War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 16
Capítulo 14 – Demônio do mar


Notas iniciais do capítulo

Como eu já havia falado para alguns leitores, hoje iniciarei uma sessão de 5 a 7 capítulos em uma semana. Será uma forma de acelerar o primeiro livro e deixa-los mais animados, pois o clímax de Renascença se aproxima. Bem, é isso :D

Boa leitura!!!



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~ Capítulo 14 – Demônio do Mar ~

 

Isolada de seu irmão e dos poucos amigos que tinha, Lina enfrentou um mês de tratamento à base de medicamentos e terapias, com garra e determinação, recebendo grande apoio – quase unânime – maternal. Embora Shawn Ryser não fosse um pai assíduo e não se fizesse presente em todos os momentos dos filhos, tentava ao máximo garantir conforto à família.

Solicitada a retornar ao hospital para uma verificação da área lesada três dias pós-alta, a garota relatou o que aconteceu durante o período e prestou bastante atenção nas recomendações.

— Muito bem, Lina e senhorita Rose, então vamos aos cuidados que vocês deverão ter, vale ressaltar que o ferimento foi profundo, e que carregará a cicatriz para o resto da vida, mas alguns medicamentos e técnicas de prevenção poderão ajudar a amenizar as marcas. Durante os dias em que esteve aqui pude notar que é uma mocinha de temperamento forte, por isso, evite o estresse excessivo... – foi interrompido.

Sentada confortavelmente na poltrona de atendimento do consultório do médico que a acompanhou, Lina tomou a palavra.

— Eu sei, Dr. Marcio, sob a ação do estresse, o corpo não funciona corretamente, pois o organismo segrega substâncias corticoides que alteram o funcionamento das células, isso as impede de seguir suas “instruções” e logo não produzimos colágeno como deveríamos, retardando a cicatrização. – Sorriu.

— Isso mesmo! – Complementou surpreso. – Então os rumores da garota gênio eram verdadeiros. – Brincou. – Prosseguindo, embora eu não seja formado em nutrição, tomei a liberdade de realizar exames extraordinários e analisar os níveis de algumas substâncias em seu organismo, e de antemão, aviso logo, deverá consumir mais alimentos ricos em vitamina A.

— Odeio cenoura – Redarguiu enquanto Rose deixou escapar um leve sorriso.

Alguns minutos depois, Shawn chegou para busca-las.

— Como está minha dançarina favorita?

Lina saiu correndo pela porta do hospital e saltou entre os braços de seu pai. – Estou melhor do que nunca, até acho que estou mais inteligente, mas não sou a melhor dançarina, ainda não superei a mamãe.

Pensativo sobre o que acabara de ouvir, Shawn a respondeu, em parte, mentalmente: e está! Mal sabe você que a cada dia que passa seu poder aumenta e suas habilidades humanas também.— Sério? Não sabia que sua mãe dançava. – Disse ao brincar. – Oi querida! – Cumprimentou sua esposa com um beijo. – Vamos?

— Você ainda não tirou a maldita ideia de leva-la àquele amigo né? – Murmurou Rose em desconforto.

— Não posso deixar que Lina dependa de mim, Witc ou seu marido futuramente, mas não se preocupe, estarei lá com ela. – A confortou.

***

No Vale das Sombras, Tsifer demonstrava satisfação em ter seus braços recuperados.

— Ainda bem que vocês estão de volta e com upgrade. – Discorreu Tsifer enquanto olhava para seus membros tonificados.

— Não deveria se gabar tanto. – Murmurou Akira com o corpo apoiado em um pilar.

— O que é isso princesinha? Podia me dar algum crédito, afinal, eu matei aquela pirralha.

Ela se moveu, ajeitou a aljava com suas flechas e agarrou seu arco. – Ela não morreu, idiota. Neste momento deve estar indo para uma ilha a algumas milhas de distância do porto mais próximo de Déviron Garden.

— Não brinca! Aquela bruxinha vai pagar por queimar meus braços. – Apanhou a espada próxima a sua cama e seguiu com Akira até a sala do lorde Ádrian.

