Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 24
Capítulo 24 - O ajustes de contas




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Eu não sabia como ficar tanto tempo zangada com Scorpius. Nós continuamos nos beijando por muito tempo. E houve um momento em que ele parou e disse que não poderia continuar. No começo não entendi muito bem, mas... Qual é, não sou tão inocente assim para não saber o que estava acontecendo. Ele se afastou, com um verdadeiro cavalheiro e deitou ao meu lado. Nós recuperamos o fôlego, e finalmente consegui chegar à estante. Eram livros fantásticos que iriam auxiliar e muito na minha pesquisa. Ia sair quando ele me perguntou se eu conhecia algum jeito de chegar a Corvinal sem ser pega. Nós olhamos para a grama depois disso e lembrei-me da vez em que ele me ensinou a dançar e dormimos no nosso Elysium.

Scorpius pareceu lembrar-se, pois seu rosto corou. E parecendo duas crianças que acabaram de quebrar um vaso e não sabem como explicar pros pais, acabamos tentando nos ajeitar um próximo a outro. Ele estendeu-se na grama e abriu os braços para que eu me apoiasse em seu corpo para dormir. E eu tentei lembrar que eu ainda estava zangada com ele. Quando me deitei em seus braços, sentia todo o calor do corpo dele, como se ele fosse um braseiro vivo. E quando eu me ajeitava ele arfava, pedindo para que eu parasse. Tentei sair de seus braços, mas ele me prendeu com os braços ao redor do meu corpo.

“Dorme” Ele me disse, mas e ele? Iria dormir? Ergui meu rosto de seu peito e ele sorriu para mim. “Estarei aqui quando acordar” Depois ele puxou o meu cachecol/aconchego, e não pude deixar de rir. Abracei o pano contra meu rosto e encostei meu rosto de novo em seu peito. Ele riu e seu corpo retumbou abaixo do meu. Dei uma batida de leve em seu ombro, e em resposta ele começou a deslizar suas mãos pelas minhas costas. E descobri o melhor cobertor do mundo. Por onde sua mão passava, o calor ficava.

Quando acordei dessa vez, ele dormia. Scorpius antes era bonito, agora ele era um pedaço do paraíso. Não. O universo estava dentro dele. Sua serenidade era cativante e imaginei como seria acordar todos os dias para vê-lo ao meu lado. Sacudi o rosto, pensando que era algo bobo. Por que ele me escolheria no lugar de tantas outras? Afinal, com todos esses toques, com toda essa pegada, era claro que ele tinha praticado muito. E eu? Apenas o tinha. Voltei a encostar o rosto contra seu peito e ouvir seu coração bater. Eu queria aproveitar ao menos enquanto estávamos aqui em Hogwarts, mas quem sabe, eu realmente não preferiria mesmo era ouvi-lo oficializar e dizer para todo mundo que eu era sua. Não quero mais ouvir rumores, quero a verdade, de seus lábios. Com muito cuidado deslizei para seu lado, e ele pareceu virar-se junto comigo. Mas ainda dormia. Aproximei meu rosto e beijei-o suavemente nos lábios, antes de levantar com calma, pegar os livros que precisava e meu presente até que sai da Sala Precisa.

♥♥♥

Estava decidido. Eu iria colocá-lo na parede e confrontá-lo se o que tínhamos era oficial ou não. Não poderia ficar doída por mais tempo. Não quando seus beijos me desestruturavam e a simples presença dele mexia com todo meu raciocínio.

Saí da aula de Runas, em pleno horário de almoço. O meu aconchego estava junto com as minhas coisas. Fiquei temerosa que alguém pudesse pegar então eu o levava. Não era uma das aulas que fazia nem com Sonserina ou com Grifinória, portanto estava apressada para encontrar-me com todos. Já fazia tempo que não tinha um tempo agradável com todos juntos: eu, Rose, Albus e Scorpius. Antes de termos esse envolvimento, éramos amigos.

Estava quase chegando ao salão quando estanquei no corredor.

Eu tinha minha resposta.

Scorpius estava apoiado numa parede do corredor, enquanto uma garota se aproximava dele. Ele abaixou o rosto e deixou-o na diagonal. A menina beijou seu rosto e pelo movimento do ombro soltou uma risadinha. Scorpius passou a mão pelos cabelos dela, e a garota parecia um cachorrinho recebendo carinho, deitando a cabeça na direção de sua mão. Ele tinha aquele sorriso nos lábios. Um que deveria ser só meu… Mas não era.

