Logo após o casamento Marcelo e Bianca foram passar uma semana em Paris, a escolha não poderia ser outra, afinal foi onde tudo começou. Deixaram Juju com os avós e partiram m lua de mel. Se hospedaram na Square Vermouze esquina com a Rue Mouffetard, ótima infraestrutura de restaurantes, mercados, cafés, lojas, cinemas e fácil acesso a metro e ônibus. Muito charmosa e pitoresca. Fizeram passeios a noite de metro ou a pé tranquilamente, não havia necessidade de correr, eram dias calmos e contemplativos repleto de juras de amor e recordações. Visitaram os mesmos locais que antigamente haviam estado, tiraram novas fotos e reviveram bons momentos.

Numa tarde ensolarada, quase no fim da viagem, Bia estava olhando algumas peças numa loja de souvenir, queria levar presentinhos para todos, especialmente para a filha com quem fazia questão de falar todo dia. Estava absorvida em seus pensamentos quando escutou uma voz conhecida num bom português um tanto quando carregado nos tons como que estivesse embriagado.

—Olha só… Que bons tempos a trazem de volta a Paris, minha querida dama!

—Iam… - ela sorriu cordial, já fazia alguns meses que não tinham contato, os investimentos haviam rendido e a parceria entre as empresas ia de vento em popa, mas Bianca não conseguia lembrar a última vez que soube dele. - Que surpresa!

Ele levou a mão dela aos lábios e aproveitou para reparar bem na aliança.

—Parece que o Marcelo se deu bem afinal das contas…

—Eu diria que o saldo foi positivo para ambos! E você o que anda aprontando em Paris?

Ele riu garboso e insinuante.

—Eu ando aqui e ali, do jeito que a vida me leva e para onde os ventos sobrarem a meu favor, sabe que meu pai sempre gostou muito de você, quando ia até a casa dos seus pais voltava com muitas boas histórias, uma vez chegou me dizer que acreditava que só a filha do Anselmo seria capaz de me colocar na linha!

—E você por acaso é trem para andar na linha Iam? Um cara livre, sem amarras é isso que você é!

Marcelo falou logo atrás dele, após um cumprimento ele foi para perto da esposa, enlaçando sua cintura.

—Eu quero parabenizar vocês, olhando assim é inevitável perceber que foram feitos um para o outro… Embora eu confesse que tenho muita inveja, tenho que dizer que desejo toda a felicidade do mundo!

—Obrigada Iam!

—E pare com essa bobagem de inveja, logo você encontra um grande amor. Provavelmente não vai ser tão linda quando a minha esposa, é a vida né?! Resta saber se vai sossegar!

Iam achou graça da provocação.

—Você tem razão, provavelmente vai ter que ser alguém tão maravilhosa quanto Bianca para me fazer sossegar – falou fazendo aspas no ar. -bom vou deixar os pombinhos namorarem em paz!

Ele se despediu e sumiu no fluxo de pessoas que andavam para cá e para lá.

—Você hem, não deixou barato! -ela disse se enroscando no pescoço dele.

—Nem barato, nem caro! Cada um com seu preço! - riu depositando um beijo na ponta do nariz dela. - Faltava só encontrar com ele para nossa viagem ficar completa!

Ela riu dando um beijo nele e seguindo com suas compras.

***

Assim que chegaram de volta em casa, logo uma gostosa rotina se estabeleceu, faziam tudo juntos, os três e a cachorrinha Princesa. Juju estava radiante com as novidades, era como sempre tivesse sido assim, aquela família. E foi num dia qualquer muitas semanas depois quando o natal se aproximava que a pequena deitada entre os dois na cama falou:

—Podemos chamar meu irmão de Eduardo mãe?

Bianca olhou para Marcelo sem entender.

—Filha, eu gosto muito desse nome, mas quando chegar a hora de você ganhar um irmãozinho, vamos pensar sobre nomes e tudo mais.

—Mas eu gostaria muito que esse fosse o nome dele.

—Eu gosto muito desse nome, por mim, pode ser Eduardo. - Marcelo falou piscando para Juju.

—Tudo bem então daqui a muito tempo, quando a mamãe ficar grávida se for um menino vai se chamar Eduardo.

