Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 25
Capítulo 25 - O passar do tempo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651754/chapter/25

Nosso Natal do sexto ano foi fantástico. Foi o primeiro de muitos Natais que passaríamos juntos. Cada um de nós conquistou e se empenhou o melhor que pudemos para vencer o ano com sucesso. Nós nos ajudamos em nossas dificuldades, e aproveitamos cada segundo do sexto e do sétimo ano. Ao final, eu e Albus até conseguimos uma vaga para um teste no Puddlemere, pois alguns olheiros tinham observado os jogos nas escolas.

Essa seria a última semana em Hogwarts e queríamos fechar com chave de ouro. Avisamos nossos pais que iríamos ficar até o último segundo possível antes de aparatar para a casa. Então todas nossas famílias se reuniram primeiro na casa dos Weasley.

E esse era o nosso desejo.

Libusee estava abraçada comigo no meio de uma festa de despedida que fizemos para nós mesmos. Pedimos o salão das escadarias emprestado, afinal eu iria me despedir dos quadros que tanto me ajudaram com o passar dos anos (e para quem prometi pintar quadros em que eles pudessem nos visitar) e também aos fantasmas. Eles estavam chorosos, mas prometeram nos visitar sempre que possível. Até mesmo Pirraça, a quem gostaria que não. Puxei Libusee para minha frente e encostei meu nariz em seu cabelo, com a boca próxima a seu ouvido. Mordisquei a ponta e ela se ajeitou contra meu corpo. Alguns dos alunos, os novatos que acabaram ficando para o Natal de Hogwarts e vieram também participar de nossa despedida, soltaram exclamações, até que um deles teve a ‘coragem’ de comentar.

“Vocês são como um só. Tão sincronizados”

Rose que estava por perto deu risada. Ela nos indicou com um aceno de cabeça. “Anos de pratica. Não importa o que ouçam, eles estão assim a mais tempo do que contam os rumores”

Percebi que Libusee revirou os olhos e não resisti a falar no pé de seu ouvido. “Quer fazer outro piquenique na neve?”

Ela disfarçadamente me acotovelou na barriga e vi seu rosto corar suavemente. Foi por causa de um piquenique que ela insistiu em fazer em Hogsmeade, que nós acabamos tendo nossa primeira vez juntos. Uma coisa levou a outra, nós estávamos muito no céu aberto e o frio era incomodo. Juntamos toda a comida dentro da cesta (ou o que consegui jogar dentro) e fomos pro lugar mais perto. Este seria a Casa dos Gritos, e acredito que fazia tempo que ninguém ouvia gritos vindos dela. Libusee virou-se, passou os braços pelo meu pescoço e me beijou. Fomos ovacionados por alguns fantasmas e eu ri, ainda com os lábios contra os dela.

“Eu quero uma casa como lá.” Ela soltou.

“Hmmm uma casa cheia de pó e teias de aranha?” ergui uma sobrancelha, quando ela revirou os olhos de novo.

“Claro, e nossa cama vai ser uma toalha de piquenique quadriculado nas cores dourado e cinza” Ela me beliscou “Não seu tolo. Um lugar especial, só nosso e aconchegante, mesmo que para os outros não pareça.”

“Seu desejo é uma ordem Campbell” nos afastamos do grupo que estava ali. E quando estávamos longe de todos ajeitei seus cabelos para a lateral direita de seu rosto “E prometo que levarei uma toalha de piquenique para este Natal”.

O que apenas tirou outra risada dela.

Estava tudo indo conforme planejado. Nós nos despedimos dos nossos professores, e prometemos manter contato. Houve um pouco de momentos de lágrimas e felicitações. Até que uma coruja trazendo um grande embrulho apareceu voando e pousou aos pés de Filch. Ele se assustou, e esperei que Libusee e Rose se aproximassem dele e o abraçassem. O zelador ficou imóvel e, Albus trocou um olhar comigo. Elas disseram que era um presente de desculpas por ele ter que limpar faixas, cartazes, paredes pintadas, jogar alguns montes de papel e a lama que o time de quadribol trazia em dias de chuvas. Libusee que tinha visto o professor limpando tudo sem magia decidiu que seria uma boa ideia dar algo mais confortável, portanto, com um pedido dela para que os pais dela comprassem (com dinheiro de todos nós) uma vassoura ergonômica para o zelador. Afinal, nós sabíamos que o pobre ia limpar a sujeira de muitos outros alunos ainda. Mas com o detalhe que quando ela chegou, eu a estilizei com desenhos de patas de gata como da Madame No-r-ra e encantei para sempre estar limpa, mesmo com a sujeira que ela pegasse. E obviamente cronometramos para que o presente chegasse no grand finale.

