Teus Olhos Meus escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 25
XXIV — Demônios Internos Podem Ser Silenciados & Exorcizados.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, olha quem voltou.
Não sei se sumi por bloqueio criativo, preguiça ou falta de incentivo, mas enfim... Bla bla bla bla bla e espero que não deixem favoritar, recomendar pro papai, pra mamãe, pra titia, pro primo, pra empregada, pro patrão... É sério mesmo! Vocês não sabem como isso é importante para nós escritores e não custa nem dois minutos.



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MARCOS

— Virou fiscal de cu agora? — indaguei irritado.

— Não — ela respondeu em deboche.

— Eu só acho engraçado que tempo pra ficar especulando coisas você tem e de sobra, mas pra estudar mesmo que é bom... Nada.

— Se é mentira, por que está vermelho? — Késsia perguntou.

— Porquê... Porque, porque quando você me viu fofocando de alguém aqui? Eu não gosto disso. — gaguejei. — E se eu supostamente estivesse saindo com o professor Antônio, haveria algo de errado nisso?

— Do jeito que o mundo está virando de pés para cima, muitos falariam que não. Mas fique sabendo meu querido, que diante dos olhos de Deus isso é uma abominação — declarou.

— Abominação? — Antônio riu. — Não é você quem sempre traz pão de queijo recheado de bacon? Pois saiba que no mesmo livro sagrado que abomina a homossexualidade, abomina completamente o consumo de carne de suinos.

— Mas não estou aqui dizendo que sou perfeita — completou.

— Então por que achas que tem o direito de apontar o dedo pra alguém? — Emília questionou.

— Por que você não cala essa sua boca logo, vagabunda?

Vi minha aluna voar em direção da que a ofendera, mas para a minha sorte – ou azar – os reflexos de Marcos foram rápidos o suficiente para segurá-la.

— Não. Não vale a pena — afirmei.

— Claro que vale — a menina bufou.

— É isso que os conservadores fazem Emília, quando suas crenças são questionadas eles parte m para a ofensa já que não tem argumentos — disse fitando Késsia nos olhos.

— Espero que a aluna peça perdão a nós três por difamação — Antônio disse com a voz firme.

— Vão esperar sentados — ela riu.

— Ótimo. Só não se esqueça de quem é o professor dentro dessa sala — ele deu um gole em sua enorme garrafa térmica com café, bem, pelo menos é o que eu imaginava que fosse.

Alguns alunos começaram a cochichar sobre o ocorrido.

Sem saber o que fazer, voltei para a carteira onde tinha costume de sentar e esperei o professor se pronunciar já que faltava uns minutos de aula.

Eu vou acabar com a raça dessa menina!!!” vi a mensagem no celular de Kessia.

Incrédulo, contei até dez pra ver se eu conseguia me acalmar, mas foi em vão.

Com o rosto quente e enrubescido caminhei até sua mesma e tentei não alterar a voz.

— O que é isso? — Perguntei.

— Nada — ela respondeu revirando os olhos e mascando o chiclete.

— Vai continuar mentindo?

— Foi só uma brincadeira.

— Brincadeira? — Gritei.

— O que está acontecendo ai? — Antônio começou a caminhar em nossas direções.

Houve um silêncio.

— Há alguém aqui insistindo em tomar uma atitude medieval ao perpetuar a violência entre mulheres — o respondi.

— Expliquem-se de uma forma clara.

— Olhe o celular dessa menina.

— Sério?! Claro que não vou permitir isso — sim, ela revirou os olhos mais uma vez por trás das lentes de seus óculos. — Não estamos no ensino médio.

— Então por que insiste em agir como se estivesse? — Indaguei.

— Eu não sou obrigada a ficar aqui aturando isso — rapidamente ela jogou suas coisas dentro da bolsa rosa shok e saiu da sala.

— Não precisa voltar — Antônio, meu professor ou... meu namorado como preferirem, disse. — No primeiro dia de aula eu disse que não tolero racismo, machismo, lesbofobia, homofobia, transfobia, gordofobia ou qualquer outro tipo de desrespeito. Se houver mais alguém aqui que vai insistir com esse pensamento hostil é melhor tomar cuidado.

Ele conferiu as horas no enorme relógio prata em seu pulso.

— Vocês estão dispensados.

[...]

Quem diria que eu um dia chegaria a não afogar todas as borboletas no estômago com cachaça, não é mesmo?

Pelo visto, pessoas realmente mudam. O ruim disso tudo é que a cada dia me sinto mais confuso em relação a ser gay, ou sei lá, bissexual. Não aguento mais sofrer pela mesma coisa todos os dias. Por mais que eu lute contra os demônios que residem dentro de mim, eles sempre dominam minha mente me causando paranoias terríveis. E eu não sei por quanto tempo ainda consigo esconder esses sentimentos de Antônio.

Muitos desejam poder voltar no tempo, eu só queria poder me sentir bem comigo mesmo.

