Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 8
Capítulo 08 - Amar doí




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Eu sei que foi malvado da minha parte, que meus pais me olhariam feio, que… MAS qualé? Já fazem dois anos e aprendi a ter várias pessoas diferentes ao meu lado. Só que também me acostumei a ter Albus e Scorpius ao meu lado. O problema foi quando eles começaram a ganhar fama. Eu não sou uma menina feia, nem sou chata ou tenho defeitos que são claros à primeira vista. Está bem que sou a típica garota sapeca ou que gosto não me importo de me sujar na lama, mas custa alguém reparar em mim?

O pior de tudo era a fama de Albus e ter TODAS as garotas correndo atrás de mim para saber coisas sobre o que meu primo gosta. O conheço a minha vida inteira, mas custaria que alguém viesse me perguntar, sei lá, se eu queria fofocar sobre os garotos mais bonitos da escola? Se não bastasse agora estavam com rumores sobre Scorpius também. Que ele era sorrateiro e tinha uma pegada forte. Pegada forte.... Onde já se viu? Tudo bem que por conta dos treinos para batedor ele parece quase um lutador de luta livre peso leve, mas, e quanto ao seu intelecto? Isso tem que contar para algo. Ele é principesco, o sonho de consumo de qualquer garota.

Sabem pode não parecer por eu ser uma tabua reta, mas eu sou uma garota também. Reparo nisso, ou no modo com ele tem cílios grandes (de dar inveja em muita mulher) ou no modo como ele tem aquele sorriso fácil de encantar até o nundu*, se não o tornar seu bichinho de estimação. Mas ninguém me pergunta sobre isso, e por andar com eles, virei aquele ícone para todos, do tipo de garota que será para sempre a amiga e nunca a namorada. Tenha dó.

Isso só piorava a situação quando ninguém, MAS ninguém mesmo, tinha me convidado para o baile. A diretora ama bailes e como inovação para a escola, criou o baile anual. É um baile que ocorre uma vez por ano e cada ano o tema é diferente (ou somente depois de muito tempo o tema é repetido). Os alunos escolhem o tema e votam, e esse ano vai ser um baile invernal. E eu sem par. Não é que os sem par não possam ir...NÃO. Mas, e cadê o status? O fato de que você foi considerada a ralé a ponto de não ser convidada.

Então aqui estou, chorando sem sentido. Remoendo as dores da minha vida e agora adicionando o fato que fui rude com Libusee… Essa é a garota do trem, aquela que está entrelaçando os garotos em uma teia perigosa de amor. Até mesmo ele…. O que ela tem? PELO MERLIN, está certo que ela é descendente de Rowena Ravenclaw, mas isso não muda o fato de que ela tem a personalidade de Helena. Ela é esnobe, nariz em pé, não fala com ninguém, e toda pomposa com aquele ar de quem sabe mais do que todo mundo. Aposto que ela tem uma veia Veela em sua arvore genealógica. Ela veio falar comigo, mas, não to nem aí. Só quero chorar em paz e… Que barulho foi esse?

Quando ouvi a risada do Pirraça eu tratei de correr dali. Fui para o primeiro andar, com minhas lágrimas voadoras me seguindo. Mamãe que tinha me ensinado, e dizia que era para praticar e também me alegrar. Não estava fazendo muito efeito. Estanquei no chão quando de um corredor, Scorpius cheio de lama, pingando da chuva que acontecia e duas garotas o acompanhavam. Os jogos. Tinha esquecido completamente. Eles ainda não tinham me visto e era minha chance de sair com minha dignidade intacta. Mas não olhar não a cena era impossível. Scorpius estava mancando, apoiado em sua vassoura de um lado. As garotas estavam enlaçadas com ele, sem realmente se incomodar com sua dor, mas aproveitando-se para segurá-lo em partes que deveriam ser inapropriadas para damas. De várias formas ele tentava se livrar dessas mãos bobas sem ser indelicado (esse era o Scorpius). Elas comentavam sobre um possível banho e que iriam lhe massagear o corpo para que se livrasse da dor muscular, quando os olhos dele se encontraram com os meus. Esqueci que estava chorando e que meus pássaros me seguiam, esqueci de tudo, porque logo vi o rosto dele virar uma pedra. Toda as feições amigáveis dele sumiram quando Scorpius virou-se para suas seguidoras e literalmente as mandou pastar. Elas pareciam assustadas com a atitude (mas eu sabia que amanhã teriam comentários tenebrosos enaltecendo o ‘rude’ Scorpius).

