The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 8
Give the Girl a Cookie


Notas iniciais do capítulo

Sempre uso as notas iniciais pra falar com quem comenta, mas hoje reservei esse espaço pra agradecer a Serial Killer, ela me deu uma ideia que foi crescendo, crescendo e virou algo enorme. Esse capítulo é pra você :3

Boa leitura, amores.



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A morena balançava Marie de um lado pro outro. Quando foi beijar a bochecha dela sentiu a temperatura.

—Você está com febre - ela disse o óbvio. - O que esse chato do seu tio fez com você, meu amor?

—Ei, eu derrubei você no mercado - foi o comentário mais inteligente em que Nico conseguiu pensar.

Ele prendeu a atenção dela. Pela primeira vez, desde que entrara pela porta, realmente olhou para ele, com as sobrancelhas franzidas. Nico sentiu uma rajada de vento vinda do nada o empurrar para trás.

—Deveria olhar por onde anda - foi a declaração de Thalia antes de sair andando com Marie para a cozinha.

Nico balançou a cabeça, fechou a porta e a seguiu.

—O que está fazendo aqui?

—Um chá pra Marie. E não tem gosto de mato.

Marie estava sentada em cima da mesa, onde Thalia tinha deixado, e brincava com um garfo. Nico tratou de deixar o talher longe e pegar a menina no colo.

—Quero dizer aqui, aqui— falou.

—Ah, Frank pediu que eu te ajudasse a cuidar da espoleta aí - ela apontou Marie, abriu o armário e começou a procurar alguma coisa.

Nico tentava entender o que estava acontecendo. Virou Marie na direção dele na esperança de que ela explicasse, como não aconteceu, ele reviu as outras possibilidades.

—Eu já volto – falou.

—Tenta não derrubar a criança – Thalia gritou.

Nico abriu a porta do escritório e entrou com Marie. Depois de trancar a porta e andar de um lado pro outro por alguns minutos, ligar para Frank parecia justo. Até tirou o celular do bolso e ligou a tela mas algo na parede chamou mais a atenção dele. Colocou a sobrinha no chão e começou a tatear a parede, encontrou um painel com números debaixo de um interruptor.

Tentou todas as datas possíveis, chegou a pensar que talvez os donos do lugar não quisessem mesmo que alguém entrasse. Vendo as letras gregas no painel ele sabia perfeitamente quem fizera, então não poderia ser algo fácil.

Hazel era a paranoica com segurança, ela devia ter escolhido a senha. Tentou combinações dos aniversários dos três de nove maneiras diferentes. Finalmente conseguiu com o dia do aniversário de Marie, o mês de Frank e no último o ano em que a mãe dela nascera. Precisou de muito esforço para lembrar, esforço e um calendário que estava na parede.

A porta se abriu, contrastando no papel de parede, como ele tinha visto de relance. Ele se afastou e ouviu mecanismos girando até que a porta estava totalmente aberta, era uma passagem de porta comum, como se sempre tivesse estado ali. Ele espiou lá dentro, só caixas. Chamou Marie e pegou a mão dela.

De perto, as caixas de papelão não estavam empoeiradas, não era nada interessante, nas de cima só haviam pratos reserva e coisas assim. Na parede vazia, que ficava de frente por onde eles tinham entrado, estava uma porta de vidro escuro. Quando a abriu todo o esforço para adivinhar a senha valeu a pena. Dos dois metros de varanda ele conseguia ver boa parte de Manhattan, as crianças brincando, grupos de garotas, pessoas voltando para o trabalho, ele mal podia imaginar a vista à noite.

Quando a perplexidade passou ele olhou em volta, à sua direita estava duas espreguiçadeiras brancas com uma mesinha no meio, à esquerda algumas plantas e prateleiras. Nico colocou Marie em uma das espreguiçadeiras e ligou para o cunhado.

Na segunda vez ele atendeu, dessa vez não conseguia ouvir nenhum barulho no fundo.

—E aí, Frank, como estão as coisas aí? – falou, calmo.

—Hum... Bem. Hazel me expulsou do dormitório pra falar sobre coisas de menina com algumas campistas – ele soou magoado. Tudo okay aí?

