Bianca tinha tomado banho e colocado um pijama curto para dormir, o dia tinha sido bem desagradável, agora mais calma relembrou. Depois do descanso do almoço foram na vila onde ficava a mansão de Iam, foram andando já que era perto e em determinado momento ela se deu conta que estava sozinha com Iam e provavelmente Marcelo estava sozinho com Ariela, aquilo a deixou bem irritada. Apenas quase meia hora depois e de tanto ela insistir para procurar pelos dois é que se encontraram numa cantina tomando café.

—Ah ai estão vocês, seus danadinhos, uma piscada e somem. -Iam avia dito de forma provocativa.

—Iam, meu bem, sabe como é né?! Eu e Marcelo acabamos nos perdendo de vocês...

—Que bom que vieram, tranquilamente tomar um café, isso mostra o quanto estão se dando bem! -ela havia dito olhando diretamente para Marcelo.

—Procuramos vocês, mas pareceu que tinham evaporado, ai para não ficar andando sem rumo, resolvemos ficar aqui de onde poderíamos ver vocês passar para voltar para casa! - Marcelo explicou, a irritabilidade presente em sua voz.

—Bom, eu estou com vontade de voltar para casa. - Bianca relatou frustrada com tudo aquilo.

—Mas querida nem fomos na igrejinha, cartão postal...

—Não Iam, me mostra o caminho que volto sozinha não quero atrapalhar o passeio de vocês.

—Eu também vou voltar.

—Como assim Celo? Vamos dar mais uma volta.

—Olha só você pode ir com Iam, e eu volto com Bianca para casa, pode ser?

—Não CELO, fica com a Ariela, eu volto sozinha sem problema algum!

—Está tudo bem Bianca, parece aborrecida?

—Desculpe Iam, é que hoje minha filha acordou com febre, e não consegui falar com mamãe ainda, por isso estou um tanto irritada.

—Por que não voltamos todos então para casa?

—Pode ser Iam, vamos. -Marcelo já se colocou ao lado de Bianca e começou a andar acompanhado por ela.

Iam e Ariela ficaram mais atrás.

—Nossa Celo, devia ter ficado com sua amiguinha... Ela ficou decepcionada!

—Bianca, para com isso! E você por ai com o Iam a tiracolo, fazendo turismo de casalzinho?

Ela bufou e foi andando mais na frente que ele que naquele momento não fez questão de acompanhá-la esperaria que estivesse mais calma.

Bianca repassou o passeio frustrado e logo seu pensamento foi para o churrasco, Iam chamou vários amigos para movimentar o almoço, colocou uma banda e tudo estava bem animado, mas o humor dela estava péssimo, procurou sentar bem longe de Ariela.

—Como Juliana está? -Marcelo havia se aproximado e sentado ao lado dela.

—Melhor, mamãe foi buscar ela na casa dos avós, estava dormindo quando me ligou.

—E você como está?

—Estressada e vou ficar mais ainda...

—Como assim?

—A sua amiguinha favorita está vindo para cá! -falou entre os dentes trincados.

—Oi meninos, nossa Marcelo nem foi me dar um oi... -Ariela se debruçou sobre a mesa dando um beijo no rosto dele.

—Desculpe, vim saber notícias da filha da Bianca. - ele disse tentando ser imparcial.

—E como está a pequena?

—Melhor. - o tom de voz de Bianca não era dos melhores.

—Que bom... Esse sambinha é bom né? Vamos dançar Celo.

—Não sei sambar e nem danço bem, vou ter que recusar.

—Ah que desfeita... Mas eu te perdoo é tão lindo que não tem como ficar brava com você.

—Ariela...

—Bia, o Iam está te comendo com os olhos, vai ficar com ele querida.

—Ariela, querida, eu não faço esse tipo de coisa, e não vim aqui para ficar com ninguém.

—Ah não quis ofender é só que ele está muito interessado em você. Marcelo a sua amiga é muito brava. Me diga que tipo de mulher você gosta Marcelo?

