Damon e Elena - Pessoa Inesperada escrita por Emma Salvatore


Capítulo 8
Os Hereges




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651830/chapter/8

QUATRO ANOS DEPOIS

Alguém tocou a campainha.

De muita má vontade, desci para atender.

Congelei ao ver a figura que estava parada a minha porta.

– Olá Damon. Muito tempo, não?

Kai.

Ele sorriu.

– Pensou que nunca mais fosse me ver de novo, não é? Ah, Damon nunca me subestime. Posso fazer coisas que você nem imagina.

Sua expressão tornou-se sombria e ele tentou entrar na minha casa. Não conseguiu.

– Wow! Quer dizer que esta propriedade é de algum humano agora - ele riu - Quem será? Elena? Não, não. Ela é uma vampira. Deve ser a sua pequena filha, não é mesmo? Como é o nome dela? Allison.

Empurrei-o com toda força no quintal e cruzei a soleira da porta.

– O que você quer Kai? - explodi - Como conseguiu voltar?

– Já disse Damon. Não me subestime - ele disse com um sorriso irritante no rosto.

– O que você quer? - perguntei mais uma vez.

– Você saberá. Mas há uma coisa que você precisa saber agora - ele fez uma pausa dramática e continuou - Não voltei sozinho. Acho que você vai querer conhecer os antigos companheiros da Lily algum dia.

Os Hereges. Eles estavam em Mystic Falls.

Com um sorriso estampado no rosto, Kai desapareceu.

E eu o xinguei de todos os nomes possíveis.

* * *

Estava esperando Allison na saída da escola. Com Kai e os Hereges a solta, não deixaria minha filha sozinha.

Ela saiu do prédio e ao me ver abriu um largo sorriso.

– Pai! - ela exclamou e lançou seus braços ao redor da minha cintura.

– Pensei que você não iria sair nunca - reclamei afastando-me dela e entrando no carro.

– Eu estava terminando de organizar a festa de hoje à noite - ela explicou.

– Que festa? - perguntei.

– O baile de máscaras. Eu sou uma das organizadoras - ela jogou o cabelo para trás, orgulhosa - Eu te falei dessa festa há tempos!

– Ah! - recordei-me vagamente do dia em que ela chegou em casa gritando que conseguira a vaga de organizadora desse estúpido baile.

– Caroline já comprou minha roupa. Vai ser perfeito! - ela exclamou animada.

– Você não vai - decretei.

– O QUÊ?! - ela gritou.

– Você não vai - repeti.

– Pai, você não pode estar falando sério, não é mesmo? - desesperou-se - Todo mundo vai.

– Bem, você não é todo mundo– falei - Você não vai Allison, não insista.

– Pai, você não entende! Esse é O baile e eu sou uma das organizadoras. Não posso faltar!

– Você pode e vai faltar! Não quero discussões, você não vai!

Ela bufou e sussurrou:

– Mamãe com certeza vai deixar.

– Ah, eu não teria tanta certeza disso.

Allison olhou feio e calou-se, bufando de raiva.

Não adiantaria. Com Kai a solta não ia deixar minha filha sozinha em uma festa.

* * *

– Mamãe, por favor! Eu preciso ir! - Allison implorava a Elena.

– Seu pai já disse que não. Então você não vai. Não insista - Elena falou com voz firme.

Allison bufou e ajoelhou-se aos meus pés:

– Pai! Por favor! Essa festa é super importante! Me deixa ir?

– Allison, sua vida é bem mais importante do que essa festa. Você não vai sair sozinha e arriscar o seu pescoço - repeti mais uma vez o que vinha dizendo a tarde toda.

– Que mal pode ocorrer em uma festa? - ela perguntou inocente.

Elena e eu trocamos um olhar. Sabíamos muito bem que as coisas sempre aconteciam em festas.

– Muita coisa. Você se surpreenderia - Elena respondeu.

– Mas nada vai me acontecer. Eu vou tomar cuidado. Por favor! - ela me olhou com os olhos pedintes.

Ela não ia desistir.

Com um rápido movimento arranquei a pulseira do seu pulso e comecei a hipnose:

– Você vai subir para o seu quarto, vai pegar um livro e vai se contentar com isso por hoje. A festa é só uma coisa de patricinhas mimadas. Você não quer participar.

– Eu não quero participar. Posso passar a noite lendo um livro. - ela repetiu mecanicamente.

Assenti e ela saiu.

– Ei Allison! - chamei. Ela virou-se - Sua pulseira.

Ela tomou a pulseira e recolocou-a no pulso. Depois foi para quarto.

Elena suspirou pesadamente e jogou-se no sofá ao meu lado.

– Pensei que já fosse hora dela beber verbena. Principalmente com Kai e os outros aqui. Mas pelo visto ela tem muito que aprender.

Elena deu uma longa pausa e continuou:

– O que faremos com Kai?

Foi a minha vez de suspirar.

