I am the Target escrita por Hawtrey, KCWatson


Capítulo 15
Maldito olhar


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! Desculpem a demora, mas fiz um capítulo bem grandinho hein? Espero que gostem!
E obrigada a todas que comentaram! *-* ♥



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Dessa vez ela segurou a arma com mais firmeza e conseguiu mirar sem tremer tanto quanto seu coração exigia.

Isso era culpa do Sherlock. Não, era culpa de Morland Holmes. Era como Joan pensava e não se repreendia por isso, mesmo que fosse uma condição aceita por ela. Mas como adivinharia que logo ele se preocuparia tanto com ela? Com sua segurança? Quando Joan concordara em ajudar a proteger Sherlock de um perigo oriundo de um grupo ainda desconhecido, não imaginara que ganharia a própria cavalaria de proteção. Afinal, nunca havia ficado mais de uma hora na presença de Morland.

Então há uma semana concordara em receber aulas de combate corpo a corpo e tiro ao alvo. Onde isso iria parar?

Combate corpo a corpo não foi realmente um desafio depois de tanto tempo ao lado de Sherlock, mas atirar estava sendo bem complicado. Ainda podia sentir o material que permanecia frio mesmo envolto por suas mãos, parecia algo errado, parecia... não parecia com ela. Não se imaginava como uma santa ou uma ingênua, já havia usado uma arma antes – em defesa de um inocente – e como Detetive e Consultora da Polícia de Nova York sabia que situações como essa poderiam voltar a acontecer, mas de alguma forma aquilo era diferente. Estar em um galpão abandonado atirando em um boneco tornava tudo ironicamente mais sério, mais perigoso.

Parecia que estava treinando para um combate. Um combate que provavelmente irá perder se continuar atirando tão mal.

― Assim você está abusando da sorte Joan ― implicou Russev.

Drian Russev era a personificação do imprevisível. Sendo tão alto e musculoso, Joan logo concluiu que ele deveria ser o sonho de muitas mulheres e não se surpreendeu ao descobrir que ele era seu treinador. Mas com certeza não esperava que ele fosse, além de atirador, um grande Hacker.

Ele se levantou da cadeira e sem qualquer cerimônia, arrancou a arma das mãos dela e atirou no peito do boneco.

― Viu o que fiz?

― Você atirou ― Joan respondeu em tom obvio.

― Certo. Eu atirei e o que você fez?

― Eu atirei.

― Não ― Russev negou sustentando um olhar sério ― Você pensou e isso é tudo o que vem fazendo até agora. Atirar está sendo só uma consequência desse pensamento. Não quero que pense. Não está aqui para se tornar uma atiradora profissional e não estou aqui para ensinar como se mira.  Estamos aqui para que você aprenda a defender a si mesma e a quem ama, e pra isso não é necessário mirar. Quando há perigo, senhora Holmes, qualquer lugar que acertar está bom.

Joan fez uma careta diante do nome, mas deixou que ele prosseguisse.

― A não ser que tenha muito azar seu inimigo não será um zumbi, então não precisa acertar na cabeça, nem um mutante pra morrer só com uma bala no coração. Então estou começando a me perguntar o motivo de você estar tão preocupada com a mira ― ele devolveu a arma a ela e terminou ― Já notei que você tem uma boa visão e seu maior erro até agora se resumiu a meros milímetros. Então pare de pensar e apenas atire.

Joan encarou a arma com desânimo. Muitas coisas já estavam mudando... em si mesma, na sua vida, no seu relacionamento com Sherlock... e por algum motivo estava começando a achar que mudaria muito mais.

***

Agradeceu mentalmente por chegar ao Sobrado sem, finalmente, sentir tantas dores. Mesmo que subir as escadas normalmente ainda fosse uma tarefa um pouco mais difícil do que deveria ser, com certeza estava muito melhor sem fazer caretas de dor a cada movimento.

― Onde você estava?

Ela se sobressaltou com a voz e, já no alto da escada, virou-se para encarar Sherlock que estava vacilando entre o piso e primeiro degrau.

― Estava com uma amiga ― Joan respondeu indiferente.

