Quando Kunzite finalmente cedeu ao desejo de sua esposa Mina de ter filhos, não imaginava o que estaria por vir. Não que ele detestasse crianças, pois não as detestava, mas ser pai requeria muito trabalho e autocontrole, ainda mais sendo ele o capitão da guarda real, líder dos Shitennous e casado com a líder das Sailors, ou seja, em uma rotina que só tinha trabalho para lidar e pouco tempo para cuidar de uma criança.

Planejava ter apenas um filho e nada mais que isso, mas o destino não conspirou ao seu favor e vieram gêmeos, dobrando o trabalho que ele teria como pai de primeira viagem. Claro que mesmo amando os filhos era rigoroso no treinamento e nos deveres de casa.

Luke Aino, o menino, era mais parecido com o pai, possuindo pele morena, cabelos brancos um pouco acima dos ombros e olhos prateados. Normalmente vestia uma camisa verde com gola preta, um casaco de moletom branco com detalhes pretos, alça anil e tênis preto com detalhes verdes.

Já Bianca Aino era parecida com a mãe. Tinha parte do cabelo na tonalidade strawberry blonde solta e a outra parte em dois rabos de cavalo altos enfeitados com laços vermelhos, olhos azuis e brilhantes e a pele clara. Vestia um vestido salmão com mangas cor de menta com um laço menta, um broche cor de chocolate com rosa, meias brancas com babados cor de chocolate, saltos cor de rosa e uma gargantilha em flor nas cores rosa e menta.

Bianca era a princesinha do papai, mas isso não a isentava dos treinamentos com os outros soldados. Mesmo sendo a Nova Sailor Vênus, seu pai a obrigava a treinar com uma espada para o dia que precisasse.

— Aonde vamos agora? – Perguntou a menina.

— A mãe que conhece a cidade, pergunte a ela.

— Mãe?

— Sei de uns lugares, que vocês vão adorar. O que acha, Kunzite?

— Contanto que não venha nenhum garoto para cima da minha filha.

— Deixa de ser chato! Como espera que ela namore? – Mina mostrou a língua em uma careta cômica.

— Quem disse que ela vai namorar?

— Pai!

— E não vai mesmo.

— Mas o Luke você deixa?

— Quem disse que o Luke vai namorar?

— Pai!

Tanto Bianca quanto Luke cruzaram os braços e fizeram caretas, mas pelo olhar do pai, não adiantava fazer birra. Eles estavam em Londres há algumas semanas em uma viagem programada pela mãe, que queria aproveitar que Kunzite não tirava férias há anos e o arrastara o mais longe possível de Tókio de Cristal.

— Que isso, amor. Eles já estão na idade de paquerar e namorar.

— Definitivamente não e não me olhem com essas caras ou o próximo lugar que vocês vão será um avião de volta para casa.

Os dois fizeram bico, mas não adiantava discutir. Não queriam deixar Londres tão cedo. Bianca tinha adorado a cidade e depois iria pegar o metrô subaquático que ligava Londres a Paris para conhecer a cidade.

Depois de visitarem um último lugar, a família embarcou para Paris. Bianca mal desembarcou e correu para as compras, seguida de perto pela mãe. Mãe e filha eram parceiras inseparáveis quando o assunto era comprar. Conforme compravam, davam aos rapazes para carregar e muitas vezes seu pai as impedia de comprar tudo que queriam, embora vez ou outra deixasse Bianca levar mais coisas que Mina, o que deixava a esposa furiosa, mas fazer o que? Ser a princesinha do papai tinha suas vantagens.

— Bia, já chega! – Implorou Luke.

— Só mais uma loja...

— Você disse isso há três lojas atrás! Quero ver com vai caber tudo isso na mala.

— A gente pode comprar outra mala, não?

— Outra?! Pai!

— Se for preciso, compramos outra mala.

— Viu?

— Mas você não vai gastar mais um tostão nessas lojas!

— Mas pai...! – Fez cara de cão sem dono.

— Não, Bianca. Isso não vai funcionar.

— Amor...

— Mina, você também não!

— Pai...

— Luke, essa sua cara de cão sem dono parece um ornitorrinco.

— Qual é!

— Ainda assim, a resposta continua sendo não.

— E se eu comprar coisas para as minhas amigas?

— Então tudo bem, mas tem que ser para as suas amigas e não para você.

— Está bem.

— Você não, Mina!

— Mas eu também quero comprar coisas para as minhas amigas.

— Não.

— Por que a Bia pode e eu não?

— Porque a Bianca não tem um jantar marcado comigo esta noite.

— Oh, eu quase me esqueci!

— Luke, vá com sua irmã. E veja se ela está comprando mesmo coisas para as amigas dela.

Mesmo resmungando, Luke foi atrás da irmã. Bianca pegava várias roupas na loja, algumas para as amigas e outras secretamente para ela.

— Bia, só para as amigas.

— Quem te deixou no comando?

— O pai.

Bianca resmungou e teve que pegar somente para as amigas. Não que Luke representasse perigo ou se preocupasse com essas coisas, mas se seu pai descobrisse, daria uma bronca nela por desobediência e uma bronca maior em Luke por ele ter sido o responsável e ela não queria isso. Eles eram gêmeos, deveriam ser parceiros e não tirar proveito da desgraça um do outro.

— Pode levar aquele vestido para você, se quiser.

— Mas o pai vai brigar com você.

— Mas você gostou tanto dele, eu me entendo com o pai depois.

— Obrigada.

Era tão reconfortante quando encontrava alguém que realmente sabia como se sentia, no caso de Bianca, ela e Luke eram conectados por um laço invisível. Não sabiam explicar, mas um desvendava os pensamentos um do outro sem abrirem a boca, sabiam quando o outro se sentia mal ou quando alguma coisa ruim tinha acontecido. Era como se fossem um só, separado em dois corpos, é claro.

— Aonde vamos agora?

— Bem, eu vi...

— Esqueça as compras, Bia. O que acha de passarmos no Louvre?

— E eu posso tirar foto e mandar para as minhas amigas!

— Pela enésima vez.

Os gêmeos foram ao Louvre. Não se importaram se estava fechando, só queriam tirar fotos na área externa.

— As meninas vão morrer de inveja.

— Bia, deixe isso para depois, parece que temos problemas.

Luke apontou para o bebê com lâminas nos braços. Vários deles apareceram e não demorou para o caos começar.

— Oh não! Se o pai descobre, a gente vai voltar para casa hoje mesmo.

— Isso não vai acontecer, não com a gente aqui.

— Venus Crystal Power Make Up!

Ela se transformou em Sailor Vênus e pegou a corrente para atacar. Bianca e Luke lutaram juntos como uma boa equipe e venceram. Não vieram outros, mas não custava verificar. Depois de uma varredura, ele guardou a espada e ela voltou ao normal.

— Não podemos contar ao pai Luke, senão nós vamos voltar para casa!

— E adeus férias.

— E teremos treino.

— Vamos dar uma olhada na cidade antes de encontrarmos os pais no restaurante.

— Assim eles aproveitam o momento romântico deles.

— E nós teremos certeza de que não ficou nenhum monstro para estragar nossas férias.

— Assim não iremos para casa tão cedo.

— E nem voltaremos a treinar.

— Nós somos gênios, Luke!

— E como. Vamos começar?

— Claro! Aproveito e tiro mais algumas fotos.

— Mas nada de compras. Não tem como eu lutar estando cheio de sacolas.

— Não te prometo nada.

— Vou contar para o pai.

— Malvado. – Mostrou a língua em uma careta.

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