War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 13
Capítulo 12 - Fase 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :D



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~ Capítulo 12 – Fase 2 ~

 

O mês de treinamento que se seguiu passou tão rápido quanto a velocidade em que os garotos aprenderam a magia elementar. Apesar de jovens, o esforço e dedicação de cada um traziam recompensas prazerosas dadas pelo poder adquirido. Em quatro semanas conheceram todo o litoral com Ippy, onde aprenderam técnicas de pescaria experimentadas apenas por aves de rapina, avaliaram ervas medicinais e tóxicas durante as explorações com os arvorosos e estudaram as mais diversas artimanhas de um felino em ação. Em meditação, resistiram a horas debaixo da chuva, ao calor escaldante do Sol em pleno meio-dia, sentiram a força dos ventos no ponto mais alto da ilha, a 980 metros a cima do nível do Mar e absorveram a energia emanada da Lua nas noites em que o oceano realçava uma aparente calmaria noturna.

Posicionado em frente à cabana onde eles repousavam, R. Wechar falava pra si mesmo como forma de confirmação. Era o teste final. – Hoje eles entrarão na última fase do treinamento. Quero ver o quanto aprenderam nesse mês. – Assinalando para a ave de penas vermelhas parada próxima a ele, o druida fez gestos com uma das mãos como quem faz um pedido.

Deitados sobre a grama amarelada, não por estarem doentes, mas pela falta de clorofila, todos repousavam seus corpos cansados do treino intensivo no dia anterior. Repentinamente Don escutou batidas na porta e levantou a cabeça. – Amigão, ei... Tem alguém batendo na porta. – Após o aviso, voltou a acomodar-se.

Ainda com os olhos entreabertos e tomado por bocejos, Witc pediu para seu amigo, deitado entre ele e Mylla, que verificasse a entrada. – Ayurik, vai lá ver quem é.

Virando e jogando o braço para o outro lado, ele acaba por acertar a face de Mylla com uma tapa.

— Ai! – Gritou. – Você é louco?

Se fosse o Witc você não diria nada, mas como fui eu, ficou reclamando. Eu deveria ter falado que ele não morava mais na cidade. Pensou. – Desculpa irmãzinha.

Notando a insistência com que o “toc toc” se repetia, Mylla levantou-se, arrumou o cabelo e espreguiçou-se. – Mas quem será tão cedo? – Abriu a porta, porém, não viu o pica-pau estridular a madeira. – Estranho! Não tem ninguém aqui... – Mais uma vez eles escutam o som de batidas. – Espera um pouco. – Ao sair do abrigo viu o pequeno pássaro e riu. – Era apenas um pica-pau.

— Bom dia, moça de cabelos dourados. – Disse o R. Wechar.

— Bom dia! – Respondeu antes de retornar para o interior da cabana. – Ei pessoal, o senhor Wechar já está lá fora.

— Então vamos. Quero ver o que ele irá nos mostrar. – Ressaltou Witc ao mesmo tempo em que o restante se erguia.

Alguns minutos foram suficientes para tomaram o café da manhã e aguardarem aos comandos do druida. Não tardou para que Ippy, a pantera e mais dois arvorosos também chegassem ao local e se posicionassem próximos à cabana.

Sentado sobre a rocha onde fizeram o teste de habilidades, Witc aproveitava a leve brisa matinal tocar sua pele para refletir sobre o que havia acontecido desde o dia 22 de Julho. Porque tudo isso está acontecendo comigo? Sempre me senti diferente e eu me perguntava se algum dia seria como os outros. Hoje vejo que não. Mas isso é bom? Será que a Lina e a mamãe estão bem? São muitos questionamentos e poucas respostas.

***

Contente pela recuperação de Lina, Rose foi induzida por sua irmã a ir agradecer ao seu Deus. A credulidade de Zoe era incomparável. Saindo da igreja em passos lentos, elas conversavam. – Graças ao senhor minha sobrinha está bem. Olhe, Rose, o padre e uma irmã, vamos falar com eles. – Seguiram na direção do homem vestido com uma batina preta e a mulher com seu hábito também preto, ambos parados sob as árvores na lateral da praça do recinto. – Olá... – Não reconhecendo os rostos, Zoe questionou sobre o tempo de trabalho deles. – São novos aqui? Nunca os vi na cidade.

