War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 25
Capítulo 22 – Emboscada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!!



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~ Capítulo 22 – Emboscada ~

 

A medida que o tempo avançara sobre o cronômetro regressivo para a primeira aparição da esfera mágica em mil anos, as criaturas do submundo se agitavam em ritmo acelerado, de maneira mais agressiva, almejando vê-la novamente.

Em Déviron Garden, despreocupada com o perigo que a cercava durante todas as suas visitas à igreja, Zoe, em mais uma de suas idas se tornou vítima do destino e chave para o imprevisível.

— Ei! Humana! – Sussurrou a Senhora da Dor, por atrás da aparência de uma mulher de longos cabelos violetas, bem acomodada dentro de seu espartilho e uma calça de cor escura.

Em poucos segundos uma fina agulha fora lançada contra o pescoço da dona Fahir, fazendo-a desmaiar pelo efeito do tranquilizante. A rua estava deserta nesse momento, não havia nenhuma testemunha viva para ajuda-la. E assim, ela foi levada para o altar do sacrifício.

Ao despertar, amarrada a duas grandes rochas e cercada por criaturas assombradoras, algumas com chifres, outras com inúmeras patas e até mesmo algumas sem olhos, mas de tamanho colossal, Zoe se viu em agonia. Entre eles, o lorde do Vale das Sombras e a Senhora da Dor.

— Então, ela será nosso sacrifício? – Indagou Ádrian.

— Sim, o humano de grande fé do qual pediste está aqui. Durante os últimos 8 anos ela tem orado ao seu deus incansavelmente todos os dias do ano. – Respondeu a ex-bruxa.

— Ótimo!

— Quem são vocês? O que querem comigo? Como sabem isso de mim? Não poderiam saber que vou sempre à igreja se não... Espera um pouco, conheço você... É o padre que encontrei com minha irmã, meu Deus,me ajude.

— Isso mesmo, peça ajuda a ele, pois vai precisar.

— Talvez não tenha me visto ainda, mas com certeza já ouviu falar de mim... Ou de meu disfarce: Sou a vocalista da banda que amedrontou tantas crianças e fanáticos religiosos nos últimos 8 anos em Déviron Garden. Durante esse tempo estivemos em busca do perfeito sacrifício, e o local ideal para encontra-lo não poderia ser outro.

 - Seres das trevas, Deus não perdoará vocês.

— Sem mais ladainhas. Senhora da Dor e demais criaturas aqui presentes, declaro iniciado o ritual! – Bradou Ádrian.

Os saltos dos pequenos diabretes sobre os tambores diziam o ritmo para palavras cantadas.

Vitae, mortem, vitae et mortem...

Vitae, mortem, vitae et mortem...

Vitae, mortem, vitae et mortem...

Todos gritavam em coro, andando sobre as arestas do pentagrama em volta de Zoe, invocado pela Senhora da Dor. As fumaças de cor violeta que brotavam do chão, aos poucos iam envolvendo, como galhos de trepadeiras, o corpo da senhora presa em seu centro, causando-lhe grande dor.

A medida que o ritual avançava, o número de criaturas em volta do círculo aumentava, assim como a euforia dos que já participavam.

Sacrificium essentiam magia

Clavis ad ostia Ditis

Claves ad vitae et mortem

Lady ad nocte et suprema reginae

Dominus de fabulosus magicis et creator autem sexto sensu

Accipite haec sacra et chaos expansum tres tribus mundi!

As palavras pronunciadas pelo demônio cessaram com o forte brilho vindo de Zoe. Tudo parecia ter saído como planejado: Dispersas pelo ar, apenas partículas de magia vagavam pelo ambiente e, entre as rochas, o portal para a superfície, a passagem que ligaria os seres do Vale das Sombras ao mundo exterior, dando-lhes poder e liberdade para além do submundo. Déviron Garden logo presenciaria algo jamais visto, porém, não só ela.

Aleatoriamente, diversos portais foram surgindo um após o outro e engolindo quem estivesse próximo, levando-os a outra região do planeta ou dimensão.

— Isso não deveria estar acontecendo, humanos não carregam poder suficiente para abrir múltiplos portais. O que aquela mulher era? – Berrou Ádrian irritado.

