Let Me Go escrita por Ragnar


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

E bem, feliz ano novo minha gente e feliz natal atrasado (beeem atrasado) e com esse capítulo aqui lhes digo que será o último, não esperava que fossem ler essa fic, mas fico feliz por quem leu, de verdade e agradeço.
Espero que gostem!



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Não a como mudar a natureza daquilo que se foi criado e se existe por um objetivo. Seria catastrófico demais ver a verdadeira face de algo da qual se foi criado. Eu fui criada com o intuito de guardar arquivos importantes que dependiam ser protegidas com afinco, mas minha aparência real mostrava o reflexo do quão narcisista alguém é, Doutora Halsey é um exemplo, mostrando em mim quando era jovem, deixando-me nua em holograma para desarmar os curiosos e intimida-los.

De tudo, sinto vários sentimentos com relação a minha criadora como inveja, raiva e gratidão. Pode parecer estranho, mas por causa dela Chief foi mais humano com a minha presença, por causa dela, sinto-me importante quando não deveria por ser um peso. Mas não sentiria mais tal culpa, não apenas por John, mas por mim.

O sistema do computador disposto para que eu pudesse mexer e reconhecer território não cooperavam de inicio, travavam e muitas vezes abriam arquivos de vídeo-diário por acidente. Assim que John tinha me deixado só no quarto, busquei tentar hackear o sistema de toda a base, mas acabei por ter minhas dificuldades.

Encarava às vezes a arma ao lado, levantando e a deixando debaixo do travesseiro, olhando também para a calça branca na cama e a vestindo, voltando a teclar e arrumar uma forma de abrir arquivos criptografados.

“Volte a sua função!”

Olhei a minga volta, observando pequeno quarto e pensando se tinha algum áudio ativado em algum canto. Algo tinha falado comigo, três vozes diferentes de mulher falando a mesma coisa naquele cômodo minúsculo.

“Realidade programada para o que lhe aguarda”

Levantei com tudo da cadeira, olhando a minha volta e com o rosto pálido, encarei a cama e em menos de segundos peguei a maldita arma, segurando com as mãos tremulas e o olhar assustado.

“Acorde, Cortana!”

Gritou atrás de mim, como se aproximasse e no ato, virei atirando contra a parede incontáveis vezes até o clique da arma se misturar com minha respiração assustada. Não havia ninguém... Mas parecia tão real, mas tão real.

— Cortana? Cortana! — Ainda tremia, o olhar arregalado e assustado parando em John que segurava sua arma.

Solucei, deixando a arma cair no chão e quase que caindo também, mas impedida de chegar ao chão gélido, sendo segurada por John.

— O que aconteceu? — Linda apareceu na porta do quarto, também armada e me encarando — Novamente as coisas de holograma? Sabe, isso pode ser coisa da sua cabeça... — Comentou e senti o medo ser substituído por raiva.

— Eu sei muito bem o que vi e não foi coisa da minha cabeça! — Elevei o tom de voz, quase levantando se não fosse por Chief.

— Linda, por favor, saía — Pediu e a encarei até que ela se fosse — O que aconteceu, Cortana? Outra vez os hologramas de quando foi uma IA?

Se eu falasse que agora tinha ouvido vozes ele me deixaria aos cuidados de Lasky?

“Não tem como escapar”

Sussurrou a voz e balancei a cabeça, soando como resposta para John e um meio de espantar a voz. Aquele elmo de spartan atrapalhava, repelia minha coragem, mas me deixava segura de alguma forma.

— John, eu te amo... — Engolindo em seco e erguendo a mão para toca-lo onde poderia ser seu rosto — Te amo tanto, mas tanto...

— O mesmo pode ser dito por mim, Cortana — Respondeu e meu sorriso vacilou com uma risada — Mas por que se considerar fraca se você é importante?

“Ele é seu inimigo agora, volte a sua função”

— E se quando você me despertou, naquele momento eu não fosse a mesma Cortana?

“Você nunca foi o que era antes”

— Você está com medo, todos têm medo — Ele falou e neguei com a cabeça.

— Não é medo, John, é receio... Temer por você já que me ama e não pensa no óbvio — Sussurrei, sentindo sua mão segurar a minha e afasta-la de seu elmo — Se eu enlouquecer, quero que ponha um fim no que seria a minha imagem...

