DOIS ANOS DEPOIS

– ALLISON SALVATORE O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - gritei ao ver a cena no meu jardim.

Allison afastou-se rapidamente do garoto completamente envergonhada.

Puxei-a pelo braço e a conduzi de volta a casa, indo direto para meu quarto, ignorando os gritos de Caroline e os olhares repreensores de Elena.

– Você estava beijando um garoto! No meu jardim! Como você explica isso, Allison? - gritei furioso.

– Pai, só para você saber, o nome do garoto é Phill. E nós estamos ficando há um mês - ela falou como se não fosse nada importante.

– Ficando?! Há um mês?! Allison, você acabou de fazer 14 anos! - exclamei mais irado do que nunca.

– E justamente hoje, no meu aniversário, Phill decidiu me pedir em namoro. Ele me deu esse colar - ela falou apontando para o colar pendurado no pescoço.

Era um colar patético. O pingente era de coração e tinha escrito "sempre" no centro.

Arranquei-o com força.

– Pai! Me devolve!

– Você espera que eu concorde com isso?! Allison você não vai namorar! Você só tem 14 anos!

– O que está acontecendo aqui? - Elena perguntou, aparecendo no quarto.

– Mãe, o papai está dizendo que eu não posso namorar o Phill! Ele pegou o colar que o meu namorado me deu - Allison reclamou.

– Damon!

– Ela só tem 14 anos, Elena! Você não pode concordar com isso! - falei com raiva.

Minha namorada calou-se.

– Elena? - chamei.

– Mamãe tem me apoiado durante todo o mês - Allison respondeu - Ela saía comigo e acobertava meus encontros com Phill.

– O QUÊ?! - gritei, chocado.

– Eu sabia que você ficaria assim, Damon - Elena defendeu-se - Allison me contou que estava apaixonada e eu a apoiei.

– Apaixonada? - dei uma risada sem alegria - Como Allison pode saber que o que é está apaixonada? Ela só tem 14 anos!

– Pai, você está repetindo isso desde que me encontrou com Phill! - Allison falou revirando os olhos - E daí que eu tenho 14 anos? Eu gosto do Phill e ele gosta de mim! É isso que importa!

– Já disse, Allison. Você é muito nova - falei, olhando para o chão.

Minha filha bufou e saiu do quarto pisando forte.

– Você sabe que ela não vai te ouvir, não é mesmo? - Elena alertou.

– Bom, então vou fazê-la ouvir - disse com os dentes cerrados.

Elena impediu-me de sair do quarto e olhando em meus olhos, falou:

– Damon, você não pode controlar o coração de Allison. Ela está apaixonada. Você não pode fazer nada. Só aceite isso.

– Elena, ela só tem...

– Allison não é mais nosso bebê, Damon. Ela já está virando uma mulher. - Elena deu uma pequena pausa - Por favor, só te peço que não estrague a festa dela. Você não sabe o quanto ela está feliz por causa do pedido de Phill. Por favor, não faça nada. Não hoje.

Não respondi. Não sabia se poderia cumprir essa promessa.

Elena tomou meu silêncio como consentimento e nós descemos juntos para festa.

As próximas horas que se seguiram foram as mais torturantes para mim. Até o final da festa tive que aguentar ver o tal de Phill enfiando sua língua na boca da minha filha. Já estava ficando enjoado e tive que fazer um tremendo de um esforço para não arrancar a cabeça desse garoto.

Hoje eu poderia me controlar, mas amanhã teria que fazer alguma coisa em relação a isso.

Allison ainda era muito nova para namorar.

* * *

– Tchau mãe! Vou sair com Phill.

– Ok, cuide-se!

Voei para a porta.

– Pai! Você me assustou! - Allison reclamou.

– Você não vai sair! - decretei.

Ela bufou.

– De novo com isso de que sou jovem demais para namorar? - ela revirou os olhos.

Tirei sua pulseira com rapidez e comecei a hipnose:

– Você não vai sair. Vai ficar em casa. E vai ligar para esse Phill e cancelar tudo.

– Pai, você não pode me hipnotizar. - Allison falou totalmente sóbria - Esqueceu que estou bebendo verbena há mais de um mês?

– Droga! - resmunguei.

Maldita hora que fomos fazê-la tomar verbena!

– Pai, com licença. Eu tenho que ir - ela tentou passar por mim.

Segurei seu braço.

– Já disse que você não vai sair. Não com esse Phill.

– Damon, pare de ser ridículo! - Elena interveio. - Allison, querida, pode ir.

– Não. Não pode! - fiquei em frente à porta.

– Posso sim, pai! Me solta! - com um puxão forte, Allison soltou-se do meu aperto e correu porta a fora.

Tentei segui-la, mas Elena me parou.

– Damon, olhe o que você está fazendo! É totalmente sem sentido! - ela repreendeu.

– Elena, para onde você acha que eles vão? Esse idiota com certeza vai querer tirar vantagem da nossa menininha! - exclamei atordoado.

– Allison não é boba, Damon. Ela sabe se cuidar. Você deveria saber disso!