– Talvez Bonnie possa ajudar. Ela já cuidou dele uma vez, pode cuidar de novo.

* * *

– Papai, hoje um rapaz estranho tentou me hipnotizar - Allison falou e eu freei o carro no ato.

– O QUÊ?!

– É. - ela confirmou um pouco espantada - Agora por que você não continua andando?

Pisei o pé no acelerador e o carro continuou a andar.

– Como ele era? - perguntei.

– Ele era alto, bonito, muito bonito. Tinha cabelos e olhos pretos. E ostentava uma barba por fazer - descreveu.

– Kai - concluí.

– Quem?

– Você não conhece. O que ele queria que você fizesse?

– Ele queria que eu fosse com ele para um parque um pouco distante. - Allison explicou.

– E o que você respondeu?

– Que eu não podia, porque tinha que esperar você - ela respondeu como se fosse óbvio - Eu sei que foi hipnose porque a pupila dele dilatou e depois voltou ao normal.

Bati a mão no volante.

– Droga!

– Quem é ele papai? - Allison perguntou confusa.

– Problema. Perigo. Alguém com quem você não vai querer se meter.

* * *

Cheguei para buscar Allison no dia seguinte e tomei um choque com o que vi.

Meu choque foi momentâneo. A raiva o substituiu.

– O que você quer com a minha filha? - rosnei para Kai.

Allison correu para trás de mim. Kai deu um sorriso presunçoso e respondeu:

– Por enquanto, só queria dar um recado. Por favor, amorzinho, conte ao seu pai.

Com a voz trêmula, Allison falou:

– Nós nunca teremos paz. O tempo de trevas chegou.

– Isso mesmo. E advinha só quem será a primeira vítima - Kai se aproximou de mim - Sua filha. Tão fraca, tão vulnerável, tão doce.

Desferi um forte soco no rosto de Kai.

– Não ouse encostar nela! - gritei.

Kai olhou-me intensamente e senti minha cabeça explodir.

– Você não vai me dizer o que fazer Damon. Eu sou imortal agora e acho bom você lembrar que não estou sozinho. O aviso foi dado: não haverá paz para vocês. - voltando-se para Allison ele continuou - Principalmente para você, menininha. Aproveite os próximos dias, porque serão os seus últimos.

Kai desapareceu.

Envolvi Allison em meus braços e ela desatou a chorar.

– Papai? - ela olhou-me e eu soube.

– Nada vai te acontecer. Prometo.

* * *

Durante a semana que se seguiu, Allison não foi à escola. Fizemos de nossa casa uma fortaleza. Além da lei natural de que vampiros não podem entrar sem convite, Bonnie ainda fez um feitiço de proteção na casa.

Ela, Stefan, Caroline e Jeremy tinham se mudado para cá por tempo indeterminado. Não sabíamos do que os Hereges eram capazes, então toda proteção para Allison não era demais.

Allison estava com medo. Ela nos confidenciara isso noite passada.

Ela tem dormido conosco desde a ameaça de Kai. Nós a confortávamos, mas também estávamos temerosos.

No final da semana, uma mensagem chegou a nossa porta. Bonnie leu-a em voz alta. Não era muito animadora:

– Preparem-se. Próxima sexta será o fim de todos vocês. Estamos chegando. Kai.

Allison agarrou minha camisa e começou a chorar.

– Eles não te machucar, Ally. - confortei, fazendo carinho em sua cabeça.

– Escute o seu pai, ninguém vai te machucar. Eles morrerão antes de tentar - Elena falou.

– Eu não quero que ninguém morra! - Allison exclamou.

Não falamos nada. Para nossa segurança, os Hereges precisavam morrer. Mas Allison talvez não compreendesse isso.

– Querida, todo mundo está aqui para te proteger. - Elena falou com voz branda, abrangendo todos os presentes com o braço. - Acredite em uma coisa: você não vai morrer.

– E vocês? - Allison olhou-nos preocupada - Já disse que não quero que ninguém morra! Eu não quero!

Abraçamos nossa filha com força, tentando tirar, com esse abraço, qualquer sensação ruim ou temor.

* * *

– O que vocês estão fazendo? - Allison perguntou ao entrar no quarto.

– Um acampadentro! - Elena respondeu com um largo sorriso.

Allison olhou para a barraca que tínhamos acabado de montar no quarto. Seu olhar trazia confusão.

– É sério mesmo? Qual é o objetivo disso? - ela perguntou.

– O objetivo é você se divertir - Elena explicou sem abandonar o sorriso - Meu amor, você só tem 10 anos. Essas últimas semanas tem sido horríveis para você. Nós queremos que você tenha um momento de diversão.

– Mãe, hoje é sexta. Os Hereges chegarão a qualquer momento. Não podemos simplesmente ficar aqui brincando e fingir que nada está acontecendo - Allison argumentou.

– Ah, sim. Podemos - Elena contrapôs - Temos gente suficiente nos protegendo. Bonnie, Stefan, Caroline, Jeremy. Estamos bem.