Por mais que todos na internet falem que não há nada de errado comigo, eu, Marcos, me sinto julgado por Deus. É errado, está na bíblia sagrada que é. Porém... Como posso depositar minha fé em alguém que supostamente não me ama por eu ser quem eu realmente sou? Porra! Eu estou feliz assim, aliás, muito.

Falando em felicidade, mal posso conter o meu estado de êxtase em conseguir um estágio remunerado em uma mineradora. Bem, ficaria muito mais feliz se eu pudesse compartilhar essa felicidade com meus pais, m as no momento...

Melhor deixar pra lá.

E bem, combinei se sair com Antônio e Alexandra pra comemorar esse meu feito e se eu não me apressar vou me atrasar. Afinal, eles têm carro e eu... busão.

Antes de descer do ônibus os avistei do outro lado da rua sentados na parte de fora daquele restaurante na rua mais boemia de Abóboras. Ambos trocavam sorrisos e fiquei muito feliz em perceber que aquilo não me incomodava. Eu o amo e as vezes quero ser o único motivo do seu riso, mas porra, isso é um egoísmo enorme. Se eu o amo, o quero bem e que ótimo que ele tem a quem recorrer na minha ausência, ao contrário de mim que... Merda!

Não posso deixar esses pensamentos me deixarem mal, pelo menos não por hoje anoite.

Atravessei a rua distraído, e, quase fui pego por uma moto. Assim que me identifiquei para o hostess dei passos largos em direção aos meus amigos. Fui recebido com um abraço caloroso de Alexandra.

— Parabéns pelo estágio — ela abriu um sorriso largo e extremamente branco.

— Esse cargo já era meu, tipo, totalmente — brinquei.

Na mesma hora Antônio se levantou e me envolveu em um abraço. Seus dedos largos percorriam a minha cintura enquanto seu cheiro despertava-me os instintos carnais. Discretamente lábios encostaram em meu pescoço e um breve chupão fez com que eu revirasse os olhos. Quando percebi o que ele estava fazendo e um pulsar em minhas calças os afastei.

— Tem certeza disso? — ele questionou.

— Tenho! — respondi.

— Abusado — ele bradou.

— Estudioso, talvez até: dedicado — o corrigi ajustando o colarinho que o mesmo havia bagunçado.

— Está bem viu, Hermione Granger — caçoou.

Ao sentarmos, Antônio pegou uma caixa verde esmeralda aveludada que até então estava em repouso na mesa e a me ofereceu.

— O que é isso? — questionei.

— Um presente — ele riu. — Pegue, é sua.

— Então o senhor, meu caro professor, irá confirmar o que Késsia proferiu logo mais cedo?

— Não seja tolo Marcos, Emília também receberá um — ele respondeu sério.

— Que história é essa? — Alexandra nos interrompeu.

— Nada demais — Antônio respondeu rápido, rápido até demais.

— Foi algo demais sim — o desmenti. — Algo bem chato pra ser sincero...

— Não estou entendendo, da pra tirar a rola da boca e me explicar?

— Quando anunciei os ganhadores da prova... bem, disseram que o Marcos venceu porque me come.

— Sério que falaram isso? — ela estava incrédula.

— Com as mesmíssimas palavras.

— Mas não importa — Antônio disse seco. — Não vai abrir seu presente?

O abri um sorriso e respirei fundo.

Não tinha certeza se deveria aceitar aquilo, mas também não era certo fazer desfeita a alguém que tanto me ajudara.

Ao abrir, dei-me de cara com um pingente de opala.

— Que pedra linda! — vibrei.

— Não é pedra, é mineral — ele me corrigiu.

— Deixa o seu professor de mineralogia ouvir você falando isso — Alexandra brincou. — Posso ver?

Antes e coloca-lo, a estendi a mão.

— Lindíssimo — ela colocou a mão em meu ombro. — Dar pra ver que você o merece.

— Não comece Alê, não elogie. Ao menos que queira ser asfixiada pelo ego deste menino — Ele fez uma encenação que me fez gargalhar.

Continuamos ali conversando por alguns instantes.

Tudo estava perfeito. A música. A companhia. A bebida... Até o clima que andava seco demais resolvera nos presentear com um vento fresco.

— Acho que tenho que ir embora, já está dando o horário do último ônibus. — disse, trocando algumas palavras.

— Embora? Eu ouvi certo? Ainda é cedo — disse Alexandra que acabara de voltar do banheiro.

— Cedo pra você que não depende de ônibus — exclamei.

— Seu namorado te deixa em casa — ela sugeriu.

— A gente podia é estender essa comemoração é na minha casa — Antônio me fez uma proposta irresistível.

— Que delicia — Alê riu. — Então pode pedir a conta?

Antes que eu respondesse, meu namorado parou o primeiro garçom que passou pela nossa mesa e pediu para fecharem.

Assustando-me, meu namorado emitiu um ruído indescritível.

  — Sua cretina!

