A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 29
Caça ao Tesouro


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, nada será descartado, então aqui vai um capítulo fresquinho.
Perdoem os erros porque ninguém merece escrever sem o corretor.
Boa leitura.



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Quando Rhode e Endimião receberam a capsula voadora resistente a tudo dos anões, eles não perderam tempo e partiram imediatamente para as ruínas de Atlântida. As ruínas trouxeram tristeza a Rhode, pois ela se lembrava de cada momento que passara com sua família ali, na antiga cidade em todo o seu esplendor. Agora eram ruínas, pelas quais sua irmã Cymopoleia vagava.

Por um momento, Rhode pensou que a encontraria lá, mas a esperança morreu tal como a cidade. Andaram pelas ruínas até encontrarem o pente de Selene, escondido entre as ruínas. Era prateado com cristais que brilhavam como a lua cheia. Nele havia uma garrafa amarrada com uma mensagem dentro. A mensagem dizia: Lemúria.

Lemúria era a próxima página do diário e foi a próxima parada de Endimião e Rhode. Lemúria era um continente que ficava entre os oceanos Pacífico e Índico e tal como Atlântida foi afundado. Dizia-se que a raça que habitava lemúria tinha um terceiro olho na nuca, mas nenhum deles pôde confirmar isso.

Nas ruínas de Lemúria, encontraram uma cueca de Hélios com apenas um nome bordado: Antília. Antília era a próxima página do diário e lá foram os dois atrás das sete cidades.

Antília possuía sete cidades: Aira, Antuab, Ansalli, Ansesseli, Ansodi, Ansolli e Con. A ilha ficava em algum lugar do Atlântico nunca foi encontrada, pelo menos não por qualquer um. O diário de Selene indicava sua posição exata e o que deveriam fazer para chegar lá.

Percorreram cada uma das sete cidades, sendo bem recebidos em todas elas, até obterem a informação de que sua busca teria mais êxito em Cocanha. Cocanha era uma terra mitológica que acreditava-se na Idade Média não havia trabalho, a comida era abundante, as lojas ofereciam seus produtos de graça, as casas eram feitas de doces ou cevada, o sexo podia ser obtido livremente, o clima era agradável, o vinho nunca terminava e todos permaneciam jovens para sempre.

Eles teriam ficado em Cocanha para sempre, mas não o fizeram. Endimião lembrou a Rhode que precisavam seguir com a busca e após conseguirem o que precisavam, pararam na Frislândia, a ilha fantasma do norte. Não acharam muita coisa, então seguiram o diário até as florestas da América do Sul.

— Eldorado não podia ficar em um lugar pior? – Resmungou a deusa cansada.

— Espero não pegar nehuma doença por conta desses malditos mosquitos.

— Espero não encontrarmos os incas ou qualquer deus sul-americano. Caso contrário teremos sérios problemas.

A jornada continuou pela mata cheia de mosquitos, insetos e animais maiores.

— Uma onça! – Exclamou o homem saltando nos braços da mulher.

— Onça má! – Ela conjurou um chicote de água para afugentar a onça.

— Uma cobra!

— Volta para a Minaj, Anaconda! – E de novo usou o chicote de água para afugentar o animal.

— Uma ave!

— Quer parar de se agarrar em mim?!

— Mas eu não quero que ela faça cocô em mim!

Por muito pouco Rhode não explodia. Era difícil manter a postura e o autocontrole no meio da mata recheada de insetos, animais, lama e com seu companheiro precisando dela o tempo inteiro, não era fácil.

Seja lá o que Hélios e Selene querem que a gente encontre, é bom que esteja em Eldorado.

Como era noite, eles iriam que procurar por um lugar para se abrigar e repousar, mas ao consultar o diário e constatar que estavam próximos, Rhode teimou em prosseguir. Os dois encontraram uma caverna que seria a passagem para Eldorado. A caverna era na verdade uma rede de túneis e a dupla facilmente retornaria ao início se não fosse pelo mapa.

