Aquele que Perdeu a Memória escrita por Ri Naldo


Capítulo 5
Anatomie


Notas iniciais do capítulo

He's back.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649766/chapter/5

Ele deu alguns passos para o lado e se ajoelhou perante a Beatrice, que ainda estava inconsciente. Tirou algo do bolso, algo metálico e pontiagudo. Quando vi que ele ia perfurar a veia dela, meu instinto foi de bater incansavelmente na bolha, que não rompia, mas parei quando ela levantou subitamente, arquejando.

Assim que o cara me libertou da bolha, eu corri até ela e a abracei.

— O que aconteceu? — ela perguntou, baixinho. Mas eu tinha certeza que ele poderia escutar — Ele… ele nos salvou?

— Eu? Ah, não. Seu namorado fez tudo. Se bem que eu posso tê-lo salvado de uma morte bem dolorosa.

Olhei para ele. O cara realmente tinha cabelos brancos, e não era velho. Parecia ter 19 anos, mas o rosto e os braços já eram marcados com cicatrizes profundas e destacadas, e a pele morena era mais escura em alguns pontos, o que mostrava que ele era um viajante. O cajado que ele segurava na mão era feito de madeira, mas as pontas eram feitas de outro material, algo que brilhava e ondulava com a luz.

— Quem é você? — eu perguntei.

Ele pôs o cajado no ombro.

— Milhares e milhares de possíveis perguntas, e você faz logo essa? Claro, humanos. Quem sou eu? Talvez eu seja a vida, talvez eu seja a morte, talvez eu lhe resida, talvez eu lhe exorte.

Nós dois olhamos para ele sem entender nada. Ele fez um abano com a mão, indicando para esquecermos.

— É uma citação de um livro antigo. Mas é, vocês devem ser sem cultura. Enfim, meu nome é Lucas.

Eu abri a boca para perguntar algo, mas ele levantou o dedo e ela fechou instantaneamente.

— Ahn-ahn. Sem perguntas agora, por favor. Escutem, eu sei que vocês querem saber o que foi aquilo e tudo o mais, mas por favor, não vou responder isso em um lugar que cheira a banheiro público. Se vocês me seguirem, terão todas as respostas de que precisam.

— Temos que achar nossos amigos primeiro. Eles podem estar precisando de nós.

— Está vendo? — ele apontou para mim. — Eu gosto dela. Ela é legal, não faz perguntas. E se importa com os amigos. Aliás, onde eles estão?

— Na escola.

— Escola? Isso ainda existe? Que antiquado.

Ele se virou e começou a andar em direção ao norte. Eu não sei como ele sabia que a cidade ficava para lá, e nem por que ele disse “humanos” como se não fosse um, ou como ele conseguiu fechar a minha boca só com um dedo, só sei que tudo isso é muito estranho.

E isso me deixou curioso.

Ψ

Quinhentos e sessenta e quatro. Quinhentos e sessenta e cinco. Quinhentos e sessenta e seis.

Menos de seiscentos passos e eles já estavam definhando atrás de mim. Imagino como seria se eles fossem semideuses, se conseguiriam aguentar um dia. Mas, bem, o garoto conseguiu derrotar a Quimera, e tudo isso só porque ama a garota. Isso é algo tão… repugnante. Acho que faz tanto tempo que eu não sinto esse tipo de coisa que o amor se perdeu dentro de mim.

Mas esse não é o ponto. Ele, um humano, conseguiu derrotar o monstro que só foi derrotado uma vez em toda a história da mitologia, e sozinho. Isso é de longe interessante. Isso pode até significar que minhas teorias são reais…

Não, é muito cedo para isso. Tenho que ter certeza antes de afirmar qualquer coisa. Só preciso achar um jeito de evitar que eles se matem até lá.

Ψ

No horizonte já era possível ver os prédios altos que encobriam a cidade. Eu não sei quanto tempo tínhamos andado. Uma hora, ou talvez dez. Depois de dez minutos andando, minha ferida na perna começou a sangrar de novo, mas o cara estranho encostou o cajado e ela sarou completamente em alguns segundos.

Eu me recuso a acreditar que isso seja algum tipo de mágica. Mágica não existe. Mas a Quimera, o Pégaso do qual Peter me contou, e agora ele, falando de um jeito estranho, como se não fosse humano. Ou eu estou sonhando ou os personagens da Odisseia e a Ilíada estão virando realidade.

Dezenas de perguntas borbulhavam na minha mente, mas eu não as fiz. Não queria ficar como Peter, com um lábio grudado ao outro. Desculpem, mas eu ri da cara dele.