Sherlock franziu o cenho descrente:

― Parece ter muitos amigos nesses últimos dias.

― Só estou revendo-os. Algum problema?

― Nenhum ― ele deu de ombros.

― E como está Arthur?

― Está esperando por você aqui embaixo.

O tom de voz e o olhar incisivo de Sherlock a fizeram hesitar. Ele queria vê-la descer as escadas, já desconfiava de que havia algo errado e no processo notaria os movimentos limitados dela. Mas Joan sustentou o olhar, determinada em mantê-lo longe de tudo o que planejava.

― Só vou tomar um banho. É rápido.

Então, tentando normalizar seus movimentos o máximo possível, deu às costas a ele. Praticamente correu até o quarto e trancou a porta, desesperada para colocar algo sólido entre ela e Sherlock. Subitamente sentiu tudo o que tentara ignorar nos últimos dias... o coração acelerado, as mãos trêmulas, a falta de ar, a sensação de tê-lo tão perto e dos lábios dele grudados aos seus. Isso não podia ser saudável, não podia ser normal. Sentir tanta falta de algo... dele, de tudo o que envolve, ainda morando no mesmo lugar que ele com certeza a enlouqueceria. Se já não estivesse louca. Mas ainda não podia se mudar, não com o pequeno Arthur ali. Prometera ajudar com a criança.

Abandonando o quarto, entrou no banheiro e encarou o próprio reflexo. Tudo o que via era uma mulher cansada e com olheiras para provar isso, nada mostrando que passara dias lutando com um ex-militar e atirando em um boneco. Então fitou os próprios braços. As marcas feitas por Holloway ainda estavam ali, os cortes quase transparentes e as marcas nos pulsos mais claras, mas ainda havia alguns hematomas do seu treinamento corpo a corpo com Russev e algumas que conseguira caindo sozinha. Nada que não pudesse ser escondido com uma manga comprida, mas não para sempre.

Apoiou-se na pia e deixou algumas lagrimas insistentes escaparem. Odiava chorar, odiava sentir aquela agonia presa em sua garganta como um bolo de dor e odiava ainda mais sentir aquela dor em seu peito aumentar sempre que tentava engolir aqueles sentimentos. Sentir-se assim era quase ridículo, era apenas uma mistura de problemas que ela não conseguia lidar e que resultava em lagrimas, em dor. Havia aquele sentimento por Sherlock, tão forte e agoniante quanto possível, que a fazia sofrer com a distância e com as coisas que estava escondendo. Havia o perigo que Holloway proporcionava, não conseguia mais engolir algo sem imaginar que poderia estar envenenado, não conseguia mais dormir sem temer um pesadelo ou sem imaginar que acordaria com menos alguém em sua vida, não conseguia mais sair na rua sem a sensação de estar sendo vigiada. Só que estava mesmo sendo vigiada.

Como se esquecer das ameaças contra Morland? Ameaças que colocavam a vida de Sherlock em risco. Não bastava Holloway, agora havia um desconhecido infeliz com as ações de Morland ameaçando Sherlock. Poderia piorar? Claro que poderia, mas era melhor nem pensar nisso.

Nem se preocupou em secar as lagrimas ou calar seus soluços, apenas entrou de baixo do chuveiro e deixou a água levar qualquer resquício de sua dor e do dia que tivera. Nada de lágrimas, nada de pólvora, nada de perfume. Nada deveria restar para atiçar o interesse do parceiro.

Apenas respire fundo.

― Joan?

Virou-se em direção a porta e encontrou a silhueta de Sherlock.

― Sim?

― Não demore muito, temos visitas.

― Claro, já estou saindo.

Assim que a silhueta dele sumiu deixou os ombros caírem em cansaço. O dia ainda não tinha acabado.

***     

Mesmo que Sherlock estivesse esperando por ela no fim da escada como um guarda-costas, ela desceu a mesma se sentindo melhor e mais leve do que antes. Escolhera um vestido de manga comprida simples, sem saber se deveria se preparar para uma visita informal ou um novo cliente, mesmo assim tentou dar um jeito no rosto para não parecer tão cansada.  