Perdi a fome, perdi a vontade de ver Rose, Albus, ou quem quer que fosse… Virei as costas e parti. Acho que ouvi meu nome ser chamado por alguém, mas ignorei. Senti o frio nas costas e ao meu lado, mas não via nada. Eu devo ter voltado para minha casa, devo ter respondido a charada no automático, e tudo que eu via era o pedaço dourado de pano a minha frente. Agora completamente molhado.

♥♥♥

Não sou louca de recusar aqueles livros. Voltei a minha empreitada de estudar e me preparar para os próximos anos. Minha rotina voltou a organizar materiais que pudessem comprovar minhas habilidades para trabalhar no Ministério. Conversei com Slug em particular e perguntei se poderia usar os horários das atividades extracurriculares do Club do Slug para me empenhar na especialização para ser Mestra de Poções, e logo fui dispensada, e como o chefe do departamento era um ex-aluno dele, prometeu-me passar seu endereço para correspondência. Aproveitei e falei sobre Rose, e o professor ficou contente em saber que teria duas grandes alunas se tornando Mestras de Poção.

Tudo estava seguindo conforme… o que devia seguir. Com a única exceção que me pegava olhando para meu aconchego, e desejando que fosse a pessoa. Mas também não poderia pensar nisso. Tinha que seguir em frente. Na aula de Astronomia, Rose pareceu preocupada comigo, mas não consegui explicar o porquê. Pelo menos não enquanto andávamos para o salão principal. Antes de entrarmos, Rose praticamente me empurrou contra a parede.

“Tudo bem. Desembucha. O que foi que aconteceu, Libusee?”

Eu virei o rosto não conseguindo encará-la. Eu não conseguiria dizer, não poderia. Não quando para quem eu realmente gostaria de falar, não ouviria jamais. Então me veio à única coisa que tinha na cabeça.

“Fique tranquila. Eu só percebi que realmente amo Albus, mas da mesma forma que ele. Como a um irmão que nunca tive” tentei sorrir, mas não senti os lábios subirem “É só que…”

“Seria bom você voltar a ser você mesma se não quiser que Scorpius perceba então.” Rose bufou e saiu andando irritada para o salão na minha frente.

Fiquei sem reação. Estava tão óbvio assim? Como Rose foi à frente, pensei em virar-me e voltar para minha casa. Quem precisava comer mesmo? E estava para virar quando uma aluna de Corvinal apareceu ansiosa para falar comigo sobre algo de herbologia, e disse gentilmente “Não acha que poderíamos nos sentar juntas durante o jantar?”

Aceitei e foi meu pior erro. Tudo que ela queria mesmo era saber dos ingredientes da Poção do Amor e se conseguiria achá-los na estufa.

♥♥♥

Rose tinha razão. Não podia sumir dessa forma, mas não aguentaria ficar junto com Scorpius num cômodo fechado e sozinha. Então voltei a andar e frequentar os salões e corredores em comuns com todos reunidos. Mas evitava falar diretamente com ele ou ficar sozinha. Percebia seus olhares e suas tentativas de conversar comigo, mas não poderia permitir. Não estava forte o bastante. E com o tempo ele parou de tentar. Como se de alguma forma soubesse que não conseguiria.

Um dia quando achei que ele tinha desistido recebi um pássaro voador vindo da janela de Astronomia. Procurei o dono do bilhete, e Rose que sentava na mesma mesa que eu fez uma pergunta silenciosa de quem era. Dei de ombros e abri. Maldição.

Pobre de mim,

nada sei que fiz

para meu coração

abandonar-me só

depois da noite

Perfeita de nós dois.

Senti meu rosto ficar vermelho. Quando Rose tentou ler eu amassei o papel. Peguei um novo e escrevi os dizeres 'Deixe-me', encantei e enviei janela de volta.

Rose tentou olhar novamente quando no caminho para a estufa de Herbologia, um dragão de papel agora veio até mim.

Amada minha,

mais bela que uma Veela,

passa por mim, incólume.

Cabelos ao vento,

olhar tirado do pote de mel

Tem piedade de um pobre

que pecou sem saber.