— Senhor...

— Já sei o que irá pedir, Tsifer. Não lhe darei mais oportunidades.

— Mas...

— Você pode ter se recuperado, no entanto, seu poder não será de utilidade no local onde eles estarão em breve. – Respondeu. – E você, minha cara Akira? O que desejas?

— Peço permissão para ir até a ilha onde os jovens herdeiros estão treinando. Aconselho mata-los o quanto antes. Segundo o que pude analisar, a garota de nome Lina é capaz de usar magia nível cinco, entretanto, ainda não controla seus poderes e seu pai é um feiticeiro de nível sete e foi o responsável pelo extermínio de 100 demônios numa única noite aos dez anos. Os demais estão iniciando um treinamento com o druida. Acredito que seja do tipo elementar.

— Como sempre, você me prova o quanto é competente. Chego até a desconfiar de onde possa vir tantas informações, mas não questionarei. São verdadeiras. Permissão concedida.

— E quanto a mim, senhor? – Insistiu o espadachim.

— Irá com Akira. Não fracasse desta vez. – Levantou-se. – Venham comigo. – O lorde seguiu até o cômodo atrás de sua sala. No centro havia um pedestal de base hexagonal e construído com o corpo de dois diabretes petrificados que se elevavam por um metro. O lorde pôs a mão sobre a parte superior da pequena coluna como chave para dar acesso a um local em especial. – Sabiam que esta sala só pode ser aberta por mim?

— Sim senhor.

Enquanto adentrava, a arqueira não pôde deixar de notar um outro pedestal – formado desta vez por um pequeno dragão fossilizado que possuía em sua face o espaço para a chave. – no centro daquele recinto com um símbolo um tanto familiar aos seus olhos e mais a frente, uma porta maior e de onde emanava uma forte energia. Uma chave em forma de nota musical? Pensou.

Em contrapartida, seu companheiro permanecia a brincar na sala anterior. – Nossa! Como será que eles ficaram assim? – Tsifer tocava o rosto de um dos diabretes com a ponta do dedo indicador. – Eu que não queria estar na pele deles. E você, princesinha?

— Calado. – Retrucou.

— Esses apitos levarão vocês até a ilha. – Disse o lorde após apanha-los de uma estante na parede e entrega-los aos dois.

— E quanto à garota e o feiticeiro, senhor?

— Não se preocupe, minha cara Akira, já preparei uma recepção digna de tamanho poderio. – Ádrian exibiu um sorriso irônico enquanto retornava ao seu trono.

***

Não muito longe dali, Lina aproveitava o passeio de barco acompanhada de seu pai, todavia, Shawn e o pescador começavam a achar que algo não estava conforme o planejado. Ao olhar para a bússola, o ponteiro encontrava-se ligeiramente confuso e não cessava os giros, apontando em todas as direções.

— Senhor Ryser, há algo errado com essa bússola.

— Papai, está perto?

— Não sei, filha. Já deveríamos ter chegado. – Respondeu preocupado.

— Então estamos perdidos? Se estivermos seguindo ao Norte, logo chegaremos ao Oceano Glacial, se ao Sul, chegaremos ao Oceano Místico.

— Talvez, mas não se preocupe, darei um jeito.

— Meu Deus! Senhor Ryser, venha ver isto.

O sonar apontava algo que tinha em torno de dezoito vezes o tamanho da embarcação se aproximando rapidamente.

— Dê meia volta. Rápido! – Bradou.

— Por que, senhor Ryser? Conhece essa mancha? Pode ser um grande cardume e se for... – Foi interrompido.

— Isso não é peixe. É um demônio. Lina, venha para cá. Vamos! O que você está esperando?

O senhor apontou para algo atrás de Shawn. Sua expressão de terror indicava que o perigo havia chegado.

Ao olhar o que surgira ali, ele avistou o Demônio do Mar: Um monstro em forma de peixe alongado gigante, com olhos azuis, uma boca alargada, munida de dentes afiados e, ao longo de suas curvas, tentáculos se elevavam em posição de ataque.

