Let Me Go escrita por Ragnar


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Acho que essa fic vai se encaixar um pouco com o final de Halo 5... Talvez eu faça um quase final feliz, talvez! (≧д≦)

Bem, espero que gostem! o/



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Quando pude pela primeira vez ficar frente a frente de você, qual deveria ter sido sua reação em seu rosto? Horror? Esplendor? Gostaria de saber agora que estou ao seu lado, enfrentando junto de ti aqueles que lhe consideravam um herói e presenciando sua liderança, como por diversas vezes, ser posta a prova e sendo questionada pelas pessoas do seu time.

Não chegou o ponto de que algum deles fez questão de perguntar, mas notando o olhar dos mesmos direcionados a você, posso notar que a lealdade e confiança são o que depositam em ti. É diferente comigo, a desconfiança reina para a antiga IA defeituosa que agora é humana, podendo ser uma traidora da Halsey ou da UNSC, sei que não conseguirei tão cedo a confiança de alguém do time, mas a única coisa que preciso é a confiança de John, é o necessário e suficiente.

O pelicano pousara numa área propicia para o pouso sem grandes danos e receosa, respirava fundo e digeria nervosa as sensações que envolviam meu corpo como mão suada e frio na barriga.

Já estive numa nave sobre a Terra, mas não em um lugar fixo na mesma ou numa instalação militar, era estranha a sensação de felicidade que me tomava mesmo sabendo que eu não tinha nascido naquele planeta, mas era como conhecer um lugar a muito tempo desejado e poder finalmente vê-lo.

Tive de conter minha alegria num sorriso reprimido quanto as comportas se abriram e o motor do pelicano fora deligado, apertando a pequena pasta com os dados necessários daquela operação e retirando o cinto com facilidade.

Me sentia minúscula perante os espartanos e com uma ajuda que julguei não se necessária, Chief segurava-me pelo antebraço para poder sair do transporte. Sorri agradecida para ele e mesmo não podendo ver sua face, sabia que o mesmo poderia ter demonstrado uma expressão facial.

O local de pesquisas ou esconderijo era acobertado pelas árvores e pela grade sem alguma força elétrica para repelir algo inimigo, sua aparência abandonada dava o ar de que não era a coisa mais pratica de se escolher como um local para se pesquisar algo importante.

Espantava esses pensamentos negativos e erguia a cabeça com coragem, tentando ser como os outros integrantes do time, mas perdendo um pouco da postura ao notar Linda fitar-me de forma desafiadora, coisa que nenhum dos outros espartanos fazia. Perguntaria para ela o porque daquilo quando não houvesse ninguém por perto.

O ar puro de um planeta que tinha antes informações armazenadas em mim era deveras estranho, trazia tranquilidade e paz por ser o que os humanos tanto protegiam com fervor, seu planeta de origem.

O pátio empoeirado da antiga base militar espantava a sensação de alivio e paz que o ambiente do lado de fora tinha deixado, mostrando ser como dentro de um veiculo aéreo ou base espacial, só que mais equipada e organizada pela falta de uso.

Os espartanos se dividiram cada um em uma função, vasculhar o ambiente e ligar os aparelhos e como me foi aconselhado, fiquei do lado de fora, distraindo entre a paisagem de ambos os locais, o verde de fora e o cinzento de dentro da base.

Mesmo nenhum deles lhe chamado ou avisando que era seguro, preferi entrar. Olhava as paredes gastas e sendo impressão minha, notei traços azuis semelhantes aos que eu tinha em minha pele quando era uma IA, serpenteando das paredes até os comandos que fechavam as portas. Tal coisa obviamente despertou meu medo e o pavor de como aquilo estava acontecendo.

Em curtos passos, afastava-me daquilo, aquilo que lembrava o que eu era e como era ser algo vago, importante apenas pelo que carregava de informação, só poderia ser ilusão minha e eu queria crer que era apenas isso. Mas não era, não ao ver os traços azuis de informação tocarem o chão e se aproximarem.

— Não... — Murmurei — Não é possível... JOHN!

Talvez fosse, corri base a dentro, meu coração batendo num ritmo acelerado. Olhando para trás vendo o que temia estando mais próximo. Não queria voltar a ser o que era, não desejava voltar nunca mais, com todas as minhas forças desejava que aquilo sumisse.

Acabei por chocar contra alguém e com todo desespero me agarrei a pessoa. Sentia a tremedeira tomar meu corpo e envergonhada por tudo, mas o medo foi maior. O medo é o que faz a sobrevivência falar mais alto e isso foi o que ocorreu.

— Cortana? Cortana, responda... O que aconteceu? — Aquele não era o grandioso Master Cheif falando comigo e sim John, o John que eu toquei antes da explosão do composer.

— Os traços de IA, eu vi traços de IA cercarem onde eu estava... — Murmurei, olhando ele e me agarrando com mais afinco ao mesmo — Eu... — Gaguejava em claro sinal de nervosismo — Não estou ficando louca, eu apenas... Apenas estou com medo, mas eu sei o que vi — Insisti, tendo ajuda em levantar do chão e sentindo a mão dele segurando-me.

— Sei que não está, mas é melhor que descanse — Aconselhou e concordei levemente com a cabeça — Linda, poderia acompanhar Cortana até os dormitórios? — levei o olhar para a espartana e mesmo ela concordando, temia que ela respondesse algo em repudio.

Lentamente a mão de John se afastara e com estranheza, afastei daquele da qual passei a maior parte de minha vida e acompanhando Linda até o corredor a direita.

— É incrível como pode ainda ver coisas que eram parte de você — Comentou, quebrando o silêncio acendendo as luzes do local, mostrando uma sala oval com comportas fechadas — Lar quase doce lar — Falou e apenas a segui até a comporta mais próxima, observando o que seria o quarto mais pequeno de base, talvez todos ali fossem.

— O que você quis dizer com isso? — Perguntei, ficando ao seu lado.

— Que você não pode escapar do que você é ou era, não importa para onde fuja ou o que acabe se tornando, o passado não abandona ninguém, nem a mim ou a você, nem ao Chief — Respondeu e deu as costas — Aqui — O que se assemelhava a um coldre, Linda tirou um aparelho comunicativo de lá, deixando sobre minha mão junto a uma pequena pistola — Caso aconteça algo, pelo menos você tem um defesa — Falou, saindo do pequeno cômodo e deixando-me só.

Não era apenas isso que voltar a ser o que era que eu temia e sim ficar solitária como nos cinco anos inercia ao lado de John numa capsula criogênica. Será que tudo aquilo não era apenas coisa da minha cabeça? Que outra explicação seria plausível para os traços de IA? Não sabia, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não estava louca.


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