Desceram mais e mais até encontrarem a real entrada, um portal inteiramente de ouro ornamentado de arte indígena. Os dois adentraram e subiram por caminhos ainda mais complicados e sinuosos. Quando saíram da caverna, estavam em uma clareira.

Mesmo à noite, a cidade brilhava como se fosse dia. As construções eram inteiramente feitas de ouro e ornamentadas com pedras preciosas e semi-preciosas, mas não tinha pessoas.  Rhode e Endimião foram até o palácio de ouro e foram bem recebidos pelo rei, o único habitante da cidade. O rei era um ser dourado que parecia ser esculpido no próprio ouro e possuía olhos brilhantes que lembravam diamantes.

— Digam-me, o que os traz a minha humilde cidade?

— Irei explicar pelo princípio.

Rhode repetiu a mesma história que tinha repetido em Antília e Concanha, história esta que Endimião estava cansado de ouvir.

— Conheci seus cônjuges há muito tempo. Hélios foi a pessoa mais amistosa que conheci e Selene era adorável. É uma pena que tenham ido.

— Selene nos deixou esse diário e as últimas linhas da carta para descobrirmos seus últimos passos. Mesmo sendo doloroso, não posso deixar de cumprir com sua última vontade.

— Imagino que não. O que gostaria de saber?

—Por que não tem ninguém na cidade? – Perguntou Endimião.

— Morreram. Há centenas de anos, uma doença desconhecida tomou conta desta cidade e todos morreram. Eu só estou vivo porque sou o El Dorado, o imortal. Os prédios só estão de pé porque estou vivo.

— E não se sente sozinho?

— Lógico que me sinto sozinho! Sabe o que é ficar preso em um lugar que muitos dariam a vida para encontrar?!

— Bem, eu fiquei dormindo até agora e entendo um pouco.

— Ora, e quem ficaria no mundo dos sonhos pela eternidade?! – Perguntou Rhode.

— Muitos, co-cunhada. Muitos gostariam de dormire nunca mais acordar, enquanto eu queria ter podido acordar e desfrutar dos últimos momentos de Selene, mas não pude. Você me deu a beleza eterna, mas de que adianta isso sem minha amada?

Rhode deixou-se afundar ainda mais na cadeira. Amava Hélios e mesmo vivendo um mundo sem ele, precisava seguir em frente, fora obrigada a isso, mas agora tudo aquilo a atingira de tal forma que não a deixava pensar.

— Poderia me falar mais sobre meu marido, senhor El Dorado?

— Mas é claro!

O rei que levava o nome da cidade contou histórias da estada de Hélios e Selene aos outros dois. Não era incomum que fossem visitá-lo depois, mas quando pararam de vez, ele percebeu que algo tinha acontecido.

— Eu gostaria de poder ajudar mais, mas infelizmente eu não posso.

— Nos ajudou muito. – Disse Rhode amavelmente. – Obrigada.

— Fiquem por esta noite. Descansem bem.

— Queira me desculpar, mas precisamos mesmo ir. Ainda temos um longo caminho a percorrer.

— Mas precisamos descansar, Rhode.

— Descansaremos depois.

Apesar de Endimião ter insistido um pouco mais, Rhode conseguiu convencê-lo e logo voltaram o caminho e adentraram na caverna. Quando atravessaram o portal da caverna comum, Rhode deu um grande suspiro.

— Nunca mais voltaremos aqui, não sem as relíquias adequadas.

— Do que está falando, Rhode?

— El Dorado é um mentiroso. Consta nesse diário que Hélios e Selene voltaram aqui mais algumas vezes, certo.

— Sim.

— Mas eles tinham as relíquias anti-midas, forjadas por anões.

— Anti-midas?

— Midas foi um rei que desejou que tudo o que tocasse virasse ouro, as relíquias impedem que o alvo tocado vire ouro.

— Está bem, mas o que isso tem a ver?

