Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 6
Capítulo 06 - Sou mais que um rostinho bonito


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um capítulo que surgiu num sopro. Espero que gostem



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"Ele não é perfeito? Ouvi dizer que ele está com uma garota do sexto."

Tentei inutilmente me concentrar na lição de poções. Era difícil quando algumas garotas de Corvinal estarem na varanda da sala comunal olhando o treino de quadribol de Sonserina.

"Tolinha. Ele estava essa semana passada com a Abott. Ouvi ela dizendo que ele tem uma pegada forte".

Mais risinhos, mais suspiros. E eu quis jogar minha pena nelas. Entretanto, não temos esse nível de amizade. Não são desrespeitosas, me cumprimentam quando passo e em momentos como esse, em que não há garotos ao meu redor, elas até trocam uma palavra comigo. Quase como se esquecessem que sou eu, apesar de tudo.

"Albus também não é de se jogar fora." Mais risinhos e eu desisti de estudar. Estava impossível de qualquer forma. Levantei e fui para a varanda ao lado delas.

Elas abriram passagem inconscientemente. Já se passaram dois anos desde que comecei a estudar em Hogwarts. Meus pais revelaram ao mundo a árvore genealógica da família e agora todos na escola sabiam. Era inegável agora, que eu era a descendente de Rowena Ravenclaw. Agora eu não era somente Libusee Campbell. Era a Roweninha. Por Merlin como eu detestava esse apelido.

"Ele é um sonho... Será que eu consigo uma poção do amor para lançar nele?" Disse outra menina.

"Verdade. Você faria uma para mim Roweninha?"

Senti meus dentes trincarem e contei até dez para me acalmar antes de responder qualquer coisa. Já havia desistido de corrigir as pessoas para usarem meu nome.

“Por que não tentam vocês mesmas fazer uma poção?”

Elas morderam os lábios. Lin Chang empinou o corpo e indicou com um gesto de cabeça na direção da estátua de minha ancestral.

“Nossa fundadora era reconhecida tanto pela inteligência como pela beleza. E Laverne de Montmorency pode ter criado a primeira poção do amor, mas não significa que todas nós temos a capacidade de fazer algo tão bom. Não me importo de aprender alias…” Lin piscou para mim e pensei em quanto tempo demoraria para que ela lembrasse que não gostava de mim. Lin Chang era um ano mais velha, mas éramos extremos opostos. Sua mãe era solteira e teve muita dificuldade em criar a filha sozinha, e poucos eram aqueles que olhavam para Lin com bons olhos (mesmo que ela fosse perfeita).

Ouvi as meninas suspirarem extasiadas, e chutei que algum dos garotos do treino tinha voado até a varanda. Virei-me e lá estava, Albus Potter. Ele sorria com aqueles lábios que eram de enlouquecer todas as garotas da nossa idade e algumas mais velhas também. Albus piscou, e ouvi outra onda de suspiros.

“Libusee! Há quanto tempo” Ele olhou diretamente para mim, o que me fez ruborizar. Era o único que me chamava pelo nome. Mas meu rubor perdeu a força quando senti olhares odiosos à minhas costas. “Olá queridas” e elas deram risinhos.

Quando olhei para trás, percebi que elas haviam se recordado de que eu não era parte de seu núcleo de amiga. Ao voltar-me para a varanda percebi que o treino estava em pleno vapor.

“Você não devia estar praticando?” Apontei para o treino. “Aliás, não deveriam treinar na frente da casa de Corvinal. Somos seus oponentes no jogo de amanhã”

Albus levou a mão ao coração e eu não pude deixar de rir.

“E como poderíamos impressionar beldades como vocês? Estou praticando sabe e sou o apanhador” Albus pareceu ansioso, mas quando não fiz sinal de me empolgar ele continuou, dessa vez desanimado “Nunca te vi nos jogos. Seria tão ruim assim aparecer para me ver jogar? Libusee eu quero fazer uma perfeita vitória em sua homenagem”

“Se eu for ao jogo é capaz de ninguém jogar.” Bufei irritada.

“Exatamente. Seria uma vantagem tê-la em campo, assim eu não teria nenhum trabalho”

“Cuidado” Gritei quando um balaço passou voando de raspão sobre a cabeça de Albus, e logo um Scorpius suado surgiu ao seu lado. Mais suspiros (e ouso dizer que ouvi o som de alguém desmaiar).

“Preste atenção no treino, Potter”. A voz de Scorpius saiu irritada. Ele virou para me olhar, mas assim como Albus, seu olhar não se demorou em mim. Esses dois eram os únicos que não agiam como se eu fosse o último doce do Halloween. E eu os amava por isso, mesmo que eles não soubessem obvio. Afinal, com uma ‘tia’ como a Dama Cinzenta no meu pé, jamais poderia trocar mais do que um ‘Olá’ com um sonserino.

“Está com ciúmes porque Libusee me ama e diz que vai no jogo me ver jogar.”

Scorpius apenas ergueu a sobrancelha e me olhou. Então ele deu de ombros e arrastou Albus com ele para o campo. Quando virei-me estava recebendo olhares de ódio, novamente. E essa era a minha deixa para sair da vista da sala comunal.

