The Movie of Our Lives escrita por Heosphoros


Capítulo 2
Tempestade Vermelha


Notas iniciais do capítulo

"Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são".

— William Shakespeare.



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ATO II

Jonathan acordou quase que ao meio-dia, e não graças ao despertador.

O sol dourado de Los Angeles nem sequer entrava pela janela, coberta pelas cortinas cinzentas. Não. O que o acordou foi o som do seu toque de celular; a guitarra de Angus Young eclodindo ‘Back in Black’ pelo quarto como se fosse um show de rock.

Abrindo lentamente os olhos verdes escuros, ele suspirou. Esticou o braço para pegar o celular e deslizou o polegar pela tela, que exibia uma foto bem constrangedora de sua irmã mais nova – que, aliás, havia o deixado em paz por semanas.

– Alô – ele disse, com a voz rouca e arrastada.

Do outro lado da linha, ela berrou:

– JONATHAN CHRISTOPHER MORGESTERN!

Involuntariamente, ele afastou o aparelho dos ouvidos.

– Oi, Clarissa.

– O que você está pensando?

Jonathan refletiu sobre a pergunta.

– Nesse momento sobre o que tem para o café, e você?

– Em como NÓS DOIS VAMOS FAZER PAR ROMÂNTICO NUM FILME DE HOLLYWOOD, SEU IMBECIL!

Isso o fez sentar-se ereto na cama.

– Como assim, sua louca?

Outro berro.

– Se você prestasse o mínimo de atenção no que eu digo saberia que eu fui aceita como Julieta no novo filme de Magnus Bane! – ela se queixou, quase chorando de raiva – e você não teria aceitado essa merda de papel.

– Ah, caralho... – Jonathan suspirou – mas eu não posso recusar mais, Clary! Já assinei os contratos, estão começando a me pagar adiantado... São cerca de 250 mil dólares!

– Você quer que eu recuse? Foi o primeiro papel que consegui como atriz, Jonathan!

– Então aceite – a dor de cabeça que a voz da irmã mais nova lhe proporcionava começava a atiça-lo, e agora nada importava a não ser que ela parasse de piar em seu ouvido. Para ser sincero consigo mesmo, Jonathan não se importava. Atuava todos os dias, sem cessar, sobre quem era. Atuava para os fãs, para as entrevistas, a sociedade... E não se importava em interpretar aquele tipo de papel também.

– Você quer dizer que não se importa? – Clary estava ficando irritada – nem mesmo um pouquinho? Por Deus, Jonathan, eu não quero beijar você!

– Beijo técnico, irmãzinha – ele aproveitou a oportunidade de ser sarcástico e insuportável, do jeitinho que ele sabia que a irmã odiava – bem-vinda ao mundo da atuação!

– Você é nojento – foi o que Clarissa, secamente, afirmou antes de desligar o telefone na cara dele.

Suspirando, Jonathan colocou o telefone ao seu lado da cama. Se era assim que ela queria, ótimo. Não havia motivos para permanecer falando com Clary que não faz o menor sentido toda essa ceninha por conta de um filme. Era atuação! Ela deveria saber disso e estar pronta para arcar com o mundo movimentado de Hollywood; repleto de mídia e mentiras.

Mas Clary sempre foi uma menina do bosque... Do tipo que sonha demais.

O Morgestern mais velho já havia interpretado milhões de papéis diferentes. Foram muitos filmes, séries e comerciais nos últimos cinco anos que o fizeram ser conhecido praticamente em todo o país! Viveu muitos heróis e galãzinhos que lhe garantiam todas as garotas que quisesse; e que também garantiram aquele apartamento gigante que ocupava um andar inteiro.

Tudo isso com seu próprio dinheiro e com uma pequena ajuda do pai - o grande Valentim Morgenstern - que era um homem de negócios, com um poder de persuasão inimaginável.

"A verdadeira riqueza se obtém através das aparências, Jonathan". Era o que Valentim lhe dizia e, até hoje, foi a lição paterna que mais foi útil ao primogênito. Foi assim

Jonathan ergueu-se da enorme cama de casal com um pulo. Os lençóis brancos combinavam com as cortinas e com o piso preto de mármore, mas todo o resto no imenso e luxuoso apartamento dele era desorganizado, colorido e não fazia par com nada.

Ele buscou alguma roupa para vestir enquanto fazia um pedido para o café da manhã, com o celular preso entre a orelha e o ombro. Só naquela tarde ele tinha muita coisa para resolver, então seria melhor que tirasse Clary da cabeça e voltasse a sua rotina matinal.

Mas não conseguia.

Por que essa garotinha sempre mexeu com ele?

E definitivamente não é porque os dois possuem o mesmo sangue AB Positivo...

. . .

ATO III

Simon e Clary estavam largados no sofá de seu simplório apartamento, com a TV ligada em algum canal de animes onde 'Naruto' estava sendo muito bem ignorado pelos dois. Com as pernas esticadas sobre o colo do melhor amigo, Clary largou o controle remoto e, de repente, começou a urrar de ódio.

– Eu odeio ele! - jogou a almofada longe, que atingiu a mesa da sala de jantar improvisada - odeio o Jonathan! Odeio! Queria que ele não existisse!

Simon ajeitou os óculos.

– Acho que está exagerando um pouco...

E, como resposta, Lewis recebeu um mortífero olhar verde e enraivecido. As bochechas de Clary estavam tão vermelhas que realçavam as sardas e quase se igualavam a seus cabelos.

– Olha, Clary, é só um filme - ele continuou - só precisa fingir um pouco durante as gravações e depois você vai ser tão rica que vai poder se mudar para o Caribe com Jace e nunca mais ver seu irmão!

Mencionar o namorado de Clary a fez ficar com uma expressão desesperada. Os olhos verdes nunca estiveram tão arregalados e encaravam Simon, parecendo pedir por ajuda.

– Jace! - ela gritou, agarrando a raiz dos cabelos - por Deus, o que ele vai dizer?

Então a campanhia tocou. Sem que nenhum dos dois tivesse se levantado, a porta se abriu num estrondo. Por ela, passou uma Jocelyn furiosa, com os cabelos vermelhos queimando como fogo. Ela encarou os dois companheiros de apartamento - a filha e o menino que era quase seu afilhado - com aqueles olhos verdes iguais aos de Clary.

– Clarissa. Ligue para Jonathan. Agora.


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Notas finais do capítulo

Devo proseguir?