Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 6
Quando Nymphadora conheceu Franchesca Diggory




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Nymphadora conheceu Franchesca quando ela estava com muita vontade de ir ao banheiro na primeira aula de Voo de seu 1º ano, então a garota ofereceu-se para ajuda-la já que as duas haviam chegado na quadra cedo demais. Dora afastou-se e agachou-se para fazer xixi, segurando sua capa enquanto Franchesca observava se não tinha ninguém por perto.

— Tem alguém vindo? — perguntou Nymphadora.

— Não. — já tinha mais de dez alunos observando Tonks fazer xixi. Não sei porque continuaram amigas, mas amizade foi longa. Só com esse momento já temos uma ideia da personalidade de Franchesca Diggory. Ela era uma garotinha perversa. Residente da Sonserina em uma época que a fama da Casa não era nada boa, ela tinha longas madeixas louras e encantadores olhos azuis.

Eu notei sua existência pois ela não deixava o irmão mais novo de Louise em paz, o perturbando o tempo inteiro. Ele usava aparelhos ortodônticos e uns óculos que deixavam seus olhos gigantes. Ele era amigo de Nymphadora, já que ambos eram da Lufa Lufa.

— Sua irmã é extremamente linda. — elogiou Franchesca, sorrindo para Nicholas. Ela tinha um sotaque australiano que a destacava dos outros mais ainda. — Você é adotado, né?

Nymphadora não sabia se ria ou se o defendia, então Nicholas passou a falar com Dora apenas quando a Diggory definitivamente não estava por perto. As duas ficavam sentadas debaixo de alguma árvore, dividindo doces roubados da cozinha e folheando revistas de música. Pelo que falavam, Franchesca era sim uma pessoa legal.

Ela era autêntica e original, puxava assunto de formas diferentes de outras pessoas, ela não iria perguntar qual sua banda preferida, e sim se você já comeu comida orgânica e antes que você respondesse iria comentar sobre a vez que ela assistiu seus tios brigarem com garrafas quebradas no meio de uma festa de família e o quão engraçado foi.

Enquanto isso, Audrey ficou sozinha, então andava com Charles.

— Será que ela vai brincar com a gente no verão?

Brincar? — indagou Joe, falando de boca cheia. Audrey o detestava, ele vivia provocando-a e a irritando, o que quase matava a garota do coração. Houve um dia que durante uma tempestade em Hogwarts ele pulou em uma poça de lama ao lado de Audrey e além dela ter dado um longo berro, saiu correndo e chorando, deve ter se esfregado por horas. — Brincar? Quantos anos você tem? Quatro?

— Nós brincamos juntos desde sempre, não é Bill?

— Aham. — Joe gargalhou.

— Eu não brinco desde meus sete anos, desde que eu descobri que eu fiz onze anos de idade e não sou mais um bebezinho para ficar brincando. — debochou ele, fazendo Audrey ficar vermelha.

— Tanto faz. — murmurou ela, magoada.

Estávamos no Salão Principal quando Franchesca Diggory sentou-se ao lado de Audrey Smith, sorrindo.

— Oi.

Todos na mesa se entreolharam.

— E aí. — cumprimentou ela para todos. Joe tentou intimidá-la.

— Errou de mesa, tampinha?

— Você foi no mesmo cabelereiro que a professora Sprout? Adorei o penteado. — Audrey, Charlie e eu quase gargalhamos não só da tirada incrível que ela deu no garoto mais impossível de zoar, como da reação chocada de Joe, que ficou em silêncio até ela sair da mesa.

— Você é a Audrey, não? Sou Franchesca Diggory. — ela apertou a mão de Audrey e então deu sua mão para Charles e para mim. — Dora e eu estamos planejando um passeio pela Floresta Negra e queremos saber se vocês gostariam de vir conosco.

Então ela olhou Joe, sorrindo.

— Menos você, claro.

Audrey, Charlie e eu novamente nos entreolhamos.

— Floresta Negra? — indagou Audrey. — É proibido ir lá. E Dora te mandou aqui?

— Claro, ela fala muito de vocês, disse que vocês são super aventureiros. — Franchesca sorriu enormemente, animada. Ela tinha o dom da persuasão. — Vamos gente, é história para contar. Não importa o destino e sim a jornada, não? Vamos fazer isso pela história.

