Trinta e Uma Pétalas escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 38
Dia 10 - Adolescência




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Ela estava lendo sua última edição de uma revista de celebridades com ajuda de uma lanterna – porque às vezes sua mãe acordava durante a noite e se visse a luz acesa daria problema – quando ouviu o barulho seco das pedrinhas atingindo o vidro de sua janela.

Ela sabia muito bem que era, afinal, ele fazia aquilo há nos, basicamente desde que se conheceram cinco anos atrás quando ainda eram crianças. Ela só não se conformava muito com o modo como seu coração sempre acelerava quando ouvia aquele som.

Rapidamente, ela se levantou, tropeçou em algumas roupas no chão, o que a levou a apanhar as peças às pressas e jogar dentro do armário, ela ainda deu uma rápida olhada com a lanterna para ver se não haveria mais nada que ela não queria que ele visse pelo quarto – porque ele nunca avisava que iria vir? – antes de correr até a janela.

Lá estava ele, iluminado pela luz amarelada do poste, os cabelos longos em desalinho, a camisa tinha um rasgão na manga e ele segurava o braço.

Ela abriu a janela com cuidado para não fazer muito barulho.

— Você vai conseguir subir? – Ela perguntou num sussurro, mais para que ele leve os lábios dela.

Parecendo entende-la, ele assentiu.

A partir daí ela observou, preocupara, ele escalar, com dificuldade por não estar podendo usar os dois braços livremente, a ameixeira de frente para a janela de seu quarto. Quando ele finalmente ascendeu até o caixilho da janela, aceitou a mão que ela estendeu para que ele pulasse para dentro do quarto. Ele largou a mão dela e afastou os cabelos dos olhos antes de sorrir um de seus sorrisos perigosos e se aproximar dela mais perigosamente ainda.

Mas Minako não iria aturar nada daquilo antes de boas explicações.

— Você andou se metendo em briga de novo – ela recriminou aos sussurros.

Mesmo com a pouca luz, ela o viu revirar os olhos.

— Não foi bem uma briga – ele tentou se aproximar de novo, mas ela recuou um passo, irredutível.

— Foi o suficiente para você vir todo quebrado aqui pra casa de novo!

— Todo quebrado? – ele ergueu uma sobrancelha – você devia ter visto o outro cara, então. – E se jogou na cama dela se recusando a ser negado uma terceira vez.

— Eu não namoro o outro cara.

— Bom saber.

— Anda, tira a camisa.

— Ué, você não queria nem me dar um beijo e agora já está exigindo que eu tire as roupas?

— Não seja idiota, eu só quero ver até onde o estrago foi feito.

Ele pareceu ponderar um pouco o que só a irritou mais a ponto de Minako chutar-lhe a canela.

— Ai! Pra quem está tão preocupada com meus possíveis ferimentos, você está bem disposta a criar novos.

— Anda logo, Kun! Antes que eu perca a paciência.

Com um suspiro pesado ele tirou a camisa, ela engoliu em seco e então acendeu de novo a lanterna para inspecionar melhor a cena a sua frente. Começou pelo braço que tinha um corte do meio do antebraço até a parte de dentro do cotovelo. Ela achava que não precisava levar ponto, mas iria ficar cicatriz. Ela se aproximou, se sentando na cama ao lado dele, e então iluminou o tronco, passando pelos ombros largos que ela gostava tanto e que pareciam estar ok, mas quando ela desceu pelo peito e chegou ao estômago se deparou com uma enorme mancha roxa.

— Kun... Isso deve estar doendo horrores...

— Já tive piores.

— Porque você faz isso consigo mesmo?

— Eu definitivamente não fiz isso comigo mesmo, como eu disse, tinha outro cara lá.

— Você entendeu o que eu disse.

— Posso colocar minha camisa de volta?

— Não. Eu vou fazer um curativo nesse corte.

— Tem certeza que não é só pra você continuar aproveitando a visão?

