Will observava enquanto Thalia ia embora. Sabia que agora que Nico Di Angelo estava em seu caminho, conquista-la ficaria mais difícil. Ela ter vindo pedir desculpas provava o quanto, apesar daquela teimosia, ela podia ser gentil e justa. Era a garota pela qual ele estava apaixonado. O típico caso do melhor amigo. O que Will não sabia, era que Afrodite tinha outros planos para ela, no qual ele não estava envolvido.

...

Nico atendeu a porta.

—Olá. O que faz aqui?- perguntou surpreso.

—Temos um encontro. Ou será que desistiu? - Thalia ergueu a sobrancelha.

—Não, eu lembro perfeitamente. -respondeu prontamente. - Só estou surpreso que tenha vindo buscar-me. Quem faz isso geralmente é o homem.

—Ora! Pois deixe de ser machista. Se fui eu que o convidei, é justo que venha buscá-lo também. - ela cruzou os braços, decidida. - Está pronto?

—Na verdade, não. Estou terminando de ajeitar algumas coisas. - ele escancarou a porta. -Entre.

Thalia sentou na cama e olhou ao redor.

—Esse lugar, é tão...normal. -disse.

—Você esperava algo diferente? - ele colocou um caderno dentro do armário.

—Talvez uma fumaça densa e negra no chão, aranhas saindo dos olhos de crânios e ossos incrustados nas parede cobertas de sangue com grades e prisioneiros. Mas definitivamente, crânios.

Ele riu. Ela era tão divertida.

—Realmente lamento por não ser sombrio o bastante para você. - ele se desculpou. 

—O que eu podia esperar? Você é filho de Hades, não tem absolutamente nada a ver com sombras e escuridão. - ela deu de ombros.

Nico dirigia em direção a Nova York. Thalia o guiou até uma pizzaria pequena, no Queens. Os dois sentaram em uma mesa no canto e um garoto magro e ruivo veio atende-los.

—Hey Morgan. - Thalia cumprimentou. - Este é o Nico.

—Olá Thalia, hey Nico. - ele ajeitou os óculos grandes demais para o rosto. - O que vai ser hoje?

—A de sempre. - ela respondeu. - Nico tem que provar o tempero do Jim.

Morgan saiu e ela virou-se para Nico. Ele perguntou.

—Então, qual é o plano? - estava curioso.

Um encontro com Thalia Grace. Nico sentia um frio na barriga que a muito tempo não tinha. As mãos não paravam quietas e os olhos queriam sair dela. 

—Você não irá saber o plano. Por enquanto, contente-se em apenas comer sua pizza. -ela disse, maliciosa. Iria jogar esse jogo.

—E apreciar sua companhia?

—Eu ia dizer isso, mas me pareceu muito presunçoso. - Thalia tomou sua bebida.

—Talvez você que seja muito modesta. - ele justificou. - As pessoas precisam ter auto estima elevada.

—Gostar de comer e estar feliz pela minha existência contam como formas de auto estima elevada? - ela disse depois de pensar.

Thalia sempre tinha uma resposta na ponta da língua. Estava sempre pronta para algo, ainda que não soubesse bem para o que.

—Creio que estão no grupo das dez mais. - ele deu de ombros. -Então, me diga onde estamos.

—Uma pizzaria? - indagou.

—Tinha uma forte suspeita que fosse, obrigada por esclarecer. - disse Nico. Porque ela tinha que ser assim? Quase parecia que ela tentava ser encantadora a todo momento.

—De nada. - sorriu. - Conheço esse lugar a algum tempo. É familiar ou algo assim. É tranquilo e está sempre dando algo interessante na tv, e quando não está, eu peço a pizza grande. Além de ser a melhor pizza da cidade.

—Desejo veemente que esteja certa.

Enquanto esperavam, os dois conversavam. Thalia percebera que Nico era mais divertido do que ela imaginara. Ele contava sobre os lugares que tinha ido através das sombras e do que tinha visto. Suas histórias eram tão interessantes que ela não tinha vontade de parar de ouvi-lo. A voz era suave, mas firme. O jeito que ele falava deixava difícil saber qual era sua próxima frase, e ela adorava isso. Adorava como ela podia ser, até mesmo em palavras, encantador e imprevisível.

Ao saírem da pizzaria, que acabara de se tornar a favorita de Nico, Thalia guiou-o até um parque. Andaram até certo ponto pela trilha, e então ela disse que seguiriam em meio as árvores. Ela estendeu a mão e Nico a segurou de bom grado. Seguiram por mais algum tempo até ela o mandou fechar os olhos e tomar cuidado. Pararam onde Nico sentiu que estava pisando em alguma formação rochosa. Ela disse para abrir os olhos.

—Uau, pedras. - Ele tentou parecer impressionado.

—Não. - ela revirou os olhos.- Vire-se.

Nico observou o pequeno lago a sua frente, ou mais precisamente, abaixo deles. Os dois estavam em cima do que parecia uma pequena caverna de rochas de frente a pequena lagoa. De lá, conseguia-se ver acima das árvores mas ainda enxergar os prédios entorno do parque. Era um lugar bastante bonito.

—Admito, conseguiu me surpreender senhorita. - ele disse.

—Eu sei. - ela sorriu enquanto sentava e se encostava nas rochas. - Pouca gente vem aqui, tem medo de serem pegos.

—E isso quer dizer que nós seremos?

—Não me diga que está com medo, Di Angelo. - ela provocou.

—Não estou. Foi apenas um pensamento. - ele perguntou de repente. - No que está pensando?

—Que nunca trouxe alguém aqui. - ela suspirou.

—Deveria me sentir especial?

—Talvez.

—Deveria tornar essa lembrança especial? - ele disse em tom baixo.

—Já está se tornando. - ela deu um sorriso tímido.

Nico percebera o quão inteligente e engraçada Thalia era atrás de toda aquela personalidade forte e durona. Ficou ainda mais encantado. Quando voltaram ao acampamento, sentaram na frente da porta dela e continuaram a conversar. 

—Acho melhor deixa-lá. Está tarde e você dá aula para as caçadoras mais tarde, precisa dormir.

—Tem razão. - Thalia respondeu alongando os braços. - Acredito que me desculpei em grande estilo.

—Foi uma noite maravilhosa, senhorita. Eu ainda não estou pronto para deixa-la dormir, mas sinto que o dever a chama. 

Nico foi sincero. Ainda não estava pronto para deixar sua companhia. Colocou o a mão em seu rosto, acariciando-a com o indicador, encarando os olhos azuis penetrantes. Moveu uma mecha do cabelo comprido atrás de sua orelha.

—Boa noite. - ele sussurrou em sua orelha.

—Boa no...