Tal Mãe, Tal Filha escrita por Candidamente


Capítulo 15
Albus


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem tá atrasada de novo!
Mais uma semana sem internet e eu pulo da sacada da casa da minha vó (sempre quis fazer isso, na verdade, a grama lá em baixo é macia e eu poderia escorregar pelo telhado u-u).

Boa leitura!



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Rose mal conseguia engolir o que mastigava. Depois de duas semanas de enrolação, Albus finalmente havia lhe contado o que estava acontecendo com Mary e porque ela quase não saia mais da Torre da Corvinal. A situação só deixava Rose ainda mais preocupada, porque Albus estava saindo pouco também. Ele passava o tempo todo com Mary.

Rose quase engasgou com a própria saliva quando ouviu o que Albus tinha a dizer... Entendeu que era ainda mais sério do que ela esperava.

Segundo Albus, a mãe de Mary fora diagnosticada, havia algumas semanas, com uma doença grave, e havia poucas chances de cura. No primeiro dia de aula, Mary e Douglas receberam a notícia de que o médico que estava tratando da Sra. Corner lhe dera no máximo mais seis meses de vida.

A garota era muito apegada à mãe, mais que qualquer outra pessoa. Albus comentou que, certa vez, no ano anterior, Mary dissera que ela era o seu porto seguro. Ele disse também que depois que Mary soube sobre o pouco tempo que restava, quis voltar para casa a todo custo. Porém Douglas não permitiu; eles chegaram a ter uma briga feia e ficaram sem se falar por pelo menos dois dias.

Mary demorou a entender que Douglas, mesmo estando tão abalado quanto ela, só queria o melhor para sua irmã mais nova. E, ainda que já tivesse aceitado que não voltaria para casa, Mary começava a definhar aos poucos. Estava emagrecendo cada vez mais, não dormia o suficiente e já estava perdendo o interesse nos estudos.

Albus estava cuidando de Mary, e Rose compreendia. Porém era exatamente isso que a deixava preocupada. Não queria que um acabasse afundando junto ao outro. Rose amava Albus como se ele fosse seu irmão... Ele tinha apenas dezesseis anos e já estava quase parando a própria vida para que a da namorada continuasse.

Albus parecia estar com medo quando falava no assunto. Ele chegara apreensivo até Rose pela manhã, convidando-a para ir sentar-se no pátio, pois fazia algum tempo que não conversavam.

Como era sábado, eles não tiveram de se preocupar com as aulas, então tudo estava mais tranquilo. Rose ouviu com atenção enquanto o amigo lhe contava o que estava acontecendo. Quando ele terminou, o primeiro impulso da garota fora dar-lhe um abraço apertado, o suficiente para que Albus soubesse que ela estava ali para o que quer que ele precisasse.

Rose perguntou-lhe se os seus pais e os seus irmãos sabiam o que estava acontecendo. Albus disse que em parte sim. Não contara tudo, pois não queria deixa-los preocupados. Embora estivesse ciente de que, no caso de James, era apenas uma questão de tempo até que ele descobrisse.

Na hora do almoço, Rose olhou para a mesa da Corvinal e viu Mary sentada entre Douglas e Albus. Pelo menos a garota ainda descia para almoçar... Era um alívio. O garoto Potter conversava com um dos gêmeos Scamander — Rose sequer fazia ideia de qual dos dois era —, porém era visível, mesmo da mesa da Grifinória, que Albus não estava completamente no assunto. Vez ou outra ele checava Mary por cima do ombro. A garota sustentava o queixo pressionado em sua palma aberta com o cotovelo fincado na mesa. O olhar era vago e ela parecia relutante em comer.

Rose sentiu seu peito se apertar lembrando-se dos olhos de Albus, verdes como esmeraldas, a ponto de enxerem-se de lágrimas — ele as segurou, provavelmente porque não queria parecer fraco, mas ele não era e Rose sempre soube disso —, brilhando com apreensão, medo, preocupação...

