The Little Girl escrita por Swimmer


Capítulo 19
Once and for All


Notas iniciais do capítulo

Hey, cookies!
Como vai a life? E os boys/girls? Já voltaram pro Tártaro, também chamado gentilmente de escola?
Esse é o penúltimo capítulo, o fim das tretas, ou pelo menos das grandes.
Enjoy, kids!



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Robert levava jeito com o violão. Algumas pessoas passavam olhando o garoto tocar para uma pedra, sem coragem de perguntar o motivo, um garotinho até deixou uma moeda. Ele tocou uma melodia alegre até a passagem se abrir. Nico encarou os degraus e a escuridão, que pareciam infinitos, desembainhou a espada e se voltou para Robert, que colocava o instrumento nas costas, pronto para voltar ao acampamento.

—Tenha certeza que elas ficarão bem, entendido? - Nico falou num tom impassível.

—Sim, senhor - Robert fez uma continência.

Cada degrau que Nico descia parecia aumentar sua raiva. O caminho era conhecido, tanto que ele nem prestou atenção nas pedras. Minos teria o que merecia, cada metro avançado era uma nova ideia de tortura que surgia, e eram muitos metros.

Tendo escapado do Tártaro por pouco, Nico nunca pensara que o antigo rei seria tão estúpido a ponto de mexer com uma garota que Nico amava pela segunda vez. Quando ele o enganara, Nico não se importara exatamente com essa parte, mas sim com o fato dele ter usado o amor dele por Bianca para conseguir o que tanto queria, uma forma física.

Nico não estaria nem aí para os assuntos do Mundo Inferior se isso não envolvesse sua sobrinha. Mas envolviam, e Nico temia que para os mesmos fins que no tempo em que andaram pelo Labirinto de Dédalo.

Tinha sido desgastante o suficiente ter que lidar com a culpa por anos, mas agora ele estava a caminho de finalizar o assunto de uma vez por todas.

Sempre que descia aquela escadaria Nico sabia que estava perto pelo poder que sentia pulsar em suas veias e o mal cheiro.

Assim que pisou no último degrau, andou rápida e determinadamente pelo reino de Hades. Tinha um fantasma - o fantasma de um rei morto centenas de anos atrás - para matar. O rio Estige corria à sua direita, Nico seguiu em direção aos espíritos aglomerados em filas do outro lado.

Ele andou determinado, a cada passo que dava, sentia aquela fúria aumentar e Nico sabia que isso apenas aumentava a intensidade se seus poderes. No Mundo Inferior, era mais um dia monótono, entediante e comum até aquele momento, os servos de Hades patrulhavam todo o perímetro alguns apenas andando, outros conversando, mas todos pararam o que estavam fazendo ao sentir a mudança no clima causada pela aura de puro ódio do filho de Hades.

Quando chegou até as filas, os espíritos recém chegados sabiam que ele alguém importante, não houve um que continuasse no caminho. Dois guardas abriram as portas para o pavilhão sem olhá-lo nos olhos, não que tivesse alguma importância naquelas circunstâncias.

Nico diminuiu o ritmo dos passos até chegar aos três juízes. Por um segundo, eles o olharam sem reação, em suas máscaras douradas, então levantaram-se de maneira sincronizada e fizeram uma reverência ao Príncipe dos Mortos.

Príncipe dos Mortos. Rei Fantasma. Comandante das Tropas do Mundo Inferior. O filho de Hades. Eram muitos títulos mas nenhum deles importaria até ele ter Minos imerso em fondue de queijo pela eternidade, assim como ele sugerira anos antes.

Com um pensamento, Nico lançou as máscaras de ouro a dezenas metros de distância, revelando o antigo rei de Creta no meio deles. Ele olhou para os outros dois por um curto segundo antes de fixar o olhar na forma tremeluzente de Minos.

—Saiam – sibilou o rapaz.

Eles não contestaram, deram a volta pela larga mesa e saíram, cada um por uma das várias portas laterais. Depois que não era mais possível ouvir seus passos fantasmagóricos pelo enorme pátio, Nico deu dois passos pra frente e levantou a mão esquerda.

—A que devo a honr...

Seguindo o movimento da mão dele, Minos voou por cima da mesa e bateu nela quando Nico tirou o obstáculo de mármore do meio deles. A força da pancada teria matado uma pessoa se Minos já não estivesse morto.