***

A noite em Seiland passou rapidamente. A agitação no castelo havia diminuído e Joana capturada. Lina não teria muito tempo. No entanto, a filha do rei passou de grande surpresa para orientadora de fuga. Graças a Mel, não se depararam com os guardas. Seu objetivo se concentrava somente em salva-los e unir-se ao grupo da garota da superfície.

Após as histórias contadas, Augusto tratou de Shawn através de seu dom. Ao mirar seus olhos no corpo do homem próximo a Lina, ele os usou como um aparelho de raios-X. Diferente de humanos normais, aqueles glóbulos oculares conseguiam captar comprimentos de ondas eletromagnéticas maiores e menores que o espectro visível. Dessa forma, o mago da cura podia analisar o corpo de um paciente melhor do que qualquer médico no mundo.

Em seguida, o fizera produzir uma quantidade maior de endorfina e dopamina em seu organismo. Dessa forma, pôde aumentar sua disposição física e resistência ao passo que possíveis dores foram amenizadas. Todavia, Shawn não poderia exagerar, pois haviam efeitos colaterais.

— Vamos por aqui. – A filha de Neptulon rapidamente os guiou pelo corredor que passava em frente à cela e os levou até um portão a algumas dezenas de metros de onde estavam. Do outro lado, havia uma espécie de pátio com desenhos em seu piso e uma escada do lado esquerdo, que partia do centro da sala, e que eles poderiam usar para subir ao próximo andar. No entanto, ela possuía duas direções em seu ápice: A da direita os levaria à sala de Neptulon e a da esquerda, até a base dos soldados. A frente deles, uma porta cinza que Mel não sabia aonde daria. 

— Para onde vamos? Escadas ou seguimos até aquela porta?

— Calma, filha. Deixe ela nos dizer. – Shawn sussurrou.

— Tudo bem. Vamos pelas... – Os gritos dos soldados estavam cada vez mais próximos. – Vamos subir pelas escadas e depois seguimos pela direita.

— Certo! – Responderam.

— Parados aí! – Uma voz gritou em tom ameaçador.

— Eles não podem nos alcançar. Se precisar, queimarei todos. –Mas se cada um me desse um sorvete de baunilha, os perdoaria por serem tão malvados. Pensou Lina e riu disfarçadamente.

***

Dentro da mente de Mylla

— Aonde Don foi? E por que ela ainda não acordou, senhor Wechar? – Indagou Witc enquanto estava parado vizinho ao corpo da jovem.

— Talvez esteja esperando o beijo do seu príncipe encantado. – Ayurik sussurrou em seu ouvido. – E Don pode está procurando leite pela ilha.  Lagarto estranho. – Murmurou e fez careta em seguida.

— Será?

— Sou irmão dela, e isso seria incesto. Eco! E ele é muito velho – Mirou o olhar para o druida sentado sobre algumas pedras e a jogar conversa fora com borboletas que voavam a sua volta. – Sem ofensas.

— Não me ofendi. – Sorriu.

Voltou a encarar seu amigo. – Você é o único que pode tentar.

Ele aproximou-se de Mylla, afastou os cabelos de seu rosto e aconchegou-se lentamente ao seu lado. – Você é tão linda... Amo seu doce perfume – Moveu o nariz de forma a tocar seu pescoço. – Mylla... Quer casar comigo? – Ele podia sentir o calor de seus lábios aproximarem-se dos dela...

De volta à realidade

Sim, aceito, aceito, aceito..

— Mylla! Ei, acorda! Estava no mundo da Lua outra vez? O que você aceita? – Perguntou Ayurik curioso.

Rosada, ela franziu a boca e virou o rosto para o outro lado na tentativa de disfarçar o sonho que acabara de ter.

— Estamos indo para a praia. O senhor Wechar falou que Don pode ter fugido para lá ou algum local próximo ao litoral. Witc já arrumou as mochilas. Vamos.

— Seu inconveniente. – Resmungou baixinho.

***

Seguindo pela direita e atravessando a porta no final do corredor, pareciam ter despistado os guardas que os perseguiam. Mais uma sala e logo chegariam ao objetivo de Mel.

— Parados! – berraram sete soldados que se aproximaram por um corredor antes da passagem.

— Você nos trouxe para uma armadilha? – Indagou Lina.

— Não se preocupe, filha. Transportar.  – Shawn retirou todas as armaduras e armas, uma a uma ao toca-las, e as transportou para as proximidades das paredes com o estralar de dedos. – Tenham um bom dia, cavalheiros! – Sorriu e seguiram, atravessando entre eles.