Quem estava prestes a perder a mãe era Mary, no entanto, a dor chegava até Rose como uma facada. Era uma reação em cadeia. Mary não queria que a mãe morresse. Albus não queria que Mary abandonasse a própria vida aos poucos. Rose não queria que Albus se esquecesse de si mesmo enquanto cuidava para que a namorada não sofresse tanto.

Rose fez um esforço para ignorar o seu estômago embrulhado e terminou de comer o que estava no prato. Ninguém falara com ela naquela manhã, a não ser para dizer “oi” ou “bom dia”. Ela olhou de soslaio para Lucy, sentada ao seu lado de cara amarrada. A única diferença era que, naquele dia, a cara não estava tão amarrada como de costume.

Então ela lembrou...

E Scorpius?

Onde será que ele estava?

Rose deu-se por conta de que, nos últimos dias, não o notara nas aulas, embora soubesse que ele estava lá. Scorpius costumava lhe cumprimentar com um sorriso e um breve e inaudível “oi” do outro lado da sala, que Rose entendia apenas pela linguagem labial. E ela acabou descobrindo que adorava a forma com que seus lábios se moviam tão timidamente às vezes...

Rose interrompeu-se imediatamente. Não queria se lembrar de suas constatações das duas últimas semanas.

O que importava no momento era se Scorpius sabia o que estava acontecendo com Albus. Rose recordou-se de ter perguntado algo assim ao primo mais cedo no mesmo dia.

“Ele insistiu até que eu explicasse tudo e depois me disse que iria me ajudar. Eu só não sei no que ele pensa que eu preciso de ajuda.”

Talvez Rose devesse falar com o Malfoy depois. Ambos sabiam que Albus iria, de fato, precisar de ajuda.

 

Já sem fome, Rose levantou os olhos e fitou a mesa da Sonserina. Era a última do salão, do outro lado da mesa da Corvinal, que ficava depois da mesa da Lufa-Lufa. Scorpius estava lá, e vestia o familiar uniforme de quadribol de sua casa. Ele ria de algo aparentemente muito engraçado que Tom Zabini dissera.

Na parte da mesa onde Scorpius se encontrava, havia outros seis alunos, todos vestidos com o uniforme de quadribol da Sonserina. Rose presumiu que o treino deles era dali a pouco e devia terminar antes do da Grifinória, que estava marcado para as quatro horas da tarde.

Ela tentou identificar os outros membros da equipe. Lembrava-se deles devido ao último jogo da Sonserina que assistira. Parecia que alguns integrantes haviam mudado, mesmo assim Rose tinha a impressão de que sabia o nome de todos.

Ao lado direito de Scorpius, estava Daniel Nott. Ele era tão pálido quanto o colega e seus cabelos eram castanho-claros e espetados. Depois de Nott, havia uma garota de cabelos lisos e negros pouco abaixo dos ombros, ela possuía fortes traços orientais e um sorriso atrevido permanentemente estampado nos lábios. Pelo que Rose lembrava, ela era quintanista e seu nome era Monica Domy.

A garota viu quando Monica disse algo e Nott virou-se para ela, de olhos arregalados. Eles bateram as mãos no ar e o resto do time inteiro riu.

Rose não conseguiu conter um sorriso. Eles pareciam estar se divertindo, e isso, de alguma forma, alegrou-a. Ainda assim entediada, continuou tentando identificar quem estava no time de quadribol da Sonserina.

De frente para Monica, Daniel e Scorpius, estavam os outros quatro. Começando por Zabini, que estava de fronte a Scorpius. Aquele era o capitão do time já havia pelo menos dois anos. Um rosto de fato bastante conhecido em Hogwarts.

Geralmente, Rose gostava de ser sincera consigo mesma; portanto tinha de admitir: Tom Zabini era estupidamente belo. Ela sabia que muitas garotas concordariam com tal afirmação... Cabelos escuros de cachos rebeldes — ele costumava usar uma bandana cinza ou até mesmo uma tiara discreta para que não atrapalhassem a visão —, pele negra e olhos claros, cuja cor Rose não sabia qual era exatamente. O garoto era magro e não muito alto.