Ariela quase se deitando sobre Marcelo sem nem mesmo respirava de tanto que falava, isso deixava Bianca com mais vontade de esganar ela, mas manteve a linha.

—Sabe Ariela, eu não tenho um tipo de mulher especifico, mas posso garantir, e não me leve a mal, mas você não faz parte de nenhum tipo que eu goste ou possa gostar... E tem mais, eu sei que Iam te trouxe aqui para me fazer companhia, acontece que eu estou solteiro, mas não estou sozinho, tem uma pessoa na minha vida, e do mesmo modo que eu odeio ver caras dando em cima dela, mesmo que eu saiba que não vai acontecer nada, ela também não gostaria de ver uma mulher assim dando em cima de mim.

Bianca ficou parada vendo a reação da outra que ficou apenas olhando para ele sem entender direito.

—Poxa, Celo...

—O jantar vai ser servido amigos, vamos? – Iam chegou impedindo que ela falasse qualquer coisa.

—Eu não to com muita fome...

—Eu vou lá e monto um prato pra gente que tal? Também não to com fome mas dividindo acho que posso comer alguma coisa.

—Obrigada Marcelo, pode ser.

Marcelo saiu deixando Iam e Ariela sem entender direito o que estava acontecendo, mas logo os dois se encaminharam para a mesa se servir deixando Bianca agradecida por finalmente ter um pouco de paz.

Agora, já no quarto pronta para dormir, esperava a ligação da mãe que chegou na mesma hora que Marcelo bateu em sua porta, com o aparelho no ouvido abriu e fez sinal para que ele entrasse, o rapaz deu um beijo no rosto dela e sentou-se na cama esperando ela conversar com os pais no Brasil.

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A: Filha, pode falar agora?

B: Sim mãe... Como ela está?

A: Melhor, eu disse para você não se preocupar, seu pai é um exagerado não devia ter te falado sobre a febre.

B: Como não mãe? Minha vontade era pegar um avião e voltar para casa agora.

A: Querida, brigou com o Marcelo de novo? Achei que estavam se entendendo.

B: Não é isso, é que estou sentindo falta de casa mesmo, de tudo, da Juju então...

A: Filha está chorando?

B: Quero falar com ela...

A: Pare de choro então, senão vai piorar tudo.

B: Já parei mãe, é só que hoje foi um dia tenso... Mãe amanhã de noite conversamos mais pode ser?

A: Sim... Vou chamar ela, só um minuto.

—____________

Bianca lembrou que ele estava no quarto, ainda sentado na cama tinha o rosto preocupado, ela sorriu e foi até ele.

—Desculpa por isso...

—Linda, deita aqui comigo?! - ela deitou do lado dele que a aconchegou no seu peito.

—____________

J: Mamãe?

B: Oi meu amor! Como está?

J: Ontem fiquei com febre e tive que tomar um remédio bem ruim...

B: Querida foi para você sarar e aposto que a vó Lica te deu um caramelo depois.

J: Deu sim... Mãe quando você volta?

B: Daqui 6 dias filha, você sabe que mamãe tem que ficar até o fim da outra semana.

J: Mas não era domingo que você vinha? Domingo é amanhã?

B: É um domingo mas não o de amanhã e sim o domingo daqui seis dias.

J: Falta muito tempo...

B: Estou com muita saudade, mas nós combinamos né? Que iriamos ser fortes e não ter medo, certo?

J: Mas o vovô tinha que ter ido com o Marcelo e não você mãe, não quero que você fique ai tão longe.

B: Amor, olha só, escuta a mamãe, tá acabando, mais esses dias e eu volto. Vamos combinar uma coisa eu vou ser forte aqui e você vai ser forte ai, vamos dormir todo dia cedo para que passe logo a semana.

J: Está bem...

B: A vó Lica e o vô Dudu como estão?

J: Bem, mãe sabia que eu descobri o que eles vão me dar no meu aniversário?