Minha filha deu um suspiro e apelou para mim:

– Pai, você com certeza não concordou com isso, não é?

– Sua mãe está certa. Você tem passado por muita coisa e merece um pouco de descanso. De diversão. De infância. Você ainda é uma criança, Ally.

Ela deu um forte suspiro e abriu a guarda, jogando-se no braço de Elena.

– Mas às vezes é mais fácil fingir que eu já eu cresci e assim eu não fico me comparando com outras crianças da minha idade.

– Você se compara? - Elena perguntou um pouco abalada.

– Às vezes. Às vezes eu só queria... - ela deu um longo suspiro - Ser uma criança normal.

O silêncio pairou e todo ar de alegria se esvaiu. Allison dissera algo que nos consumia por anos.

Ela queria ser normal. Ela poderia ter sido. Nós a tiramos isso. Eu tirei isso.

– Mas - Allison recomeçou - Aí eu me lembro de como é ótimo ter pais vampiros e de como eu tenho sorte por vocês terem me escolhido!

Allison deu um largo sorriso. Nós a acompanhamos.

Ela não era infeliz.

– Então, essa barraca vai ficar esperando? - perguntei sorrindo.

Allison deu de ombros e respondeu:

– Se não tem outra opção.

Peguei-a por debaixo da perna e girei-a no ar, enquanto ela gargalhava.

Entramos na barraca e Allison ficou entre eu e Elena. Deitamos e Elena acendeu a lanterna.

– Histórias de terror ou histórias reais que aconteceram conosco? – minha namorada perguntou.

– Histórias reais! - Allison pediu animada.

– Bom, vamos contar a história de como eu e seu pai nos conhecemos - Elena começou, mas foi interrompida.

– Não, mamãe! Isso não tem graça! Eu quero outra história!

– Ah, é? Então que tal contarmos sobre uma vampira chamada Katherine Pierce, que por acaso foi o amor da vida do seu pai por 145 anos - Elena sugeriu com um olhar provocativo.

– E por que falaríamos do antigo amor da vida do papai?

– Porque ela foi um pé no sapato de todos nós - Elena explicou.

Começamos a falar sobre Katherine e tudo que ela já fez.

Quando terminamos, Allison já estava quase dormindo.

– Eu queria tê-la conhecido - ela sussurrou, com os olhos fechados - Katherine parece ter sido uma figura e tanta.

– Você nem imagina - Elena murmurou.

Em poucos minutos, Allison já tinha caído no sono. Então ouvimos.

Um estrondo. Outro estrondo.

Vidro quebrando. Sons de luta.

Os Hereges tinham conseguido entrar.

* * *

– O que aconteceu aqui? - Allison perguntou ao acordar.

Ela saiu da barraca e deu uma boa olhada no quarto. Estava tudo revirado e havia marcas de sangue no chão e nas paredes.

Tomamos o cuidado de tirar os corpos antes dela acordar. Allison olhou para mim e para Stefan com pavor em seus olhos.

– Onde está a mamãe? Onde estão todos? - ela perguntou lutando para segurar as lágrimas.

– Allison - comecei, mas ela interrompeu-me.

– Não pai! Não, por favor, eu não quero saber! A mamãe não está morta! Não está! - Allison caiu no chão chorando.

– Allison, deixe-me explicar - aproximei-me dela.

– Não! Eu não quero ouvir! Eu não quero ouvir! - ela tampou os ouvidos com força, tentando fugir da realidade que não conhecia.

– Ally, você precisa me deixar falar...

– NÃO! EU NÃO QUERO OUVIR! MINHA MÃE NÃO MORREU! ELA NÃO MORREU!

– E quem disse que eu tinha morrido? - Elena apareceu no quarto.

– Mãe! - Allison jogou-se em seus braços e a abraçou como nunca havia feito.

– Damon, o que você disse para ela? - Elena perguntou, enquanto limpava as lágrimas da nossa filha.

– Eu não disse nada. Eu tentei, mas ela não deixou.

– O que aconteceu aqui afinal? – Allison perguntou bem mais calma.

– Derrotamos os Hereges - Stefan falou - Mas Bonnie e Jeremy acabaram feridos.

– E eu passei a noite no hospital para certificar-me de que eles ficariam bem - Elena completou.

– O que eles tiveram? - Allison perguntou.

– Bonnie e Jeremy foram vítimas de um feitiço que causava hemorragias. - Elena explicou. - Demos nosso sangue, mas precisávamos certificar-nos que eles ficariam bem. Eles ficaram.

Allison suspirou aliviada.

– E vocês conseguiram matar todos os Hereges? - ela perguntou um tanto admirada.

– Todos eles. Inclusive Kai - respondi.

– Não podíamos deixar que eles tocassem na nossa menininha - Elena falou carinhosamente.

Allison sorriu.

Nós a abraçamos e a beijamos com muito carinho. Nada mais nos abalaria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Damon e Elena - Pessoa Inesperada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.