― Quem está nos esperando? ― perguntou sob o olhar analítico do parceiro.

― Na verdade ― ele forçou um sorriso ― Estão esperando por você.

Joan arqueou uma sobrancelha e seguiu para a cozinha, já que a sala estava vazia. Seus olhos desconfiados vasculharam o caminho rapidamente temendo por qualquer coisa que surgisse, mas se arregalaram ao encontrar alguém que não via a muito tempo.

― Owen? ― questionou assustada.

O homem sorriu e abriu os braços para recebê-la. Ela se apressou em abraça-lo e com a aproximação notou que ele não estava sozinho.

― Mamãe?

Mary Watson sorriu carinhosamente e Joan se preparou para mais um abraço.

― Oh querida, você parece tão abatida, tão cansada ― a Sra. Watson notou tocando o rosto da filha.

Joan sorriu minimante e tentou fugir do assunto.

― Não é nada mãe, acho que é só uma gripe. O que estão fazendo aqui?

― O que estamos fazendo aqui? ― questionou Marcus Bell entrando na cozinha acompanhado pelo Capitão Gregson ― Eu não esperava ouvir essa pergunta de você logo hoje Joan.

― É bem típico dela esquecer o próprio aniversário ― comentou uma voz feminina um tanto conhecida atrás dela.

Joan virou-se rapidamente e arfou quando encontrou uma jovem ruiva, sorridente, com um bolo de aniversário em mãos.

― Kitty!

Kitty sorriu, deixou o bolo sobre a mesa e em seguida a puxou para um abraço.

― Feliz aniversário Joan ― sussurrou em seu ouvido.

As lagrimas quase voltaram aos olhos de Joan, dessa vez por um motivo diferente da dor. Era o seu aniversário, havia esquecido disso, mas todos estavam ali por ela, lembrando por ela, comemorando por ela.

― Quem é aquela criança? ― questionou Mary subitamente.

Joan encontrou Arthur com a Senhora Hudson e o pegou no colo.

― Esse é o Arthur, filho do Sherlock ― apresentou sorrindo.

Os olhos da senhora Watson brilharam e ela logo tratou de mimá-lo, Detetive Bell e Capitão Gregson tinham um sorriso de orelha a orelha ao notarem o desconforto de Sherlock; e Kitty apenas arregalara os olhos e sussurrara no ouvido dele um “Depois vamos conversar sobre isso.”

― Não esqueçam de mim! ― exclamou Andreia entrando em um rompante com um presente em mãos.

Quando todos se reuniram na sala e encontraram seus pares ou grupos de conversa, Joan aproveitou a distração de todos e, sorrindo, fitou cada um deles com uma satisfação que não sentia há muito tempo. Um alivio muito bem-vindo. Todos estavam bem, estavam vivos, como ela pedia todas as noites antes de dormir.

― Obrigada por deixar todos invadirem o seu espaço Sherlock ― agradeceu ao se aproximar do parceiro.

Sherlock riu minimante e deu de ombros.

― Eu devo muita coisa a você Watson, talvez mais do que imagino. Abrir mão do meu espaço é o mínimo que posso fazer para retribuir.

Ela sorriu abertamente e teve a imensa vontade de beijá-lo naquele momento. Contrariando seus desejos, ergueu-se e entregou Arthur nos braços dele.

― O que...

― Vamos, pegue-o ― ela insistiu ― Ainda não vi você pegá-lo sem parecer que estava carregando uma bomba nuclear.

Sherlock crispou os lábios e aceitou o desafio com dificuldade. Arthur não se mexia tanto, mas parecia sonolento e começava a choramingar comprovando isso.

― O que eu faço? ― Sherlock perguntou parecendo realmente preocupado.

― Apenas levante e apoie a cabeça dele no seu ombro, com um abraço.

Sherlock tentou obedecer e aninhar Arthur como sempre via Joan fazer em algumas madrugadas. Ela, por sua vez, apenas admirava aquela cena tão rara.

― É uma cena tão fofa ― Kitty soltou sorridente ― Alguém, por favor, tira uma foto deles. Rápido!

Antes que Joan pudesse se mexer escutou o barulho de uma câmera de celular e revirou os olhos. Lidaria com isso depois.