— Lina, segure firme. – A assombrosa criatura avançou sobre o barco, destruindo-o em uma só mordida e estraçalhando o pescador. No entanto, Lina e Shawn pairavam no ar sobre a criatura.

— Vocês não escaparão. – Ameaçou.

— Filha, você consegue prender a respiração por quanto tempo?

— Uns quinze segundos, talvez. – Redarguiu em agonia.

— Pois tente suportar o dobro disso. Vai! – Ele a arremessou para algumas dezenas de metros dali.

— Salvando a filhinha? Matá-la depois não será um problema para mim.

— Eu serei seu problema. – Berrou liberando uma energia de cor violeta por seu corpo e, ainda flutuando, Shawn estirou seus braços até a altura da cintura, de mãos abertas e pôs-se a criar um fluxo de ar a sua frente. – Você não deveria ter mexido comigo. Transformar! – Ele lançou a corrente de vento em forma de tornado que brilhava tal qual sua áurea e aumentava mais à medida que se aproximava do demônio. Porém, ele mergulhou rapidamente em esquiva e apenas sua calda foi atingida e transformada em madeira.

— Minha calda! Maldito, você pagará por isso! – Infligindo um novo ataque, o demônio lançou uma gosma ácida a partir da boca no mesmo instante que em outra criatura, semelhante a um tritão, saltou por trás de Shawn e o prendeu, fazendo o ataque acerta-lo. Um pouco distante dali, Lina viu seu pai caindo na água e aquilo que parecia ser um homem peixe indo em sua direção.

— Papai! – Gritou.

— Filha, mergulhe!

— Certo.

— Decompor. – Ao estralo dos dedos, ele sussurrou e destruiu o corpo da criatura próxima a Lina, fazendo jorrar pedaços de carne podre por toda parte. – Só me resta você. – Murmurou à criatura maior.

Eles se olharam fixamente durante alguns segundos e partiram em convergência. Entretanto, aquele demônio era traiçoeiro e acabara por mergulhar e partir em busca da garota. Diante daquela situação, Shawn nadou o mais rápido que podia para salvar sua filha.

— Eu sabia que você viria. – Disse o grande peixe ao perfurar o abdome de Shawn com uma espécie de ferrão preso nas pontas de seus tentáculos, banhado por veneno que o paralisou. – Vocês nunca mais verão a luz.

— Papai! – Ela abraçou seu pai fortemente.

— Desculpe, filha. – Suas palavras foram encerradas por uma forte e destrutiva investida, que os forçaram seguir o caminho das profundezas do Mar.

***

Enquanto os primeiros respingos de chuva começavam a tocar a pele pálida da jovem Olaf, ainda com seus sentidos aguçados, logo sentiu algo se aproximar da ilha onde estava em ritmo acelerado e banhados por um poder tão grande quanto o de Ippy, mas que ainda não chegava a ser tão ameaçador quanto a magia de Wechar.

— Preciso achar os outros logo. – Disse em passos rápidos, prendendo os bastões prateados em seu cinto de couro preto e deixando o vento soprar seus longos cabelos dourados para trás, os quais mostravam a direção de um dos arvorosos, caído e derrotado, desprezando o rápido duelo entre ambos. – Não posso perder tempo. Cada momento perdido é um feitiço esquecido.

Na praia, Don acabara de encontrar o irmão de Mylla, que ainda enfrentava Ippy com dificuldade.

— “Ayuk”, socorro! – Berrou Don.

— Você está de brincadeira, só pode! – Exclamou.

Cessando seus ataques, Ippy se pôs a forçar a sua visão aguçada e avistou algo alado se aproximar. Forçando um pouco mais, pôde identificar a cor de suas áureas, ficando surpreso.

— Ayurik, fique com isso – entregou a pulseira feita a partir de uma pedra da Lua – e volte para a cabana com o amiguinho escamoso o mais rápido que puder, senhor arvoroso, reúna o máximo de ajudar possível e eu tentarei encontrar Wechar, vem encrenca por aí.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: O Reino de Seiland

Até breve!!!