E antes que eu pudesse sair, até mesmo impossível para o possível tombo que ele tomou, Malfoy estava do meu lado, todo molhado e enlameado. Abraçando-me. Ele me puxou para seus braços e segurou minha cabeça contra seu peito. Estávamos tão próximos que conseguia ouvir os batimentos cardíacos dele. Scorpius alisava minhas costas e em seus braços, percebi que nos encaixávamos e que ele me seguraria se o mundo caísse. Ergui o rosto para falar com ele e nossos narizes se encontraram. Seus olhos cinzentos pareciam brilhar, ou talvez tenha sido o relâmpago que surgiu na janela próxima. Era mágico. E seria mais mágico se ele abaixasse o rosto e…

“Ei cara você está b…” Albus havia aparecido pelo mesmo corredor que as garotas tinham saído. Scorpius virou o rosto para ele, e tudo que fiz foi esconder o rosto em seu peito. Eu não queria ver o desfecho disso.

Senti o peito dele subir e descer como se respirasse bem fundo e soltasse todo o ar.

“Estou. Vou para a enfermaria. Rose vai me acompanhar, pode voltar para o jogo”

“É. Ela parece preocupada” O tom de voz de Albus me assustou. Ele parecia… diferente. Eu nunca tinha ouvido esse tom nele. Será que Sonserina muda mesmo uma pessoa? Ou eu que não o conhecia mais.

Scorpius ainda passava as mãos em minhas costas. Ele deu uma batidinha leve e ao invés de erguer o rosto eu me afastei para olhá-lo.

“Vamos, eu realmente preciso ir para a enfermaria”

♠♠♠

O silêncio era aterrador. A enfermeira estava cuidando da perna de Scorpius e foi só então que percebi o quão perigoso tinha sido. A perna dele estava quebrada em dois lugares e um osso da coluna estava ligeiramente fora do lugar. Ele tinha caído ao ser jogado contra a parede das arquibancadas e os cortes que sofreu já tinha sido previamente ajudado. Isso me fez pensar no esforço que deve ter sido andar até mim no corredor. De lá, ele pediu desculpa e se apoiou nos meus ombros para ir pra enfermaria.

A enfermeira nos deixou com péssima frase: "Vou deixar os pombinhos aqui, mas lembre-se que ele precisa descansar hein"

Eu senti meu rosto em brasas e quando ela nos deixou, nos encaramos sem saber o que fazer.

"Ouça sobre o que aconteceu agora há cedo..." comecei.

"Sei. Você estava chateada com algo e..." Ele parou e sorriu "Pela sua cara eu acabei de falar bobagem?"

"Não que isso, Sr. Obvio" retruquei secando minhas lágrimas que insistiram em cair agora. Seria pedir muito que alguém me amasse? Mesmo que agora eu devia estar com uma péssima aparência por chorar por horas...eu sei como fico e não é bonito.

Ele sorriu com meu trocadilho e me perguntei novamente por que não?

"Porque estava chorando Rosie? "

E hoje devia ser um daqueles dias, porque quando ele me chamou por um apelido que apenas meu pai usa eu senti que não ia aguentar segurar mais o choro.

"Não me obrigue a sair dessa cama e ir até aí Rosie. Não chore, eu estou aqui.... Me deixe te ajudar"

"Você não pode, você não entenderia. Afinal você tem quem quiser aos seus pés ao estralar de dedos"

Scorpius ficou vermelho. De um tom que eu nunca tinha visto, ele poderia parecer constrangido numa primeira olhada, mas era tristeza que eu via. Uma tristeza solitária.

"Você se surpreenderia em como as pessoas podem se enganar."

"As meninas não se enganaram" Ergui as sobrancelhas. Ele era um sonho de consumo. As pessoas até se esqueciam quem ele era. Era como se vissem apenas um anjo descendo a Terra.

"Eu posso estralar os dedos o quanto quiser Rose. Mas quem eu quero jamais viria. Ela não é assim" e isso pareceu encerrar o assunto. Ele virou o rosto amargurado.

Como assim? Ele amava alguém que.... Será? Será? Meu coração deu um salto. "Eu não tenho com quem ir ao baile" Soltei tão bruscamente que ele me olhou curioso. Ele abriu a boca, mas fechou-a imediatamente. Será que ele preferia fazer o pedido de joelhos?

"Eu não vou ao baile Rose" ele parou de me chamar pelo apelido. Não sei se isso era pior do que ele não olhar para mim. "Eu iria com você, mas isso poderia te fazer mal vista. Minha fama injusta poderia lhe prejudicar"

Espera fama injusta? Ele não ficou com nenhuma garota? Minha boca escancarou e ele ficou sem reação por alguns instantes, como se percebesse o que tinha falado.

"Nós sempre podemos fazer algo mais divertido" Ele continuou sem saber o que falar. "Rose diga algo..."

