Finalmente eu consegui chegar próximo ao lugar onde tinha o número que se encontrava no bilhete, mas alguma coisa ou alguém emitia um som estranho que me chamou atenção.

Um cachorro com a patinha machucada estava olhando para mim. Seu focinho tinha uma aparência triste, eu não poderia deixá-lo ali daquele jeito, então peguei um pano branco que estava dentro da bolsa. Acho que deveria servir, limpei a patinha dele e enrolei sobre o lugar machucado. Fiz um carinho nele e logo levantei com Emma para procurar o endereço.

Eu comecei a sentir a impressão de que estava sendo vigiada, olhei discretamente para o lado e percebi um homem me encarando com um sorriso malicioso no rosto. Eu estava prestes a sair correndo dali quando ele me chamou.

– Ei! Moça espere!

Comecei a ficar nervosa mas, achei que seria melhor responder.

– Bom dia. Vi o que fez com o cachorro, por acaso você é veterinária?

Na verdade não fazia idéia do que era isso, mas deveria ser algo importante, e como eu queria me misturar com as pessoas daquele lugar apenas afirmei com a cabeça.

– Bom... Eu preciso de uma assistente nesta área, aliás, estava indo entrevistar algumas pessoas agora. Deu sorte mocinha!

– Obrigada. Procuro por um endereço se o senhor me entende...

– Claro que sim. Vamos até a clínica veterinária para você me contar mais sobre isso.

Finalmente! Alguém que me entendeu, e melhor, me ajudou. Vai ver esse mundo não era ruim como eu pensei. Nem todas as pessoas eram más. Até agora.

Quando cheguei no lugar onde o homem me levara, fiquei amirando o lugar, nunca tinha visto nada igual. Apesar do calor que estava lá fora, dentro tudo era tão frio, parecia que havia chegado o inverno em apenas um minuto. Havia vários tipos de animais, por todo o lugar.

– Esse é o Toby. Ele é o recepcionista.

Toby me olhou dos pés à cabeça, como se estivesse procurando algo em mim. Vou admitir que achei muito estranho.

– Muito bem... Vamos começar. Qual é o seu nome?

– Branca de neve. - Respondi sentando na cadeira e apoiando Emma no meu colo.

– Hahhaha prazer,Pinóquio.

– Pinóquio é você? Está tão diferente.

– É que eu estou malhando. Ele não aguentou e soltou uma gargalhada. Eu estava confusa, mas enfim comecei a rir também.

–Enfim, vamos falar sério... Ma...Mary Margaret!

– Como? Mary Margaret?

– O que está escrito na sua roupa, aliás, lindo vestido.

Mary Margaret. Deve ser o nome da esposa daquele rapaz...

–Ahhh... sim claro! E Obrigada.

Ele mandou eu entrar por uma portinha que ficava próximo a recepção, e logo avistei o homem que me trouxera para aquele lugar. Ele examinava um gatinho. Tinha uma mulher que estava observando o procedimento. Ele era um médio com certeza. Deve ser assim que eles chamam os médicos de animais aqui. Veterinário.

Quando ele percebeu que eu havia entrado, se virou para mim e falou:

– Bom, aqui é o consultório, com certeza você já viu esses objetos, Vamos começar com essa cliente.

Aí meu Deus, não fazia ideia para que servia isso. Olha! Uma agulha. Pelo menos sei o que é isso... Mas pra quê ele usa?

– Mary Margaret! Anestesia.

–Que diabos é isso?

– A agulha Mary... Coloque a anestesia nela.

ELE VAI USAR A AGULHA! O que ele vai fazer com o pobre gato...

Peguei a agulha e a tal anestesia,coloquei o líquido dentro daquela coisa e dei ao Doutor. E... Ele furou o gato!!! Mas o que é isso afinal? Coitado... Espero que ele não durma por 100 anos.

–Muito bem... Aqui está seu gato, pegue com o recepcionista a receita da ração balanceada. Até mais. - Ela falou se dirigindo a mulher.

Quando a mulher saiu ele me falou:

Você foi... Ligeiramente melhor do que eu esperava...

Isso soou como uma crítica disfarçada de elogio. Mas, poderia ser pior.

– O que fez ao gato? - Perguntei.

– Apliquei a anestesia nele para amenizar a dor da ferida dele. Ahhh... - Ele falou passando a mão na cabeça - Esqueci de alguns documentos. Mary Margaret, se importa de cuidar da clínica enquanto vou lá?

– Claro que sim... Não espera... Porquê quer que eu cuide? Ainda sou nova aqui, tenho muito a aprender.

– Façamos disso um teste, se passar, considere-se uma assistente contratada.
Um teste... Mas seria correto dizer que não estudei. Fui pedir ajuda ao Toby e ele disse que tinha uma lista na parede que tinha algumas instruções de medicamentos.

– Mas porque ele tem uma lista? -Perguntei curiosa.

– Porquê às vezes ele esquece os nomes.

Bom, seja lá o que for isso iria me ajudar bastante.

– A propósito, sua filha está precisando trocar a frauda. - Toby Falou apontando para Emma.

– É cla...

– Paciente 038! Pode entrar.

Entrou uma mulher com um cachorro, e eu não sabia o que fazer.