— Não leu no diário? Todos aqueles que passaram a noite em Eldorado acordaram transformados em ouro. Se tivéssemos ficado, iríamos virar estátuas de ouro ao amanhecer.

— Deuses!

— Precisaremos da capsula. Está com ela no bolso?

— Sim, mas vai usá-la agora?

— Sim. Nosso próximo objetivo está próximo e não quero mais andar. Você mesmo disse que precisávamos descansar.

— Qual o próximo passo?

— Agartha.

Endimião retirou a capsula do bolso e a dirigiu pelo caminho ao centro da terra. Ele e Rhode dormiam em turnos e quem assumia pilotava a capsula. Não demorou a chegarem ao centro da Terra. Agartha era uma cidade inteiramente construída em pedra vulcânica e obsidiana.

Não perderam tempo e foram ao palácio perguntar pela estada de seus ex-cônjuges. Era estranho fazerem essa viagem e até mesmo doloroso, mas a curiosidade os impulsionava. No entanto, precisavam descansar e acabaram por dormir em Agartha.

Quando se sentiram recuperados e bem dispostos, partiram de Agartha. Enquanto retornavam à superfície, Rhode analisou os itens que encontrara nos lugares abandonados.

— Rhode, ah, você está aí.

— O que foi?

— Só queria avisar que iremos chegar à superfície logo e depois partiremos para Camelot.

— Claro. Quer que eu assuma?

— Não, descanse um pouco. Eu dormi demais, então tenho mais disposição.

— Irei fazer isso.

— O que está fazendo?

— Me perguntando como essas coisas foram parar em Atlântida e Lemúria. E por que Hélios deixaria uma cueca em Lemúria?

— Isso é estranho, mas lembra-se das últimas linhas da carta de Selene? Uma caça ao tesouro para descobrir seus últimos passos, mas por quê?! E se Selene pôs estes itens de propósito?

— Que motivo ela teria para tal?!

— Você não a conhecia como eu, pois se a conhecesse saberia que Selene não precisa de motivos.

Rhode arqueou a sobrancelha, mas Endimião se virou de costas e saiu. Ela foi se deitar um pouco. Acordou um pouco antes do meio-dia, quando já estavam perto do castelo. Saíram entraram. Estranhamente, a porta estava aberta. Exploraram o lugar, mas estava completamente abandonado.

— Parece que não há nada para nós aqui.

— Vamos procurar um pouco mais. Talvez tenham deixado algo.

A procura durou muito tempo, mas eles não deixavam escapar nenhum detalhe. Olhavam minuciosamente cada pedra, cada tábua e cada mobília.

— O que é isso? – Perguntou Endimião retirando uma peça íntima de cor azul royal.

— Isto é um sutiã, mas é atual demais para estar aqui.

— Como assim?

— Sutiãs surgiram no início do século XX, antes vieram os espartilhos e as tiras de pano e couro para sustentar os seios.

— Essa coisa é uma espécie de prendedor de peitos?

— Você chegou a dividir a cama com a Selene antes de cair em sono eterno?

— Confesso que não.

— Terei que te ensinar algumas coisas sobre as mulheres depois.

— Ok, mas para que serve um prendedor de seios como este?

— Multiplas funções. Dê-me isto.

A deusa pegou a peça e analisou. Era uma peça comum de um azul royal com desenhos de luas. Rapidamente, Rhode pegou o diário.

— Isso é uma pista!

— Uma pista?

— É o que precisávamos encontrar. Temos que ir para o próximo lugar da...

— Rhode?

— Só há mais um lugar neste diário e mais nenhum!

— E qual é?

— Avalon.

— Mas Avalon não fica em uma dimensão paralela?

— Sim, mas deve haver algum jeito de ir para lá.

E Rhode o achou. Infelizmente nós, meros mortais jamais saberemos a forma que ela achou ou o que estava escrito naquele diário, pois somente deuses eram capazes de lê-lo e Rhode, mesmo não sendo uma deusa de grande importância, querendo ou não, era uma deusa e nunca revelaria os segredos daquele diário por inteiro. O caminho de Avalon continuaria oculto a nós.

