A Coroa - Interativa escrita por Bia Valdez


Capítulo 13
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

E assim temos o primeiro capítulo de 2016!
Depois dessas semanas de hiatus (causado por viagem, falta de tempo e etc), voltamos a nossa querida fic semanal :3
O capítulo saiu um pouco menor do que de costume, mas vou tomar cuidado para isso não acontecer.
Espero que gostem!



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Quando a rainha finalmente abaixou os relatórios que tinha em mãos, tinha os ombros caídos e uma expressão abatida, algo que fez o rei questionar se tomara a decisão certa em mostrar os documentos.

– Elliot sabe disso? – Adelaide perguntou com a voz controlada. Hector fez que não com a cabeça.

– Não poderia contar a ele algo que nem temos certeza do que se trata. – o homem suspirou, apanhando os papéis das mãos da esposa com delicadeza – Por enquanto é só um bando de baderneiros.

– Baderneiros!? – a rainha exclamou, fazendo com que o dimon-coruja do rei esvoaçasse surpreso – Cinco pessoas, Hector. Cinco pessoas quase perderam a vida por causa de um bando de “baderneiros”? Você só pode estar de brincadeira!

O rei não respondeu, somente soltando um suspiro de cansaço. Ele já tinha consciência que esta seria a reação de sua esposa. Adelaide sempre fora mais emotiva quando tomavam decisões, mas ela teria de ser razoável.

– Adele, você precisa me escutar. – Hector tentou soar mais confiante do que realmente estava – Os relatórios dizem que um grupo atacou uma série de soldados com armas brancas. Não que eles são um grupo rebelde que quer se virar contra o governo – ele fez uma pausa – Não seria a primeira vez se descobríssemos que não se trata de nada mais que alguns insatisfeitos com a política da província.

– Você já revisou a política de Panamá, por acaso?

– Obviamente.

– E...

– Os programas para tratamento do ar poluído estão em pleno funcionamento. A criminalidade diminuiu e não há muitos pontos negativos. – Hector massageou as têmporas.

– É a mesma coisa que você me disse três meses atrás.

– Adelaide, eu não posso simplesmente ler a mente dessas pessoas para saber o que há de errado! – o homem olhou para a esposa, que permaneceu impassível.

– Eu digo que deveríamos contar ao Elliot. – Adelaide encarou o marido – Sejam baderneiros ou não, ele será rei em seis meses. Não é como se tivéssemos escolha.

– Eu discordo. – Hector uniu as mãos e apoiou os cotovelos nos joelhos – Acredito que seria melhor contarmos a ele depois de descobrir a razão e no mínimo capturar alguns suspeitos. Seria imprudente arriscar atrapalhar a Seleção por algo que poderia ser bem menos do que parece. Elliot poderia querer sair do palácio.

A rainha cruzou os braços sobre o peito e fechou os olhos. Teimoso como era, Hector não iria desistir do plano tão fácil, mesmo que isso significasse deixar o príncipe-herdeiro às cegas.

***

Evangeline tocou outra nota do violão que Laura lhe trouxera com um pequeno sorriso nos lábios, tentando se lembrar da última vez que tocara um instrumento com aquele. Provavelmente há mais de cinco anos.

Enquanto a tarde recaía sobre Angeles, a selecionada de York decidira sair um pouco para tocar ao ar livre, algo que se mostrou ótimo. Sendo o quinto dia da Seleção, a maior parte das selecionadas parecia ter se enchido de afazeres para se preparar para o tão esperado Jornal Oficial, que seria no dia seguinte. As poucas que não estavam tão ansiosas eram Naomi, Stace e aquelas que Evy chamava mentalmente de “antissociais”.

Ali estava outra razão para a morena querer sair do castelo. Como a grande maioria estava ciente, Naomi havia feito uma caminhada pelos jardins com o príncipe aquela manhã e Stace parecera bastante animada em contar sobre o café da manhã que dividira com o monarca. Acontece que Evangeline não estava muito interessada em encontrar o príncipe em meio a um encontro naquela tarde, por isso preferira encontrar um canto para descontrair.

Tentando se manter minimamente atenta às cordas, tocou algumas músicas que conhecia, cantarolando as letras sem se preocupar muito se estavam exatamente corretas. Havia escolhido um lugar perto do lago que havia na propriedade, embaixo de uma árvore com sombra o suficiente para se ficar sentada o dia inteiro e não pegar um raio de sol sequer.

Foi somente quando já se esquecera há quanto tempo estava tocando que a voz de Barton lhe tirou de seus pensamentos.

– Evy, lembra aquela vez que passamos um fim de semana na casa de praia da Mary Tandle?

– Mary Tandle? – a selecionada riu, lembrando-se da garota de cabelo cheio e óculos com o triplo do tamanho do rosto – Lembro, por quê?

– Aqui é bem melhor. – o dimon-gato riu– Não tem Ted, Matt ou Tyler.

