Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 9
Capítulo 09 - Sala Precisa como eu te amo




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Passei os próximos meses no automático. Ou o melhor que pude, afinal, alguém tinha me visto sair com Rose para os jardins e o boato se espalhou que eu e Rose estávamos juntos. E quando esse boato pareceu ganhar forças, foi que minha vida foi para o saco. As garotas devem amar quem está compromissado, por que se antes eu as achava atiradas, agora a situação estava pior. Eu não podia passar pelos corredores sem ser apertado, cutucado, ter meu cabelo puxado, receber caixas de bombons (os quais não comi nenhum, nunca se sabe). Até flores eu ganhei, o que obvio foi motivo de chacota no salão comunal. As garotas de Sonserina poderiam parecer mais discretas ou parecerem diante de todos que não queriam nada, mas por trás das cenas… Uma vez acordei com uma aluna mais velha subindo na minha cama (o que resultou que mudei de quarto e passei a trancá-lo com magia). Albus estava num meio termo, divertido com toda essa história e ao mesmo tempo querendo arrancar a goela de meio mundo, pois como eu bem destaquei: se comigo estava desse jeito, como deveria ser para Rosie?

E desde que o lembrei que para as garotas poderia ser pior, ele estava ‘abutreando’ (como a própria Rose reclamou).

Evitava ficar em lugares fechados sem alguma companhia masculina, mas digam o que quiserem. Eu o fazia por dois motivos: por mim e por elas. Não sei como Albus consegue pular de galho em galho dessa forma. Eu queria exclusividade, poder abraçar apenas ela e passar tardes e constituir família… Apesar de que quanto mais tempo passava, mais eu achava que jamais a teria. Até cogitei o sacerdócio (que Albus não me ouça, ou ele vai me infernizar pelo resto da minha vida, e poderia até matá-lo por isso. Então lá se vai o sacerdócio.).

A sala dos troféus tinha se tornado um refúgio. Os quadros iam para lá e passávamos meu tempo livre conversando, ou eles posavam para que eu os repintasse. Eles se divertiam, fazendo poses variados para que eu praticasse várias técnicas. Meu passatempo foi interrompido quando descobriram meu esconderijo. Agora toda vez que precisava verificar o caminho, os quadros averiguavam primeiro, para que eu tivesse passagem livre.

Certo dia, o Barão apareceu e começou a caminhar ao meu lado em silêncio. Era uma rotina ao qual já havia me acostumado, se não fosse por aquele detalhe, que ele pareceu me guiar. Quando percebi que ele estava direcionando o caminho o questionei, onde apenas recebi uma ordem clara de: “Fique quieto e me siga”.

Quem é que discorda do Barão? Por incrível que pudesse parecer, o caminho estava livre e não fui incomodado por ninguém. Nenhuma garota ou alma viva para ser mais exato. Alguns fantasmas que passavam por nós me olhavam e soltavam risadas. Suas atitudes começaram a me preocupar e olhei para o Barão buscando respostas. Até que ele parou no meio de um corredor no sétimo andar.

“O que foi? O que viemos fazer aqui?”

“Passe três vezes aqui na frente e se concentre nas… ”

“Por que me trouxe para a sala precisa?” Isso estava estranho.

“Se você conhecia essa sala porque razão você não a usou?"

Como explicar sem demonstrar que não sou digno de estar em Sonserina? Como explicar que usar essa sala seria o mesmo que usar a sala que meu pai usou para trair Dumbledore a quem meu pai lembrava de ter sido o pior erro da sua vida? Um raio de luz surgiu e eu sorri meio sem jeito.

"Meu pai falou dela, mas não sabia onde fica e... ela pegou fogo lembra?"

"Bobagem, seu pai usou uma das várias salas que existem. Agora ouça-me com muita atenção, pois só vou explicar uma única vez. Passe três vezes em frente a sala se concentrando na seguinte frase: ‘Eu quero um lugar de paz e tranquilidade’ e então uma porta se abrirá."

"E outro pode usar abri-la comigo dentro?”

O sorriso do Barão foi tenebroso. “Não” E sumiu no ar.

Questionei minha própria sanidade umas quinhentas vezes, até que ouvi vozes femininas (provavelmente indo para a sala de adivinhação). E foi todo o incentivo que precisei para tentar entrar na sala precisa. Eu realmente precisava de um momento só para mim. Havia tempo que não tinha mais sossego. Quando a porta apareceu, eu nem mesmo esperei um segundo. E quase esqueço de fechá-la, por que eu me vi entrando numa versão de “paraíso”. Havia árvores tropicais, uma grama fresca e várias pilastras formando pequenos espaços como coretos. Alguns pássaros voavam cantando e o som de uma pequena cachoeira podia ser ouvida. E o topo era um céu perfeito, com nuvens e uma leve brisa refrescante. Andei alguns passos e estagnei novamente, pois sentada em cima de um cobertor estava uma Libusee muito concentrada. Ela tinha vários livros espalhados ao seu redor e escrevia em um pergaminho. Estava deitada de bruços, com as pernas ao alto balançando de um lado ao outro no ar. Um passarinho azul pousado em seus ombros, olhando o pergaminho que ela agora lia.

Era uma imagem única, uma que eu gostaria de eternizar. A luz sobre ela estava perfeita e até agora ela não havia me percebido e aproveitei para sentar-me no chão e pegar meu diário. Era um lugar para poemas, mas por que não rabiscar o que via? E devemos ter ficado assim por muito tempo sem que ela percebesse que eu estava ali. Até cheguei a pensar que era uma miragem, quando Libusee ergueu o rosto do pergaminho e deu um grito.

“O que faz aqui?”

“Eu… você não é uma miragem? ” Eu virei meu rosto para a direita e vi Libusee se levantar e se afastar de mim. “Eu não mordo”.