— Quantos amiguinhos você pretende trazer conosco? — o cara perguntou. Ele não tinha perguntado o meu nome, então provavelmente eu não deveria me apresentar. Apesar de ter andado quase cinco quilômetros, ele não parecia estar cansado.

— Aqui, três. Mas o que você quer dizer com “trazer conosco”?

— Achei que vocês quisessem saber mais sobre isso, não?

— Claro que queremos, mas não podemos simplesmente abandonar tudo aqui para ir embora com alguém que nem conhecemos. Você deve entender.

Ele sorriu. As cicatrizes enfatizavam o sorriso, tornando-o algo genuíno, próprio. Ele era bonito, mas estranho. Muito estranho.

— Eu entendo sim. Se eu fosse você, também não iria. Mas dadas as circunstâncias, não será necessário eu te convencer. Você vai querer vir. E ele também.

— Que circunstâncias?

— Destruição.

— O que você quer dizer com isso?

— O que você imagina quando eu digo isso?

Ficamos em silêncio por um tempo. Depois, ele tornou a falar.

— Se vocês forem quem eu penso que são, a destruição vai atrair vocês, assim como me atrai.

— E quem você pensa que nós somos?

Outro sorriso.

— Isso é história para outra hora, acredite. Ele é seu namorado mesmo? — perguntou, apontando para Peter, que olhava para ele com ódio.

— Há três anos. — eu falei, com orgulho.

— Interessante.

— Ele? Tira o olho, é meu.

Agora, além de um sorriso, uma risada veio junto. Ele riu de um jeito tão estranho que parecia que não tinha feito isso há meses, ou talvez anos.

— Ele tem sorte de ter você — foi tudo o que disse até chegarmos à cidade.

E não foi uma visão muito boa.

Ψ

— Mariah? — eu gritei. — Mariah?!

— Luíza? — eu ouvi uma resposta ao longe. — É você?

Eu só conseguia enxergar alguns metros à minha frente. Alguns minutos atrás, do nada, todas as luzes se apagaram. Eu estava com a Mae na biblioteca, estudando, logo depois de sairmos da palestra. Quando ela foi ao banheiro, tudo ficou escuro.

— Luy, o que acont…

Um estrondo encheu o ar bem ao meu lado, e eu senti pedaços de concreto baterem no meu corpo. Ou estrondo no outro lado, e assim continuou, como se o teto da biblioteca estivesse caindo sobre nós. Depois, todas as luzes se acenderam novamente, só para revelar o caos que estava.

Grandes pedaços de concreto que se desprenderam do teto estavam no chão, assim como a fiação, que estava suspensa no ar, fazendo sons estranhos de eletricidade. Um bloco tinha caído em cima das prateleiras, espalhando os livros pelo chão.

Procurando a Mae, eu olhei para trás só para ver uma cena que não me deixaria dormir naquela noite: uma pedra tinha caído em cima de uma pessoa, separando as pernas do resto do corpo. Uma poça de sangue se formava embaixo dele, lentamente.

Segurei o grito e a vontade de vomitar que vieram logo após, me levantei e fui procurar a Mariah, ver se ela estava bem.

Tudo isso aconteceu tão subitamente que eu ainda não tive tempo de processar e entender o porquê de isso ter acontecido.

Quando nos vimos, ela correu até mim e me abraçou.

— Você está bem? — ela perguntou, assustada. A pupila dela estava dilatada, sinal de pânico. Provavelmente uma parte do teto tinha caído perto dela também.

— Sim, nem um arranhão.

Olhei para baixo, e vi que o pé dela estava sangrando.

— Você foi atingida? — perguntei.

— Sim, um pedaço de concreto acertou meu pé, mas era pequeno, não foi nada demais. Vamos, temos que ver o que estava acontecendo, e achar o Nal.

Saímos da biblioteca pisando em vidro que estava completamente despedaçado, restando apenas os suportes metálicos para indicar de que havia uma porta ali. Do lado de fora, no corredor, olhamos pela janela para o resto da escola: estava tudo desmoronando, como se um terremoto estivesse acontecendo agora mesmo e nós não estávamos percebendo.

Pensei ter visto um vulto preto pulando do teto de um departamento a outro, mas ele logo sumiu, e eu me perguntei meu cérebro não estava criando coisas.

— Não faz sentido, de onde está vindo isso? — perguntei. — Não é como se a estrutura pudesse ficar debilitada do nada, é?

— Não sei, eu também não estou entendendo nada. Mas olhe pelo lado bom, é sexta-feira à tarde, não tem quase ninguém aqui.

— E desde quando isso é um lado bom? E desde quando tem um lado bom nisso? Pessoas estão morrendo!

— Pensei que você achava isso legal.

— Às vezes eu falo da boca para fora.

— Cadê o Nal?

— Ele disse que ia ao departamento de Biologia para falar com o professor.

