Teus Olhos Meus escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 16
XV — Não tem nada de errado em amar quem você é.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, olha quem voltou.
Espero que vocês tenham tido boas festas neste ano que terminou há pouco.
Eu estava viajando para um lugar sem sinal de telefone e fiquei sem ter como postar e quando voltei... Tudo foi muito corrido.
Mas aqui está o capítulo.
Bem, a história ta chegando em uma fase em que estou adorando escrever. Espero que gostem também.
Ah, esse capítulo é dedicado a todos os LGBTs que sofrem com a não aceitação, but don't be afraid! Lady Gaga, no caso Deus, disse: " Não tem nada de errado em amar quem você é."
Não deixem de comentar, favoritar, recomendar pro papai, pra mamãe, pra titia, pro primo, pra empregada, pro patrão... É sério mesmo! Vocês não sabem como isso é importante para nós escritores e não custa nem dois minutos.



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MARCOS

Me disseram que 2026 seria um ano de mudanças e realmente está sendo. O ano em que levei vários foras. O ano em que eu me apaixonei e levei um fora de um homem.

Espero que você não esteja me julgando neste momento por ter lutado contra estes sentimentos e ter bebido mais de uma vez algo que eu tanto disse que jamais beberia.

Isso é mais difícil para mim do que vocês possam imaginar.

É algo extremamente novo pra mim. Não é algo que começou na adolescência onde eu reparava mais em meninos a que em meninas. Eu nunca me senti diferente dos meus amigos, afinal, sempre compartilhamos dos mesmos interesses. Eu nunca precisei negar minha sexualidade - não até esse ano - porque ser heterossexual é algo aceito, não decepciona a minha família, a meus amigos... E nem a mim mesmo.

Esse conflito interno me fez ficar confuso em relação a amizades, amores e principalmente desejo sexual.

Me aceitar está sendo um processo difícil, cheio de dúvidas e medos.

MAS...

Mesmo que esteja sendo mais difícil a que atravessar o oceano Atlântico a nado, eu passaria por tudo isso novamente pelo amor daquele babaca.

Antônio me ensinou a amar. Ele me mostrou - mesmo que sem querer - um sentimento que eu nunca tinha tido antes.

Quando estou perto dele minha respiração começa a encurtar e as batidas do coração ficam mais suaves. Ele me salvou do pânico e das náuseas de quando você está passando por uma mudança.

Ele ensinou a meu coração um sentimento que eu nunca soube que tinha.

Ele fez minha vida ficar mais enrolada a que seu cabelo.

Bem, acho que já chega de ficar na cama enrolando, não é mesmo?

Vou aproveitar o feriado e ir correr. Eu realmente preciso esvarri a minha mente e nada melhor a que esporte para isso.

[...]

11 km corridos. Tudo que eu quero no momento é uma água de coco gelado porque olha... Não está fácil esse calor.

Por ser feriado, o parque onde eu corri estava lotado. A cachoeira que ficava localizada dentro da reserva era aberta aos banhistas e não havia forma melhor de matar aquele calor.

Fiquei algum tempo na fila do quiosque e, para minha surpresa, dei de cara com Alexandra enquanto eu caminhava até o banco vazio mais próximo.

— Bom dia! — Ela sorriu.

— Bom dia. — A puxei para um abraço e mesmo estando suado ela não o rejeitou. — Juro que jamais pensei te encontrar aqui.

— Por que não? É um dos meus lugares favoritos nessa cidade.

— Jura? Você parece ser sofisticada demais pra ele. — Ri sem jeito.

— Vivemos em uma cidade de pedras. Por mais que nossa cidade seja uma das mais arborizadas do país, eu amo o contato que eu posso ter com a natureza aqui.

— Isso é verdade.

— É quase um Stanley Park.

— Desculpa? — Abri um sorriso amarelo sem jeito.

— É um parque no Canadá.

— Ah, claro que eu iria conhecer.

— Pois deveria.

— Tenho que encher as minhas latas, mal sobra pra eu passar o mês quanto mais viajar pro exterior Alexandra.

Ela me ignonoru.

— Eu já estava indo embora, mas já que o encontrei se importa de conversar comigo? — Ale franziu o cenho.

— Hã? Claro que não. — Senti um arrepio subir pela minha espinha.

Caminhamos até uma figueira e sentamos a sua sombra.

Fiquei ali contando algo íntimo para uma mulher que eu mal conhecia. Uma mulher que ainda não sei se detesto.

Ela prestava atenção em cada palavra que eu dizia.

Quando finalmente acabei de contar ela deu um suspiro e revirou os olhos e danou a falar.

— Marcos, a primeira coisa que você tem que entender é que não ser heterossexual não é algo errado. A segunda é que ninguém tem que aceitar a vida que você leva. Você é a única pessoa que tem que se auto aceitar. — Alexandra disse séria, me encarando.

— Como assim? — Questionei.