Filch abriu o embrulho e deu uma fungada quando viu o presente.

“Oras seus pestinhas. Sumam daqui. Vão” E Filch agarrou a vassoura e saiu fungando. Tirando-nos alguns sorrisinhos. (E dizem as más línguas que ele nunca mais largou a vassoura. E ai de quem tocasse nela).

Albus aproveitou a deixa de Filch e pediu licença, dizendo que era mesmo hora de partir. Nós pegamos nossas malas, fomos para a entrada de Hogwarts. Andamos calmamente para longe dela, e quando estávamos em um ponto o qual fomos autorizados a aparatar, nos viramos para olhar para Hogwarts, possivelmente uma ultima vez por algum tempo.

“Vocês sabem em que ponto devem se concentrar para ir?” Albus perguntou e seu sorriso foi zombador. Era claro que nós sabíamos, estava tudo preparado. Além da mãe dele ter sorrateiramente ‘pego emprestado’ a chave do lugar. “Hora de ir”

E fomos para o chalé de praia dos Weasley, previamente preparada para não receber corujas ou visitas incômodas. Onde passaríamos nosso primeiro Natal juntos, e o mais importante, sozinhos.

♦♥♣♠

Sala do Departamento de Poções. Nela há sempre várias pessoas, mas poucas são realmente são mestres de poções. Entre eles existem as categorias de especialização como Rose que é responsável por cuidar dos materiais mais raros das poções e que saem de animais vivos. Sua mãe criou muitas regras para o trato dessas criaturas, poucos eram os que estavam adequados, e Rose devia encaminhar os casos para analise de um julgo e em seguida os Aurors são acionados. Tinha os gêmeos, uma dupla única e completamente diferente que eram aqueles que organizavam toda a nossa vida. Eram mestres com especialização em administração de setores, sendo eles que recebiam todos os pedidos e catalogavam para onde iria cada poção. E nosso chefe de departamento era o responsável por nos passar os desafios de novas exigências. Motivo pelo qual, aqui estávamos trancados na sala de invenções. Os gêmeos deitados nos sofás com livros sobre as cabeças. Se nós não o conhecêssemos, poderia parecer que estavam dormindo, mas… Eles eram gênios. Rose estava andando de um lado a outro e eu preparava algumas das ervas para mais um teste.

“Quem diria…” dei uma risadinha nervosa “Que depois de tanto trabalho tentando impressionar o chefe, para realmente trabalhar de vez aqui…” Esmaguei um pedaço de treixo para extrair o veneno. “...só para ele arrancar o nosso couro”.

“Vamos ver” Ganesha falou debaixo do livro.

“quanto tempo” Krishna continuou.

“vocês duram” Ganesha concluiu.

Eu e Rose trocamos aquele olhar e retrucamos.

“Se voltarem” Rose começou

“a falar assim” continuei.

“vocês vão morrer” ela sorriu para mim.

“misteriosamente” conclui.

“Malditas” Os dois soltaram ao mesmo tempo e todos nós rimos.

Pediram que fizéssemos uma poção para o rejuvenescimento a ser misturado em produtos magi-maquiagem, e uma adaptação para que a equipe de Auror possa utilizar em missões para modificar a fisionomia sem comprometê-los.

Ergui o treixo. “Falando a sério poderíamos fazer uma variação da poção morto-vivo e usar o treixo como agente rejuvenescedor, sem o veneno. Usamos Valeriana e a Vagem Soporífera em formato pastoso e em pouca quantidade”.

“Podemos diminuir a acidez desses produtos com uma…” Rose saltou na direção de sua bancada.

Ganesha ergueu o livro e olhou para o irmão. “E elas falam de nós”

♦♥♣♠

Ouvíamos o grito da torcida, enquanto esperávamos o treinador para falar conosco antes do jogo. Já estávamos há uns três meses no Puddlemere, time europeu que nós convidou a entrar tão logo saímos do último jogo. Eu e a Scorpius fomos selecionados. Sempre nos empenhamos bastante nos jogos. Não queria seguir o caminho da minha família, mas minha mãe disse que seria bom começar com algo que tinha pratica enquanto tentava batalhar por um lugar no Ministério como Desfazedor de Feitiços.