Amassei o papel balançando o rosto negativamente. E o resto do meu dia seguiu com pequenos poemas. Alguns não eram dos melhores de Scorpius, quase como se em um surto de desespero o assolasse. Em meios aos poemas também havia trechos daquele que ele havia declamado para mim. Rose parou de tentar ler os poemas e em dado momento ela começou a rir.

Questionei-a, e tudo que recebi em resposta foi “Se foi constrangedor para mim com Albus, imagino como seja agora. Ele está sendo muito misterioso. Quanto tempo acha que demora para que as pessoas comecem a falar que você tem um admirador secreto?”

Gemi irritada. Sim, a possibilidade de que esses poemas (que ninguém sabia do que se tratava) seriam comentados.

Um mês se passou com os poemas sendo entregues. Como eu sempre amassava, passaram a aparecer em todos os lados, com os dizeres: ‘Se encontrar entregue para Libusee Campbell, 6º Ano, Corvinal’. O que resultou que as garotas suspiravam pelos corredores sempre que me entregavam os papeis. Houve até mesmo professores me entregando os bilhetes, o que era pior, por que eles conheciam a letra de Scorpius, e sempre comentavam algo como ‘Não sabia que ele era talentoso para a escrita’, ‘Aconselhe-o a escrever um livro, estão muito bons’. E até ouvi a professora Trelawney suspirando encantada(acho que ela não leu a obs).

Mas tudo que os poemas fizeram foram me colocar na fossa. Eu não podia acreditar que ele estava fazendo isso sendo que estava com outras. E essas outras? Olhavam-me invejosas, algumas até mesmo mostravam os bilhetes na minha frente e resmungavam coisas como “Isso deveria ser meu” e não me entregavam. Minha resposta era sempre a mesma “Pode ficar, o lugar deles serão para o lixo de qualquer forma”. Então ouvia algo como ‘você não o merece’. Hunf, elas eram todas ignorantes.

Num desses dias tentando evitar outro trombão com alguma das conquistas de Scorpius, esbarrei com a cena mais bizarra do mundo. A Dama Cinzenta conversava com o Barão, muito próxima a ele. Ela gesticulava às vezes, mas em todos meus anos de Hogwarts, ela NUNCA conversou com ele, muito menos se aproximou dele. Minha curiosidade falou mais alto e tentando me esconder nos cantos escuros aproximei-me a tempo de ouvi-la falar.

“Não posso mais suportar essa situação.” a Dama parecia realmente chateada.

“Eu tentei ajudar, mas você começou com toda essa confusão” O barão era um dos fantasmas com quem eu não conversava, mas pelo seu tom, parecia inconformado. “Agora o que quer que eu faça?”

“Precisamos fazer algo. Isso está de partir o coração. Tenho uma ideia, mas Pirraça não me ouve. Você poderia dissuadi-lo, talvez dizer que é uma piada particular… Não sei”.

O barão coçou a barba e passeou de um lado a outro. O som das correntes invadiu o ar, quase como uma música de fundo de uma cena de terror. Ele finalmente parou e sacudiu a cabeça negativamente. “O que eu não faço por você?”.

“Não me diga que não fará por eles também.” Ela resmungou e cruzou os braços.

O sorriso então que surgiu entre os dois parecia em todo caso, muito... particular. Ele concordou finalmente com um aceno.

“Qual é o plano?”

Ela olhou para os lados, e eu me escondi mais atrás da estatua. Aparentemente passei secretamente pela vistoria da Dama.

“Não aqui onde qualquer um pode ouvir. Siga-me”

E eles partiram pela parede.

“Eles já foram senhorita” A estatua falou para mim e eu senti meu rosto corar.

“Obrigada” respondi e estava para sair quando a estatua comentou.

“Seria melhor manter isso em segredo. Eles pareciam não querer que ninguém os visse juntos. Tem uma aposta sobre esses dois, quem sabe a resposta sairá em breve”.

Sacudi o rosto sentindo-o ainda mais corado que antes.

“Oh! Sim, eu não falarei nada. Bem, até e obrigada de novo”

♥♥♥

Alguns dias mais tarde, sentada na varanda de Corvinal lendo um dos livros de Poções para Mestres, quando uma coruja apareceu com uma correspondência. Era uma das corujas do corujal de Hogwarts e achei que dessa vez Scorpius se esforçou. Mas o envelope parecia pesado demais, e conhecendo Scorpius ele teria encolhido a carta (ou ao menos o faria por minha causa). Eu procurei no meu bolso uns saquinhos com pedaços de biscoito salgado que tinha levado para mordiscar e entreguei um pouco para a coruja. No envelope não havia endereço de destinatário ou remetente, apesar de ser óbvio de ter saído de Hogwarts, era uma boa prática endereçar, pois se o caminho fosse longo, em algum outro corujal eles poderiam trocar as corujas.

