Damon e Elena - Pessoa Inesperada escrita por Emma Salvatore


Capítulo 2
E se?




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Passara-se uma semana desde que tínhamos encontrado Allison no lixo.

Tínhamos ido ao hospital todos os dias e a bebê parecia gostar das nossas visitas.

Ela não ficava mais desconfortável no colo de Damon. Ao contrário, gostava.

Jo tinha nos dito que era provável ela sair da UTI na manhã seguinte. Ficamos animados.

O que Jo dissera na semana passada não saía da minha cabeça. E toda vez que pegava Allison em meus braços, sentia isso.

E já estava na hora de falar com Damon. Talvez ele sentisse o mesmo.

Levantei-me da cama e desci para a cozinha.

Damon tinha acabado de preparar panquecas, é claro.

– Bom dia, Sunshine– ele cumprimentou assim que entrei na cozinha.

– Bom dia - respondi depositando um selinho em seus lábios.

Ele colocou os pratos na mesa e começou a comer. Sentei-me, sentindo-me nervosa.

– Elena, pensei em hoje você acompanhar Allison no ultrassom - ele falou de repente.

– Quê? - estava distraída.

– O ultrassom. Jo disse hoje que Allison vai fazer ultrassom. Você não lembra?

– Ah, é claro. Claro que lembro. Sim, eu vou.

Damon olhou-me com atenção.

– Elena? Está tudo bem?

Olhei para baixo, limpei a garganta e me preparei para começar a falar:

– Damon, o que você acharia se nós... digo, é só uma hipótese. Mas você acharia... bom se nós... nós... - respirei fundo e encarei o chão, - se nós adotássemos a Allison?

O garfo que Damon segurava caiu com um estrondo na mesa.

– O quê?!

Não conseguia encará-lo.

– Jo conversou comigo. Ela disse que daríamos bons pais e... Ah, quem estamos querendo enganar? - finalmente olhei para ele - Nós já amamos essa menina. Já a tratamos como filha. Pelo menos, eu.

O olhar de Damon estava fora de foco. Não consegui identificar sua expressão.

Seria raiva?

Medo?

Aceitação?

– Elena, não confunda atenção e carinho com desejo de ser pai. Eu nunca desejei ser o pai dessa menina. Sim, desejo que ela encontre pais que a amem e que cuidem dela, mas daí a sermos nós?... Não. Nunca pensei nisso. Nunca quis isso - Damon falou muito sério.

Ele, em momento algum, contrapôs minha afirmação de que ele a amava. Então, talvez o desejo referente à paternidade, fosse só uma questão de tempo.

– Você nunca pensou nisso, porque nunca pensou que poderia ser pai. Você sempre soube que não poderia ser pai, porque vampiros não podem ter filhos - segurei sua mão. - Mas Damon, esta é a oportunidade que a vida está nos dando. Podemos ir contra todas as regras naturais.

Damon soltou a sua mão da minha gentilmente e falou com calma:

– Mas eu não quero ser pai.

Ficamos em silêncio depois disso. Não sabia o que dizer. Não depois dessa afirmação.

Não consegui mais olhar em seus olhos.

Comecei a brincar com a panqueca em meu prato, sem nenhuma vontade de comê-la.

Ia me retirar da mesa antes que o clima começasse a piorar, mas Damon acabou com o silêncio:

– Eu nem sei como ser um pai.

Ah, então era isso. Medo.

– Damon, eu também não sei como ser uma mãe. Ninguém sabe como é isso, até acontecer - falei, carinhosamente.

– Você não entende Elena - ele falou e sua voz estava gelada. Seu olhar estava no chão. - Você teve uma família. Você teve pais que te amavam. Não importa quão ruim os seus pais biológicos foram, você teve pais adotivos que te amaram. Você soube o que é amor de pai e mãe. - ele respirou fundo - Eu não. Minha família sempre foi Stefan. Só Stefan. Nem mesmo quando Lily ainda era humana, nem mesmo quando eu era criança. Giuseppe nunca me amou. Nunca me deu carinho ou atenção. Então não me peça para ser uma coisa que eu não sei ser.

Segurei o rosto de Damon com as minhas duas mãos e forcei a virar para mim.

– Sim, você tem razão. Eu sei o que é ter uma família. Eu sei o que é amor de pai e mãe e de como isso é importante. Mas isso não me fez melhor que você no quesito paternidade. Damon, vamos aprender isso juntos.