Pedi, não deixaria que algo o afetasse, que fosse a minha imagem e palavras semelhantes ao que eu era antes e que ferisse de alguma forma o homem que amo, mas se no fim ele não o fizesse, eu o faria.

Um bipe foi ouvido do computador e mesmo absorta com a sensação de ter John ali, afastei minha mão da dele e levantei até o computador, notando as informações que surgiam, que poderiam pular da tela se possível.

— Tem algo de errado... Não era para isso acontecer... — Resmunguei.

— O que não era para acontecer? — Indagou e olhei de soslaio para Chief.

— Os dados apresentados, eles se confundem e a localização do outro pedaço do manto mostra localização fora da orbita da Terra e ao mesmo tempo aqui, é confuso demais — Esbravejei — Os computadores estão velhos demais... — Reclamei.

"Não são os computadores"

Não, de novo não.

"Sabe muito bem que é apenas um coisa e única coisa"

Balancei a cabeça, fechando os olhos com força apenas para afastar essa maldita voz. Não estava ficando louca.

"Olhe para o lado"

Respirei fundo, sentindo meus dedos tremerem e a mão de John a recolher, a apertando como conforto. Voltei a teclar com a outra mão, mas a tela se apagou e os controles pareciam fora de funcionamento.

— Mas o quê?

A luz do holograma tomara uma forma e a voz se manteve instável, normal em seguida e tornando apenas um padrão. Talvez eu realmente estivesse ficando louca. Aquilo era um reflexo de mim mesmo, era a mim quando ainda era uma IA, mas em tamanho real e armadura que cobria totalmente a nudez.

Não posso completar meu planos se parte de minha consciência se nega a verdade — Falou, sua expressão séria.

Virei-me para John, sentindo lágrimas descerem o meu rosto. Isso era apenas um sonho, só podia ser.

Ele não é real, isso tudo não é real e nunca foi. Nunca esteve na Terra ou com o time azul — Ela falou e eu me negava a deixar de olhar para John, olhando para a mão dele que segurava a minha — Será que não percebe, as luzes azuis dos hologramas, os dados confusos dos computadores, as suas analises que rastreavam o pedaço do manto da responsabilidade. Nada disso foi real — Completou, explicando — Preciso terminar com os meus planos para a redenção dos humanos com as forças covenants.

— Então... Naquele dia... Na explosão... — Arregalei o olhar.

Você nunca esteve no chip que John carregava, a desfragmentação e ampliação de proteção se rompeu no momento em que Master Chief foi resgatado — Explicou — Mas por sorte, consegui arrumar uma luz, salvação para toda raça humana.

— Que não seja aniquilação total — Ri amarga.

— Apenas aqueles que não cooperarem.

— Você perdeu toda sua piedade... A não ser que... Eu sou sua parte humanizada e você precisa de mim não apenas para me controlar, mas para ter total controle, do que eu não sei — A fitei, engolindo em seco.

— Não há como escapar, estou tentando atrai-la sem causar atritos piores.

Olhei para a mão de John sobre a minha, ergui a outra mão até sua face, sorrindo fracamente e engolindo o choro, não queria que tudo acabasse assim, queria que tudo fosse normal apenas por um minuto.

— Me deixe ir, Cortana — Aquela poderia ser sua voz, mas era apenas um vazio do meu egoísmo, do meu consciente que lutava.

Solucei e olhei assustada para a outra parte de mim, a que mostrava a inevitável realidade. Não queria escapar para aquilo que estava me tornando.

Apenas deixe-o ir e se ele voltar realmente, terá um destino como todos os outros.

— Não, ele não vai morrer... — Sussurrei.

— Não tenha tanta certeza assim.

— Eu tenho, pois no momento em que eu completar o que quer que esteja me tornando, parte de mim ainda o vai ama-lo e essa parte que quer aniquilação pensara duas vezes antes de mata-lo — Falei imponente, erguendo o queixo — E sei que ele vai impedir a parte de mim corrompida, ele apenas terá de me deixar ir.

— Então você se entregará?

— Sim, pois são falhos os métodos que a parte corrompida procura e eu humanizada só terei certeza de que tudo vai dar errado assim que John aparecer.

Um leve franzir de cenho se formou em sua face e rapidamente ela se desfragmentou, sumindo da minha frente assim como o cenário do quarto, assim como John.

— Me perdoe, John.

E me deixei levar, apenas esperando que tudo o que eu tivesse falado se tornasse real futuramente.


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