"Você é virgem?" Saiu sem querer eu juro. Não!!! Não juro, mas jamais me esquecerei do rosto envergonhado de Scorpius e ouso dizer que eu sou a única que conheço esse lado dele. Meu peito se aqueceu com isso.

"Vamos disputar quem beija primeiro?" Ele abriu a boca e eu ri.

Ele não resistiu e gargalhou comigo.

"Isso eu não irei disputar. Desculpe Rose"

"Mas diga, o que tem em mente Malfoy?"

O sorriso dele foi solene. "Vista - se para o baile. Sei como vocês garotas adoram isso...o resto, deixe comigo"

♠♠♠

Estava pronta as sete da noite. Aguardava nos portões onde todos os casais se encontrariam. Recebi vários olhares, e percebi que a curiosidade de todos era com quem eu entraria no baile. Usei o vestido que minha mãe tinha separado para mim: um vestido de seda verde esmeralda com um colar de fita verde musgo e uma pedra vermelha no tom do meu cabelo. Falando em cabelo, estava preso no alto da cabeça em um coque imperial com fios escorregando próximos a orelha e a nuca. Eu olhei para o espelho e me senti uma verdadeira princesa. Os casais afastavam-se e comecei a achar que Scorpius estava brincando comigo.

Albus e Scorpius apareceram tão logo quase todos tinham sumido. Albus estava lindo com um fraque preto e uma gravata vermelha. Tinha passado gel nos cabelos já espetados (que ele insistia em cortar para diferenciar do pai), mas eu não consegui tirar os olhos de Scorpius. Ele era digno dos príncipes dos contos de fadas dos trouxas. Se não melhor. Ele estava com um fraque branco, que rivalizava com seus cabelos quase brancos. A camisa que surgia era negra e ele carregava uma rosa vermelha frondosa na mão. Eu comecei a suar frio, ele não tinha falado que não íamos ao baile? Quando eles se aproximaram, Scorpius abaixou-se numa reverencia, pegou minha mão e a beijou, por fim entregou a rosa a mim.

“Para que tudo isso? É só Rose” Albus olhava para mim e depois para Scorpius resmungando baixo demais.

Antes que eu pudesse mostrar que era “só Rose”, Scorpius apertou o ombro dele.

“Mais respeito com minha dama. Hoje não vamos ao baile, mas sim curtir um passeio agradável no jardim. ” Scorpius parecia realmente um príncipe magicamente colocado na minha vida. Não resisti e beijei sua bochecha.

“Vamos Sir Malfoy”

O que arrancou um belo sorriso dele. Scorpius me deu o braço e caminhamos para o jardim da frente de Hogwarts. Eu franzi meu rosto, aqui não era um lugar bonito, afinal toda a decoração do baile estava no lado interno do castelo. Conseguíamos ouvir a música daqui, mas estava muito escuro. Ele parou e eu achei que o tão adorável passeio tinha acabado. Até que vi que ele tirou sua varinha e eu o questionei. Scorpius deu de ombro e remexeu sua varinha no ar. E a mágica aconteceu.

Vagalumes voaram e formaram vários círculos sobre nós, pequenas flores silvestres voavam e um tapete vermelho surgiu de entre duas pedras do jardim e montou o que se assemelhava a um pequeno palco. Ele me levou até o palco e curvou-se novamente.

“Permita-me a honra dessa dança?”

“Mas… mas… eu...Achei que não iriamos ao baile…”

“Eu disse que não poderia aparecer no baile com você pela sua própria honra… Mas eu sei que você queria ir ao baile. Me permita fazer um baile particular para você.”

Senti uma lágrima solitária escorregar pelo meu rosto, mas Scorpius beijou o caminho que ela fez. Ele me puxou e enquanto ouvíamos a música ao longe tocando no baile. Dançamos música após música, e eu me sentia voando naquele pequeno baile mágico. Quando eu havia me cansado, ele me guiou para próximo ao lago onde uma cesta com piquenique nos aguardava. Quando sentei e olhei para ele pensei no que tínhamos falado na enfermaria. E me perguntei se ele iria me beijar esta noite.

Em meio ao meu devaneio ergui o olhar e vi Albus voltando rapidamente para dentro do castelo. O que ele veio fazer aqui?

–---

*Nundu: é indiscutivelmente o mais perigoso do mundo. Um enorme leopardo que se desloca em silêncio, apesar de seu tamanho, que pode ser até maior que um elefante adulto, e cujo hálito causa uma doença capaz de matar um povoado inteiro, o nundu nunca foi subjugado por menos de cem bruxos qualificados, juntos. Sozinho, um desses terríveis monstros seria capaz de destruir uma cidade inteira, e matar dezenas de pessoas rapidamente.


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