B: Não acredito, que ratinha curiosa essa!

J: Ai mãe, foi fácil, o vô ficou falando o tempo inteiro assim: “Jujuzinha no verão vai fazer muito calor...” e eu dizia é vô vai sim, ai ele dizia: “Seria tão bom ter uma piscina né?” e eu dizia é vô ia mesmo, e ele ficava cada minuto falando isso, eu não entendi no começo, mas dai ele perguntou se lá na área de casa tinha espeço para uma piscina, eu respondi que sim, e ele falou assim mãe: “Ah que bom se você ganhar uma piscina no seu aniversário.”... Claro que ele vai me dar isso.

B: Meu Deus que filha esperta eu tenho... Piscina é? Quero só ver a conta de água.

J: O vovô falou a mesma coisa aqui em casa, mas eu expliquei que só nos dias que tiver muito, muito sol.

B: Ta bom filha. Meu anjinho vamos dormir?

J: Sim, mãe eu te amo tá.

B: Eu te amo mais meu amor. Boa noite.

J: Boa noite, a vovô e o vovó amam você também.

B: Eu vocês todos, beijinho.

—____________

Quando a ligação terminou, Marcelo que escutava tudo atento, a apertou ainda nos seus braços.

—Seis dias... Como vai ser quando a gente voltar para casa?

—O que tem?

—Vamos nos ver?

—Provavelmente, vou trabalhar na empresa esqueceu?

Ele riu mordiscando a orelha dela.

—Engraçadinha você entendeu bem o que eu quis disser.

—Eu? Ué seja mais claro Celo!

—Vamos ficar juntos?

—Juntos como?

—Juntos como estamos agora. –ele a puxou ainda mais para si.

—Marcelo... Não é hora de falar sobre isso...

—E quando vai ser?

—Não sei...

—Você é o meu tipo de mulher... Como faz?

Ela sorriu e deu um beijo no peito dele.

—Gostei que deu um chega para lá na piranha, digo, na Ariela.

—Mudando de assunto né, espertinha feito a filha.

—Me da esses seis dias para refletir uma resposta...

—Seis dias, ok... Acho que posso suportar.

Ficaram ali abraçados entre pequenas carícias e beijos suaves.

***

O domingo foi mais tranquilo, tomaram sol na piscina, almoçaram e se arrumaram para voltar para casa. Bianca terminou de organizar suas coisas e desceu para esperar no jardim.

—Você gostou do fim de semana Bianca?

Estava concentrada nem viu Iam chegar.

—Eu gostei... Mas acabei ficando mais cansada do que descansando.

—Sinto muito se foi de alguma forma desagradável...

—Não foi bom... Eu que estou com muita saudade de casa.

—Nem acredito que essa é a última semana de vocês aqui... Vou sentir saudades.

—Vamos sentir falta dessa agitação toda...

—Sabe estou analisando com atenção a situação da empresa, mas gostaria de ter um momento a mais com você, que não seja profissional e que possamos conversar sem interferência de terceiros.

—Iam...

—Sem segundas intenções eu prometo só dois amigos conversando, tomando um vinho...

—Tudo bem, eu aceito.

—Quarta? Podemos jantar?

—Quarta? Jantar? – Marcelo escutou o final da conversa dos dois.

—Ah Marcelo, estou fazendo um convite para essa moça difícil.

—Eu acho ótimo na quarta...

—Então combinado, vamos nos falando durante a semana, façam uma boa volta para o hotel. – Iam deu um beijo no rosto de Bianca que sorriu encabulada.

Já no carro Marcelo puxou o assunto.

—Quarta tem jantar?

—Sim... Não teve jeito de recusar... Ele pode dizer algo sobre o dinheiro.

—Tudo bem... Contanto que esteja pensando no que falamos ontem a noite, pode jantar com ele sem problemas.

Ela sorriu e passou a mão delicada na perna dele.

—Estou pensando Marcelo, muito.

—Acho bom mocinha.