Ícaro preocupou-se, diziam para ele chegar às 8h. Sempre dizem. Não conseguiu, mas deu tudo certo.

***

A garota abriu a porta. Caminhou até a cama, sentou-se e observou. A estante continha livros empoeirados. A cômoda possuía porta-retratos. Na parede alguns pôsteres. Em Júlia, a convergência. Sentia-se intrigada, achou que estava bem e que a visita lhe daria forças, porém o quarto de Tiago era banhado em memórias. A aceitação do luto transformou-se em dor, outra vez. Sua resiliência não era tão verossímil quanto pensara.

Respirou fundo, fechou os olhos. Seu rosto estava úmido.

Júlia havia trilhado parte do caminho, era preciso continuar. Abriu novamente os olhos. Percebeu que algumas coisas de Tiago não estavam mais lá... Ela ainda o via ali, coexistindo solitário e distante. Era paradoxal, porém tão fácil de acreditar.

A garota se moveu até a janela e a abriu, deixou o vento entrar. Olhou para baixo, viu seu carro estacionado e se lembrou da viagem. Precisava ir. Foi. Não negligenciou seus sentimentos, afinal, era difícil demais fazê-lo. Decidiu apenas que seguiria sua história sem ponto. Não demarcaria finais, viveria os momentos.

Sim, eu consegui acompanha-la. Estranho? O que não é. Só precisei justapor minha vontade a dela.