— A vida é sua, as pessoas não tem que aceitar as atitudes que você toma, a vida é de quem afinal? — Ela mudou o tom da voz. — O mínimo que as pessoas tem que fazer é te respeitar.

— Não consigo imaginar meus pais respeitando o fato de eu estar indo pra cama com outro macho. — Dizer isso foi tão ácido que pude sentir a garganta arder.

— Meu amor, ser LGBT é muito mais que com quem você vai se deitar. Tem a ver com afeto, zelo, troca de carinhos, com amor. — Ela me explicou enxugando a lágrima que acabara de escorrer pelo meu rosto.

— Mesmo assim. — Fiz uma pausa pensando em como me expressar. — Eu vou ser uma decepção enorme pros meus pais. Não foi pra isso que eles batalharam tanto pra me criar.

— Por favor né? Os pais criam os filhos para o mundo. É burrice querer achar que nossos filhos serão perfeitamente aquilo que a gente sonhou. Somos individualidades e temos que respeitar as condições que o próximo está submetido a viver.

— Desde que o agarrei no meio da praça eu venho refletido sobre isso, mas está difícil, sabe? Eu não consigo imaginar assumindo um relacionamento com um homem, mas com o Antônio eu seria capaz de passar o resto da minha vida.

Alexandra revirou os olhos.

— Se seus pais realmente te amam eles irão continuar te amando como fizeram em todos esses últimos anos. E se você não se sentir à vontade pra contar pra eles, não conte! É uma pena que algumas pessoas ainda não consigam admirar o amor, digo, o amor em todas as suas formas. Mas isso um dia ainda vai melhorar, viu, Marcos? Eu tenho fé nisso.

— Queria ser otimista que nem você.

— Vai ter que trabalhar muito ainda pra chegar aonde eu cheguei. — Rimos.

Eu a puxei para um abraço e a agradeci.

Juro que jamais imaginei que isso fosse acontecer entre mim e a reitora do meu curso, mas o mundo da voltas, não é?

Quando o silêncio começou ficar perturbador entre nós ela resolveu abrir a boca novamente.

— Por quê você não liga pro Tony e resolve essa situação?

— Me humilhar? Vai sonhando. Sabe quando é que vou me humilhar por macho? Dia de São Nunca de tarde. Ainda mais do fora que ele me deu.

— Meu grelo viu! Vê se cresce Marcos. Não é por causa de um fora que tu tem que desistir assim, ainda mais que ele também sente algo por você.

— Sente? — Indaguei.

— Sente. — Ela desviou o olhar. — Pelo menos eu acho que sente.

— Alê, ele disse algo sobre mim pra você?

— Ah, não sei. Pergunte a ele.

— Se você não quer me responder, quem dirá ele.

— Ainda acho que vocês dois tem que sentar e resolver essa situação.

— Eu tentei e olha no que deu.

— Se você me disser que está disposto a lutar por ele eu posso mexer alguns pauzinhos. — Ela deu de ombros.

—Por quê você está fazendo isso? — Questionei incrédulo. — Até onde eu sei, você também estava afim dele.

— Já superei. — Ela riu. — E no mais, vocês se merecem.

— Não quero saber se isso é algo bom ou ruim.

Ela fez uma cara que eu não consigo nem descrever.

Só sei que aquele olhar fez um arrepio gelado subir por toda a minha coluna.

Sem nenhum aviso prévio ela levantou e se pronunciou.

— Preciso ir. Espere eu entrar em contato. — Ela acenou e começou a andar. — Espero que você não faça nenhuma merda.

— Vou tentar. — Ri, apesar de estar desesperado.

Antes que eu a perdesse de vista ela parou de andar e voltou à atenção pra mim.

— No próximo final de semana vamos a uma festa temática dos anos 80. Vista-se a caráter.

Não tive tempo de recusar.

Caminhando até onde eu havia estacionado a bicicleta me veio a terrível ideia de incomodar Antônio.

Sem pensar duas vezes peguei meu celular e digitei uma mensagem.

“Eu queria que você estivesse aqui.”

Apertei no enviar, mas assim que apareceu “enviado” eu senti um arrependimento do tamanho do meu pEpa.

Não demorou muito e sentir meu celular vibrar no bolso da bermuda de tectel que eu trajava.

Retirei o celular aflito e fui direto para a mensagem que acabara de recer.

“Estava pensando na mesma coisa.

Eu queria que você estivesse aqui na minha cama.”


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Tão começando a entender porque o Marcos é tão confuso?
Bem, comenta aí o que vocês tão achando desse "novo" Marcos que está surgindo!

Comentar em uma fic é mostrar para o autor o quanto
você respeita e gosta da historia. Não custa nada e não
demora dois minutos, então por que não comentar?

Com certeza todos que leêm essa nota já escreveram algo
e viram como é ruim escrever para as paredes. Muitos desistem,
outros desanimam.

Então faça uma forcinha, nem que seja para dizer que amou
ou odiou. Com toda certeza o autor se sentira melhor.



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