War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 24
Capítulo 21 – A Magia Através do Prisma


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! :D



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~ Capítulo 21 – A Magia Através do Prisma ~

 

Algumas horas após a batalha

— Onde... Estou? – Murmurou Tsifer ao acordar e notar as árvores a sua volta. – Ai! Que merda! – O sangue ainda escorria pelos ferimentos causados por Witc e Ayurik. – Me pegaram de jeito. – Observou seu corpo. – E ainda fui torturado com o veneno daquela maldita Senhora da Dor, é... Mas estou vivo. Acho que serviu para alguma coisa. – Ironizou ao levantar-se, dispor os cabelos bagunçados atrás das orelhas, deixando alguns fios escaparem entre seus dedos e limpar as vestimentas, sujas com folhas secas. – Preciso encontrar minhas adagas e a princesinha para darmos o fora daqui.

Entontecido com a escuridão daquela zona da floresta, ele andou até chegar ao campo onde suas armas estavam. Atravessou as gramíneas sem notar a presença dos jovens caídos próximos ao lago e adentrou novamente no bosque. Prosseguiu por mais alguns minutos e avistou uma cabana a poucos metros de onde parou para analisar sua posição e relembrar que Akira partira para outro local juntamente com Mylla. – Aonde ela foi? – Levantou uma das sobrancelhas, olhou para os lados em sua busca. – Espero que não tenha partido sem mim.

***

— Amigão? Amigão? – Sussurrava Don enquanto andava a procura de seus companheiros. De repente, um arbusto atrás do réptil balançou. – Ai meu Deus! Espero que seja o amigão. – Ele virou-se lentamente. O rosto de um coala o observava. Suas escamas ouriçaram. – Ah! – Berrou e pôs-se a correr o mais rápido que podia. Parou e sentou-se próximo a uma poça d’água, de onde um sapo saltara em sua frente, assustando o pequeno novamente. – Ai meu Deus! – Voltando a correr, ele se deparou com uma serpente que deslizava por entre os cipós acima de sua cabeça. – Ai meu Deus! Ai meu Deus! AMIGÃO! SOCORRO!

Cansado de fugir, Don conseguiu chegar à praia e se jogou sobre a areia ainda com a respiração ofegante. – Por que tudo é tão aterrorizante durante a noite? Eu nunca devia ter saído de perto da “gande” árvore. Mas aquela pantera me dá muito medo. Pensou.

***

— Ei! Princesinha, acorda. Não é hora para o sono de beleza. – Lentamente, Akira abriu os olhos, mas levantou-se de súbito.

— Cadê ela? Vou acabar com aquela garota. – Falou em tom agressivo.

— Ela já era – Entregou seu arco. – Agora precisamos sair desta ilha antes que o druida nos encontre.

— Você tem razão, temos que ir. – Consentiu com o balançar de cabeça. 

Eles cataram o apito em um dos bolsos e tocaram na intenção de chamar os grifos. Então partiram à praia.

***

— Aqueles pontinhos são bonitos daqui. Aposto que o amigão também iria gostar de ver. Olha Don, duas “estelas” cadentes, faça um pedido. Pensou. – Se ele estivesse aqui, diria isso. Acho que elas estão ficando maiores... Espera aí! – Esfregou os olhos com suas pequenas patas e levantou-se. – Estão vindo “pala” cá? Bichos de novo não! – Ao virar-se na tentativa de fugir, o réptil deparou-se com Akira e Tsifer.

— Olha o que encontramos, princesinha! – Mostrou um sorriso irônico ao pequeno.

— Já falei para não me chamar assim, seu imbecil. – Redarguiu.

— Esse não é aquele bichinho que o menino mandou correr?! – Indagou ao retirar uma de suas adagas do cós da calça e coçar as costas.

— Sim.

— Vamos leva-lo para o Lorde como troféu da nossa vitória. – Girou a arma com uma das mãos.

— Ele certamente irá adorar. E também será uma ótima cobaia assim como aqueles outros e... – Pareceu pensativa sobre algo. Disfarçou seu nervosismo. Parecia ter algo a esconder e não estava disposta a revela-la. – Pegue-o logo. Os grifos já chegaram.

— Não! Não! Não! Me solta. Meu amigão vai pegar vocês... – Foi interrompido.

— Ele está morto. – Bradou Tsifer entre gargalhadas.

Um sentimento desconhecido por Don tomou conta de sua mente. – Ele não pode está... Morto. Não o meu amigão. – Rapidamente lágrimas começaram a correr por seu rosto. – É mentira. Ele virá me salvar. AMIGÃO! – Berrou, entretanto, o silêncio encarregou-se de respondê-lo friamente.

Apesar de sua resistência, ele foi jogado dentro de um pequeno saco que havia no bolso da calça de Tsifer e levado para o submundo sem oferecer muito risco de fuga.