♥♥♥

O jogo tão aguardado de quadribol: Corvinal vs Sonserina. E eu estava correndo para o outro lado. Eu realmente não via sentido no jogo. Todos amavam, mas eu preferia o futebol dos trouxas. Era muito mais divertido (e ninguém iria cair de mais de três metros de altura e se espatifar no chão). E aí se alguém me ouvisse falar sobre isso. Mas de qualquer forma, nunca teria tempo para esportes (a não ser minhas corridas matutinas). O que eu realmente gostava de fazer era cuidar das plantas na estufa e estudar poções. Eu tinha um sonho: criar uma poção única para auxiliar no trato das ervas. Queria trilhar meu caminho para longe do nome da minha ancestral. Mas estava indecisa com relação ao que fazer da minha vida após os estudos. Gosto muito de criaturas mágicas, assim como das plantas, então não sei em que ramo de carreira poderia conseguir. Mas o motivo pelo qual mais adoro plantas e criaturas é que eles raramente me julgavam pelo meu exterior.

Sai da sala comunal, desci o corrimão escorregando sobre eles (o que fazia apenas quando obviamente ninguém estaria olhando) e estava próxima da biblioteca quando ouvi o som de alguém chorando. Os cabelos vermelhos de Rose destacaram-se quando me aproximei. Ela estava nas escadarias, longe de todos, afinal como era de conhecimento geral, era o jogo do ano. Mas ali estava a ruiva, chorando copiosamente. Esse era o tipo de situação que me era incomoda, eu realmente não sabia como reagir. Nunca tive alguém que me ajudasse com minhas lágrimas, quanto não sabia como lidar com a dor de outrém. Aproximei-me com cuidado, e percebi que ela usava um feitiço para transformar as lágrimas em pássaros, que circulavam-na cantando nunca tentativa de acalmá-la.

“Às vezes eu as transformo em flores”.

Rose saltou assustada e seus olhos vermelhos de tanto chorar me olharam acusadoramente. Minha reação foi de abaixar a cabeça.

“Desculpe-me. Não tive a intenção de… incomodá-la. É só que…”

“Você está incomodando e sempre incomoda. Porque não vai embora?”

E as farpas dela trouxeram lágrimas aos meus olhos. Nunca conversei direito com Rose, e não sabia o porquê ela chorava. Mas precisava mesmo me tratar desse jeito? Custa muito poder ter uma amiga? Mas eu tinha uma regra, jamais deixaria que ninguém visse minha dor, então antes que as lágrimas fugissem de meus olhos eu gritei um ‘perdão’ e corri dali. Aquela voz esganiçada tinha sido minha? Corri escadas abaixo sem ver o caminho que fazia até que cheguei no banheiro do segundo andar. Nunca atingi a porta, porque trombei em uma pilastra. Não. Não era uma pilastra. Era um dos garotos do quinto ano, e olhava para mim com volúpia. Estava com um amigo e eles me encurralaram na parede. Com meus olhos marejados, meu corpo estremecido, senti-me indefesa e sem saída. A vontade de gritar foi grande e minhas mãos coçavam para usar mágica e me defender. Não tinha ideia do que aconteceria comigo ali, sozinha com dois adolescentes com tão mal-intencionado olhar…

Eu me preparei para gritar, afinal Rose estava por perto. Não sabia se ela responderia ao pedido de ajuda. Mas minha mente não parecia nem um pouco aberta naquele momento. Estava prestes a gritar quando uma privada passou voando na direção do mais alto. O garoto gritou e seu amigo tentou ajudá-lo, mas uma tampa voou impedindo-o. Ouvi a risada de Pirraça que agora atirava sabonetes contra os dois. Nunca fiquei tao aliviada de ver Pirraça na minha vida. Eu fiquei boquiaberta sem reação, lágrimas fugindo pelo meu rosto. Ouvi o barulho de correntes e vi que o Barão olhava para os dois alunos com tanto ódio, que era palpável.

O Barão Sangrento parecia controlar sua raiva então ele me fez um gesto para segui-lo. De todos os fantasmas que conhecia, ele era o que pouco conversava. Ele fez um caminho mais longo, mas em nenhum momento o parei para perguntar aonde me levava. Não era momento para questionamentos. Tudo que eu queria era um lugar seguro e calmo. Foi tarde demais quando percebi que ele tinha me direcionado para o sétimo andar. Ele queria que eu falasse com a diretora?

“Ela não está aí Barão. Deve estar...no jogo” Minha voz saiu tremida. E isso fez com que o fantasma parasse.

“Não estou te levando para a sala da diretora.” Ele estendeu a mão para tocar meu rosto, mas parou no meio do caminho. Seu gesto carinhoso e inesperado apenas trouxe mais lágrimas aos olhos. Ele parou finalmente em um salão sem portas ou janelas. Procurei pela indicação de onde ele queria me levar, até que ele apontou para um corredor.

“Ande naquela direção, passe por esse corredor três vezes se concentrando na seguinte frase: ‘Eu quero um lugar de paz e tranquilidade’. Lembre-se deve ser exatamente essas palavras. Me entendeu? Uma porta vai abrir e lá encontrará seu oásis. Descanse pequena”

Ele não partiu, aparentemente esperando que eu estivesse em segurança. Fiquei indecisa sobre a sala, mas… Não era a sala, era outra coisa.

“E se alguém me achar?”

O Barão pensou um pouco antes de responder.

“Apenas irá te encontrar aquele que precisar de um lugar de paz e tranquilidade assim como você. Vá agora. Preciso conversar com a diretora”

Passei três vezes em frente ao corredor e me concentrei. Quando uma imensa porta apareceu, entrei no meu pequeno pedaço de paraíso.


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