Scorpius estava apoiado com as costas contra a parede, o pé apoiado no joelho e usando a perna para escrever. Era interessante ver o quão rápido a carreira de escritor e artista (nas horas vagas) que Scorpius alcançou. Nós éramos o que o Profeta Diário disse: os jovens prodígios, mas questionavam se isso não vinha dos genes. Detestava isso. Eu não era meu pai, Scorpius não era o dele, e as meninas não eram uma cópia dos pais. E faríamos o Profeta Diário engolir suas palavras.

“Ei, vocês dois”. Dylan sentou-se a nossa frente, e Scorpius apenas ergueu o olhar pra ele, antes de voltar a escrever “Como podem parecer tão calmos? Esse é um grande jogo, e ouvi dizer que vão se casar amanhã”.

Com a menção do casamento, Scorpius ergueu o rosto e sorriu.

“É simples. Nossas noivas disseram: Se perderem esse jogo, não casamos” Scorpius fez como se fosse um comentário comum das duas (o que era).

E vimos Dylan abrir a boca. “E isso não os deixa mais preocupados?”

“Não!” Exclamei como se estivesse ofendido só de pensar nisso. “Só significa que nós VAMOS vencer hoje. Moleza” pisquei para Dylan como se contasse um segredo “Nós somos conhecidos por não desistir fácil.”

Scorpius finalizou algo no papel e passou para que eu lesse. Aparentemente tinha virado revisor dos textos dele(o que era difícil, pois eu que não era um leitor assíduo sempre lia e queria mais). Tão logo nosso Natal fugitivo, Libusee insistiu para que Scorpius investisse na tinha lançado uma coletânea chamada ‘A evolução do amor’. Ele fez algumas pequenas alterações no começo da narração do seu diário e entregou todos os outros para uma editora, que ficou maravilhada e decidiu investir na carreira dele. Agora ele era como uma celebridade. Mas não importava para nenhum de nós quatro. Tudo que tínhamos em mente era, que no dia seguinte, finalmente viveríamos uma vida de casados.

♦♥♣♠

Estava em frente ao espelho terminando de arrumar o cabelo. Ninguém estava acreditando que íamos mesmo fazer isso. Ninguém entenderia. Nem o porquê da escolha do estilo do casamento, nem por ser duplo. Não teríamos um mestre cerimonial. Somente nossos pais, um entregando um casal a outro. E nós mesmos fazendo nossos discursos e nos comprometendo um com o outro. Sei que Albus não preparou nada, mas que iria me emocionar de qualquer forma. Eu já tinha minhas palavras de cor e salteado. Libusee chorou alguns momentos antes de se arrumar porque Scorpius fez um pré-discurso somente para ela. Esses dois foram sempre tão misteriosos em seus encontros que imaginei que eles não iriam revelar nada em frente a todos.

Quando falamos sobre o casamento duplo, nossos pais surtaram, não porque não queriam, mas cada um tinha a ideia do casamento perfeito. Mas tudo para nós fazia sentido: quando tudo começou, eu só tinha contato com Albus, então veio Scorpius e no inicio o detestei. Eu comecei a disputar com ele sobre tudo, e com o tempo as disputas se tornaram mais saudáveis, e a amizade venceu o ciúmes. Então teve Libusee. Ela era isolada de todos. Mas quando nos conhecemos, tudo mudou. Em sete anos, numero quase igual ao que conhecemos nossa família, mas somos muito mais ligados uns aos outros.

Estava pensativa diante do espelho, e devia estar aparentando isso, pois Libusee ergueu-se e parou ao meu lado. Ela ajudou a prender mais uma parte do meu cabelo e percebi que ela estava linda já completamente arrumada. Noivas sempre são lindas. Quando ela terminou de mexer no meu cabelo, eu me senti cuidada e protegida. Nossos olhos se encontraram e ela passou a mão pela minha cintura, me abraçando por trás, e apoiando o queixo no meu ombro. Nós nos olhamos através do espelho e sorrimos.