Damon olhou para mim com uma expressão dura.

– Elena, você já parou para pensar o quanto ela pode sofrer sendo nossa filha? Você pensou alguma vez que ela se tornaria nossa fraqueza e todos os nossos inimigos a usariam? Ela não teria uma infância normal. Viveria escondendo-se, com medo. E nós nos culparíamos por tê-la posto nesse destino. É isso mesmo que você quer para ela? É assim que você a ama?

As palavras de Damon trouxeram a tona todos os meus temores. E ele tinha razão. Infelizmente ele tinha razão. Não podia condená-la a isso.

– Você tem razão - falei por fim - Foi uma ideia estúpida.

Damon concordou com a cabeça, mas nada falou.

– Damon - chamei. Ele olhou para mim. - Se não fosse por isso. Se não fosse pelo perigo, você... você iria querer adotá-la?

Seus olhos concentraram-se nos meus. Duros, impassíveis. Sua voz saiu cortante.

– Não.

* * *

Cheguei ao hospital e Allison já tinha sido levada para fazer ultrassom. Frustrada, segui para o consultório de Jo torcendo para que ela não estivesse com paciente.

Não estava.

– Elena! - ela saudou - O que houve? Cadê o Damon?

– Bem...

Expliquei para ela que nós tínhamos conversado e tínhamos acordados que o melhor era deixar que famílias normais a adotassem. Contei sobre a resposta final de Damon e depois sobre a recusa de vim ao hospital.

Jo ouviu-me atentamente. Não sabia o que ela estava trabalhando naquele cérebro.

– Elena, vocês sempre conseguem sobreviver. O perigo não é uma desculpa plausível - ela falou por fim.

– Jo, não podemos submetê-la a isso. Ela nunca teria uma vida normal conosco. Sempre com medo, sempre temerosa.

– Duvido que ela teria medo. Sendo criada por você e por Damon... - ela deu uma risada.

Forcei um sorriso também.

– Então, Damon não quis vir, hum? Cortar ligações com bebê? - Jo perguntou inquisitiva.

– Eu não sei. Ele ficou diferente depois da nossa conversa.

– Elena - Jo segurou minhas mãos - Vocês ainda têm mais duas semanas. Pense bastante, insista com Damon. Não consigo imaginar pais melhores para essa menina do que vocês.

* * *

Cheguei em casa, exausta. Joguei-me no sofá e permiti um sorriso se prender em meus lábios.

Depois de minha conversa com Jo, fiquei com Allison o dia todo. Tive que hipnotizar o supervisor, claro. Mas valeu a pena.

Senti que ela era tão minha. Tão pronta para ser minha filha...

– Nossa! Hoje você demorou - Damon apareceu na sala, servindo-se de uma dose de uísque.

Ele ofereceu-me, mas eu recusei.

– Allison sentiu sua falta - falei.

– Ela é um bebê. Não tem como sentir minha falta - Damon falou tentando não demonstrar emoção nenhuma em sua voz, mas falhara.

– Bebês sentem tudo, Damon - falei, encarando-o.

Ele encarou-me de volta.

– Elena, o que você está pretendendo com tudo isso? Pensei que já tivéssemos conversado e acordado que não adoraríamos a bebê.

– Allison - corrigi - Você deu esse nome para ela!

– Bem, agora não cabe mais usá-lo já que ela vai ter pais - ele fez uma pausa, bebericando o uísque - Liguei para Liz. Passamos o dia todo olhando registros de famílias que estão aptas para adotá-la. Liz vai continuar com isso sozinha, mas ela me garantiu que antes da bebê sair do hospital terá uma família.

– Jo pediu para esperar!

– Esperar até que nós estivéssemos prontos, só que isso não vai acontecer! Então para que esperar mais? Você prefere que ela vá para um orfanato, é isso? - ele olhou-me de forma inquisitiva - Enquanto você brinca de mãe, eu estou realmente fazendo algo útil por ela!

Ele deixou a sala e eu desabei no chão. Lágrimas saíram e eu não fiz nada para impedir.

Eu não estava brincando de mãe. Eu era a mãe. Era para eu ser a mãe. Era para ela ser minha filha. Era para eu não ser vampira.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam da atitude de Damon??
Acham que ele vai voltar atrás??
Comentem!!!