War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 4
Capítulo 3 - Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Não sei como o pessoal costuma pronunciar o nome Akira, eu o coloquei como se fosse Ákira, mas fiquem a vontade :D

Boa leitura!!!



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~ Capítulo 3 – Pesadelo ~

Akira

 

Oito anos haviam se passado desde a mudança dos Rysers de uma cidade ao Leste de Parlahir para Déviron Garden. Aquele local que foi abominado por todos após o incidente de 1988, passou a ser visto com outros olhos pelos habitantes locais. Pouco a pouco, novas famílias instalavam suas moradias próximas do antigo campo de escavações e ruas eram criadas onde antes passavam apenas estradas de terra.

Apesar dos seus atuais dezesseis anos, Witc ainda frequentava o parquinho onde costumava brincar com seus amigos, e novamente aquela mesma banda de rock fazia sua apresentação na praça da igreja. Sempre na mesma data e no mesmo local, uma vez por ano eles apareciam ali, sem que ninguém soubesse como eram transportadas as estruturas para o show, como os membros do grupo chegavam, ou como eles montavam tudo tão rápido, mas principalmente como eles iam embora misteriosamente.

Alguns paravam para apreciar a música que eles tocavam como se estivessem hipnotizados e outros simplesmente olhavam, mas continuavam seu trajeto normalmente, como os filhos Witc, Lina e Ayurik.

Os shows a cada ano reuniam mais gente, mais fãs e os garotos ficavam cada vez mais intrigados com isso. Até que em uma noite de céu claro, as estrelas brilhavam fortes, e uma luz leve, porém encantadora, atravessava o vidro da janela em frente à cama do quarto de Witc. Ao deitar-se, o garoto teve uma leve impressão de ter visto alguém o espiando pela janela. O vulto se assemelhava a imagem de uma mulher. Possuía uma parte do cabelo sombrio como a escuridão da noite, as pontas eram de cor vermelha escarlate e sua pele era clara, mas ele não tinha certeza de fato sobre o que viu, pois as cortinas ao lado da vidraça faziam sombra e acabaram atenuando as formas do alvo observado, então, ele voltou a repousar a cabeça sobre o travesseiro.

Alguns minutos foram o suficiente para que o menino adormecesse, e para a chegada de Akira e Tobby, dois demônios. Sombriamente eles surgem ao redor da cama, um de cada lado.

***

Sob um céu negro e sem estrelas, Witc viu-se em um cenário de destruição. Correndo por ruas largas, porém, com vários buracos, e placas de asfalto que se elevavam e se sobrepunham entre si. Os prédios de pequeno e médio porte de ambos os lados estavam em ruínas, e alguns eram consumidos por chamas.

Que lugar é este? Como cheguei aqui? Por que aqueles zumbis estão correndo atrás de mim? Pensou Witc quando parou por um instante e apoiou as mãos sobre os joelhos a fim de normalizar a respiração.

Após recuperar algum folego, ele seguiu o mais rápido que pôde para um hospital que avistou a uma quadra de onde estava. No entanto, mais zumbis saiam pelas janelas frontais, laterais e pela porta. Logo, se viu cercado e com poucas rotas de fuga.

Então, ele ouviu uma voz o chamar. Era semelhante a que ouvira outrora, quando encontrou a tumba. Vinha de um edifício de três andares na esquina em frente ao hospital, e apesar de parecer loucura correr para próximo de grupo de seres prestes a ataca-lo, o garoto entrou no prédio e bloqueou a entrada com estantes e sofás que encontrou no cômodo.

— Droga! Aquela barreira não irá segurá-los por muito tempo. – Sussurrou enquanto subia as escadas para o andar seguinte.

Libere a luz! Libere a Luz! Ele não sabia quem estava ali, mas a voz repetia várias vezes. Você tem que liberar a luz!