“Ainda dá tempo de fugir. Podemos sempre voltar para aquele Club de mulheres"

Se eu não conhecesse Libusee acreditaria que ela estava falando a sério. O problema é que às vezes ela nem mudava sua feição quando dizia coisas como essas (especialmente se Scorpius não estava presente). Sorri para seu reflexo.

“Maldita seja minha avó que nós levou lá…. Só agora"

Libusee concordou e me fez cócegas, tirando umas boas risadas. Agora ela ria também.

"É... trouxas têm umas diversões bem interessantes"

Virei meu corpo, ficando de frente a ela, coloquei os braços na cintura e dei uma batida no chão com meu pé.

"Lib comporte-se você vai casar em alguns minutos. Foco."

A amiga começou a rir e balançou a cabeça. Ela deslizou pelo quarto como se estivesse dançando.

“Será que existe uma versão para homens?” Libusee requebrou o quadril de forma que se não existisse, com certeza ela acabou de inventar um “Eu poderia aprender algo e, quem sabe…”

E a perdi para seus pensamentos enquanto ela dançava sozinha pelo quarto, por vezes me girando em sua dança. Quando nossas mães entraram no quarto, estávamos no chão depois de tanto rir e com todas as flores e detalhes do casamento jogados para todo lado. Libusee deu de ombros e se jogou contra as penas que detonamos dos travesseiros (numa rápida guerra com eles)

“Um casamento é felicidade, não tem por que se estressar”

♦♥♣♠

Nós fomos convidados para o nascimento do primeiro filho de James e Lin. Eles casaram um pouco antes, quando estávamos no meio de nosso sexto ano. E um mês depois quando voltaram, Daphne e Charles casaram. Foi uma sequência de casamentos muito bonitos e fomos dispensados das aulas para a cerimônia, até porque nós fomos padrinhos de ambos os casais. E agora aqui estávamos, para que Rose e Albus conheçam seu afilhado. E nós recebemos a notícia de que eles queriam ter uma menina que seria nossa afilhada.

Lin estava no leito do hospital com um pequeno pacote nos braços. James super protetor a rodeava e quando chegamos, ele olhou feio para a porta. Quando o questionamos disse se tratar dos enfermeiros que estavam fazendo barulho demais para seu pequeno Harry.

Quando ele disse o nome da criança, Libusee apertou meu braço. Ela encostou o rosto contra meu ombro.

"Que bela homenagem ao seu pai. Harry II." Ela concluiu para James.

"Não, nos queremos homenagear meu pai e colocar um nome chinês nele também. Afinal ele tem os belos olhos puxados da mãe"

"Ele se chamará Harry Tao Potter" Lin sorriu.

E o silêncio reinou.

"É um belo nome... e pensa em homenagear sua mãe também num futuro próximo? "

"Com certeza".

Ficamos um pouco paparicando o bebê que veio no colo de todos e sorria com seu jeito banguela de ser. Vi o olhar carinhoso de Libusee e senti que inchava por dentro. Queria que ela olhasse assim para um pequeno nosso. Depois de um tempo deixamos a sala e fomos beber chá na cafeteria que tinha ao final da rua. Sempre parados por alguns fãs no meio do caminho. Quando finalmente estávamos sozinhos, Albus finalmente soltou a bomba.

“Por favor, não me deixe escolher um nome como esse para nosso filho” Albus resmungou. “É que é… tão…”

Rose beliscou Albus “Quieto, se seu irmão souber vai ficar chateado.”

“Ele também é seu cunhado” Albus não ia dar o braço a torcer.

“Nessas horas, ele é apenas da sua família Albus” Libusee se intrometeu na conversa, e depois virou para mim “Vamos escolher bons nomes”

“Quem sabe? Escritores podem inventar e viajar muito sabe…” Brinquei com ela e dei um beijo estalado em seus lábios.

Libusee apenas se ajeitou para ficar entre meus braços, mesmo ficando sentada de um jeito estranho, era como se não pudéssemos ficar longe um do outro muito tempo. Então ela ergueu-se até ficar próximo ao meu ouvido e sussurrou roucamente.

"Quero praticar muito até ter um pequeno. Mas também quero um. Quero um para encher de mimos e carinho. E depois outro, outro e mais outro..."

Senti um arrepio no corpo. Olhei-a e pisquei aturdida.

"Vamos começar a praticar assim que chegarmos em casa."

E Libusee riu divertida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poemas ou Travessuras?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.