Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 7
Capítulo 07 - Voar e chorar


Notas iniciais do capítulo

Quem diria que Albus seria assim?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651754/chapter/7

O treino estava cansativo, até porque não estávamos fazendo a sério. A chave atual era Corvinal e Sonserina. Ambos os times eram bem analíticos e tínhamos uma péssima fama de trapaceiros. O que ninguém percebia era que Corvinal também tinha seus truques, mas eram tão bons que ninguém descobria. Por isso precisávamos superá-los fora do campo. Motivo pelo que estávamos agora treinando em frente a sala comunal de Corvinal.

A ideia era assustá-los. Mostrar que estávamos preparados para o que quer que eles quisessem nos enviar. Uma amostra de poderio, mas obviamente sem mostrar nossa verdadeira tática. Motivo pelo qual era um treino cansativo. Estava para falar ao capitão se poderia fingir uma torção quando ouvi os suspiros. Ali tínhamos uma arquibancada interessante. Havia muito que meu coração estava ocupado. Mas ela era inalcançável, e aprendi a me contentar com fragmentos de sua essência. Eu procurava em outro seu sorriso, seus olhos, o belo formato da sua boca, enfim, estava sendo o verdadeiro amante que todas desejam. Elas jamais teriam meu coração, mas até que gostei de estar com elas.

Só que nesse treino eu não queria chamar a atenção de ninguém. Estava cansado para brincar os joguetes que elas tanto adoravam. Aquele sorriso, aquela piscadela, e enquanto pensava em uma boa desculpa para deixar o treino quando vi Scorpius fazer uma careta e apontou para cima. Ali estava Libusee em conjunto com as nossas expectadoras. De todas ela era a que mais me interessava. Minha fadinha (tomei liberdade de chamá-la assim pelas tardes que passamos estudando poções nos jardins de Hogwarts).

Scorpius estava provavelmente irritado, não havia sentido treinar até se matar na frente da casa de Corvinal se não havia NINGUÉM do time assistindo. E com minha desculpa perfeita na mente, sobrevoei até a varanda.

Quando me aproximei dela e a vi ruborizar quis parabenizar a mim mesmo. Sabia que apenas eu tinha esse efeito com ela. Era como se eu conhecesse coisas que ninguém mais sabia. Detalhes pertencentes apenas a mim. Ouvi alguém reclamar que eu não estava treinando, mas estava pouco me lixando.

Afinal, onde estava o time de Corvinal? Podíamos até fazer um amistoso, mas não. Aqui perdemos tempo. Nos trocamos uma conversa amigável antes de Scorpius me arrastar de lá.

"Você não disse que temia que seu ego não aguentasse uma recusa dela? O que estava fazendo com Campbell?"

"Ela tem um nome e é Libusee" Vi Scorpius dar de ombros.

"Não tenho intimidade para chamá-la pelo nome. Não a conheço."

"Eu sim. Como acha que temos passado em poções em todos esses anos?" Scorpius me olhou como se eu fosse um molestador de criancinhas. Não aguentei e comecei a rir. Passei meus braços pelo seu ombro dele e o puxei para um tipo de abraço. Baguncei seus cabelos e fui para o meu armário do time trocar o uniforme. "Você ainda tem muito que aprender pequeno aprendiz."

"Prefiro não aprender" Scorpius resmungou enquanto se trocava. "Poupe-me de detalhes sórdidos"

"Oh, mas esses são os melhores." Estava pegando meu uniforme para me trocar quando uma ideia me veio à cabeça. "Já volto"

"Vou querer saber? " Parei e pensei bem. Meus lábios ergueram-se. "Estou vendo que não. Tome cuidado para não nos fazer perder pontos... de novo”.

Balancei os cabelos dando risada. E onde estaria a graça de aproveitar a escola sem aprontar?

♣♣♣

Procurei por ela em todos os lugares possíveis. Até perguntei para Rose se ela a tinha visto. E obviamente para algumas ex-amantes. Estava quase desistindo quando lembrei que ela adorava plantas. Passei por um abacaxi todo fatiado e com outras frutas presas, que estava no topo de uma pilastra. Dei risada, pois o dito abacaxi parecia muito com o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Entrei na primeira estufa e vi Libusee dar um pulo da bancada em que estava. Eu tinha minhas ideias, mas conhecia muito bem aquela reação. Era a que eu e James fazíamos quando éramos pegos no flagra.

"O que está aprontando Lib?"

Ela corou o que me arrancou uma risada. Aproximei da bancada e vi que ela estava mexendo com um pote com terra.

"O que estava fazendo com isso?"

