Teus Olhos Meus escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 23
XXII — A Gente Fica Mordido, Não Fica?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, olha quem voltou.
E volta o cão arrependido com suas orelhas tão fartas com seu osso roído e com o rabo entre as patas...
Bem, eu nem sei se vocês leem essa "notas do capítulo", mas venho aqui explicar-me porque da demora: passei por uma cirurgia e fiquei com o braço imobilizado por quase um mês. Era muito ruim escrever assim, o máximo que eu fazia era anotar as ideias para que elas não se perdessem ao vento. Espero que vocês entendam e não abandonem a história por essas intempéries com o cronograma de postagem.
Espero ver vocês no próximo sábado e deixem comentários avisando o que vocês tão achando da história. Pode parecer que não, maaaaas ajuda muito na hora da inspiração!
Não deixem favoritar, recomendar pro papai, pra mamãe, pra titia, pro primo, pra empregada, pro patrão... É sério mesmo! Vocês não sabem como isso é importante para nós escritores e não custa nem dois minutos.



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MARCOS

Saí do elevador e dei de cara com Antônio na porta. Seus olhos negros como jabuticabas fitavam me cerrados. Se não fosse a tensão que eu estava sentindo no momento estaria com o sexo enrijecido ao vê-lo trajado apenas com uma calça de moletom cinza.

— Eu sei como você acha que sente em relação a mim. — declarou. — Mas não sente. Você só gosta de mim porque sou seguro, financeiramente. Fora o sexo que deve ser bom, digo, comer cu apertadinho deve ser uma maravilha. E assim, nunca precisa aturar uma TPM.

Antônio sabia que estava sendo cruel, e parecia mal se importar. Esse não é o mesmo homem que conheci, havia algo de errado.

— Bom dia. — bradei.

— Você acha que eu não percebi o que está acontecendo? — indagou.

— Explica-me porque não faço mínima ideia do que esteja falando.

Meu professor se inclinou e fez um sinal com a cabeça para que eu adentrasse o seu apartamento.

Contestei a priori, não obstante precisávamos ter aquela conversa.

Dei um passo para dentro. Olhei em volta, piscando, tentando identificar o que havia de diferente naquele ambiente.

Quando a porta fechou-se atrás de mim percebi que os móveis haviam sido trocados de posição e uma parede outrora branca, agora era verde. O cheiro, sim, o cheiro também estava diferente. O cheiro de café e menta não estava presente ali.

O segui até a cozinha e sentei-me no balcão.

— Você está bem? — indaguei.

Com um movimento grosseiro ele bateu a porta da geladeira onde havia acabado de pegar um suco de melancia.

— Claro. Estou bem.

Colocando as mãos no cabelo ele virou o rosto em direção ao meu. Antônio estava suando, mesmo com o ar fresco que vinha pelas janelas.

— Você não parece bem. — contestei.

Ele não respondeu.

— Assim fica difícil... — respirei fundo. — Eu não deveria ter vindo.

— Marcos, você não entende? — sua voz parecia rouca.

— Deveria? — questionei.

— Sim! — ele colocou o copo na pia com um movimento brusco. — Até um cego conseguiria enxergar.

Meu professor fechou os olhos como se estivesse aflito. Foi involuntário. Aproximei-me dele e o encarei de perto. A iluminação que vinha pela janela fazia com que seus lindos traços se realçassem cada vez mais. Eu senti um arrepio subir-me ao corpo ao encarar seu abdome, mas antes que eu pudesse livrar-me destes pensamentos eu o beijei.

Pude sentir que Antônio ficou extremamente surpreso ao sentir minha língua abrir caminho pelos seus lábios carnudos. Ele desequilibrou-se para atrás e escorou os braços na pia. Fiquei feliz quando ele não se afastou e começou a retribuir. Isso encorajou-me a continuar. Passei a mão atrás de sua cabeça e aprofundei o beijo encaixando nossos lábios. Sua boca era macia e diferente, diferente de todas as bocas femininas que eu já havia beijado antes.

Quando me permiti fechar os olhos pra aproveitar aquele momento, fui empurrado para trás.

Desviei o olhar e afastei-me para trás incrédulo.

Idiota. Precisava estragar esse momento? Pensei.

— Não posso continuar com isso até que você se resolva.

— Me resolver?

— Sim. — ele franziu o cenho. — Se não me ama, caí fora.

— Que papo é esse?

— Eu não sou uma boneca inflável onde você vai se aliviar, Marcos.

— Eu gosto de... — Antônio riu olhando para o chão. — Eu amo você, não consegue enxergar?

— Não, talvez você devesse deixar mais claro!

— Você é que não quer ver. — exclamou.

— Antônio! Porra! Não consegue entender que isso tudo é novo pra mim?

— Entendo, merda, se tem uma coisa que entendo é a dificuldade que você deve estar passando pra se aceitar, mas você não pode fazer isso comigo.

Ele secou o suor com uma das mãos e logo voltou a falar.

— Se você quer desistir disso e voltar a ter a vida de hétero, ótimo. Não vou te julgar por isso, mas só não fique me iludindo fazendo com que eu acredite que vamos ter algo. Isso é desumano.

— Eu não iludi ninguém. — Ri. — Você se iludiu sozinho.