— Visão de que? Desse seu bucho roxo? Nossa tão sexy que minhas calcinhas saíram sozinhas.

Dessa vez ele foi rápido o suficiente pra roubar um beijo dela, mas Minako o empurrou em direção ao cochão.

— Fica aí, eu vou pegar o quite de primeiros socorros. Não suje minha cama de sangue!

Quando ela voltou ele tava foleando a revista que ela estava lendo mais cedo, ela corou, aquela edição em especial era cheia de fotos de idols sem camisa em poses sexys. Ela tomou a revista dele e colocou longe de seu alcance. Depois colocou a caixa de primeiros socorros sobre a cama e entregou a ele o como d’água que estava segurando.

— Obrigado, mas não estou com sede.

— É pra tomar com o analgésico, idiota – ela entregou o comprimido em seguida – porque eu não acredito que esse negócio na sua barriga não esteja doendo pra burro.

Ele fez uma cara de quem tinha até pensado em discutir, mas tomou o remédio e até bebeu a água toda.

Minako colocou o copo vazio perto da revista e abriu a caixa de primeiros socorros.

— Está ardendo? – perguntou ela enquanto passava o remédio no corte no braço dele – espero que esteja.

— Como você está cruel comigo essa noite – disse ele afastando uma mecha de cabelo dela do rosto com o braço livre.

Ela ainda fez questão de enfaixar o braço dele bem apertado, mas não a ponto de bloquear a circulação, para o castigar mais um pouco, mas para frustração de Minako, ele não pareceu se importar.

— Pronto. Agora pode ir.

— Ir? Pra onde?

— Sei lá, mas estou muito chateada com você, não pode dormir aqui.

— Minako... – ele colocou a caixa de remédios no chão e se aproximou dela – você sabe que eu não posso entrar em casa depois das dez.

— Não é meu problema, ninguém mandou você ficar de delinquência por aí na madrugada – ele quase riu daquela e a abraçou pela cintura, enfiando o rosto na curva do pescoço dela.

— E desde quando você ficou assim tão certinha?

— Anda, Kun, vai embora. Meus pais não podem te pegar aqui.

— Eu saio bem cedo antes de eles acordarem, como sempre.

— Não, eu estou brava com você – ele começou a subir com beijos do pescoço até a orelha dela e quando mordeu de leve o lóbulo sentiu ela estremecer.

— Você vai me deixar dormir na rua?

Mas aí ela ficou impossibilitada de responder porque os beijos dele a impediram.

Alguns minutos e muitos amassos depois, eles estavam deitados na cama, quase dormindo quando ela perguntou mais uma vez.

— Porque você se mete nessas brigas, Kun? Não é pelo que eles andam dizendo de mim, né?

Ele não respondeu nada.

— Por favor, eu sei que você não está dormindo de verdade.

Nada.

— Kuuuuuuuuuun.

E então se ele podia, ela também apelou para o golpe baixo de deslizar a mão, sem querer, por uma área bem sensível dele. Rapidamente Kun pegou a mão boba dela e beijou.

— Esquece isso.

— É por causa daquilo não é? Sabia.

Um cara que ela havia rejeitado havia espalhado rumores absurdos, mas horríveis sobre ela na escola umas semanas atrás

— Esquece isso, Minako.

— Só se você prometer que não vai mais arrumar briga.

— Não vou deixar ninguém sair falando o que quiser de você por aí.

— Eu aprecio muito o sentimento, mas isso é idiotice.

— É, eu sou um idiota. Agora vamos dormir, boa noite.

Eles ficaram em silêncio por mais alguns instantes.

— Kun...

O murmúrio dele saiu demonstrando o quanto ele estava exaurido daquele dia e principalmente daquela conversa.

— Obrigada.

Ele apenas sorriu e a abraçou.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Fugi do tema? Provavelmente. Kunzite está bem OOC? Totalmente?

Mas foram mais de 1k em meia hora, pra mim tá bom.



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