Ao se aproximar da borda das escadarias, Witc olhou para baixo e percebeu que aquelas criaturas já haviam entrado no prédio, ele não poderia mais voltar. Então subiu até a cobertura. O desespero o tomou; talvez houvesse centenas de monstros em volta do prédio, e a voz cada vez mais agressiva insistia. Libere a luz! Libere! Libere! Witc virou o rosto para trás quando ouviu um barulho estranho, mas seu pé derrapou do concreto, e como um ato instintivo, ele estendeu a mão esquerda e uma forte luz brilhou.

Ao acordar, ainda com a visão turva, Witc notou duas pessoas cambalearem próximas a sua cama e sumirem logo em seguida. Coçou os olhos com o braço, e ainda surpreso com o que viu, permaneceu acordado durante alguns minutos, mas foi vencido pelo sono e rapidamente adormeceu.

***

O submundo, um local sombrio, onde as cores eram reduzidas a diferentes tons que oscilavam entre o branco e preto de uma escala cinza, também era o lugar das criaturas mais tenebrosas para seres da superfície: Homens que assumiam a forma de feras, monstros com asas, espíritos malignos e os tão temidos demônios.

Após a tentativa falha de assassinato, os dois demônios retornaram ao castelo de seu líder. A imensa estrutura erguida no Vale das Sombras era cercada por quatro grandes montanhas a centenas de quilômetros, que delimitavam o limite do território e o poderio da região sobre as demais. Ainda sim, o Vale das Sombras era o maior entre todos.

Já dentro do castelo, eles foram até a sala principal. A área era sustentada por pilares com mais de seis metros de altura e um de diâmetro. As paredes, cheias de formas simétricas esculpidas em um material rígido e escuro, possuíam também inúmeras janelas circulares nas partes mais altas. Sobre o piso brilhante, desenhos de criaturas do Vale.

Ali, curvada em respeito, Akira repassa seu relatório da missão. – Senhor lorde, infelizmente falhamos em nossa tentativa de... – Ela foi interrompida.

Sentado em seu trono feito com os ossos do dragão das trevas e tentando entender o motivo da falha, Ádrian bradou. – Como isso foi acontecer... – Seus questionamentos são interrompidos pela jovem a sua frente.

— Senhor, aparentemente...

— Cale-se! Não me interrompa quando eu estiver falando. – Aquele semblante de ódio impôs medo em Akira, que respondeu com um Sim senhor. Logo em seguida, uma risada discreta e aguda foi ouvida ao seu lado. Tobby, um ser franzino, com pouco mais de um metro de altura, de pernas curtas e braços quase tão longos quanto o próprio corpo, possuía orelhas pontudas, e pertencia à classe mais simples de demônio.

O lorde olhou para ele e sorriu sarcasticamente. – Você acha isso engraçado? – Porém, ele não respondeu. Então, o lorde indagou novamente. Desta, com ar mais agressivo. – Quero saber se você acha isso engraçado.

— É... É. Sim? – Respondeu Tobby gaguejando.

O Lorde voltou a sorrir e encarou Akira.

Ainda bem que foi só isso e está falando com ela. Pensou o pequeno ao por a mão sobre o peito.

— Akira, você acha isso engraçado?

— Não senhor. – Ela respondeu de cabeça baixa e ainda curvada.

— Pois bem... Isso sim é engraçado. – Fechou o sorriso, observou Tobby novamente, levantou a sobrancelha esquerda, apontou em sua direção e o fez flutuar apenas movendo o dedo indicador alguns poucos centímetros acima.

— Meu senhor, meu senhor... Não foi minha culpa. E não era engraçado. Perdoe-me, por favor, por favor. – Tobby começou a implorar de todas as maneiras que podia. – Senhor lorde, por favor, por favor...

— Coisas inúteis servem para isso... – O jogou contra um dos pilares.

— Lorde... – Akira levanta-se bruscamente e tenta falar em prol de Tobby, mas é interrompida pelo olhar negativo de Ádrian.

— Não! Senhor... – De repente começam a surgir ondas em volta de Tobby. A primeira em torno de seu tronco, a segunda sobre a cabeça, depois pernas e braços. Uma após a outra, até que ele estava envolto de uma esfera de luz vermelha. O globo foi se fechando e queimando cada parte do corpo dele. De fora se ouviam muitos gritos.