Elena me deixou sozinho na sala e eu atirei-me no sofá.

Enterrei a cabeça nas mãos. Eu sabia que Allison não era boba. Mas ela ainda era uma menininha. A minha menininha.

E eu não conseguia suportaria a ideia de um garoto metendo sua língua nojenta na boca dela. Não conseguia suportar a ideia de que um garoto preencheria os pensamentos de Allison noite e dia.

Eu não podia aceitar isso.

Eu tinha que fazer alguma coisa.

Eu precisava.

* * *

– Trazer Phill para almoçar aqui? - Allison perguntou surpresa.

– Exatamente - confirmei - Já que eu não posso fazer nada para mudar sua cabeça em relação ao namoro, então o que me resta é conhecê-lo e saber qual é a dele.

Allison olhou-me desconfiada.

– Mãe? - ela voltou-se para Elena - O que você acha disso?

– Eu quero acreditar que seu pai tem as melhores intenções - Elena respondeu olhando para mim de modo inquisitivo.

– Eu tenho. De fato - menti.

Elena continuou desconfiada, mas Allison baixou a guarda.

– Tudo bem. Vou trazê-lo amanhã.

Ela me deu um beijo na testa e subiu para o seu quarto.

Elena aproximou-se de mim.

– Quebre o pescoço dele e eu te amarro com cordas cheias de verbena e te deixo por um século no porão - ameaçou.

Engoli em seco, fingindo medo.

– Que bom que isso não será necessário.

– Espero.

* * *

A campainha tocou. Toda sorridente, Allison foi atender. Cerrei meus punhos junto ao corpo e forcei um sorriso.

– Phill, eu não consegui te apresentar direito no meu aniversário, mas este é o meu pai, Damon Salvatore. Pai, este é Phill Herves, meu namorado - Allison apresentou-nos formalmente.

– É um prazer conhecê-lo, Sr. Salvatore - Phill falou estendendo a mão.

Apertei-a um pouco forte.

– O prazer é meu - falei com dentes cerrados.

– Bom, Phill, você já me conhece então por que não vem me dar um abraço?

Phill abraçou Elena sem hesitar. Minha raiva só aumentava. Controlei minha respiração e segui em frente com o plano.

Elena conduziu-nos até a cozinha, onde tirou do fogão um frango pronto.

– Então Phill, Allison nos contou que você tem excelentes notas na escola - Elena começou a conversa.

– É mesmo? Seus pais devem estar muito orgulhosos - falei com voz amarga.

Tomei um gole do suco de laranja observando a reação de Phill.

Um pouco envergonhado, ele falou:

– Eles são sim. Estão até pensando em me deixar fazer intercâmbio no próximo ano.

Intercâmbio. Ah, isso era uma informação interessante.

– Phill, Allison já te contou que ela desenha? - perguntei.

– Pai! - Allison repreendeu-me - Não. Por favor.

– Qual é o problema? Você está desenhando bem melhor do que quando era pequena. Pensei que gostaria de mostrar para seu namorado– falei reprimindo meu nojo pela última palavra.

– Vamos lá, filha. Você desenha super bem. Acho que Phill vai gostar de ver - Elena animou-a.

– Claro que vou - Phill falou com um sorriso ridículo - Tenho certeza que seus desenhos são lindos, Ally.

Allison corou.

– Não sei...

– Vamos! Eu vou pegar - Elena tomou a frente.

Ela levantou-se e Allison a seguiu.

Só restávamos eu e Phill na mesa. Sorri. Esse era o momento que estava esperando.

Liguei a torneira da pia para que Elena não ouvisse e comecei a hipnose:

– Depois dessa semana, você dirá para Allison que tudo está acabado entre vocês. Você dirá que recebeu uma bolsa de estudos no Canadá e terá que deixá-la. Você não aparecerá mais escola, nunca mais ligará para ela e nem atenderá os telefonemas dela. Você vai fingir que ela não existe. Mas somente depois dessa semana. Entendeu?

Phill fez que sim com a cabeça de maneira mecânica. Sorri. Fechei a torneira bem a tempo das meninas voltarem.

Agora sim estava tudo resolvido.

* * *

– Droga! - Allison reclamou.

– O que foi? - Elena perguntou.

– Phill não atende de novo minhas ligações. Já faz cinco dias que tento falar com ele e nada - Allison respondeu com um tom de frustração.

Sorri de canto.

– Allison, vocês terminaram. E ele está indo para o Canadá. Não sei o que vai adiantar você ficar ligando - Elena tentou ajudar.

– Mas eu não queria que ele fosse embora - Allison murmurou triste.

Elena aproximou-se dela e pôs uma mecha atrás de sua orelha.

– Eu sei, meu amor. Mas lembre-se: ele é só o primeiro namorado. Você conhecerá outros meninos e esquecerá que ele existe.

Allison recostou a cabeça no colo da mãe e suspirou profundamente.

– Você tem razão. É melhor eu esquecer.

Enquanto Elena consolava Allison, eu comemorava internamente.

Não teria que me preocupar com garotos por um bom tempo.