Os relatórios diziam seis meses. Valente nunca demorara tanto para voltar a aportar em Jade.

– Talvez Nathaniel esteja desbravando novas rotas – Gunther dissera um mês atrás, erguendo os ombros. – Houve uma vez em que demoraram um ano para voltar a aparecer.

Mas Phillippe ainda não era obcecado por cabelos ruivos e rostos queimados de vento e sol. E, até agora, nunca tinha desejado não ser com tanta força.

– Não tem força para nada, Phill – Gyselle o corrigiu quando desabafou seus pesares entre os goles de chá. – Só fica trancando nesta sala dia e noite. Está mais pálido do que um fantasma, e perdendo peso rápido demais.

Ele pousou sua xícara de porcelana chinesa no pírex. Os olhos da irmã exalavam preocupação e tristeza.

– Pensei em deixar a maresia me sufocar – segredou, sorrindo doentia e melancolicamente. – Mas, oh, o suicídio é um pecado pesado demais para minha alma já marcada para arder no fogo eterno.

Gyselle recuou as costas para o espaldar da cadeira, arregalando os olhos.

– Pensei em cometer homizio, irmã – sussurrou. – Quem sabe não me matam por vingança à minha vítima? Assim, creio que meu pecado será perdoado.

Phillippe riu.

– A maré viva há de afogar o meu mundo.