***

Em Seiland, a agonia de Lina em deixar o castelo de Neptulon o mais rápido possível e lidar com Mel a fazia travar. Contudo, sabia que deveria ajudar seu pai, ainda enfraquecido pelos tranquilizantes.

Amante do conhecimento e da origem da magia, Augusto planejara plantar uma nova semente na cabeça da jovem Ryser, transferindo sua atenção dos problemas em volta para a curiosidade. O mago notara outrora que Lina carregava um grande poder dentro de si, assim como uma grande responsabilidade. Para herdar o poder de um dos doze, uma situação extrema ou grandiosa deveria ter acontecido antes de seu nascimento, algo que a tornaria alvo de todo o mundo mágico, porém, não imaginava conhecer alguém com áurea violeta naquelas circunstancias.

— Jovem Lina, eu gostaria de lhe fazer algumas indagações. – Pronunciou o mago.

— Sim.

— Sei que sua fome por conhecimento é ligeiramente insaciável como a minha, mas acredito que não conheça a lenda dos dozes e a história da magia, ou saberia as dimensões dos problemas que carrega com suas chamas. Sabes que seu pai é um feiticeiro de alto nível? Sabes a relação da magia com a cor da áurea?

— Isso tudo é muito novo para mim, algumas coisas já ouvi por alto, Lídia me contou.

— Pois bem, se me permite, enquanto a senhorita Mel estiver conosco, ela poderá afastar os guardas, ordenando que partam para longe, caso apareçam, e eu poderei lhe contar como seu poder é influenciado diretamente pela cor de sua magia.

— E por que ela nos ajudaria?

— Há muito sobre minhas habilidades que você desconhece. Ela está do nosso lado, eu sei. – Disse ao olhar à moça ao seu lado e sorrir.

— Eba! Mais uma amiga para mim! – Comemorou Lídia.

— Pois bem, acredito que já tenha lido sobre a origem do nosso universo, então pularei essa parte...

— Eu não li! – Berrou a garota ruiva ao levantar a mão e, em seguida, tapar a boca como se tivesse dito algo de errado. 

— Depois conversaremos sobre isso, mocinha. O que sua mãe anda fazendo? – Augusto murmurou em brincadeira. – Prosseguindo, há alguns milênios atrás nasciam as ciências, cada qual a procura do ponto zero da história e, assim como seu pai, haviam muitos feiticeiros, bruxos e magos poderosos nessa época, na verdade, pessoas como ele não eram nem mesmo os mais fortes. Existiam doze seres, que juntos, possuíam poderes suficientes para destruírem o planeta. Entre eles, os dois grandes reis: o War Angel, dominando o lado Ocidental, e Nefise, dominando o lado Oriental, ambos com o maior poder já visto, classificado como nível 10 ou magia lendária.

— E os outros 10? O que isso tem a ver com meu pai? – Questionou Lina, sentada ao lado de Shawn e bastante atenta.

— Calma, como falei antes, há uma relação entre seu poder e a cor dele. Tendo os dois grandes reis como limite, os magos da época criaram uma escala de magia: Os níveis 1 e 2 abrangiam a todos. Tudo que fosse composto por matéria, teria magia e, de seus corpos uma áurea translúcida seria emitida. Os níveis 3 e 4, mais restrito, já exigia um pouco de conhecimento ou, no mínimo, talento. Os seres desse nível possuíam áureas de cor verde, eram os amigos da natureza, pois não afetavam o meio onde viviam. Os níveis 5 e 6 eram mais facilmente encontrados entre os guerreiros, capazes de criar e dominar armas com imensa destreza. Seu pai está incluso na categoria seguinte. Um pouco mais de 100 das criaturas vivas alcançam o nível 7 a cada milênio. Feiticeiros são mais comuns aqui, pois podem dominar até quatro elementos se aprenderem magia elementar ou podem transformar matérias por completo, até mesmo seu corpo, que exibirá uma áurea de tonalidade violeta.

— Seu pai é incrível! – Sussurrou Mel timidamente.

— Obrigada. – Respondeu ainda desconfiada.

— E se vocês acharam isso extraordinário, não se esqueçam que ainda há três categorias. Os de nível 8 e 9 eram ocupados pelos bruxos, seres de áurea e magia igualmente negras, que alternavam do violeta escuro ao manchado com feixes dourados. Apenas 12 possuíram esse poder em mais de cinco mil anos. E o nível 10, como já disse antes, só possuiu dois seres que o alcançou: O guerreiro que se tornou anjo e a feiticeira que se tornou demônio. Os lendários seres de magia dourada.

— E o que aconteceu com eles? – Os olhos de Lina brilhavam como quando era apenas uma garotinha de cinco anos e ouvia seu pai contar as histórias de suas aventuras.

