Trinta e Uma Pétalas escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 39
Dia 11 - Sonho




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Ela gostava de observar o sol da manhã na pele dele. Gostava de como a luz o aquecia tornando-o mais morno ao toque, gostava da facilidade com que, ao receber aquelas atenções, a pele dele se tornava ainda mais acobreada, tão diferente do tom pálido que ela mesma exibia, tão atraente, lembrando-a que, uma vez, eles foram de mundos completamente diferentes. Mas aquilo era passado, agora seus mundos haviam colidido, se estreitado a ponto de que, para ela, o mundo todo coubesse na cama em que compartilhavam.

Ela gostava de abrir os olhos e ver os dele a encarando. Os cílios tão pálidos emoldurando preguiçosos olhos sempre tempestuosos em seus tons de cinza que, dependendo da luz, podiam parecer verdes ou azuis. Ela poderia perder uma manhã ou uma vida inteira encarando aqueles olhos e não se arrepender.

Ela gostava das discussões bobas sobre quem levantaria primeiro para fazer o café da manhã. Discussões que ela geralmente ganhava, já que ele acordava primeiro e, por consequência, tendia a sentir fome primeiro. Isso é claro, se não se levasse em conta que ela não era lá muito bem talentosa na cozinha de qualquer forma e ele podia virar panquecas de olhos fechados. Mas o que mais acontecia era dos dois levantarem e fazerem café juntos, ou ele fazer o café enquanto ela o atrapalhava o abraçando por trás e depositando beijos em suas costas, ombros, braços, onde quer que ela encontrasse pele exposta.

Ela gostava dos beijos de despedida quando eles se separavam, cada um indo em direção dos próprios sonhos. Ela gostava de quão longos aqueles beijos podiam se tornar, o quão agridoce eles poderiam ser, porque para amantes como eles, toda despedida poderia ser a última. O destino pode ser cruel, mesmo que o futuro esteja escrito em pedra, pedras podem virar pó.

E ela gostava mais ainda era de chegar em casa ao final do dia e o encontrar colocando a mesa – o que na maioria das vezes era comida que ele comprava do restaurante preferido deles na volta da casa, já que nenhum dos dois tinha ânimo pra cozinhar nada no final do dia e ele se recusava a comer lámen todas as noites como ela faria sem pestanejar – ainda com a roupa do trabalho, mas sem o paletó ou gravata e sempre com os primeiros botões da camisa desfeitos. Ela vivia por aquele primeiro abraço que compartilhavam nesses momentos. Abraço que ela fazia com que durasse o maior tempo possível, abraço no qual ela se sentia amada e acolhida, abraço no qual ela enfiava o rosto no peito dele e inspirava fundo aquele cheiro de colônia e suor que a fazia se sentir em casa e encha sua boca de água ao mesmo tempo. Ela amava o calor a textura das roupas dele sob suas mãos e o calor que irradiava do corpo dele, o som de seu coração batendo e da respiração e o vibrar de seu peito quando ele dizia alguma coisa mesmo que ela não conseguisse prestar atenção naquele momento e o peso suave quando ele repousava o queixo sobre sua cabeça.

Ela gostava também do que vinha depois, o beijo do reencontro. Às vezes era suave e meticuloso, pois os dois estavam cansados, eram beijos que eram mais abraços, eram doces e entrecortados com sorrisos e com a satisfação de estarem juntos, mas havia também o tipo de beijo que fazia com que a comida ficasse esquecida sobre a mesa, esses beijos geralmente aconteciam quando algo no dia deles haviam os deixado muito felizes ou quando o dia tinha sido horrível e a única coisa boa era aquele encontro e eles se viam na necessidade de comemorar que estavam ali, estavam juntos. Não eram beijos longos ou meticulosos, mas eram múltiplos e raramente se concentravam somente nos lábios. Beijos assim faziam com que as roupas fossem logo abandonadas no chão ou rasgadas em prol de um contato que tivesse mais pele envolvida. Não eram beijos silenciosos, pois arrancavam murmúrios, lamúrias, promessas e até mesmo gritos.

Ela gostava daquela vida, ela gostava daquele sonho, o que ela não gostava era de ter de abandoná-lo toda manhã e encarar sua vida real.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Eu sei que isso foi cruel e eu não gosto do trope “foi tudo um sonho” mas eu tava sem imaginação.



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