Como eu disse, ela tem o dom da persuasão.

— Que história? O chão que nós vamos esfregar na detenção? — retrucou Audrey. — Não, obrigada.

— Eu vou! — decidiu Charlie, sorrindo para Franchesca.

— Você não vai a lugar nenhum, Charles. — cortei, decidido. — Você não vai querer levar uma bronca da mamãe, vai?

— Quanto pessimismo! — disse Franchesca, aparentemente incomodada. — O que faz vocês pensarem que vamos ser pegos assim? Dora e eu temos tudo planejado.

Claro que não tinham.

Quando anoiteceu, Franchesca tinha uma faixa de tinta vermelha atravessando os olhos, assim como Nymphadora. As duas balançavam suas varinhas com o Lumus, empurrando Audrey, tremula, para frente. Eu fui parar ali porque tive certeza absoluta que Charles iria, então eu fingi que ia subir para dormir, assim como ele, e desci para a sala comunal com Joe, e ficamos aguardando ele descer, descarado, já com a varinha iluminada. Entretanto, Joe estava contra mim todo esse tempo e acabou protegendo Charlie do meu sermão.

E eu também precisava ver o que tinha de tão aterrorizante naquela Floresta!

— Silêncio! — sussurrou Franchesca, apagando sua varinha, assim como Dora. O corredor ficou um breu e estava muito frio. Enquanto eu me apertava todo com meu suéter, senti a mão de Dora apertar meu braço como se fosse arrancar fora. Do outro corredor conseguimos ver a iluminação da varinha de um Monitor e fomos em passinhos rápidos para o lado contrário.

Ficamos nesse jogo nada estratégico durante quase uma hora até conseguirmos sair de dentro do Castelo após desviar de muitos monitores e entrar em uma passagem secreta por trás de um quadro no quarto andar.

— Meu irmão usava isso direto para ir a Hogsmeade. — explicou ela.

— Você tem irmão? — questionou Charles, com sua varinha iluminando meu lado esquerdo.

— Sim, mas ele estudou aqui há muito tempo... Ah! — Franchesca virou-se bruscamente para Dora e apontou a varinha em seu rosto. — Ele odiava seu tio! — e depois apontou para mim e Charles. — Eu moro há tipo, sessenta passos quarteirões da sua casa!

O silêncio prevaleceu enquanto andávamos, confusos pelas revelações de Franchesca:

— Como assim odiava meu tio? — o fiapo de voz de Nymphadora fez a garota loura rir. Ela sempre ficava um pouco tensa ao falar sobre seu tio doido em Azkaban, mas ao mesmo tempo gostava de ameaçar os outros o usando, dizendo que ele iria fugir e matar quem mexesse com ela.

— Meu irmão gostava de uma garota chamada Emmeline e seu tio adorava empatar a vida do meu irmão. Por hobbie, ele nem gostava da menina, segundo Amos. — Descemos mais algumas escadas. — Enfim, histórias de velhos. Hoje ele já é casado com Marie e tem meu primo Cedric. Tenho certeza que ele é um aborto.

— Quantos anos ele tem? — indagou Joe.

— Quatro.

Joe e eu nos entreolhamos.

— E como você sabe que um bebê de quatro anos é um aborto? — questionou Joe.

— Eu tenho um instinto interno. — ela sorriu para Joe rapidamente. — Por exemplo, eu tenho certeza que você vai repetir o ano. Não me pergunte como... Apesar de que no seu caso essa dedução nem é tão extraordinária...

— Se você mora perto de nós, por que nunca foi ao parquinho? — questionou Audrey. Mas Franchesca não respondeu, estava muito ocupada tentando abrir a porta trancada. Fui para frente e cancelei meu Lumus, executando o Alohomora.

Franchesca deu-me um enorme sorriso.

— Muito obrigada, amigo. — saímos porta afora, na orla da floresta. Estava muito escuro e eu estava começando a ficar tenso. Franchesca farejou o medo de todos e começou a tentar nos distrair enquanto caminhávamos para longe da Cabana do meio-gigante Hagrid e para a entrada da floresta, falava sobre as matérias, dos professores, mas teve uma hora que eu não estava ouvindo absolutamente nada que não fosse cada ruído, vento ou qualquer coisa ao meu redor que não fosse a voz da Diggory.

