War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 15
Capítulo 13 - Minha Utopia


Notas iniciais do capítulo

Depois de um grande recesso, de volta à trama principal :D



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~ Capítulo 13 – Minha Utopia ~

 

Movidos pela energia matinal emanada da relva ao tocar seus pés, cada um dos jovens enveredou por um caminho distinto – assim como no momento de chegada à ilha – em busca de seu artefato, tomando a lógica de que os objetos foram posicionados nos pontos mais excêntricos e que foram palco para as experiências mais fortes durante o mês seguido.

O primeiro, o jardim do conhecimento medicinal e da toxicologia, foi o campo próximo ao lago, onde manipularam, sobre a orientação dos arvorosos, toxinas que poderiam paralisa-los com apenas uma gota e misturas que curariam queimaduras e outros ferimentos em poucos instantes.

Na companhia dos mais belos cantos de pássaros, Mylla não perdeu tempo. Rapidamente saiu na procura de ervas que poderiam ajuda-la caso algum inimigo surgisse e continuou sua procura por uma das peças citadas pelo druida.

— Tem que haver algum aqui! – Fitou o olhar a sua volta. O vento soprava forte, balançando a gramínea e respingando sobre sua pele gotículas do orvalho restante. – As nuvens estão se movendo muito rápido, parece que vem um temporal por aí, acho que minha hora de vantagem também já passou. Preciso me apressar. – Embora necessitasse de agilidade, ela não fazia ideia de onde poderia encontrar a peça, mas logo recordou-se de uma das aulas com Wechar, quando aprenderam a rastrear objetos mágicos ou seres com magia através de suas áureas.

Relaxou-se totalmente ao se sentar sobre a gramínea em meditação, procurando se concentrar e sentir tudo a sua volta. – Um dos mandamentos da magia elementar é se conectar com a natureza e a mãe terra me guiará ao meu objetivo. – Sussurrou. Em instantes, uma energia de cor verde claro começou a fluir de seu corpo, suas sensações foram amplificadas e seus sentidos se tornaram mais aguçados. A técnica de rastreamento não continha um longo alcance, entretanto, era o suficiente para dar a capacidade de enxergar o que os olhos humanos não podiam ver. – O mover das larvas sobre o solo, o voo das aves próximas a mim, as folhas que viajam pelas correntes de ar deste campo; posso sentir tudo. Mãe Terra, mostre-me a magia do artefato. – Seus olhos abriram-se ao ter a visão dos dois bastões cruzados sob um arbusto a poucos metros de onde estava, e banhados por uma áurea que alternava entre o azul e o verde, assim como a cor de sua íris. – Encontrei!

***

Na praia, Ayurik fugia de Ippy em sua forma de coruja, que rapidamente o encontrou.

— Por que veio atrás de mim? – Berrou aos tropeços.

— Ora, você não vai querer a pulseira da pedra da Lua presa entre minhas garras? – Ironizou.

— Eu consigo outra, deixo essa para o Witc.

— Não seja tão medroso, garanto que seu amigo já conseguiu o artefato dele. – Provocou.

— Pois vou conseguir o meu também. – Ayurik catou uma pedra solta pelas divisas entre a fina e branca areia da praia e a pedraria a alguns metros dali, e arremessou-a contra Ippy, que não se deixou ser acertado por tal projétil e assumiu sua forma de elfo em seguida, pousando sobre a areia também.

— Espero que consiga roubar isso de mim, ou não passará no teste do Wechar. – Ippy sacou sua espada presa ao cinto na cintura e, seguindo seu plano, levou Ayurik até a água do Mar, fazendo-o desviar de seus ataques.

— Sabe onde estou, Ippy?! Na água. Desculpe-me por isso, mas terei que tirar esse artefato de suas mãos. – Sua mente tranquilizou-se naquele instante ao livrar-se de pensamentos supérfluos e se concentrar apenas no barulho das ondas a quebrar sobre a praia. A água a sua volta logo iniciou uma pequena, mas constante, movimentação e, ao olhar para o elfo, pôde notar a áurea de cor azul emanar de seu corpo em labaredas de pura magia nível 6. Todavia, para a surpresa do jovem mago, ao tentar prosseguir, seu ataque falhou. – Porque não consegui manipular esta água? – Indagou confuso.

— Você está no Mar. As propriedades desse líquido são diferentes, garoto. Você deve aprender a manipula-las também, pois nem sempre encontrará a água em sua pureza. Mas tenho uma notícia boa: talvez chova em alguns minutos. Será que conseguirá se defender de meus ataques até lá? – Disse partindo em sua direção.

Não muito longe, pendurado sobre um galho de um pequeno arbusto próximo ao penhasco, Don tentava alcançar o anel forjado em prata, com o símbolo do triskelion gravado em seu interior, que estava dentro do ninho de uma águia com dois filhotes pequenos.