― É uma pena que precisarei desmanchar isso ― anunciou Gregson parecendo realmente arrependido.

Joan e Sherlock o fitaram, confusos.

― O que vai fazer? ― questionou Sherlock.

― Agatha apareceu...

― E onde ela estava esse tempo todo?

― Ela quer explicar tudo pessoalmente. Vai aparecer por aqui amanha a tarde.

Joan lançou um olhar hesitante para Sherlock e hesitou. Cuidar de um filho com certeza havia sido um problema para ele, um verdadeiro problema. Ele não sabia lidar com crianças, como cuidar e como reagir àquilo tudo. Não que isso tenha mudado muito. Mas estava acostumando à ideia e à rotina e agora Arthur seria retirado de sua vida.

― Acho que ele precisa dormir ― anunciou Senhora Hudson, cortando um pouco da tensão ― Deixem que eu cuido dele, podem curtir a festa e não comam todo o bolo.

Sherlock agradeceu e forçou um sorriso.

― Joan! Vamos aos parabéns! ― chamou Kitty pulando do lugar onde estava sentada.

O parabéns com certeza fora a melhor parte, pelo menos para Joan. Depois de todos gritarem vivas e Kitty quase ficar rouca no processo, ela quase queimara parte do cabelo enquanto tentava apagar a única vela flamejante sobre o bolo que aparentemente não deveria ser apagada. Até Sherlock riu.

― O primeiro pedaço vai pra senhora Hudson porque tenho certeza que foi ela quem fez o bolo! ― anunciou erguendo o prato.

― Como pode saber disso? ― questionou Kitty revirando os olhos.

― Por favor, nenhum de vocês sabe fazer um bolo maravilhoso como esse.

― Isso não é totalmente verdade Watson ― defendeu-se Sherlock cortando o próprio pedaço.

― Desculpa Sherlock, seu bolo pode ser bom, mas nunca será tão bom quanto o da senhora Hudson ― retorquiu Joan rindo.

Sherlock riu suavemente e cruzou os braços. Mas o olhar dele preocupou Joan, ela conhecia aquele olhar, aquele conjunto de ações... ele estava escondendo algo. Sua suspeita é que não se tratava de algo grande, algo relacionado ao caso. Sherlock não parecia preocupado, só parecia nervoso.

― Tudo bem? ― perguntou enquanto procurava por mais suco na geladeira.

Estavam apenas os dois na cozinha, era o momento perfeito para ter respostas para suas duvidas.

― Sim.

Sherlock não olhou para ela, o que aumentava suas suspeitas. Ali estava um homem que conseguia mentir muito bem, se não estava tendo muito sucesso agora então com certeza havia algum problema.

Ela abandonou a jarra de suco sobre a mesa e virou-se completamente para ele, com uma das mãos na cintura.

― Sherlock, o que houve?

Sherlock se virou, fazendo-a recuar. O que era aquela escuridão nos olhos dele? Joan já vira aquele olhar antes, um olhar que sempre fizera seu coração bater mais rápido, mas que nunca fora direcionado a ela.

Não... estou imaginando coisas.

― Joan... ― ele se aproximou.

― Joan, preciso ir ― anunciou Owen enfiando a cabeça para dentro da cozinha.

Joan pigarreou e se aproximou do irmão.

― Já? Eu ia preparar o jantar.

― Desculpa, preciso resolver alguns problemas ainda. Mamãe pediu carona.

― Tudo bem, avise com antecedência quando viajar ― Joan pediu o abraçando.

― Claro irmã.

― Nós também vamos Joan, temos que voltar ao trabalho ― avisou Capitão Gregson.

― Vão passar pela avenida principal? ― questionou Kitty ― Quero uma carona.

Joan reprimiu uma careta. Todos iam mesmo deixa-la sozinha com Sherlock?

― Onde você está morando Kitty? ― quis saber ― Não vi suas coisas por aqui.

― Ah não, não. Estou tentando uma nova vida em Nova York, longe das garras estranhas de Sherlock.

Joan poderia empurrá-la de uma escada depois daquilo.