Temendo ser descoberto, o homem rapidamente informa que acabara de chegar a Déviron Garden. – Sim, senhorita. Acabamos de chegar; estamos um pouco perdidos. Ah, perdão, não nos apresentamos ainda. Meu nome é Ádrian e essa é a irmã Akira.

— Tudo bem, posso mostrar tudo por aqui, caso queiram. Conheço essa igreja como a palma da minha mão. – A senhora com o véu preto florado exclamava com contentamento.

Cochichando no ouvido de Zoe, Rose a perguntou porque todos usam roupas pretas e pediu para ela se controlar. Ádrian, com seu poder sobre ondas, rapidamente identificou e decodificou a movimentação labial entre elas e a respondeu. – O preto representa a morte para o mundo, a escuridão do sepulcro. – Embora respondida com calmaria, Rose sentiu como se cada palavra dita viesse carregada com uma grande dose de negatividade. – E esse cachorro adorável... Opa! – Agachou-se para toca-lo, entretanto, Joy sentiu o mal muito próximo e recuou enquanto rosnava contra Ádrian.

— Joy? – Rose esbravejou para o beagle. – Perdão, padre. Ele não costuma fazer isso.

— Tudo bem. – Sorriu e, em sussurros, deu uma ordem à Akira, que saiu em seguida. – Senhoritas, eu adoraria aceitar a ajuda e ser acompanhado na exploração desse templo, mas já estão me aguardando.

Tomando o caminho de casa, Rose saiu estranhando a reação do homem e com a visão um pouco turva. – Ainda bem que você veio comigo, Zoe, não estou me sentido bem.

Do topo da torre da igreja, Akira já havia tirado seu disfarce e se preparava para cumprir a ordem dada. Não sei porque ele quer destruir aquele local. Talvez tenha algo que ele deseja manter em sigilo e prefere apagar qualquer evidência disso. Equilibrada sobre o fino, porém resistente, florão de concreto talhado nos padrões da arquitetura difundida na idade média, ela conseguia ver o museu em tamanho reduzido pela distância de 100 metros que os separavam. Contudo, Akira deveria ser precisa em seu alvo. O vento que soprava com delicadeza, lentamente foi derrubando o capuz que cobria seu rosto, deixando à mostra a metamorfose dos olhos da jovem, que partiam de um castanho avermelhado para um laranja brilhante, manifestação de seu novo poder. – Agora posso enxergar meu alvo. – Comentou observando a folha de papiro guardada em uma caixa de vidro na sala central do museu. Enquanto posicionava a flecha dada pelo lorde no arco de acordo com sua mira, Akira se concentrou por alguns segundos e a disparou. A flecha seguiu exatamente o caminho planejado pela arqueira, atravessando a janela na lateral do prédio, quebrando o vidro e se incinerando ao tocar o papel. Com um grande estrondo, muitos presenciaram a explosão no local.

Parado embaixo de uma árvore, Ádrian murmurou à sua serva que retornou ao solo após cumprir a missão: – Muito bem, minha cara Akira. Agora eles estão avisados. Logo seguiremos para a fase 2. A Deusa Nefise e todos que foram mortos por eles terão sua vingança. – Assumiram a forma de sombra e rapidamente partiram, todavia, uma mensagem havia sido deixada com fogo no chão da praça. “Estamos voltando para cobrar a dívida de 4 séculos atrás”.

***

Como aquecimento, Wechar sugeriu uma pequena demonstração. Com agilidade, o jovem de cabelos negros foi conduzido entre os galhos por saltos habilidosos e ligeiramente calculados. – Isso é muito fácil – Disse Witc ao surgir planando sob a copa das árvores.

Enquanto ele conseguiu dominar algumas técnicas do elemento ar com facilidade, seu amigo lutava para conseguir agitar a água do riacho que passava próximo a eles.