Procurei esse departamento na janela. Ele estava inteiro, por enquanto. Um dos poucos que restavam.

Nós duas fomos correndo até lá, ignorando a poeira e os escombros que assolavam o caminho.

Ψ

Eu e o professor de anatomia estávamos discutindo uma questão na qual eu tinha dúvida quando os estrondos começaram.

Achamos que eram alguns testes do departamento de Química, até que chegaram os gritos. Nós paramos de falar e fomos ver o que estava acontecendo.

Quando nós saímos, a primeira coisa que eu vi foi Mae e Luy correndo na minha direção. Elas pareciam aliviadas em me ver, como se o fato de eu estar vivo fosse algo extraordinário. Eu olhei ao redor para ver a origem dos estrondos, e percebi que quase toda a escola estava destruída. De uma hora para outra, as construções fixas, estáveis e esplendorosas tinham se tornado uma pilha de escombros, poeira e corpos. Mas como? Apesar de estarmos na costa, eu não tinha sentido nenhum tremor de terra.

Eu não acreditei no que vi. Tinha coisas pulando de um prédio para o outro, batendo no teto. Pareciam monstros. Criaturas enormes, com rostos deformados e músculos gigantes. Eu fechei os olhos e balancei a cabeça, acreditando que eu estava ficando louco de tanto estudar, mas não, as figuras continuaram lá, destruindo tudo que podiam alcançar. Estava um completo caos em todos os lugares.

As duas continuaram correndo na minha direção, mas com uma expressão agora de pânico. Logo eu entendi por quê: um daqueles monstros estava correndo atrás delas agora. Era uma mulher, mas com a parte de baixo como a de uma serpente.

Eu não sabia que aquilo era real ou se o professor falou tanto que eu acabei dormindo, mas bem, melhor não arriscar. Eu fechei a porta assim que elas entraram.

— O que foi aquilo? — eu perguntei. — Por que tem coisas gigantes destruindo a nossa escola? Como isso é possível?

— Nal, — disse Mariah. — eu sei tanto quanto você. Nós estávamos na biblioteca te esperando e tudo desmoronou de repente. Eu não sei, parece que entramos dentro de um livro com criaturas mágicas do mal.

— Eu só queria saber por que uma equidna acabou de correr atrás de nós. No meio da nossa escola. Isso é muito louco — disse Luíza.

— Equi o quê?

— Equidna. É aquilo que você viu correndo atrás delas, uma mulher com rabo de serpente. Mas isso é impossível, devemos estar em alguma espécie de alucinação em conjunto ou algo do tipo. É um ser mitológico, não tem como ela estar…

— Sim, professor, nós sabemos, obrigada, mas a questão é: ela está aqui, e está nos perseguindo. Então seria mais efetivo o senhor parar de duvidar da realidade disso e fugir.

Como que na deixa, a porta de ferro bateu e se dobrou, deixando uma marca no formato de uma cauda. Ela deveria ser muito forte, e eu não quero nem imaginar o que aconteceria comigo caso aquele rabo se enrolasse no meu pescoço.

Bom, acho que eu não vou estar aqui para descobrir.

Nós quatro corremos no exato momento em que a equidna bateu novamente na porta, conseguindo arrombá-la dessa vez. Eu ainda queria descobrir como um ser do meu tamanho era capaz de quebrar uma porta digital feita de material metálico, mas tudo bem. Além de forte e feia, ela era rápida, e estava quase nos alcançando. Ao rastejar, a cauda dela fazia um barulho horrendo no chão.

Shhhhhhhhhhh.

— Nós temos mais chances se nos separarmos — falou o professor.

— É, claro, aí ela mata só um de nós — grunhiu Luy.

— Se você parar de reclamar e correr mais rápido, talvez consiga escapar viva.

Na encruzilhada de corredores nós nos separamos. Eu e o professor para um lado, Luy seguiu em frente e Mariah foi para o outro lado.

Ψ

Certo, nós nos dividimos e deixamos a equidna em dúvida, mas é claro que ela não demora muito para se decidir e resolve vir atrás de mim. Maldita sorte.

Meu coração estava batendo à toda velocidade, deixando meu peito, pulso e pescoço como um tambor. Minhas pernas estavam começando a doer, e estava escorrendo mais sangue da ferida no meu pé. Eu sabia que se parasse, morreria, mas era só uma questão de tempo até que eu não aguentasse mais correr e a sra. Anaconda finalmente me alcançasse.

Mas muito bem, se era para me pegar, ela teria que suar por isso.

Dobrei cada esquina em que eu chegava, passando por salas com maquetes de DNA, esqueletos e representações de músculos, sistemas e tecidos. Passei por salas de aula, salas de pesquisas, alguns banheiros e até vi Luy correndo por uma janela. A única coisa que eu não achava — e precisava — era uma saída.