—Qual é o seu problema em entender – Nico caminhou até ele lentamente – que não deve mexer com a minha família? – ele intensificou ainda mais o aperto da força invisível que o prendia contra a pedra.

Ele assistiu enquanto Minos fazia uma cara confusa e decidia, logo em seguida, não usar essa estratégia. Ele sorriu maldosamente e nem fez esforço para se soltar.

—Ops. Acho que fui descoberto.

—Não vejo graça alguma - Nico moveu a espada em direção ao pescoço dele e a segurou firme.

Ele não podia provocar sua morte, mas um sofrimento terrível, cortesia do ferro estígio, vinha em segundo lugar na lista.

—Vamos, jovenzinho, você nem conhecia a garota há duas semanas atrás. Quando eu dominar isso aqui posso até permitir que faça uma visita por ano. Só pra se lembrar de casa - ele riu, rouco por causa da espada na pele. - Tudo que precisa fazer é dar meia volta. Não pode me vencer, é tarde demais.

Com um último riso ele encarou Nico enquanto um bando de fantasmas entrava pelas laterais e formavam várias filas atrás de Nico. Não eram trinta ou quarenta espíritos, eram centenas. E todos do lado de Minos.

O rapaz ficou em choque tempo suficiente para Minos se desvencilhar do aperto da espada e se materializar na frente do próprio exército.

—Nesse caso fico feliz por ter trazido meu próprio time - sem tirar os olhos dele, Nico se concentrou.

Logo um número tão grande, se não maior, de fantasmas se reunia atrás dele, formado em sua maioria pelas tropas que um dia ele liderara, estavam todos conectados a ele, de modo que alguns dos guerreiros de Minos passaram para o outro lado. Estar no Mundo Inferior triplicava a força de Nico, mas ele sabia no fundo da mente que assim que o choque de adrenalina passasse, ele não estaria nada bem.

—Quando você vai aceitar - ele continuou calmamente - que eu sou o Rei Fantasma?! - ele gritou e atirou a espada com toda a força que tinha.

A espada de metal negro como ônix voou certeira em direção a Minos. Os espíritos ao redor entenderam isso como sinal para o início da batalha.

Teria sido uma cena e tanto se não tivesse sido congelada quando a espada estava a centímetros do destino.

—Mas o que infernos está acontecendo aqui? - Hades gritou. Ele caminhava pelo espaço entre a por pouco não iniciada batalha.

Nico, ao contrário de todos os outros, podia se mexer e usou essa habilidade para bufar. O pai estragara seu movimento perfeito.

—Você só pode estar me zoando - ele gritou de volta.

—Zoando? Que tipo de palavra é esse? Não importa, eu gostei. Esperava o que, que poderia invocar meio Mundo Inferior e eu nem sentiria cócegas? Se quiser explicar...

—Estou tentando salvar a Marie, então, se não se importar, o tempo está correndo - Nico pediu impaciente.

—Não de verdade - Hades disse e explicou depois de ver a expressão confusa do filho. - Lembra-se de quem era meu pai? Titã do tempo? Aprendi um truque ou dois. Você tem o equivalente a quatro minutos para me explicar - Hades checou um relógio imaginário.

Já que não teria escolha, Nico resumiu a viagem à Suíça para Hades.

—Nesse caso... sem espíritos que ainda não foram julgados, crianças ou adolescentes e aqueles camaradas ali na quinta fila que deveriam estar aproveitando no Tártaro. Que vença o melhor.

Ele estalou os dedos duas vezes, na primeira, algumas das formas sumiram de ambos os lados e na segunda, a cena descongelou.

A espada encontrou seu caminho e um líquido cinza gelatinoso começou a cair e manchar as vestes do antigo rei. Nico caminhou até ele, se esquivando da batalha e puxou a espada de volta. Minos abriu a boca para falar mas Hades falou antes.

—Justamente um de meus juízes. Que decepção. De novo.

Os sons da batalha sumiram, eles estavam nos campos da Punição. Gritos era audíveis por todo canto.

—Jurei que faria o culpado pagar e vou pôr um fim nisso. Mas vou te deixar escolher... qual povo você acha que tinha as melhores torturas?