Abri o envelope e me assustei, pois aquela carta com toda certeza não era endereçada a mim. Mas eu conhecia aquele nome e minha curiosidade falou muito mais alto que minha ética. Por que… ela falava de mim.

Minha querida Astoria,

Eu sei que você já me pediu para chamá-la de mãe até pelas cartas, mas permita-me essa licença poética por hoje. Não sei se peço ajuda a minha mãe ou a uma mulher formada e maravilhosa, que sei que é. Preciso falar com alguém sobre Libusee.

Não dê uma como a Sra Potter, que é uma casamenteira ferrenha. Eu só gostaria de entender as mulheres.

Ela mexe comigo como ninguém nunca o fez em quase toda uma vida. Quando estou perto dela, quando ela fala, ou somente de olhar para mim, sinto como se toda minha existência passa a depender dela, como se fosse minha gravidade, meu cosmos, a razão do meu respirar. E se acha que vivemos em um mundo mágico, nada se compara quando a toco. É como se a mágica fizesse sentido e houvesse razão de existir.

E nós nos tocamos, muito, e não Astoria, nada do jeito que provavelmente esteja pensando, apesar de que fico tão agitado que é muito difícil me controlar. Mas consigo.

Só que ultimamente tudo mudou. Foi desde o Natal, sei que pedi para viajar para a França, e você ficou se perguntando o porquê. Aqui vai: “Eu não a mereço”. Era o que eu pensava quando percebi que uma coisa era dividir determinados espaços com ela, mas passar dias numa casa, sabendo que ela poderia dormir no quarto ao lado. Tendo-a à apenas um braço de distancia e, bem, eu estava começando a agir impulsivamente. Temia feri-la sem perceber. Com toda aquela história do Albus acontecendo, eu sempre me pegava pensando: E se…? Albus quebrou algumas regras não implícitas na sociedade ao tentar se relacionar com a prima. É quase como ter uma filha solteira. Não é ilegal, mas todos irão olhar enviesado, vai ter conversinha. E isso me levou a pensar: E se eu for merecedor?

Sei que o certo seria conversar com isso diretamente com ela, mas, quando voltamos para Hogwarts, e finalmente decidi que iria deixar de lado meus próprios preconceitos, fiquei sabendo que ela passou um tempo com uma pessoa não muito bem intencionada. E tudo que minha mente traiçoeira podia fazer era me mostrar imagens dos dois juntos, rindo ou se amando, enquanto eu fiquei o tempo inteiro pensando apenas nela lá na França. Sei que fiquei avoado e esse foi o principal motivo.

Nós brigamos e feio. Ela parou de falar comigo e até mesmo com Albus e Rose. Sei que os dois não demonstraram isso para mim, mas ficaram chateados. Estava claro, até mesmo ao ponto de Albus tentar me ajudar com Libusee. Sei que com ele deu certo, mas a diferença está muito clara entre nós. A minha fama surgiu do nada e pareceu aumentar sozinha.

Vou até te contar o quanto. Há um tempo, acho que um mês mais ou menos, estava me dirigindo aos salões para o jantar. Parei no corredor para esperar Libusee, quando uma aluna secundarista apareceu e me empurrou contra a parede. Juro-te, ela simplesmente me jogou, e tentei não machucá-la enquanto a empurrava gentilmente para longe. Até que ela murmurou ‘Me desculpe, mas eu tenho que fazer isso’. E eu me perguntei: fazer o que? Quando a afastei percebi que um grupo de garotas estava escondido atrás das pilastras a certa distancia. A garota que me enquadrou estava super vermelha e devia ser tímida como eu era quando estava ainda no primeiro ano. Perguntei a ela o que tinha acontecido, e tudo que ela foi era muito alta e as garotas da casa dela irritavam-na dizendo que nunca iria conseguir um namorado. Que ‘eu’ que tinha ficado com todas (pode acreditar nisso? Sério?) não fiquei com ela porque ela era inaceitável. Ela queria provar algo para suas amigas, mas o que me deu mais dó, foi que, percebi que ela não queria. Foi muita coragem dela ter tentado fazer algo como aquilo. Tentei desinibi-la e perguntei se suas amigas ficariam contentes de ver que eu a deixava beijar meu rosto. Ela ficou muito mais vermelha que um pimentão, se é que isso é possível e concordou. Quando ela saiu saltitante eu rezei para que outras situações como essa não acontecessem. Vê o que essa coisa de fama faz? Isso não acontece com Albus. Parece que as garotas ficam contentes por ele encontrar alguém.