"Ia replantar uma mandrágora sozinha. Estou preparando a terra."

Ergui a sobrancelha. Quando ela deu de ombros e foi pegar o possível pote com a mandrágora, não perdi tempo e corri a remexer na terra. Libusee veio me impedir, mas eu vi.

"Foi você" eu não me aguentei e ri como nunca antes. A ponto de cair da cadeira. Meu estômago doía de tanto rir quando finalmente me ergui e a encontrei de braços cruzados. "O que? Quem diria que a certinha Libusee faria algo como..."

Ela tapou a minha boca e olhou para toda a estufa. Depois virou para o pote e cobriu os resquícios do seu crime.

"Como conseguiu colocar lá? "

"Pirraça"

"Oh isso explica o porquê dele nunca implica com você."

Ela mordeu o lábio inferior e me perdi no seu movimento. Ela corou e não resisti a passar as costas da mão pela sua bochecha.

"N-n-não conte na-nada para ninguém...P-por favor"

Que fofa.

Sorri, peguei o pote com areia e joguei-a numa horta a nossa esquerda. Usando a pé escondi melhor seu delito, então me levantei.

"Você é uma artista. E eu como um adorador de arte não poderia podar seu talento. Seu segredo está bem guardado..., mas.... Quem diria hein?"

Ela mordeu de novo o lábio inferior. Aproximei-me dela e a abracei por trás. Senti minha fada ficando rígida. Depois de um tempo ela relaxou e se recostou contra mim. Acho que isso me assombrou tanto quanto a ela. Libusee encaixava como uma luva em meus braços e inconscientemente começamos a nos mexer de um lado a outro, num compasso de uma música sem som. Ela deitou o rosto para o lado e percebi que ela tinha os olhos fechados. Acho que agora entendo o ditado que fala sobre borboletas voando no estômago. Num impulso abaixei o rosto e beijei o encontro de seu ombro com o pescoço. Senti que ela se arrepiava e o cheiro de morango me invadiu.

"Quem foi que fez aquilo. ..?" A voz do professor ressoou zangada quando ele entrou com tudo na estufa. Eu e Libusee saímos do transe em que estávamos e saltamos a distâncias um do outro. O professor olhou de um para o outro e esquecendo sobre o motivo de sua zanga inicial avançou e me puxou pela orelha. "Você é exatamente como seu avô...Não posso acreditar como pode tentar corromper uma aluna tão delicada quanto ela..."

Eu fui retirado da sala arrastado pela orelha, mas não vou esquecer o sorriso que delineava os lábios de Libusee. E ainda nem tinha aprontado o que eu queria.

♣♣♣

Já era noite quando sai do sermão mais tedioso da minha vida. Ainda tinha em mente aquela vontade de aprontar com ela, ainda mais depois do que vi hoje. Ela era a responsável pelas esculturas de frutas (adorava essas coisas porque eram MUITO parecidas mesmo com seus originais). Aquilo era tão único, tão… Um segredo só nosso. Comecei a pensar em tudo que já tinha aprontado sozinho.

Estava voltando para minha casa, pois seria muito longe ir para a área de treinos me trocar, quando ouvi a voz de Pirraça. Teria que driblá-lo e estava pensando em como chegaria em Grifinória sem passar por ele, quando um som angelical me fez continuar para as escadarias. Ao chegar fiquei boquiaberto, com uma Libusee escorregando pelos corrimões seguida por Pirraça que jogava coisas frutas. As mesmas eram rebatidas com um toque de varinha.

Pois ela seria uma excelente atacante ou talvez uma ótima goleira. Comecei a subir as escadas moveis quando ela me viu. Primeiro ficou assustada, depois quando percebeu quem era sorriu. Ela usava o que devia ser um pijama (sou a favor de tornar a vestimenta oficial das garotas). E provavelmente era seda. Mas Libusee não parecia envergonhada por ser pega escorregando, muito menos com seu pijama. Ela virou-se para Pirraça e falou algo que fez o fantasma bufar, mas logo em seguida partir, levando as frutas (e acho que reconheci alguns legumes).

“Cada momento que passa descubro seu lado travesso”

Ela ergueu os ombros “Ninguém quer tentar me conhecer. Sou muito mais do que um rostinho bonito”.

“Você é.” Era impossível não concordar. “Mas o que estava fazendo aqui fora? E tão longe da sua casa?”

Libusee desviou o olhar e apertou o material do vestido. Era longo, chegava aos joelhos, mas ainda assim... Ela estralou os dedos na frente do meu rosto.

“O que? ”

Ela riu “Você não prestou atenção em nada do que eu falei.”