—Aceitarei sua oferta, mas antes pretendo mostrar algo ao nosso amigo com as minhas próprias mãos, caro pai – Nico golpeou o fantasma novamente. – Foi uma ideia estúpida achar que poderia simplesmente começar um levante nas terras do próprio Hades. Agora... Como. Paro. O. Feitiço? – ele falou pausadamente, aplicando um novo golpe a cada palavra dita.

—Não é tão fácil assim – Minos riu. – É um feitiço de sangue. E não fui eu quem lançou. Vão precisar de mais do que isso.

—Ótimo. Tenho certeza que Hécate ficará feliz em ajudar – disse Hades.

O sorriso sumiu do rosto de Minos enquanto Nico o conduzia para frente. O deus dos mortos sabia que entre os mortais só um filho de Hécate ou alguém com uma bênção dela seria capaz de lançar qualquer tipo de feitiço, meio-sangue ou não.

*  *  *

Nico acordou com um grito distante e se arrependeu imediatamente de abrir os olhos. A sensação era de que um avião havia passado por sua cabeça enquanto procurava o caminho para Atlântida.

Na primeira tentativa de se levantar, sentiu todo o café da manhã que tomara horas antes subindo e vomitou num balde que alguém tinha deixado ao lado da cama. Depois que a cabeça parou de girar ele apanhou uma folha e o copo de néctar sobre a mesinha de cabeceira.

Na próxima vez que tentar começar uma batalha no meu salão de julgamento não sobrará nem seu espírito para reclamar.

Com amor, papai

Ele colocou a folha de volta e bebeu o resto do líquido lentamente, estava em seu antigo quarto, o que usava antes de parar de falar com o pai. Se sentia pior do que na vez em que decidira passar a noite bebendo num bar.  Imagens voltavam lentamente a sua mente todas de uma vez, o que não ajudava na dor de cabeça.

Depois que conseguiram a informação que precisavam, Hades pediu a Hécate que quebrasse a ligação entre Marie e Minos e bloqueasse outras tentativas. Ela concordou, por consideração a Hazel e um favor de Hades, depois disso Nico não prestou atenção porque estava ocupado com coisas de que não exatamente se orgulhava no momento.

Ele procurou nos bolsos pelo celular, a tela estava totalmente quebrada mas ainda funcionava. Discou o número de Thalia e esperou.

—Você... bem? – ele ouvia ela gritando tão alto que afastou o celular do ouvido.

—O sinal aqui é realmente horrível. Funcionou?

—Eu acho que sim. Deixei ela dormindo com a Reyna e a Lia no chalé 13 – houve uma interferência - ... vampiros?

—Não ouvi o que você disse, mas se estiver falando da decoração, nenhum filho de Hades escolheu. Estou indo pro acampamento agora – ele se levantou e o quarto voltou a girar, mas ele permaneceu de pé. – Talvez demore um pouco.

—Se pretende chegar lá em uma viagem pelas sombras desista – disse Hades. Aparentemente, portas ainda não significavam nada ali.

—Obrigada pela... ajuda, mas preciso ir. Até mais – Nico devolveu o celular ao bolso.

—Tudo bem, tente.

Ele tentou, antes que pudesse sentir o frio familiar a cabeça doeu como se fosse explodir.

—Só preciso de mais alguns minutos – ele tentou disfarçar as caretas de dor.

—Está com tanta sorte que vou lhe dar uma carona, senhor apressado – Hades abriu a porta, um avanço, e fez sinal para ele o seguisse.

Bom, era isso ou olhar pro teto até ficar melhor.

—Sua madrasta sente muito por não poder te dizer pessoalmente que estava certa, como certamente fez comigo. Ela foi visitar a mãe – Hades falava enquanto eles atravessavam o corredor do palácio.

Eles usaram o caminho pelo qual Nico viera, as escadas infinitas que só pareciam mais infinitas quando se fazia o trajeto inverso.

Passaram pela porta de Orfeu no Central Park depois de aproximadamente noventa mil degraus. No céu, as estrelas brilhavam. Eram quase três e meia da manhã, ele dormira por horas. Saíram do parque e Hades se dirigiu a um Mercedes CLA preto, de onde saiu Jules-Albert.

—Por que o meu motorista zumbi está dirigindo o seu carro? – Nico se virou indignado.

Cale a boca e entre no carro— Hades sorriu.


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Notas finais do capítulo

Epílogo conta como um capítulo? Anyway, teremos um epílogo que postarei junto com o último capítulo. Como sempre confuso.
Já estou sentido falta de vocês



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