—Você provavelmente não iria querer ouvir o que elas estavam falando mesmo. Tudo bem, exceto por duas coisas. Marie está gripada, mas já levei ela ao médico e... O que Thalia Grace está fazendo aqui?! – saiu mais alto do que esperava mas serviu para dar credibilidade a frase.

—Marie gripada? Ambrosia não funciona mas tem néctar em um dos armários, não me lembro qual agora, mas...

—Frank!

—Okay, okay... Hazel não foi totalmente verdadeira quando disse que apenas Jason tinha notícias da Thalia. Ela ficou com a Marie algumas vezes.

—O que?

—Ela nunca nos disse onde estava morando, mas sempre aparece quando ligamos. E quando só tínhamos duas opções, você e ela, você não atendeu, cara – Frank parecia tentar fazer seu melhor explicando sem fazer Nico parecer a segunda opção.

—Tudo bem, até aí eu entendi, mas por que ela está aqui agora? – Nico andava de um lado pro outro, era uma mania que tinha quando não sabia o que fazer.

—Quando ligamos pra ela, ela disse que tinha um compromisso que não podia explicar – disse Frank. Nico começava a achar o meio-mistério de Thalia bem irritante – mas que ligaria quando terminasse. No caso, ontem. Eu disse que você estava com Marie e ela disse que Marie nunca precisara tanto dela. Sem ofensa.

Nico queria pedir pra que ele mandasse Thalia embora, mas já era um adulto e, como diria a irmã, precisava socializar com alguém. A filha de Zeus não podia ser tão ruim assim. Ou talvez ele estivesse completamente enganado e devesse dizer a ela que a jogaria da janela se não fosse embora dali. Mal sabia ele que isso só lhe renderia um olho roxo. Respirou fundo e suspirou antes de responder.

—Tudo bem. Sem problemas.

—Não se preocupe, eu disse a ela pra ficar no meu quarto. Não vão ter que dividir a cama ou algo assim – Frank riu.

Nico nem tinha pensado nisso, mas não lhe pareceu agradável. Thalia parecia ser capaz de passar pasta de dente no rosto dele e tirar uma foto só por diversão.

—Já que estamos falando nisso, talvez eu tenha dito à Reyna que podia ficar aqui – ele disse rápido antes que pudesse pensar em não contar nada.

—Ah – o filho de Marte parecia confuso. – Pensei que ela estivesse na Califórnia. Enfim, não importa. Por mim tudo bem e tenho certeza que sua irmã concorda, mas não temos um quarto escondido.

Nico sorriu e olhou à sua volta.

—Eu dou um jeito. Aliás adorei a vista da sua varanda.

—Talvez eu tenha um cômodo escondido, mas você não vai querer dormir aí, vai por mim.

Eles se despediram e Nico voltou pra cozinha. Muito antes de chegar até lá ouviu o som, uma música que ele já tinha ouvido em algum lugar, porém num volume extremamente alto. Ao passar pela sala viu o pen drive conectado na televisão.

—Quero descer - Marie pediu e assim ele fez, assim que os pés tocaram o chão ela começou a dançar de um lado pro outro. Nico sorriu e continuou o caminho até a cozinha.

Thalia colocou um líquido esverdeado em duas canecas e na mamadeira de Marie. Parecia bem nojento.

—Passar anos com um grupo de garotas na floresta tem suas vantagens – ela deu de ombros e entregou uma das xícaras na mão dele. – E não precisa agradecer.

—Eu conheço essa música – ele disse seguindo Thalia de volta para a sala.

—Green Day - respondeu Thalia. - Boulevard Of Broken Dreams.

Nico ouviu a letra. Era bem a cara dela.

—Pare de ser depressiva, Grace - ele sorriu.

—Pare de ser desnecessário, di Angelo.

Ela entregou a mamadeira para Marie e se sentou no sofá. Depois de reunir toda a sua coragem ele tomou o chá. Se surpreendeu, realmente não tinha gosto de grama, por mais verde que fosse, na verdade era quase bom.

É claro que não iria admitir. Marie cochilou de novo no colo do tio, que, sem perceber, brincava com o cabelo dela. Passaram vários minutos em silêncio, até que Thalia disse que ia tomar um banho e descansar. Nico acomodou a pequena menina no sofá e foi para a cozinha. Automaticamente, pegou coisas no armário e começou a misturá-las.