Até que finalmente chegou a hora: eu cheguei a um beco sem saída. De um lado, uma parede, do outro, uma serpente com cara de velha. Ela pareceu perceber a minha situação e se aproximou devagar, para apreciar o fato de que eu me distanciava a cada passo — passo? Talvez rastejo — que ela dava. Então minhas costas encostaram na parede, e ela continuou se aproximando, até que fosse possível eu sentir o bafo esdrúxulo daquela miserável. Parecia que eu tinha ido ao inferno e tinha sido condenada a cheirar amônia pelo resto da vida, ou morte, tanto faz.

Ela cansou de brincar comigo e mordeu o meu ombro. Eu gritei de dor até não poder mais, até minha visão escurecer e eu perder os sentidos. Era assim a morte? Tão calma e… branca?

Então, no horizonte, foram surgindo montanhas e árvores, um céu azul e pássaros, um rio e plantas rasteiras, eu e meu pai, uma cobra e uma faca.

— Está com medo, filha? — ele disse, segurando um facão com uma mão, e a outra no meu ombro para que eu não chegasse perto demais para observar a serpente que estava parada no mato olhando para nós, pronta para dar o bote.

— Não, papai. Isso é tão legal!

— Você não vai achar legal depois que ela te picar. Sabe, seu avô me contou uma vez uma história antiga, lá do tempo dos gregos, que fala sobre cobras.

Eu esbocei meu sorriso de criança curiosa.

— Sério? Como é?

— Ah, faz muito tempo, filha. Mas eu lembro que falava sobre uma tal mulher-cobra grande e forte, que assombrava toda a cidade. Mas um homem bem valente a derrotou.

— E como ele fez isso?

— Ele pegou um facão bem assim, — ele segurou o facão em uma pose engraçada, e eu comecei a rir — respirou e mirou bem no meio do corpo dela, onde o corpo de mulher se junta ao de cobra.

— E por que no meio, papai?

— Porque é o ponto fraco dela. Se ele cortasse muito embaixo, o rabo crescia de novo, e se ele cortasse muito em cima, o rabo o atacava. Cortando no meio, ele separava a mulher da cobra, partindo a essência do monstro. E quer saber? É verdade. Se você cortar a cabeça de uma cobra, o rabo continua se mexendo, e se você cortar muito embaixo, ela ainda vai te picar, mas se cortar no meio, ela morre na hora.

— Que maneiro! Eu queria ser valente igual a você e matar muitas cobras!

Ele sorriu com os olhos molhados.

— Você vai um dia, filha. Você vai…

Tudo ficou branco de novo, e o corredor reapareceu na minha visão, e a dor da picada da cobra retornou. Ela ainda estava com as presas no meu ombro, mas eu estava sentindo algo na minha mão. Eu a levantei, e vi que estava segurando um facão igual ao que meu pai estava.

Certo, isso estava ficando estranho. E louco, muito louco.

Eu aproveitei e empurrei a equidna de cima de mim, sentindo as escamas pegajosas e quase vomitando com isso. Ao ser empurrada, as presas dela rasgaram o meu ombro, deixando dois cortes paralelos fundos e longos. Eu gritei de novo, e mais uma vez quando o rabo dela bateu na minha cabeça, torcendo meu nariz e quase me deixando inconsciente. Mas eu podia ver uma linha na parte do meio do corpo dela, o ponto exato onde o corpo de mulher se encontrava ao corpo de cobra.

Eu ignorei a dor que eu sentia em várias partes do corpo e avancei com o facão na mão. Sem pensar, desferi um golpe nela, rezando para acertar exatamente naquela linha. Quando senti a faca penetrar as escamas, eu fechei o olho, temendo que algum tipo de gosma verde saísse de lá, mas nada aconteceu. A faca continuou seu percurso no vento, e se prendeu na parede. A equidna tinha sumido. Alguns segundos depois, a faca também sumiu.

Olhei para frente, e vi um monte de pessoas me olhando no começo do corredor. Luy, Nal, o professor, Peter — que estava com a boca estranhamente fechada — e Beatrice. Também tinha outro cara que eu não conhecia, e ele era bem estranho. Tinha cabelos brancos como neve e segurava um cajado. Todos me olhavam com uma cara surpresa e incrédula, como se eu tivesse realizado algum feito heroico impossível. O que eu realmente tinha feito.

Ficamos algum tempo olhando um para o outro, até que Nal falou. O cara estranho tampou a boca dele imediatamente.

— Sem perguntas agora, por favor.

~Ψ~




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aquele que Perdeu a Memória" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.