— Ah, então você além de foder comigo, faz declarações dizendo que gosta de mim e espera que eu não crie nenhuma expectativa? É isso que estou entendendo?

— Você está falando como se tivesse quinze anos.

— O imaturo aqui é você que não consegue ver está fazendo mal a si próprio e ao próximo.

Não tive reação.

E se o que ele estivesse falando fosse verdade?

Nunca passou pela minha cabeça que eu fosse capaz de fazer alguém sentir algo assim por mim, afinal, nunca senti por ninguém.

— Você é adulto. — disse Antônio. — Espero que possa me dar uma resposta clara. — Ele respirou fundo mordendo os lábios e soltou uma bomba. — Você quer continuar sendo apenas meu aluno ou você aceita ser o meu namorado.

NAMORADO!

Que palavra forte. Muito forte.

— Ora Antônio — desdenhei. — Você não pode viver esperando que as pessoas irão ter um comportamento perfeito com você. Adultos também fazem besteira. Muita. Eu aceito sim ser seu namorado, desde que, você entenda o meu tempo. — propugnei. — Você não se diz o descontruído politizado? Pois muito que bem. Vai ser difícil pra mim andar com você de mãos dadas na rua por um tempo, te beijar em público, e bem, nem precisa dizer que não há nem possibilidade de você frequentar a minha casa, né? Isso tudo é novo pra mim.

— Eu quero ser seu homem.

— Você é o meu homem. — O interrompi.

— Mas não quero que fique na sua zona de conforto usando a sua desculpa de isso tudo ser novo como um pretexto. — contemplou.

Estava prestes a abrir um sorriso conformado quando ele me pegou pela mão e começou a me puxar pela casa.

— Onde você está indo? — Indaguei.

— Te entregar todos os beijos que ainda eu não te dei.

[...]

Após gozarmos juntos pela segunda vez, meu namorado debruçou-se sobre meu peito enquanto minhas pernas ainda tremiam.

Transar com Antônio era esplêndido. Esplêndido como deitar no chão frio e admirar o teto por horas, como ouvir belas histórias sobre viagens, ter belas conversas com amigos enquanto se bebe uma gelada, como ouvir alguém usar palavras quase não usadas tais como “nostalgia”, “demasiado” e “inefável”. Esplêndido como deliciar sons diferentes como peças de piano, como formular minhas próprias conversas e até mesmo em andar com fone de ouvido em dias nublados. É o tipo de coisa que você nunca se cansa. Eu poderia ficar fazendo isso por vários dias.

— Amor? — indagou.

Não há como negar, escutar um homem me chamando assim me causava uma sensação estranha.

— Eu... — retruquei sem jeito.

— Onde é que estávamos?

— Eu estou no mesmo lugar, mas acho que sua boca estava mais próxima da minha. — antes que eu pudesse responder fui surpreendido por seus dentes beliscando de leve meus lábios.

— Assim? — sussurrou.

— Não. — o puxei para cima de mim e o beijei lentamente. — Assim.

Senti seu membro enrijecido tocar minha barriga e no mesmo instante pude sentir uma pulsação.

Fechei os olhos novamente quando ele se soltou do beijo e curvei a boca esboçando um sorriso.

Desmontando-se de cima de mim, Antônio esticou um dos braços até o criado mudo e pegou um preservativo com sabor de melancia. Tomando cuidado para abri-la ele a retirou da embalagem e colocou a parte do reservatório sobre a língua. Surpreendendo-me ele levou a camisinha até o meu sexo, firmou os lábios e a desenrolou até a base do meu sexo.

Afastando as minhas pernas ele começou a me masturbar brincando com minha glande. Desviei o olhar de sua boca para suas nádegas redondas e firmes que estavam inclinadas para o alto.

Ao perceber que sua intenção era apenas me chupar, tentei tirar o preservativo, não obstante ele me fitou nos olhos com o cenho franzido repugnando minha atitude.

Chupar a bala sem tirar o plástico, nunca vi isso. Pensei, logo antes de minha mente ser tomada por uma onda de arrepios.

Quando começou a brincar com a língua, fomos surpreendidos com o toque do seu celular. Antônio me encarou com uma expressão de “o que faço?” e dei de ombros. Ao encarar o visor ele automaticamente desligou e jogou o celular na cama.

Antes que pudesse voltar sua atenção para mim o celular voltou a chamar.

— Atenda. — declarei.

— Não é importante. — replicou.

— Parece ser, já que a pessoa está retornando.

Ignorando-me ele desligou a chamada novamente e me envolveu em um beijo que não tive coragem de recusar. Minhas mãos estavam deslizando por suas nádegas quando um único bipe preencheu o ambiente.

Olhei para celular involuntariamente.

Já tenho o que me pediu, pode me encontrar naquele ponto da lagoa onde passávamos as noites juntos? — André.”

— O que isso significa? — Levantei os braços esperando uma explicação.


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Notas finais do capítulo

Comentar em uma fic é mostrar para o autor o quanto
você respeita e gosta da historia. Não custa nada e não
demora dois minutos, então por que não comentar?

Com certeza todos que leêm essa nota já escreveram algo
e viram como é ruim escrever para as paredes. Muitos desistem,
outros desanimam.

Então faça uma forcinha, nem que seja para dizer que amou
ou odiou. Com toda certeza o autor se sentira melhor.



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