— Entraram em guerra pelo domínio dos dois hemisférios. Milhares de pessoas morreram nessa época. Há relatos de que cada um criou uma arma para a guerra, embora alguns abandonaram o campo de batalha antes do fim das lutas. Após o confronto, o mundo havia perdido seis deles e os outros seis sumiram sem deixar vestígios. Com isso, o equilíbrio foi restaurado e a paz reinou até hoje. Meu antigo mentor costumava dizer que, no momento em que os poderes supremos fossem herdados, os doze voltariam a se encontrar em combate e o mundo entraria em um novo caos. Bem, sendo verdade ou não, já conhecemos uma, faltam onze.

***

No dia seguinte, na ilha

— Ei garoto, garoto, acorde! – Agachado, o druida batia levemente no rosto de Witc tentando desperta-lo. Há poucos metros dali, pequenos pássaros puxavam os cabelos de Ayurik como se estivessem a procura de insetos entre os capins. – Saiam de cima dele! Saiam! – Bradou Wechar de onde estava e aproximou-se do outro jovem em seguida. – Pequeno mago, acorde.  

— Mylla! – Berrou o herdeiro ao acordar assustado. Ainda sentado, olhou a sua volta e percebeu a presença de alguém familiar próximo a ele e um corpo caído. – Senhor Wechar?

— Sim. Ainda bem que já acordou...

Foi complementado por uma voz sonolenta e trêmula. – Também estou vivo. – Sorriu. – Só minha cabeça que dói um pouco.

— Agora precisamos encontrar a pequena guerreira de cabelos dourados.

Aposto que ela amaria ser acordada por Witc. Pensou seu irmão maldosamente ao levantar-se. – Vamos. Tenho que acordar aquela preguiçosa.

— Será que ela está bem? O demônio que Mylla precisou enfrentar era forte. – Comentou em tom de preocupação. – Espero que Don esteja a salvo também.

— Hum! Acordou chamando por minha irmã? Está preocupado com ela é? – Seus passos curtos cessaram próximos a Witc. Ele pôs o braço sobre o ombro do amigo e com a outra mão, bagunçou seu cabelo. – Eu sei que você não resiste ao charme da família Olaf! – Brincou.

— Me deixa! Só estou preocupado... Com ela. – O empurrou com uma onda de ar enquanto tentava disfarçar as bochechas rosadas. – Nós quase morremos mesmo em dupla.

— Ela é mais forte que nós dois juntos. – Comentou e riu em seguida. – Onde está o Ippy, senhor Wechar?

— Ippy está morto... – Uma pausa em suas palavras demonstrou imensa tristeza.

— Então o ferimento realmente tinha sido sério? Por que ele não ficou? Por que ele precisou voar pela ilha? – Witc demonstrava sua indignação.

— Tudo bem. – Assentiu o druida de cabeça baixa. – Precisam ficar unidos agora. Onde a viram pela última vez?

— Indo para o campo de pedras. – Responderam juntos.

— Vejo que possuem uma bela sintonia. – Os dois deram de ombros com o comentário e seguiram o druida.

***

— Lorde, trouxemos isso como marco da nossa vitória. – O demônio jogou o saco que se abriu aos pés de Ádrian e mostrou o pequeno lagarto.

— Quem são vocês? Onde estou? – Questionou assustado.

— Hum! Chegou em boa hora. A Senhora da Dor irá adorar conhece-lo. – Ironizou. – Tsifer, leve-o para uma das celas especiais...

Akira o interrompeu. – Senhor, se me permite...

— Não! – Levantou-se. – Sei o que deseja. – Em sua forma de sombra, ele surgiu atrás da arqueira. – Não se esqueça do nosso trato. – Retornou para o trono. – Tire logo esse bicho daqui, Tsifer. Está sujando meu carpete. E Akira, a Senhora da Dor gostaria de ver o quanto progrediu.

— Sim senhor. – Responderam. Ela seguiu para o laboratório e o demônio agarrou Don com uma das mãos, levando-o para o calabouço. O local onde ele seria preso era banhando por um clima sombrio.

As paredes erguidas com pedras escuras e úmidas davam a sensação de prisões fantasmas, e como maneira de controlar os indivíduos aprisionados ali, cada cela era envolvida com uma barreira de som, um tipo de ante magia. Esta, por sua vez, reduzia a força e o poder mágico de todos no seu interior. Uma obra genial de Ádrian.

Em breve Demoxon estará chegando com dois valiosos prisioneiros, e ordenei a Néfiron que também retorne. Sinto uma imensa agitação próxima à fissura do Vale das Sombas para o mundo real. Muitas criaturas desejam atravessa-la e os herdeiros estão ganhando mais força a cada dia que passa... Está chegando a hora. Ádrian passou a língua entre os lábios enquanto entrelaçava seus dedos e parando de forma pensativa logo em seguida.


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Notas finais do capítulo

As aventuras na ilha estão chegando ao fim e a história ganha um novo foco. Será que Lina entrará em mais confusões?

Próximo capítulo de War Angel: Emboscada

Não perca! :D