Agora te chamo de mãe e peço, não, imploro, que você não conte para o pai. Mas eu nunca fiquei com nenhuma garota de Hogwarts que não seja Libusee.

Como estava dizendo, fiquei esperando por ela no jantar, mas ela nunca desceu. Depois desse dia ela passou a me ignorar. Sinceramente não sei o que fiz de errado. Eu quero contar tudo para ela, mas sempre que nos encontramos, sempre acontece algo, que parece afastá-la mais e mais.

O que eu posso fazer para mostrar a ela que eu não tenho nada a ver com essa má fama? E como eu poderia conquistá-la? É como se cada dia que passa, e minhas tentativas são falhas. E não sei se poderia contar o que estou fazendo, já me custa muito que os alunos saibam sobre um dos meus mais particulares segredos. Era algo apenas meu, e se me permite citar de Libusee, que sabia que eu o fazia. Mas se é para conquistá-la, não me importo de mostrar a eles.

Até agora, sem efeito.

Aguardo ansiosamente seus conselhos,

Abraços,

Scorpius Hyperion Malfoy

Outro papel, mas agora menor.

Querido Pipinho,

Fiquei tão feliz por receber uma carta sua. E aqui vai minha opinião de mulher:

Talvez querido, por você ser tão misterioso e permita-me dizer, muito bonito, essa história de estar com garotas deve ter surgido de alguém querendo se vangloriar por ficar com você. Depois outra menina para não ficar para trás também disse que esteve com você, e assim a história vai ficando gigante. Isso acontecia bastante no meu tempo (apesar de ninguém confirmar a verdade). Eu mesma já fiz.

Sobre o que sente por Libusee. Querido, isso é amor. Eu não sei se posso dizer como fazer para se desculpar, mas sei que pensará em algo. É muito inteligente e saberá agir corretamente. Mas sobre o porquê… talvez seja pela fama. Tudo que você tem que fazer é contar o que me disse. Tenho certeza que ela vai entender. Libusee parece uma adorável mocinha, e estou ansiosa para conhecê-la como minha futura nora.

Abraços e beijos,

da sua mamãe.

Quando percebi tinha lido ambas as cartas. Levei minha mão à boca. Ele precisava receber essa carta de volta. Mas por que a Sra. Malfoy colocou a carta original junto com a resposta? Será que veio por engano? Corri para meu quarto colocar a carta em um papel novo e selá-lo, para em seguida correr ao corujal e fazer a carta ser entregue ao seu devido dono.

♥♥♥

Estava andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. O que ele quis dizer com tinha sido a única dele? Será que o que a mãe dele disse era a verdade? Era tudo invenção das garotas? Isso explicaria o porquê delas estarem tão irritadas comigo. Era provável que por ter sido a única que o conquistou, elas estavam invejosas.

Eu era craque em catalogar os olhares das garotas, mas eu devia ter perdido a prática quando finalmente passei a andar com Rose, Albus e Scorpius. E, portanto, nem tinha percebido a verdade. Bati com a mão contra a testa, como eu podia ter sido tão tola? E agora, como mostrar que eu tinha caído na minha? Poderia aproveitar os bilhetes… Poemas que ele queria esconder do mundo, mas que por mim, mostrou para me fazer entender. A maneira dele. Já havia se passado uma semana desde que coloquei os papeis no envelope e mandei a coruja entregar a carta a ele. Nada de Scorpius, nenhuma tentativa. Será que ele tinha lido? Será que a mãe dele havia falado o meu nome para a coruja enquanto estava pensativa e por isso ela veio para mim ao invés de Scorpius? Tantas dúvidas na minha cabeça e a grande maioria sem respostas.