Avalon era uma ilha muito bela onde sempre era primavera, os campos eram verdes e floridos, o clima era agradável e a cidade era inteiramente feita de mármore branco impecável, sem qualquer ranhura ou mácula e encoberto pelas plantas. As águas eram as mais puras e cristalinas que encontrariam.

Novamente, andaram até o palácio, mas diferente das outras vezes, não o alcançaram, pois duas figuras se levantaram contra a luz, sendo uma masculina e uma feminina. Ambas estavam surpresas. Pela primeira vez em muito tempo, Rhode chorou, chorou como nunca chorara antes e logo em seguida desferiu um soco bem no rosto da figura masculina. Estranhamente, a figura feminina fez o mesmo com Endimião, mas isso não importava. A busca de Rhode finalmente chegara ao fim.


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Notas finais do capítulo

Atlântida é a cidade mais conhecida que afundou e ninguém sabe de sua localização. Atualmente ela é muito usada nas ficções.
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Lemúria é um continente perdido que afundou. Lembra Atlântida nesse quesito, mas é dito que seus habitantes teriam um olho atrofiado na nuca.
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O nome Lemúria é usado em uma terra onde se passa o jogo Child of Light, que é lindo por sinal.
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Antília também era conhecida como a Ilha das Sete Cidades, que também nunca foi encontrada. Infelizmente não tenho muitas informações sobre ela.
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Cocanha é uma terra da mitologia medieval. Ela seria a cidade dos prazeres em que ninguém precisava trabalhar, os produtos eram vendidos de graça, a comida era abundante, sexo livre. Porém isso só fica no imaginário, pois nada na vida é de graça.
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Frislândia é uma ilha que sempre aparecia nos mapas antigos, sempre ao norte. Devido à baixa tecnologia da época (não existia satélite), é possível que os antigos tenha se confundido com outras ilhas, inclusive com a Islândia. Na fic é apenas uma ilha fantasma sem nada de especial.
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Eldorado é muito conhecido, inclusive tem uma animação sobre ele. Alguns achavam ser uma cidade inteiramente feita de ouro e outros que era uma pessoa. Então pensei, por que não juntar os dois?
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Relíquia anti-midas tem patente minha e dos anões. Midas era um rei que obteve o toque de ouro, então tudo que ele tocava poderia se tornar ouro. Infelizmente ele não podia comer, beber ou transar porque absolutamente tudo virava ouro.
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Agartha é um reino subterrâneo localizado no centro da Terra. Provavelmente as construções devem ser de pedra, pedra vulcânica e vidro vulcânico (entre eles a obsidiana).
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Camelot é o lendário castelo do Rei Arthur, da Távola Redonda e seus cavaleiros.
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O sutiã foi criado e patenteado por uma mulher chamada Mary Phelps Jacob. Ela o criou para substituir o espartilho, que não era prático, apertava muito e às vezes sobrava no vestido.
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O termo "morte por espartilho" foi criado quando o espartilho tomava conta da moda íntima, pois ele apertava tanto a caixa torácica das mulheres que chegava a quebrar uma costela e essa costela podia perfurar um pulmão.
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Antes do surgimento do espartilho, as mulheres já buscavam uma forma de sustentar os seios e fazer com que não caíssem ou balançassem com tiras de panos, couro ou enrolar de forma que diminuísse o tamanho dos seios.
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Avalon é uma terra ou uma ilha localizada em uma dimensão paralela onde sempre é primavera e tem belas maçãs. Também é muito conhecida na lenda do Rei Arthur. É dito que foi em Avalon que a Excalibur foi forjada.
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Infelizmente o caminho continuará oculto para nós, já que Rhode fez o favor de não revelar onde fica cada lugar que apareceu naquele diário.
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É isso, espero que tenham gostado e que a curiosidade tenha aumentado. Até a próxima!



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