—O nome da menina a gente vê depois mãe.- Juju falou e levantou. - Vamos tomar café? To com muita fome!

—E essa agora? - Bia falou quando ela saiu saltitante pela porta.

—Vai ver é porque assistimos aquele filme domingo, Narnia, e ela ficou com essa história de irmãos na cabeça, lembra que ela amou.

—É pode ser…

No decorrer dos dias Juju não tirava essa ideia de irmãos da cabeça, contava para todos que seu irmão se chamaria Eduardo.

—Mas e se for um sinal? Ela deve estar pressentindo alguma coisa.

—Ah mãe, não pode ser, olha só eu sou a pessoa mais regulada que você conhece! Na próxima semana vou menstruar e tudo continuara igual!

Anita concordou mas assim como a neta estava sentindo que a filha estava diferente, iluminada, claro que ao lado do Marcelo ficava radiante, mas era um brilho na pele que antes não estava ali.

***

Quando a menstruação atrasou Bianca de certa forma já sabia, mesmo assim comprou um teste de gravidez na farmácia e logo que chegou em casa correu para o banheiro.

—Positivo! - ela falou no telefone com Marcelo assim que viu o resultado.

—Eu não acredito meu amor! A Juju estava certa afinal das contas! - ele falava animado.

—Parece que sim… Tão certa que provavelmente será um menino.

—Daqui a pouco chego para comemorarmos. - ele estava em uma cidade vizinha a trabalho.

Mais tarde quando pegou Juju na escola, Bia estava planejando como contar a novidade, talvez esperar o Marcelo a noite para contar juntos, ela ficou presa nos pensamentos que demorou para escutar a filha falando.

—Mãeeeeee!

—Oi Juju, desculpa estou pensativa hoje… O que foi.

—Eu estava falando que minha professora vai ter neném! Igual você!

—Como assim Ju?- ela olhou pelo retrovisor a menina estava falando normalmente como se já tivesse plena certeza de tudo.

—Ela contou na aula que tem um bebezinho na barriga dela! Ela até chorou, ficou muito feliz.

—Que legal filha, assim que der vamos comprar um presentinho para ela.

—Vamos comprar uma cor que de para menino e menina… E um de menino para o Eduardo.

—Filha… - Bianca parou o carro na frente da casa delas.- Você acha que a mamãe vai ter um menino?

—O menino já tem nome né mãe?

—A mamãe fez um teste hoje e deu positivo, acho que tem um nenezinho aqui na barriga da mamãe.

—Mãe temos que mudar de casa, meu quarto é muito pequeno para duas camas.

—Você quer dormir com seu irmão ou irmã?

—Só com a menina, o Eduardo vai dormir no quarto dele.

Ela falava tão certa e nem ficou espantada com a notícia que Bianca ficou encantada.

—Obrigada filha por ser tão especial.

—Eu fiz um desenho na aula de arte.

—É posso ver?

Ela remexeu na mochila e pegou uma folha desenhada e começou a explicar o desenho.

—Eu desenhei você grávida mãe.

Bianca pegou a filha e se viu num desenho infantil com uma barriga grande com dois pontos bem grandes dentro dela.

—Esse aqui é o Eduardo e essa aqui a minha irmã, temos que escolher um nome logo para ela.

—Filha você acha que tem dois nenéns aqui? - pousou a mão sobre o ventre.

—Claro mamãe!

—E como a senhorita sabe disso?

—Ah eu sei. -falou dando de ombros.

E foi com naturalidade que quando completou vinte e uma semanas, ao fazer a ultrassom a médica disse:

—Parabéns Juju você vai ganhar dois irmãozinhos.

Marcelo que estava com ela no colo olhou para Bia na maca, os dois estavam emocionados.

—Onde está a menina?

—A menina está aqui ó desse lado, e o menino…

—Eduardo!

—O Eduardo está aqui.

—Um menino e uma menina! -Marcelo segurou forte a mãe da esposa.

—Um menino e duas meninas né pai! Eu também conto!

Bianca arregalou os olhos surpresa com a filha chamando Marcelo de pai pela primeira vez.

—Minha filha! Você é a primeira no meu coração! - ele chorou emocionado abraçando a pequena.