Estava andando em círculos na sala comunal quando a Dama apareceu para nossas aulas de feitiços (que ela insistia que seria útil eu sempre praticar), quando percebi que ela parecia um pouco avoada. Ela passou por mim e me ignorou.

“Helena?” chamei-a pelo nome e ela virou-se imediatamente.

“Sim?” Ela respondeu enquanto erguia a sobrancelha. Ela já havia agido assim uma vez. Uma vez em que Scorpius tinha pedido para ela falar sobre os livros. Uma vez em que ela enrolou até quase o horário dos alunos voltarem as casas e, finalmente tinha conseguido retirar dela o recado que ele havia enviado.

Isso só poderia significar…

Sai correndo deixando-a sozinha. Eu não corri, exatamente, meus passos foram rápidos. Mais rápidos que o normal na verdade. As pessoas que passavam quase como um borrão ao meu lado me cumprimentavam, e como sempre cultivei essa imagem de ‘superior’ (como já ouvi falar por ai), dei meu melhor para me aproveitar e apenas soltava um “aham” e continuava.

Entrei correndo no Elysium (o qual Scorpius havia me contado ser Sala Precisa, mas ainda assim preferia o nome do nosso cantinho) e deparei-me com o lugar vazio. Não havia Scorpius em nenhum lugar, apenas o mesmo cenário de sempre, e uma leve brisa mais fria que o normal. Onde nós geralmente ficamos estavam seus diários. Todos os livros de capa dura sem nome ou legenda. Ele tinha um de cada cor (ou variedade da mesma) que ele estilizou a capa com desenhos lindíssimos. Eu sabia por que todo ano eu passava encarando essas mesmas capas. Havia seis diários. Então eram todos desde o primeiro diário. O primeiro eu não conhecia, e era o mais simples, mas também o mais detonado.

Procurei por Scorpius e não o encontrei em nenhuma parte. Quando me aproximei tinha um papel sobre a pilha de diários, nele os dizeres: ‘Leia-me’. Será que foi assim que Scorpius pensou em me conquistar? Se os diários fossem uma confirmação do que sua mãe tinha afirmado na carta, então estaria ali a explicação. Com o coração na boca, peguei o primeiro diário. Nas primeiras páginas comentavam sobre a chegada da carta de Hogwarts, e um Scorpius confuso com seus pais. Em especial seu pai. Sua mãe nada tinha contra trouxas, mas seu pai era seu pai (segundo suas próprias palavras) e ele parecia sempre ser tão esquivo. Pulei essa parte, vi só o começo de cada nova página. Ele falava sobre a preparação para as aulas, alguns de seus dias, e até mesmo sobre viagem de trem. E o que me espantei foi que mesmo quando jovem Scorpius te prendia na sua narração. Ele era um escritor fantástico, como se tudo que ele não falava, era expresso nessas páginas. Além das descrições havia os desenhos da casa dele, do elfo domestico, entre vários outros desenhos. Uma narrativa interessante para um jovem de onze anos. Percebi que acabei lendo mais do que gostaria (se não tudo) do diário, até que chegou ao dia em que ele chegou em Hogwarts. E a mudança foi drástica. Na primeira página, havia um desenho meu. Era como eu parecia no começo. Eu estava com o chapéu seletor a uma distancia da cabeça. Alguém o segurava acima de mim, mas eu não lembro direito sobre como foi a minha seleção. Eu estava tentando passar despercebida de todos, por que temia que devesse ter uma estatua de minha ancestral em algum lugar. Então o que me espantou foi a expressão que tinha no rosto. Se fosse como eu estava, o que acredito que estava, eu parecia uma vitoriosa. Então como se meu desenho marcasse um ponto inicial, começaram os poemas. Todos com meu nome, contando coisas que aconteceram comigo ou com ele. Eram poemas um pouco mais infantis, mas que ainda mostravam o que ele sentia. Não pude ler todos, porque imediatamente peguei o diário do próximo ano para ver como seguia. Li alguns poemas pulando páginas. Entre eles desenhos, não apenas mais de mim. Mas eram apenas desenhos de animais, plantas (que tenho quase certeza ser por minha causa) e outros de Rose e Albus interagindo. Nas páginas em que eles apareciam, os poemas eram claramente sobre amizade. Peguei o próximo, onde o meu nome começou a sumir, mas a linha dos poemas era similar aos anteriores. Sempre falando sobre seus sentimentos, sobre como a sua ‘amada’ ou ‘musa’ mudava seu mundo. E soube quando peguei o diário que nós passamos a usar essa sala. Tinha o meu desenho, agora animado. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e foi de encontro às páginas. Continuei folheando de diário em diário, até que a porta da sala foi aberta. Um esbaforido Scorpius surgiu, respirando com dificuldade, como se tivesse corrido até ali.