Quando todos se foram e a porta se fechou ela sentiu o ar comprimindo ao seu redor, começando a fazer falta. Queria tanto que já estivesse no final da noite.          

Suspirou e voltou para a cozinha, sendo seguida por Sherlock. Mas ele não ia parar de olhá-la daquele jeito?

Ela se concentrou apenas em colocar a comida no fogo e não na atenção exagerada que estava ganhando de Sherlock. Primeiro cortara as verduras, agora misturava tudo na panela junto com o macarrão. Para de me olhar Sherlock. Um pouco de sal, só um pouco. Então pegou a panela para o molho, repentinamente lembrando que deveria ter colocado as verduras e os temperos no molho e não diretamente no macarrão. Bateu a panela com força no fogão. Droga! Para de me olhar! Aquilo a estava desconcentrando. Foco Watson. Jogou o molho ali de qualquer jeito e colocou mais verdura. Dane-se se tinha muito.

E ele ainda estava ali, olhando-a.

Okay, já chega. Virou-se abruptamente e cruzou os braços, lançando um olhar irritado.

― Será que pode parar com isso?

― Isso o quê? Olhar para você? ― Sherlock questionou indiferente, mas ainda sem deixar de fita-la.

― Sim! ― ela afirmou irritada, voltando sua atenção para a comida.

― É proibido olhar para você agora?

Desse jeito? Sim!

― Não. Mas... fica estranho e agoniante depois de dez minutos.

― Tudo bem ― ele concordou em desistência ― Vai mesmo fazer o jantar depois de tanto bolo?

― Bolo não é comida.

Sherlock murmurou algo e saiu da sala com o celular na mão. E finalmente Joan conseguiu respirar em paz. Era um alivio poder sair do foco de Sherlock por alguns momentos, não era a primeira vez que notava que era alvo de um novo e estranho olhar dele, e isso estava alimentando falsas esperanças nela. Odiava isso, odiava tremer sob aquele olhar, sob o tom aveludado de sua voz. Tinha plena consciência de que a voz natural de Sherlock poderia ser tudo, menos aveludada e doce. Somente ela via assim, somente ela estava apaixonada por ele.

E aquele olhar dele... aquele mesmo olhar ele dirigia apenas a Irene. Irene, não Moriarty.

Não! Ele não ama você Joan!

― Droga! ― praguejou se afastando do fogão e pegando a garrafa de suco que já estava semi-pronta sobre a mesa.

Era duro e frustrante dizer a si mesma que estava apaixonada por ele e depois ter que engolir essa verdade. Toda vez que fazia isso, sentia seu peito se encher de algo que desconhecia e que doía frequentemente. Isso é ridículo. De fato, ridículo era um adjetivo que Joan estava usando com muito mais frequência do que queria. Suas ações, sua maneira de agir diante de Holmes, seus pensamentos... tudo era ridículo em sua concepção. Por que não falava para ele de uma vez? Porque tinha medo.

Mas por que tinha medo?

Isso ainda não sabia responder, mas algo lhe dizia que iria descobrir em breve.

― Nem me esperou ― Sherlock notou ao voltar para a cozinha.

Joan colocou o suco pronto dentro de uma jarra e arrumou sobre a mesa.

― Gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo ― desconversou voltando para a comida do fogão ― O jantar está quase pronto.

Ali estava ele novamente, olhando-a. Dessa vez ela se virou para devolver o olhar e se perdeu em suas próprias dúvidas. Por que conseguia ver tanta coisa naquela imensidão azul? Havia tanta coisa confusa e desconexa naquele olhar quanto havia em seus próprios pensamentos. Poderia ser o mesmo motivo ou seria apenas a parte tola de sua mente se alimentando de algo que não existia? De algo que só ela via?

Em algum momento Sherlock abaixou o olhar, quebrando os pensamentos dela, remexeu-se de modo nervoso e se afastou para pegar os pratos:

— Acho que a comida já está no ponto. Não se preocupe, eu arrumo a mesa.

Joan engoliu em seco e pigarreou, tentando controlar a voz:

— Obrigada.

— Joan... podemos conversar?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Recomendações? hehe