Impulsionado pela destreza exibida anteriormente, Witc se deixou levar e não ficou atento à corrente de ar que acabou por joga-lo contra um galho seco a frente de onde pousaria. A madeira violentamente foi quebrada com a batida e caiu em direção ao pequeno réptil parado sobre o “x” de um imprevisto.

— Oh não! Don! – Gritou Witc.

— Expandir. – Sussurrou. Estendendo seu campo de visão para um alcance de 210°, a garota elevou a noção de perspectiva, e dominou as regiões em suas periferias. Um feixe de luz verde correu pelos olhos de Mylla, e em grande maestria, com uma das mãos, ela agarrou um dos troncos usados na fogueira a sua direita e rebateu o galho sem desviar a visão do pequeno lagarto. – Você está bem? – Indagou Mylla em tom de seriedade.

— Si... Sim. Obrigado. E o amigão? – Ele olhou para o alto das árvores onde Witc deveria estar, no entanto, o impacto o fez temer outra batida e optou por descer. Ao pousar, contou que sentiu algo quando sofreu o acidente.

— Não entendi o que era ao certo, talvez fosse algo como um presságio. No momento que saltei, tive a impressão de passar por um pombo que se aproximava de mim com um papel preso em uma das pernas, como era feito antes, mas ele logo sumiu... Virou fumaça e essa folha caiu sobre o dorso da minha mão em seguida. – Mostrou a folha azul com uma pequena fissura.

Buscando palavras de conforto, Ayurik tentou acalma-lo. – Witc, está tudo bem. A Mylla salvou o Don.

— Mas não estou preocupado com ele – olhou para a folha em sua mão e lembrou-se da pétala azul caída sobre a poça de sangue –, na última vez que vi algo assim próximo a mim, minha irmã quase morreu. Ela está em perigo, preciso salva-la.

Wechar logo se aproximou. – Calma! Ninguém está em perigo. Deixe-me ver isso. Hum! Não parece ser nada demais, é apenas uma anomalia genética. Apesar do ocorrido, ainda estou impressionado com seu talento, minha jovem. Continue assim e logo será uma grande feiticeira.

— Obrigada, senhor Wechar. – Respondeu com um sorriso no rosto.

Sua noção de espaço é muito avançada para uma humana. Talvez ela realmente seja uma herdeira, isso explicaria em parte, entretanto, ainda é muito para um aprendiz. Ela conseguiu rebater o galho sem nem ao menos olha-lo e sua áurea se coloriu com um verde mais forte, tangenciando o nível 4 de magia. Quem será essa jovem? — Vocês estão progredindo muito rápido. Logo estarão prontos para aprender magias de nível três ou quatro. – Fitou o olhar para Mylla. – Agora direi como será o último teste. No primeiro dia os fiz correrem sem destino ou objetivo. Hoje vocês terão um: Espalhei quatro artefatos estrategicamente posicionados pela ilha e vocês precisam traze-los até mim, contudo, o trabalho de vocês não será apenas encontra-los. Meu amigo Ippy, a pantera e mais dois arvorosos irão procurar também, e caso eles encontrem antes que vocês, terão que enfrenta-los para conquistar o objeto. Passa no teste quem trouxer pelo menos um deles em três dias. Estarei esperando no rochedo mais alto do extremo norte da ilha.

— E quais são esses artefatos? – Indagou Witc.

— Dois bastões produzidos com a mais pura prata, uma pedra olho de dragão utilizada por praticantes de magia negra para rastrear inimigos a sua volta, a pulseira lapidada de uma pedra da Lua Azul, capaz de aumentar seu controle da magia em noites de Lua cheia e um anel com o triskelion, que aumentará sua relação com o ambiente e melhorará seus movimentos. Com exceção do último, os três anteriores possuem o símbolo da árvore da vida grafados em alguma parte. Se conseguirem qualquer um dos quatro, ficarão mais fortes. Mais alguma dúvida?

— Não! – Todos responderam.

— Darei uma hora de vantagem para vocês e depois irei ordenar que eles também partam em busca dos artefatos. – Disse aos herdeiros. – Boa sorte!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo – Minha Utopia

Até breve!!!