Embora bonito — muito bonito —, Zabini não era atraente. Talvez fosse, para as garotas que davam risadinhas quando ele entrava na sala de aula, mas para Rose não.

Ao lado do capitão, sentava-se o ilustre Sam Lynch. Rose já ouvira falar tanto daquele garoto, que chegava a ser estranho reparar nele pessoalmente. Até onde Rose sabia, ele era filho de um ex-apanhador da Seleção Irlandesa de Quadribol. Lynch era “popular” por esse motivo, não que ele não tivesse seu próprio valor; Rose lembrava-se de tê-lo visto jogar algumas vezes: era artilheiro da Sonserina, e dos bons.

Sentada ao lado de Lynch, encontrava-se a nova apanhadora da Sonserina. Tudo o que Rose sabia sobre ela era Lily que havia lhe contado. Seu nome era Patricia Gough, ela estava no quarto ano e Lily a detestava tanto quanto a própria detestava Lily. Rose não se importava muito com isso, mal conhecia a garota. Na verdade, ficara encantada com o seu cabelo, que era extremante comprido e liso além de ser cor de caramelo queimado.

Por último, vinha Ethan Warrington. O garoto estava no sétimo ano e era visivelmente tímido, parecia acuado ao lado de Patricia, sem interagir muito com os outros, apenas rindo quando algum deles dizia algo engraçado o suficiente.

Ele era batedor ao lado de Scorpius, o que era realmente irônico, pois Warrington devia ser pelo menos duas vezes maior que o Malfoy.

Os sete jogadores não paravam de falar, fazer piadas e cair na gargalhada. Rose não ouvia absolutamente nada do que estavam dizendo e, para tentar se distrair e não ficar ansiosa para o primeiro treino e primeiro contato de verdade com toda a equipe da Grifinória, desviou os olhos para o teto.

Pingos fracos de chuva caíam das nuvens lá em cima, deixando-a minimamente tonta.

Ah, que ótimo.

 

***

 

À tarde, sob a garoa fraca e contínua, Rose finalmente foi visitar Hagrid. Estava acompanhada apenas de James, já que Hugo, Lily e Albus não puderam ou não quiseram ir. James e Rose passaram quase duas horas junto ao meio-gigante que, como sempre, tentava decidir-se acerca de com quem Rose era mais parecida: Ron ou Hermione.

A visita fora divertida; Hagrid os fizera rir bastante com algumas histórias de alunos que passaram por Hogwarts desde que ele virara guarda-caça da escola.

Pouco antes das quatro horas, James e Rose voltaram ao castelo e subiram à Torre da Grifinória para chamar os outros e pegar suas vassouras. Sem demora, eles já estavam a caminho do Campo de Quadribol.

O treino da equipe da Sonserina recém havia terminado, pois James, Rose, Roxanne, Lily, Hugo, Enzo, William, Ernie e o batedor reserva, que se chamava Michael, passaram por Monica, Patricia e Ethan a meio caminho do estádio. Rose pode notar a expressão de deboche no rosto de Patricia ao passar bem ao lado de James.

Ela caminhava com imponência, parecia empinar o nariz levemente — talvez para insinuar superioridade às outras pessoas — e carregava a vassoura no ombro, rindo nada discretamente ao ouvir algo que Monica dissera a Ethan.

Rose pensou ter ouvido Lily bufar atrás dela. Ela não duvidava que a garota de fato o tivesse feito, na verdade.

Não muitos passos depois, Lynch e Nott passaram correndo, provavelmente a fim de alcançar os outros três a caminho do castelo.