— Ah! Não! Não! Não! Não!...

— Cale-se. – Com uma piscada, o lorde fez a esfera se fechar, explodindo o demônio em diversos pedaços e jorrando sangue por toda a sala.

— Agora quero que me conte o que realmente aconteceu. Como vocês não conseguiram aniquilar aquele herdeiro? Minha ordem não foi clara?

***

Algumas horas antes

— Esse que é o herdeiro? Não parece ser grande coisa.

— Não julgue o livro pela capa, as aparências enganam Tobby. – Comentou Akira.

— Ah! Fala sério, esse realmente é o garoto de quem o mestre falou? – Ouvem-se risadas. - Está certo. Quando vamos destruir nosso verdadeiro inimigo?

— Cale-se imbecil! Acabe logo com isso.

A ordem do líder foi clara e objetiva. Ele queria Witc fora do caminho. No entanto, matá-lo não seria tão simples. Protegido com um escudo mágico, apenas uma magia mais forte poderia atravessar essa proteção.

Tobby ativou seu poder. – Garras demoníacas! Sinto muito por isso, jovem. – Ironizou – Mentira! Há há há. Morra! – Imediatamente uma forte luz brilha em volta de Witc, jogando Tobby contra a parede.

— Ai! – Gritou.

— Inútil. Você não consegue atravessar essa barreira?

— Acredito que seja uma barreira de nível seis ou sete. Nem mesmo você poderá quebra-la, Akira. – Apesar de ser novo no exercito, sua classe se assemelhava aos magos, que se deleitam com livros e mais livros na busca de conhecimento, e isso dava um diferencial ao pequeno demônio.

— Cale-se! – Ela sussurrou. Akira se aproximou do escudo de luz e tentou tocá-lo, mas foi jogada contra a parede, ao lado de Tobby, com grande impulso.

Como isso foi possível? Eu não consegui nem mesmo tocá-lo?— Ela notou que o garoto acabara de levantar a cabeça e forçava a visão, tentando enxergar o que estava a sua frente. – Vamos! Temos que avisar ao senhor lorde sobre o nível desse feitiço.

Tendo fracassado nesse ataque, eles fugiram do local em forma de sombras, mas com ar de retorno e vingança. Essa não seria a última tentativa de aniquilar um dos jovens bruxos, muitas ainda estavam por vir.

***

— Então, foi isso? – O lorde parecia pensativo.

— Ele possuía um escudo de luz feito por um feitiço de alto nível. Tobby dominava apenas o nível dois e minha magia ainda é nível quatro. – Respondeu Akira.

— Interessante. – Mais uma vez ele sorriu. – Interessante. – Levantou-se de seu trono e se aproximou dela. – Não se esqueça de que você depende de mim, minha cara Akira. Uma moça tão linda como você não deveria falhar. Seria um desperdício se algo acontecesse a esse rostinho. – Agarrou-a pelo queixo e mirou em seus olhos. – Acho que Aquiles concordaria comigo. – Gargalhou.

— Solte-me. Seu imundo. Não permito que me toque.

Ele gargalhou novamente. – Você me diverte, Akira. Depois quero que limpe isso tudo. Não quero meu castelo com esse... – Passa o dedo sobre o apoio de seu trono onde estava melado de sangue e coloca na boca logo em seguida. – Hum! Gostinho excêntrico. Poderia ter feito chouriço.

— Eu não vou limpar nada para você. Esse não é o meu trabalho. – Gritou ao se impor contra Ádrian.

— Cale-se sua insolente. – Desferiu uma tapa em seu rosto. – Já falei que você não pode fazer nada contra mim. Agora limpe isso.

O lorde deixou a sala logo em seguida e Akira permaneceu para limpar a sujeira. Caída no chão, aos poucos se viu lágrimas descerem de seus olhos. – Me Perdoem.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Um "Don" de uma mãe
Até breve!!!