As lembranças pouco a pouco reviraram em sua mente ao se antepor as noites longínquas em que soubera do suicídio de seu pai. Eufemismos foram usados em demasia aos seus quinze anos recém-completos na história laconicamente narrada por sua progenitora. Um segredo partilhado com a única pessoa que lhe havia restado. Amélie apenas havia entendido coisas que não deveria ao chorar em seu quarto ao som do Aerosmith enquanto fitava as paredes da casa que fora obrigada a chamar de sua. Uma criança pura e desalmada ao saber dos erros que acompanhariam-na para todo o sempre. E, pouco a pouco, as coisas começaram a desandar como ocorreria em qualquer família. Mesmo depois de dois anos sua única salvação sempre fora ohar o pequeno anel de corda enrolado em seu dedo, apoiando-se nas juras de amor eterno proferidas pela única pessoa que verdadeiramente amou. E enquanto colava seus lábios nos de um outro garoto se dispunharia a pensar no menino com os cabelos da cor de limões sicilianos e na maneira como ele a esqueceu no meio de tantas outras. Amélie tinha apenas dezesseis anos quando fumou pela primeira vez. Todavia, ninguém importou, não mais. No final, tudo já encontrava-se perdido.