A garoa cessara quando os nove Grifinória chegaram ao estádio, então eles puseram-se a se organizar. Zabini, que estava recém indo embora junto com Scorpius, entregou a caixa com as quatro bolas do jogo para James. Enquanto isso, Rose viu a oportunidade que precisava e aproximou-se discretamente de Scorpius.

Ele estava encostado na lateral de uma das arquibancadas enquanto os capitães conversavam brevemente. Os dois nem notaram quando Rose cutucou o Malfoy no ombro.

— Pois não? — Scorpius virou-se rapidamente. Ele sorriu quase que imediatamente. — Ah. Oi, Rosie!

Rose sorriu, porém não por muito tempo. Sua expressão fechou-se inconscientemente quando ela começou a falar.

— Hum... Scorpius, eu tenho que falar com você — disse.

Scorpius parou de sorrir e levantou uma sobrancelha, intrigado.

— É sobre Albus — acrescentou Rose, com desanimo na voz.

A expressão do garoto suavizou e ele disse:

— Tudo bem.

— Pode ser antes do jantar ou...

— O treino acaba às sete, não é? — interrompeu Scorpius. Rose assentiu. — Eu venho até aqui alcançar você, e então podemos conversar no caminho até o castelo. Pode ser?

Rose voltou a sorrir.

— Claro — falou. — Obrigada. Até daqui a pouco.

Então ela se virou para voltar a onde estavam Lily e Hugo, já que James e Zabini não estavam mais conversando e o último estava somente esperando Scorpius para que eles fossem embora.

— Rosie — Ela ouviu e virou-se para Scorpius novamente. — Tenha um bom treino.

Rose sorriu largo e assentiu, agradecendo. Então Zabini puxou Scorpius para que fossem embora de uma vez.

A garota finalmente juntou-se a Lily e Hugo enquanto James abria a caixa com os balaços, a goles e o Pomo de Ouro. Ele pediu para que todos montassem suas vassouras e levantassem voo. O treino começara.

 

As três horas passaram rápido e, embora tenha começado a chover no meio do treino, nada atrapalhou. James até dissera, no final, que o rendimento fora bastante bom para o primeiro dia.

Rose estava exausta, porém mais completa, como nunca se sentira na biblioteca. Ela gostou de Michael; mesmo que no começo parecesse tímido, ele trabalhou bem em equipe, tanto com Enzo quanto com William. Além disso, era muito simpático e parecia um bebê urso tamanho família.

Rose sentia-se satisfeita por estar ali, levando tudo aquilo a sério e se divertindo ainda assim. Todos eles a ajudariam se ela precisasse, assim como ela o faria por eles. Era ótimo, como se até mesmo William, Enzo, Ernie e Michael fossem de sua família também...

Quando Rose deu-se por conta de que estivera presa em seus pensamentos há algum tempo, só restara James no vestiário. Pelo barulho de móveis sendo arrastados, ele provavelmente estava reorganizando a sua pequena sala — lá só havia uma escrivaninha e um sofá, porém Rose ouvira dizer que James costumava mudar tudo de lugar às vezes.

Ela levantou-se do banco onde estava sentada, apanhou sua vassoura e saiu do vestiário. Tinha, inclusive, se esquecido de que Scorpius dissera que a encontraria após o treino para que eles pudessem conversar sobre Albus, quando avistou a figura do garoto pálido e louro do outro lado do Campo de Quadribol, com as mãos nos bolsos.

Rose caminhou até Scorpius sob as poucas sobras de luz do sol que se pusera há pouco. As nuvens cinzentas continuavam lá, pois havia pouco que a chuva parara de cair.

— Então... Vamos? — convidou ela, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! *u*

Enfim, desta vez eu não vou estimar um dia para postar o capítulo, até porque eu sempre me atraso, né. Ainda nem comecei a escrever o cap. 16, mas vai que me dá um ataque de inspiração e o cap. sai... Nunca se sabe.
Vou tentar agilizar as coisas (escrever, editar, etc.) e postar o mais rápido possível. Nada garantido...

Até a próxima!
xx



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