchiam o ar enquanto eu me levantava, encharcado. Meus pulmões urravam de ardência assim como minha garganta, eu tinha engolido muito vinagre. Ajudei Louise a se levantar enquanto Franchesca ria, mas Dora apenas olhava, inexpressível.

— Não é porque nossa Sala Comunal não tem senha que qualquer um entra, Spinnet. — alertou Nymphadora, com o cabelo voltando a coloração alaranjada. — Se quiser falar com seu irmão, mande uma carta.

— Sua idiota! — retrucou Louise, torcendo sua capa.

— Eu idiota? Foi só uma pegadinha do colégio! — riu Dora. — Ora, todos que tentam fazer o que você fez levam vinagre na cara, reclame com o diretor!

— Vamos, Bill! — Louise praticamente saiu correndo, meio escorregando com seus sapatos molhados e suas roupas pesadas por estarem molhadas. Mas eu ainda estava chocado com o que Nymphadora fizera.

— Bom saber que não posso confiar em você. — minha voz saiu mais séria do que eu planejava, mas eu não senti remorso, sem deveria sentir aquilo era ela. Ela desviou o olhar e virou-se exclusivamente para Frankie, enquanto eu subia as escadas atrás de Louise. Eu me perguntava, extremamente irritado, como as coisas tomaram aquelas proporções e claro, culpei Nymphadora por tudo aquilo.

Eu me lembrava de todas as brincadeiras por aquele lugar verde, com um escorregador enferrujado, um trepa-trepa sujo e um girador barulhento e em como nós éramos bons amigos. E então estávamos ali, sem nem trocarmos bom dia direito.

Adolescência é uma fase estranha.

*Organização das Nações Bruxas Unidas


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Notas finais do capítulo

ACB DEU AS CARASSSSSSSSS!!!

Gente eu to contando os dias para ele ir passar umas férias na casa do Bill daqui uns anos, de verdade!

Sinto a falta dos irmãos Weasley, mas eu não tenho como inseri-los agora. Os gêmeos ainda são muito novinhos, o Rony também, se eu não me engano a Ginny nasceu em 82, ou seja, tem meses, então o único que vai aparecer agora é o Percy.

O Cedric também vai aparecer um pouquinho quando a Franky estiver por perto.

Enfim, é isso, espero que gostem