Como Não Esquecer Essa Garota escrita por Eponine


Capítulo 10
Quando Nymphadora tornou-se uma punk




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INXS - Don't Change

— Bill, você precisa fazer isso. — insistiu Franchesca.

— Vai dar errado, minha mãe vai me bater na frente de todo mundo...

— Você não pode ser pessimista, precisa manter sua paz interior... — apaziguou Louise, levando um olhar estranho de Joe.

— Cara, você é macho? Se você é macho, precisa passar por isso! — Joe cuspiu seu palito de dente, aproximando-se.

— Por que você não vai? — perguntei a Joe.

— É a sua casa, é o aniversário do seu irmão!

— Se você não for, em breve tudo irá acabar. — lembrou Charlie. A pressão estava grande.

— Se meus pais me pegarem, eu vou ser morto.

— Temos que correr esse risco. — Franchesca apertou meu ombro.

— Ok... Ok, eu vou. Eu vou. — decidi, levantando-me. Franchesca e Joe aproximaram-se mais uma vez, extremamente determinados, encorajando-me.

— Lembre-se, a cerveja deve estar extremamente gelada. — alertou Franchesca. Era o aniversário de sete anos de Percy, eu tinha quatorze anos e estava prestes a roubar cerveja para mim e meus amigos. Eu, Joe, Franchesca, Charlie, Nymphadora e Louise estávamos trancados em meu quarto até eu sair furtivamente, decidido, descendo as escadas em direção da barulheira. Audrey estava muito entretida com meus irmãos gêmeos no colo, nem um pouco desconfiada do que eu estava prestes a fazer. Eu estava suando frio, tendo calafrios apenas imaginando a bronca que eu ia levar caso fosse pego.

A casa estava muito cheia, então eu consegui pegar as latas de cerveja, mas quase fui pego por minha tia avó Muriel, que me encheu de beijos molhados. A cerveja estava congelando minha barriga quando entrei no quarto, sendo recebido por comemorações e congratulações.

— Obrigada. — sorriu Nymphadora ao pegar a sua.

Nosso interesse por coisas erradas não parou por aí.

Eu lembro o quanto detestávamos os adolescentes do parquinho, e nem notei quando nos tornamos eles. Nós deixávamos garrafas pelo gramado, e agora, graças a Franchesca, cigarros.

Sim, foi ela que me viciou, más influências, veja bem.

Eu estava começando a desenvolver um gosto musical, assim como todos do grupo. Principalmente Nymphadora, que ficou extremamente enlouquecida quando ouviu rock pela primeira vez. A cada susto da bateria ou da guitarra, seu sorriso aumentava mais e mais e seus olhos cresciam, admirada com o que estava ouvindo. Pelo que Audrey me disse, ela levou uma hora de gritos de sua mãe quando ela abriu a porta do banheiro e havia cabelos de Nymphadora por todo canto.

Ela customizou também todas as suas roupas, ela estava se tornando especialista em feitiços de costura, pois tornou preto cada peça de roupa. Agora ela vivia com um sobretudo preto, um cachecol listrado preto e branco, coturnos e um cabelo alaranjado arrepiado, com um alfinete no lugar do seu costumeiro brinco de coração de sempre, e uma maquiagem pesada ao redor dos olhos.

Apenas ela teve mudanças drásticas, Franchesca também gostava de rock, mas apenas para admirar a música, não em questão de estilo, ela sempre passeava mais pelo jazz, assim como Audrey, e acho que era a única coisa que as duas tinham em comum.

Já eu, bem, eu também enlouqueci com a onda hardcore, mas não a ponto de mudar drasticamente, como Dora, mas pedi para que Franchesca furasse com alfinete minha orelha esquerda, só para me sentir um pouco rebelde. Sorri feito um idiota até inflamar, mas deu tudo certo no final.