“Mas esse é o meu lugar de tranquilidade e você não deveria…”

Percebi que ela começou a tremer. As vezes ser observador poderia ser incomodo. Parei de encará-la e olhei todo o lugar ao meu redor, evitando olhá-la diretamente. Aquele lugar foi construído primeiro para ela provavelmente.

“Acho que nós…” Eu parei de falar e esquecendo completamente que não iria encará-la me peguei olhando-a. A resposta final do Barão, eu sabia que havia algo por trás daquilo, mas… Se ela não sabia que ali era a Sala Precisa, então… Por que não dividir o espaço?

“Eu precisava de paz e tranquilidade também. Não consigo mais andar sem ser atacado pelos corredores. E o Barão me ensinou como usar essa sala. Mas eu…” Olhei indeciso para a porta que estava longe já. “...Posso sair se quiser”

Ela mordeu o lábio inferior, e então seu olhar caiu em meu colo.

“Também preciso de um lugar como esse. Mas não entendo por que você é atacado. Não é você o pegador?” Libusee ainda olhava para meu diário.

Eu sempre poderia usar a curiosidade de Corvinal para conseguir ficar e também não perturbar o momento dela. Eu fechei o diário e depois o abri, em seguida fiquei girando-o na minha mão. Minha fama era tão grande como ela dizia?

“Já parou para pensar que essa coisa de ‘pegador’ seja só porque existem aquelas que se jogam pra cima dos garotos sem se importar com sua própria imagem?”

“E não há os que se aproveitam?”

Dei de ombros “Albus que o diga...Ele aproveita. Eu? Não.”

Ela pareceu ficar furiosa com meu comentário, pois esqueceu que aparentemente estava com medo de mim, pois avançou em minha direção e apontou o dedo em meu rosto.

“Não ouse falar de Albus. Ele não se aproveita de ninguém. ”

Ergui meu diário (fechado) na frente do dedo dela. Quando ela terminou de falar eu o abaixei um pouco e percebi que sua atenção se voltou novamente para o diário, procurando o título de um possível livro.

“Eu jamais faria isso. Albus é como um irmão. E como praticamente moro com ele, posso dizer o que falei.” Ela virou o rosto ainda irritada. “O que me vem ao ‘x’ da questão: como você sabe que ele não se aproveita?”

“Ele poderia ter se aproveitado de mim quando estava fragilizada, e não o fez. Diferente daqueles dois…”

Esqueci da minha própria vida, soltei meu diário e segurei em seus braços. Seus olhos arregalados nos meus e controlando toda minha raiva para não a machucar ou assustar (mais do que provavelmente o fiz).

“Quem fez isso com você? Eu juro que…”

“Já foram punidos…” Ela falou com cuidado e fui soltando os braços dela com um pedido de desculpas baixo. A feição de Libusee mudou, agora mais relaxada e talvez aceitando minha presença “Acho que nós dois precisamos daqui… E é grande o bastante para dois…Mas obrigada pela preocupação. ”

Seu olhar caiu na grama e ela estava abaixando para pegar o diário. “Aliás, que livro é esse?”

Rapidamente o recuperei de suas mãos, antes que ela pudesse abrí-lo.

“É meu diário”

Ela me olhou avaliativa “Não tem jeito de quem tem um diário. É tão…”

“É… Eu sei. As aparências enganam. ” Acabei soltando mais bruscamente do que deveria. Não, estava tudo errado. Eu não devia falar coisas assim para ela. Anos de prática escondendo quem eu verdadeiramente era, derrubados em instantes.

“Eu sei.” Ela virou o rosto concordando pesarosamente.

E por sentir-me um intruso, e perceber muito mais naquelas duas palavras eu cocei a garganta, o que chamou sua atenção a mim. “Mas sabe, eu achei que você era uma miragem e acabei fazendo algo sem sua permissão…”

Ela ergueu uma sobrancelha e eu quase abri meu caderno para desenhar essa expressão. Não pude deixar de sorrir e isso pareceu sobressaltá-la. Será que eu não sorria o bastante? Aparentemente não, já que eu tentava ‘imitar’ meu pai.

“Não foi nada indecente” Abri com cuidado o diário, exatamente na página que havia desenhando-a. Geralmente quando alguma imagem me chama a atenção uso o feitiço Animus Corpus para dar movimento a ele, como era o fato desse desenho que mostrava ela balançando as pernas e o pássaro em seu ombro movimentar-se até voar. Quando estendi para ela, sua boca estava levemente aberta. “É só que estava tão… digno de um retrato que…”

Eu precisava passar na enfermaria.

Um: Geralmente me escondia embaixo de sete camadas de esnobismo e distanciamento.

Dois: Não sou de conversar com pessoas de fora (Ou seja, apenas com Rose e Albus)

Três: Nunca mostrei meus desenhos para ninguém, muito menos meus poemas.

Deveria rasgar os poemas e jogar fora antes de acabar declamando-os. Seria loucura demais, ainda mais por que eram sobre ‘ela’. Seria embaraçoso.

Libusee pegou meu diário com muito cuidado nas mãos. Ela deslizou a ponta dos dedos pela tinta do papel. Quando ergui meus olhos para ela, uma lágrima escorria em seu rosto. Deslizei as costas da minha mão em sua bochecha e Libusee encarou-me.

“Desculpe. Não queria fazê-la chorar”.

Ela balançou o rosto, mas por fim sorriu. Libusee hesitou um pouco antes de tomar minha mão e puxar-me na direção do cobertor.

“Venha, deixe-me mostrar um segredinho” Ela tinha um sorriso travesso nos lábios. Um que eu aprendi a reconhecer em Albus, e me peguei sorrindo de volta.


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