— Eu estou com medo! — choramingou Audrey, pegando na mão de Charles e Nymphadora, mas meu irmão mais novo esquivou-se, indo mais para frente, perto de Franchesca. A floresta é densamente preenchida de árvores – faias, carvalho, pinheiros e sicômoro. Era tão gélido e escuro que eu mal conseguia ver os rostos direito.

— Vamos falar com os centauros! — disse ele, animado. Incrivel como ele não estava com um pingo de medo enquanto eu me segurava para não me mijar inteiro. Joe estava tão tenso que sequer conseguia fazer algo que não fosse apontar a varinha para todos os cantos possíveis. Malditas crianças primeiranistas, onde eu estava com a cabeça para aceitar aquilo? Não faço ideia, mas eu estava disposto a ir embora!

— Com toda certeza! — sussurrou a Diggory, sorrindo para Charles. Houve uma identificação tão forte entre os dois que irritou Dora.

— Não, Frankie, você disse que só procuraríamos um unicórnio!

— Mas um centauro é mil vezes melhor que um unicórnio! — retrucou “Frankie”.

— Eu quero ir pra casa! — Audrey começou a chorar desesperada o que frustrou alguns e encheu outros de esperança, tipo eu.

— Vou voltar com Audrey. — decidi. Nymphadora parecia furiosa enquanto entrava na frente de Audrey e Charles, como se fosse protege-los de mim. — E você também Charles. Isso foi um erro. Se você não vier comigo eu vou mandar uma carta para mamãe...

— Gente, não, por favor, nós já viemos até aqu...

— Que isso? — Joe interrompeu e instaurou um silêncio breve para que ouvíssemos um latido distante. Os olhos de Nymphadora vacilavam e seu cabelo tornou-se um branco quase fluorescente de tão forte. Deu alguns passos para trás conforme o barulho crescia. Apenas Frankie continuou no seu lugar.

— Gente, deve ser aquele cachorro do Hagrid, qual o nome mesmo? — ela tentou nos acalmar, mas não estava dando nada certo. O latido estava fazendo eco ou era um grupo de cachorros com uma garganta poderosa.

— Não é o Canino. — sussurrei. Nymphadora aproximou-se lentamente e ficou atrás de mim, assim como Audrey, que já estava começando a soluçar de tanto chorar. Joe e Charlie foram mais alguns passos para frente, curiosos. De repente, feito louca, Franchesca empurrou os dois e avançou, apontando sua varinha para frente. Começamos a ouvir passos de animais velozes e os latidos aumentavam. Audrey e Nymphadora já estavam correndo, assim como Joe, aos berros, mas Charles também apontou sua varinha, como se esperassem ver o inimigo para atirar um feitiço.

CHARLES! — agarrei seu colarinho e tentei puxar Franchesca, mas ela parecia querer se matar, com a respiração rápida, aguardando. Mas apenas quando Charles a puxou bruscamente que ela se tocou e começou a correr conosco. Corremos todo o trajeto novamente, ainda ouvindo o farfalhar dos bichos, mas eles pareciam ficar cada vez mais distante. O medo estava tão forte que quando chegamos na orla da floresta, a cabana de Hagrid estava iluminada.

— Vai ser a primeira detenção do ano. — Joe apoiava-se em seus joelhos, exausto. — Audrey começou a bater e chutar a porta da cabana, praticamente escalou Hagrid, berrando de medo!

Tentei pegar ar, ainda fadigado pela corrida, assim como Charlie e Franchesca. Audrey e Nymphadora estavam dentro da cabana enquanto nos recuperávamos, apavorados. Mas então, de repente, Franchesca Diggory começou a gargalhar. E realmente riu, riu tanto que Charles também começou a rir. Mas eu não estava achando graça nenhuma e cheguei a conclusão que a garota era uma desequilibrada por ainda conseguir ver graça naquela situação horrenda.

E sim, ela era desequilibrada, mas uma pessoa extremamente charmosa e carismática, devo dizer. Mas após um tempo, quando a magia ao redor de Frankie sumia, você via os reais motivos dela ser daquele jeito. Uma hora, aventuras e desafiar limites cansam...

Mas ela passou longos 25 anos fazendo isso.


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Notas finais do capítulo

Franchesca mio amore