— Eu roubei do meu pai. — explicou ela, abrindo a carteira de cigarros. Ela havia crescido de forma quase bruta, e tudo nela tornou-se mil vezes mais charmoso. Seus olhos levemente caídos, como se ela estivesse sempre cansada (ou chapada, como seu fui descrever alguns meses depois), sua boca sempre avermelhada, seus longos cabelos ondulados, sempre desarrumados de forma charmosa, ao contrário do de Nymphadora, que era uma bagunça catastrófica.

— Você enlouqueceu? Alguém pode passar aqui! — Audrey piorou conforme os anos, mas descobrimos que ela tinha TOC após um surto no segundo ano, ela esfregou tanto as mãos que arrancou a pele e deixou carne viva. A mãe dela nos contou depois que não era a primeira vez que ela fazia aquilo. Mas ela começou a tomar remédios e melhorou muito.

— Ninguém vai passar aqui, Audrey! — cortou Charlie.

— Como você sabe? Sua mãe pode decidir vir aqui ver como estamos e olha só, está uma nuvem de fumaça aqui! — estrilou ela, paranoica.

— Audrey, por Merlin, fica quieta. — pediu Nymphadora, ansiosa ao ver Frankie acender um cigarro. Ela parecia uma profissional, inspirou e expirou, dando um sorriso cético. Dora levantou a mão para pegar, mas só para contrariar, Frankie passou para mim.

Eu traguei e me engasguei, assim como Charlie e Dora, e Audrey saiu-se incrivelmente bem, mas nunca mais encostou em um cigarro. Dora fumou mais alguns meses para parecer legal, mas acabou desistindo pois sempre engasgava. Charlie não achou graça, e os únicos sobreviventes foram Franchesca e eu.

O cigarro já tinha acabado e estavamos orgulhosos da nossa conquista.

— Me passa a garrafa. — pediu Nymphadora, apontando para a garrafa d’água.

Também começamos a frequentar festas. A primeira que nós fomos foi a de Thomaz, do quinto ano da Lufa Lufa, o mais novo namorado de Franchesca. Ele era diferente, tinha um humor único e conseguia ser amigo de todos. Ele também vivia com uma escova de dentes na boca (não sei porque) e vestia roupas que não combinavam, mas ficavam perfeitas nele.

— Fica calma, Dora... — foi o primeiro porre da Dora, eu acho, estava muito engraçado porque eu também estava bêbado. Louise estava dançando animada com pessoas que não conhecia e eu estava assistindo o desespero de Nymphadora.

— Merlin, você está tipo, muito gata. — Franchesca chegou parecendo uma rainha hippie.

— Eu estou tendo o pior momento da minha vida! — chorou Dora, indignada com o elogio de Frankie.

— Ahhh, vai, não é o fim do mundo. — ela sentou-se no colo da amiga. — Olha, você precisa pensar na parte boa disso tudo, ele não gosta de você, então agora você pode... Com licença, quero dançar essa música.

Franchesca! — chorou Dora. Ela voltou e deu um breve selinho nos lábios de Dora, correndo para a pista com Louise. Fiquei pensando na péssima amiga que Frankie era e quase ri, ali, na frente de Dora, mas segurei-me.

Ela fungou mais um pouco e levantou-se.

— Eu vou achar Audrey e vou embora... — limpou a maquiagem borrada. — Tchau.

— Tchau. — nem cogitei a ideia de leva-la para casa, a festa tinha acabado de começar e ainda tinha muito para acontecer até o fim da tarde. Ela estava decepcionada com seu interesse amoroso, um garoto estranho do meu ano, que estava aos beijos com outra garota da Sonserina.

Quando eu lembro de tudo isso, demora um pouco para eu entender que tudo se passou em menos de um ano. Sim, mudar dessa forma em meses, você acredita nisso?

Adolescência é uma loucura.


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Notas finais do capítulo

Seria um crime contra a humanidade se eu não tornasse a Dora uma punk, fala sério gente hahahahahaha ELA TEM QUE SER HARDCORE!

Não só hardcore, uma feminista convicta!

Espero que estejam gostando!!!



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