O que era para ser um bolo virou um pedaço de carvão confeitado. Na segunda tentativa quase deu certo, ficou um pouco torto, mas não parecia tão ruim assim.

—Não pode ser pior que o molho do mês passado - disse ele antes de colocar um pedaço na boca. No fim das contas tinha razão, não era pior que o molho, era a mais horrível de suas criações.

Deu-se por vencido e foi dar uma olhada em Marie. Não estava mais com febre, mas tossia de vez em quando.

Depois de jogar ímpar ou par consigo mesmo e perder, Nico tomou uma decisão arriscada, iria tomar o banho mais rápido do mundo. Comparado com os últimos dias, estava muito calor. Ele também percebeu que precisava de um psicólogo.

* * *

 

 

Marie acordou e olhou à sua volta. Nem sinal do tio ou da moça que vinha às vezes. Jogou as pernas pro lado e correu até o próprio quarto, a caixa de brinquedos era quase do tamanho dela mas não a impediu de arrastá-la até a sala, mas ainda faltava alguma coisa.

É claro, os cookies de chocolate! Ela sabia onde a mãe os guardava e agora não estava aqui para dizer que ela não podia comer antes do jantar, mas por outro lado o pai também não estava para pegar um escondido para ela.

As perninhas curtas deslizaram pelo chão do apartamento, Marie tinha um plano perfeito para conseguir os cookies. As almofadas do sofá eram bem menores que a caixa de brinquedos, foi fácil levar até o armário.

A pequena garotinha era esperta, empurrou uma cadeira e empilhou as almofadas em cima. Ainda não era suficiente para alcançar a sonhada portinha. Do berço, puxou o travesseiro entre as grades, da cama do tio pegou mais dois e no quarto dos pais, onde a moça morena dormia de um jeito estranho, ela conseguiu mais um sem ser notada.

Sempre que o interfone tocava alguém corria para atendê-lo, então quando ouviu aquele barulho irritante ela tratou de escalar o sofá e tirar o telefone do gancho, só assim teria seus preciosos cookies.

—Sr. di Angelo, tem uma moça chamada Reyna... desculpe? - houve uma pausa – Reyna Ramírez-Arellano aqui, posso deixar subir?

Marie não fazia ideia de quem era ou que aquilo significava, mas entendeu que era uma pergunta para o tio.

—O tio Ico disse que sim – respondeu ela e colocou o telefone de volta no lugar.

Voltando à missão, Marie precisou de outra cadeira para colocar os travesseiros e almofadas na primeira. Ouviu a música chata do interfone de novo, mas seus cookies eram mais importantes.

De cima da escadinha improvisada ela pretendia subir no balcão, e assim abrir a porta. As mãozinhas seguravam firme, tudo pelo doce, a primeira parte estava quase completa quando alguém a puxou de volta, para longe dos cookies.

—M! – disse a moça morena. Ninguém mais, além do pai dela, a chamava assim. – Onde está aquele maluco do di Angelo? O que ele tem na cabeça pra te deixar aqui sozinha?

Ainda que não se lembrasse do nome dela, se lembrava que era legal e da última que em que a vira não a impedira de comer seus doces. Também a lembrava de umas meninas que moravam no andar de baixo.

—Eu vou pegar cookies— ela se debateu esperando que fosse posta de volta nas almofadas.

—Se você prometer que não vai mais tentar subir em nada pra pegar, a tia Thals pode pensar em pegar pra você. Temos um acordo?

Então esse era o nome dela. Parecia um acordo razoável, além do mais os adultos nunca lembram dessas promessas quando estão dando broncas. Marie assentiu e esperou a tia Thals colocar as cadeiras no lugar e jogar as almofadas num canto.

Sem dúvida toda a aventura valeu a pena quando ela tirou quatro cookies do pote, Marie sorriu de orelha a orelha.


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Notas finais do capítulo

Não, não esqueci de vocês u.u pedroossos, Virgínia Machado, natalia chase jackson, Apaixonada por livros, WalkerGirl, Lilica611 e AlineAono obrigada por comentarem o capítulo anterior, espero vocês aqui de novo.

*Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=Soa3gO7tL-c
*Link para o desenho que mencionei nas notas do último capítulo: https://www.pinterest.com/pin/311522499204501361/

Beijos ♥