— O que foi diabo? — pelo visto eu não havia sido o único a se assustar.

— Não me contou o que aconteceu com os racistas do episódio do supermercado.

— Sério? Pensei que havia comentado — ela deu um gole em seu suco de limão siciliano com xarope de flor de sabugueiro. — Pois então, a juíza me pediu para ajuda-lo a escolher uma sentença, mas ao invés de manda-los pra cadeia sugeri que ela os fizessem ler um livro sobre os direitos humanos e irem de 15 em 15 dias até o fórum para debaterem sobre respeito às diversidades durante uns dois anos. E tudo foi desbotando até desaparecer — ela explicou.

— Você está brincando? — perguntei

— É sério — ela comemorou com um olhar frio.

— Primeiro: a bicha é bonita. Segundo: ela fecha.

Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, o garçom chegou com a guia. Antônio tentou tirar a carteira do bolso, mas o interrompi.

— Deixa, hoje eu pago a conta de nós três.

Os dois trocaram olhares e confesso que me senti um pouco ofendido, como se achassem que eu não tenho condições de pagar. Bem, ter eu não tenho né, mas como a fatura vai demorar a chegar... Eu me viro até lá.

Passei o cartão e ao despedir de Alexandra, fomos direto para o carro que estava estacionado há poucos metros dali. Durante todo caminho ficamos em silêncio. O único contato entre nós era sua mão direita que repousava em minha coxa.

Quando chegamos ao apartamento eu estava esgotado. Havia acordado cedo pra ir à faculdade, peguei umas motos para consertar e depois, bem, fui correndo para o bar.

Ele me puxou até a cama. Era perceptível o vermelho em meu rosto. Entre mil e um beijos, Antônio começou a desabotoar minha camisa. Naquele momento, o cansaço já não me incomodava mais. Me contive para não ajuda-lo. Depois que o pano escorreu dos meus braços para o chão, nossos olhos se encontram quando ele chegou no zíper e hesitou.

— Não quer mais?  — perguntei.

O zíper rapidamente deslizou-se para baixo. Momentaneamente o joguei na cama com um empurro e ele analisou meu corpo nu durante alguns segundos. Então, roçou os lábios nos meus. Tive o cuidado de deixa-lo igualmente nu. Rapidamente.

Ele me abraçou e em resposta o apertei forte. Meu coração batia forte demais. Com certeza Antônio conseguia perceber. Ignorando os pensamentos que tentavam me convencer de que aquilo era errado o beijei com violência. Passei a mão em sua nuca e ele deslizou as palmas nas minhas costelas. Passeei com língua devagar em seu abdômen até seu sexo.

Meu namorado arqueou o corpo no instante em que eu introduzi seu membro em minha boca. Antônio franziu o cenho e cerrou as pálpebras. Sem querer, esbarrei meus dentes e o vi praguejar, mas sua expressão logo mudou quando fiz o nível melhorar – apesar de nada ser comparado com o que eu fazia com as meninas que estava tão acostumado –.  Contudo, Antônio era completamente diferente.

Ele agarrou meus cabelos e logo gozou. Meu namorado se pôs de pé. Tornei a beijá-lo.

Agora ele fitava minha bunda de uma forma obscena. Sim, mesmo sabendo que ele jamais a tocaria.

Para me livrar daquela situação, peguei a primeira camisinha que achei e ergui suas pernas. Ao introduzi-lo senti uma brisa gelada invadir o quarto pela janela. Aquilo havia aumentado o turbilhão de sentimentos que eu sentia no momento.

Depois de vários movimentos repetidos e contínuos, estávamos extremamente suados. Ele segurou minha mão, encostei minha testa na sua, nossos cabelos molhados se misturavam. De repente, Antônio me abraçou pelos ombros e tomando impulso me deitou na cama e começou a cavalgar em cima de mim.

Depois de lutar contra a vontade de ejacular, o avisei que meu êxtase estava próximo e ele saiu de cima de mim e ajoelhou-se na cama. Continuei me tocando até que mirei em seu rosto e um jato branco e quente o atingiu no olhos.

Fomos para o banheiro juntos e embaixo do chuveiro nos limpamos e trocamos mais beijos quentes e selvagens. Quando voltamos para o quarto ele desenrolou um sorriso enorme. Antônio puxou-me para perto e eu não resisti. Apoiado em seu ombro esvaziei os pulmões com um suspiro e logo adormeci. Mas antes que eu dormisse de fato, escutei:

— Eu realmente te amo.


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Notas finais do capítulo

Comentar em uma fic é mostrar para o autor o quanto
você respeita e gosta da historia. Não custa nada e não
demora dois minutos, então por que não comentar?

Com certeza todos que leêm essa nota já escreveram algo
e viram como é ruim escrever para as paredes. Muitos desistem,
outros desanimam.

Então faça uma forcinha, nem que seja para dizer que amou
ou odiou. Com toda certeza o autor se sentira melhor.



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