“Campbell?” Ele travou no lugar quando seu olhar foi para os diários e depois para mim. E percebeu que eu os li.

Mas nunca me senti mais feliz por ele me chamar pelo sobrenome. Era especial, era meu e único. Especialmente por que percebi que quando ele citava as pessoas no poema, usava sempre seus sobrenomes, nunca os nomes. Eu engoli em seco, e passei a mão pelo rosto, limpando as evidencias do choro.

“Malfoy”.

Ele ficou boquiaberto, como se procurando palavras para falar. Levantei-me e corri para encontrá-lo. Pulei em seu colo e ele me pegou no ar, com um rosto de quem não entende nada. Eu o enchi de beijos pelo rosto, e então ele estava de joelhos no chão. Foi quando percebi que nunca antes havia começado um dos nossos beijos. Eu me reduzia a ele para uma menininha experiente, achando que ele sabia o que fazia. Quando na verdade estava apenas experimentando anos de desejo. Eu queria mais, queria aprender com ele.

“O que…?” Ele tentou falar. E achei que provavelmente não estava fazendo algo direito, por que ele não deveria falar. Não, não senhor. Como seus lábios deixaram os meus comecei a descer meus beijos pelo seu pescoço, do mesmo jeito que ele fazia comigo.

As mãos dele apertaram minha cintura, então estávamos deitados. Ele de costas na grama, e eu completamente ajeitada em seu colo. Ergui meu olhar por instantes e nós respiramos fundo ao mesmo tempo.

“Foi uma ótima ideia me dar seus diários para ler”

Ele bufou uma risada, então passou a mão pelos meus cabelos, colocando-os atrás da minha orelha.

“Fico feliz que tenha funcionado, mas… Albus disse que viu Pirraça levando-os das minhas coisas.”

“Pirraça?” Franzi o cenho, e então comecei a rir. A conversa do Barão e da Dama finalmente fez sentido. Voltei a beijar seus lábios. “Era verdade, que sou sua única. Você nunca mentiria para mim, não é?”

Os olhos dele pareciam imensos quando me respondeu. “Nunca”. Então ele me puxou pela nuca e me beijou. “Eu sou seu Campbell, para fazer o que quiser. Eu a quero para mim”.

“Exclusividade?” Falei brincando, e quando ele acenou que sim, complementei. “Irá me apresentar aos seus pais como sua namorada?”

Scorpius sorriu maliciosamente. “Como namorada, como noiva, como mulher, como você desejar”.

♥♥♥

No final de semana fomos para Hogsmeade e fomos ao pub. Estávamos sentados todos os quatro numa mesa mais afastada. Os meninos falavam sobre o quadribol e as oportunidades de jogar no profissional, quando finalmente soltei.

“Alias Rose, agora eu e Malfoy estamos oficialmente namorando” Peguei a mão dele, a qual ele puxou para si e beijou o dorso.

“Isso é notícia do passado, do jeito que estavam...” Rose falou rindo “Conte-me algo que eu não sei”

“Estou grávida” soltei bruscamente.

E várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Albus cuspiu o que estava bebendo, e Scorpius perdeu o equilíbrio de onde estava sentado quase caindo no chão e me olhou como se eu tivesse virado uma arvore na sua frente. Rose escancarou a boca e quando o acesso de tosse de Albus passou, ele falou bruscamente para Scorpius.

“Como assim você engravidou minha irmã? Eu não consegui nada com a Rose ainda”.

Rose empurrou Albus.

“Eu...eu…” Scorpius olhou pra mim “Nós…” Ele estava completamente confuso.

“Lib…” Albus olhou para mim “Como isso aconteceu? Hogwarts é cheio de fantasmas, quadros, professores… isso é… ahn”

Abri um sorriso. “Brincadeirinha”.

Os três suspiraram e Scorpius encostou a cabeça contra a parede e respirou fundo.

“Oh mulher, não brinca com isso não” Albus retrucou, não antes de explodir em risadas.


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