— Ah... Ah... Vai Don, só mais um pouquinho... Oi bichinhos! Sou só um amiguinho, não se “peocupem” comigo. – Murmurava enquanto tentava alcançar o objeto e antes de perceber a estranha movimentação na redondeza. – Ah.... Consegui! Ei, mas o que foi isso? – Inquieto por não saber o que o cercava, o pequeno réptil retornou pelo galho até a terra firme e, em passos lentos, vasculhou o ambiente em busca de algum inimigo. – Vou colocar esse anel – que estava mais para uma pulseira – no meu “bacinho”, subir naquela árvore e ver quem é. – Ao subir cerca de dois metros, Don avistou o arvososo a poucos passos de onde ele estava. Sua estratégia logo passou a ser encontrar Ayurik, retornar com ele para a cabana e, de lá, seguir até o Norte da ilha. – Vou descer bem devagarzinho... – mas acabou escorregando, caindo e fazendo barulho ao tocar o chão, onde se tornou alvo da visão do arvoroso que correu em sua direção.

***

Witc, que tomou a direção oposta ao ponto de encontro e seguiu para o Sul da ilha, acabara de chegar às proximidades da árvore que se abrigou outrora.

— Com certeza tem algum item aqui, mas não me recordo desse rochedo. – Disse ao se aproximar, no entanto, um rápido tremor foi sentido pelo garoto e em seguida, uma grande criatura quadrúpede, com o corpo formado por pedras, se ergueu em sua frente, libertando um forte rugido. – Droga! – Exclamou enquanto tentava fugir do golpe que o monstro iria lançar sobre o chão, contudo, não foi rápido o suficiente e acabou caindo na cratera.

Depois de alguns minutos, coberto por poeira e partes de plantas, Witc despertou em uma espécie de caverna. Sua estrutura interna era sustentada por uma, aparentemente, espessa camada de cristal transparente que apresentava algumas rachaduras causadas pelo desgasto ao longo do tempo.

Explorando o local, ele seguiu até se aproximar de uma mesa velha que avistara após seu despertar, onde encontrou três folhas de papiros preenchidas com símbolos de uma língua desconhecida pelo garoto e um pingente em forma da clave de Sol.

— Não é o amuleto que procuro, mas gostei. – Murmurou ao pôr no pescoço.

Apesar de escuro, Witc avistou o que poderia ser mais alguns desenhos na parede da caverna do outro lado da mesa e seguiu até lá. As imagens, ora distorcidas pelo efeito refratário do cristal, ora incompletas devido a falhas na rocha pareciam querer dar algum tipo de instrução. Lentamente, suas mãos deslizaram sobre a parede e um forte brilho, que seguiu dos símbolos até seu corpo, percorreu toda caverna, iluminando-a, e ele logo recordou-se dos símbolos vistos na tumba há oito anos atrás: – Um homem com asas tentando alcançar esse círculo... – Um pouco mais a cima – esse olho... – Ao lado direito – e a mulher dentro do pentagrama; queria saber o que significam.

Sua visão rapidamente se moveu um pouco mais à direita, onde havia uma estante de madeira com mais alguns papiros e uma flecha com a ponta feita de diamante.

Witc era curioso e não podia deixar a chance escapar, logo agarrou o objeto para observá-lo, contudo, não esperava ser tomado pelo vislumbre de uma mulher ruiva, parada em frente a um castelo sob o céu negro, portando um arco dourado em mãos e dizendo “Ele não escapará de mim”. A energia gasta na visão foi tamanha que a luz deu espaço à escuridão novamente, e o aprendiz de feiticeiro rendeu-se às fraquezas de seu corpo, desmaiando em seguida.

***

“Será este o momento?

Será que o Sol irá brilhar mais uma vez?

Ou ficarei presa às sombras até o fim?

— Logo nos veremos novamente, mas receio que seja a última vez, assim como aconteceu com todos. – Murmurou Akira sentada na cama de seu quarto enquanto escrevia mais um trecho de uma música. – Quando terei o sinal que minha mãe tanto falou? - Pôs o diário sobre o colchão e seguiu até uma penteadeira do lado esquerdo, onde havia um pequeno bolo com uma vela. Acendeu-a, disse mais algumas palavras e, ao soprar, embora fraca, a leve corrente de ar derrubou uma foto no chão, podendo-se avistar uma família de lavradores, um menino birrento e, no centro, uma garotinha com capuz e sentada sobre o chão coberto de lama, mas que carregava um grande sorriso no rosto. – Hoje seria seu aniversário, mamãe, não posso estar com você, mas espero que esteja feliz.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Demônio do Mar

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