“Eu pediria desculpas, mas…” Indiquei seu corpo “Impossivel pedir desculpas por isso”

“Estou decente. É um camisolão e um robe. Alias estou usando short por baixo”

“Mas afinal o que fazia aqui?” Melhor não discordar. Conhecia mulheres o bastante para saber disso.

“Fiquei preocupada que fosse receber uma bronca por minha causa. Então quando ouvi de Nick que você ainda não tinha voltado, vim te esperar. E sabe…” Ela apontou para as escadarias “Elas são irresistíveis”.

Segurei a risada. “Nunca tentei”. Não podia deixá-la saber o quanto sua preocupação havia me atingido. Se fosse qualquer outra, não teria se preocupado. “Obrigado.”

Libusee estava no dia de me surpreender. Ela me abraçou, apertado. E quando menos esperei, estava retornando o carinho. Era tão natural agir assim com ela. Não era à toa que ela conseguiu ‘encantar’ Pirraça, e Nick, e a Dama Cinzenta, e….

“Espera. Os fantasmas do castelo são seus espiões? Você sempre sabe de tudo e eles sempre estão ao seu redor, e…”

“Eles não são meus espiões” Eu esperei por mais e quando não tive respostas, me afastei dela e a cutuquei. Ela abriu um sorriso singelo que fez minhas pernas bambas “Eles são meus amigos”.

Estava decidido eu iria ajudá-la a ter amigos. E tomei essa decisão enquanto a arrastava das escadarias. Ela tentou me impedir de levá-la (o que era difícil, pois passava do horário permitido nos corredores e não podíamos falar alto). Não foi a decisão que tomei de ajudá-la com amigos, mas sim o brilho solitário em seus olhos que me fizeram arrastá-la. Meu plano seria perfeito. Já que ela não ia me ver jogar amanhã, eu a levaria para voar comigo sobre o campo. E ainda poderia dizer a quão boa goleira seria. Quanto mais chegávamos perto do campo de quadribol, mais ela ficava ágil para escapar. Eu arranquei sua varinha e a peguei no colo. Isso a fez parar de se movimentar.

Porém quando ela percebeu onde finalmente estávamos, ela encostou o rosto contra meu peito.

“Me tira daqui”

Ela estava imóvel, e isso me permitiu colocá-la com cuidado no chão. Só para chamar minha vassoura, subir e pegá-la de novo no colo. Estávamos no ar instantes depois. Eu tentei falar para ela o que realmente queria dizer, mas meu cérebro virou abobrinha. Libusee enroscou-se em mim com suas pernas na minha cintura e os braços apertados em meu pescoço. A cada solavanco no ar ela se remexia contra mim e estava ficando cada vez mais dificil de manejar a vassoura.

“Lib…” Ela não respondeu “Lib… Por Merlin, que tal se afastar um pouco?”

Ela sacudiu a cabeça e eu me afastei. Foi então que percebi a dificuldade disso. Ela parecia cola grudada em mim. Ao levantar o seu rosto eu vi suas lágrimas, o rosto branco e o tremor que sentia não era de frio. A pobre coitada estava lívida de medo.

“Lib” Gritei seu nome e permiti que ela me abraçasse. Procurei a varanda da sala comunal de Corvinal e voei com rapidez para lá. Quando desci, sentei-me no banco, com ela em meu colo. “Lib, fadinha, por que não me contou? Eu não teria...Lib?”

Depois de um longo tempo, ela finalmente parou de tremer e a cor voltou ao seu rosto. Seus olhos castanho-claros estavam refletidos na luz da lua, dourados e finalmente do tamanho normal. Beijei o rastro de suas lágrimas e sua testa, em seguida a abracei fortemente.

“Perdoe. Perdoe. Por favor eu… Me perdoe”

♣♣♣

No dia do jogo, estava esperando meu time no campo já. Havia invadido a cozinha enquanto todos estavam no café da manhã. Scorpius parecia furioso quando me viu. Ele se aproximou de mim e me encostou na parede.

“Onde você se enfiou ontem? Eu fiquei preocupado. Você sumiu”

“Estava com Lib”

Ele me soltou. Scorpius parecia sem folego e sem fala. Ele abaixou a cabeça, num gesto tipico quando ele estava tentando pensar em meio a raiva ou algum outro sentimento estressante. Então ele esfregou os cabelos já rebeldes, suspirou e me abraçou.

“Da próxima vez avisa. Eu achei que você tinha sido devorado pela lula gigante”

Meu coração se desmanchou. Era bom saber que mais alguém se preocupava nesse nível comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poemas ou Travessuras?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.