Evangeline gargalhou. Fazia tempo que não pensava naquilo. Quando tinha treze anos fora na casa de praia de uma das amigas de seus pais. Não fora uma experiência exatamente ruim, mas aquele bando de “admiradores” havia lhe dado nos nervos.

– E as pessoas também tem mais criatividade com nomes.

– Definitivamente.

– Evy!

Quando Evangeline se tocou que alguém realmente a chamara, Alice já estava ao seu lado, o dimon-cão arfando como se tivesse corrido uma maratona.

– Suas criadas estão te procurando. Algo sobre o vestido de amanhã ou... sei lá. – a selecionada de Calgary respirou fundo – Falaram que é urgente.

– Urgente? – Evangeline se levantou confusa – Sobre um vestido?

– Eu também não faço a menor ideia, mas a Britt estava louca te procurando.

– Britt?

– Minha criada, irmã da Vanya... Esquece. Só vai logo antes que alguém tenha um ataque do coração lá dentro.

***

Juniper pensou que seu coração fosse sair pela boca quando Evangeline abriu a porta de seu quarto. Pensou seriamente em reclamar pela falta de delicadeza, mas decidiu se manter calada assim que viu o estado da morena. Evy estava apática. Com o vestido escuro e a pele empalidecida, parecia ter acabado de avistar um fantasma nada conveniente.

– Juno, juro que não era minha intenção, mas será que você tem algum vestido para eu usar no jantar?

– Por que, aconteceu alguma coisa?

– Você não acredita. – a selecionada de York mostrou alguns pedaços de tecidos que carregava – Estavam todos assim quando voltei para o quarto. Nenhuma de minhas criadas viu nada.

Surpresa, Juniper arregalou os olhos, prestando atenção nos trapos e deixando que a amiga se sentasse em sua cama.

Vestidos.

Haviam picotado vestidos.

Se havia uma coisa que Juno odiava era injustiça. Lançando um breve olhar para Odin, seu dimon, tentou descobrir pelos cortes o autor da sabotagem. Não eram cortes de faca, sendo que era muito mais precisos e pareciam quase aleatórios.

Talvez um alicate de unha?

– Isso só pode ser brincadeira. – a selecionada de Clermont exclamou – Todos eles estão assim?

– Por isso vim ver se você tinha alguma coisa. – Evy se jogou de costas no colchão da cama de dossel, cobrindo o rosto com as mãos – Temos quase o mesmo corpo e eu só teria de fazer alguns ajustes já que você é mais...

– Baixa. Sei disso. – Juniper se levantou e foi procurar algo no guarda roupa enquanto Kamme, uma de suas criadas, entregava uma xícara de chá para Evangeline – Você não usa muita roupa clara... O que acha deste? Você pode usar um pouco do tecido que sobrou para alongar. Nem precisa devolver.

Evangeline abriu um sorriso para a garota. O vestido que ela mostrava era azul escuro – talvez um pouco mais claro que sua zona de conforto – com mangas borboleta, mas com alguns ajustes poderia ficar facilmente de seu agrado.

– Você é demais.

– Nem me fale. – Juniper riu, entregando o vestido – Se precisar de um par de mãos a mais no ateliê estou aqui para isso. Só aviso que sou péssima nessas coisas.

– Não, tudo bem. Isso aqui já está ótimo. – Evy balançou a cabeça – O problema vai ser com o vestido do Jornal. Laura estava trabalhando nele desde terça, mas acho que dá para resolver.

– O meu também não está pronto. Ginnie me disse que iria me ensinar a costurar amanhã para terminar mais rápido. – Juno suspirou, olhando para a barra do vestido que usava – Ainda nem sei como elas conseguem fazer isso aqui.

– Acredite, é mais fácil do que parece. – Kamme riu, achando graça – Joyce e Ginnie são melhores, mas com alguns dias de treino qualquer um faz uma saia.

– Acho bom. – Juniper brincou – Então a gente se vê no jantar?

– Claro, só espero que consiga terminar isso aqui a tempo. – Evangeline deu de ombros, apanhando o vestido e os panos para ir embora. Barton, que se deixara deitar na calma, não parecia muito contente com a mudança de comportamento.

– Você consegue. Vou ficar de olho para ver quem fica mais surpresa no jantar. Gostaria de saber quem está no nível de sabotagem.

– Eu já tenho minhas suspeitas.

– Todo mundo tem.

As duas encararam a porta, cientes que tinham o mesmo nome em mente. Ela poderia aparecer quieta e quase simpática quando queria, mas não seria uma grande surpresa. Estava na hora de colocar as máscaras de algumas selecionadas à prova. A primeira semana já estava quase no fim.


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Notas finais do capítulo

E então... Já tem suas hipóteses?
Espero que tenham gostado! O próximo encontro será no capítulo seguinte... Ele se passará em paralelo com esse cap, já que ambos os caps se passarão na quinta-feira.
Até lá!
Beijoooos!
Bia Valdez
PS: Ainda vou demorar um pouco para me atualizar nos comentários, mas não se preocupem, assim que puder responderei TODOS.