— Então, seus poderes já estão voltando, senhor Ryser? – Questionou Augusto com curiosidade.

— Parece que sim.

Ligeiramente seguiram pelos corredores, antes iluminados apenas com algas fosforescentes, mas substituídas por esferas luminosas na medida que se aproximavam da parte principal do castelo, quando chegaram ao que seria a última passagem e notaram que ela era maior que as anteriores.

— Espero que não seja outra armadilha.

— Garanto que não será, Lina. – As duas se olharam por alguns segundos até que a pequena herdeira tomou a iniciativa e abriu a porta. Seus olhos paralisaram com o que ela viu.

Ao fundo da sala, um senhor de aparentemente dois metros de altura, forte e cabelos longos e azuis, como os de Mel, surgiu. Em sua armadura prateada, com ombreiras douradas, o rosto assustado de Lina era refletido.

— Neptulon? – Augusto pronunciou lentamente.

— Bom trabalho, filha. Guardas, venham. – Acenou com a mão como se estivesse a chamar alguém escondido atrás de suas costas. Drasticamente, os quatro foram cercados e Mel retornou para o lado de seu pai.  

***

— E se não o encontrarmos até a noite? – Witc sentou-se sobre uma pedra. Repetidas vezes passou a mão entre seus fios de cabelo negro em agonia.

— Nós vamos encontra-lo, relaxa cara. – Ayurik tocou suas costas com a intenção de acalmar seu amigo.

— Eles levaram o Don, eu sei. Mas... Irei salva-lo. – Seus olhos piscaram, e rapidamente sua postura mudou. Sua expressão de angustia fora substituída por seriedade.  

— Witc! – Murmurou Mylla a observa-lo sem entender o que estava acontecendo.

Os ventos que corriam e movimentavam as águas do Mar com suas forças foram testemunhas do surgimento de um novo poder. Todos que se encontravam em volta do feiticeiro estavam a flutuar naquele momento. Sua habilidade acabara de evoluir de uma simples magia elementar para a telecinese, e assim como Mylla, que dominava ar e fogo, ele adquiriu controle sobre a água.

— Impressionante, garoto! – Wechar parecia espantado com o que via. O poder dos herdeiros aumentava rapidamente e, aos poucos, suas reais habilidades surgiam.

Ele levantou-se, devolveu seus amigos ao chão e subitamente pronunciou:

— Precisamos sair daqui e voltarmos à Parlahir... Papai deve saber para onde Don foi levado e como iremos recupera-lo.

— Vejo que os amuletos foram de extrema importância para todos, podem leva-los consigo. Guerreira de cabelos dourados, agora detentora dessa poderosa espada em sua cintura, use todas as suas garras para domina-la juntamente com os bastões; aprendiz de mago, precisará de bastante perseverança, mas poderá alcançar um alto nível na magia elementar do tipo água e, jovem feiticeiro, não permita que sua habilidade de telecinese evolua alimentada por sentimentos negativos, ou poderá perder o controle de sua consciência. Siga seu coração e tudo ficará bem. – Murmurou ao fitar o olhar em Mylla.

Algumas horas depois notaram um barco navegando próximo a ilha e chamaram a atenção de seus tripulantes. Rapidamente chegaram à praia e ajudaram os três ali presentes; Wechar já havia deixado o local, a morte de Ippy o abalou profundamente. O druida precisaria de um tempo a sós para se recuperar. Então, logo partiram de volta ao continente, contudo, levaram no corpo as marcas de um combate que exigiu o sangue de um amigo como sacrifício, e embora Wechar não tenha permanecido para se despedir, de algum lugar da floresta, ele observava os garotos seguirem em direção a uma grande batalha, algo que não poderiam enfrentar sozinhos.


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Notas finais do capítulo

Tradução do feitiço:
Vida, morte, vida e morte...
Vida, morte, vida e morte...
Vida, morte, vida e morte...
A magia do sacrifício em sua essência
Chave para o portal do Submundo
Chave da vida e morte
Dama da noite e Rainha suprema
Detentora da magia lendária e criadora do sexto sentido
Aceite este sacrifício e espalhe o caos pelos três mundos!


Próximo capítulo: De volta a Parlahir

Até breve!!! :D