Estendo minha mão e ela a segura, firme.

–Jack, eu não quero que você vá. – ela sussurra, se aproximando para me abraçar. Seu corpo é pequeno e frágil, como se qualquer toque meu fosse a quebrar por completo.

Abraço-a fortemente, como se, se eu me agarrasse a esse fio de paz, eu pudesse simplesmente esquecer tudo o que irá me acontecer em algumas horas.

–Não é como se eu fosse passar um ano inteiro lá, maninha. – eu rio.

–Eu sei, mas mesmo assim vamos sentir sua falta. – ela lamenta, separando-se do abraço.

–É só um jogo pela mão de alguém, vai dar tudo certo. Eu sei que vai, Emma.

–Aposto que a princesa vai escolher você.

–Aposto que não.

–Você vai ter que brincar comigo em período integral se eu estiver certa. Ou me arranjar sobremesa, ouvi dizer que eles comem comida boa mesmo.

–Fechado. – rio, dando-lhe mais um último abraço. Solto-me assim que minha mãe entra na sala, de braços cruzados e me encarando. Sua expressão gela minha alma.

–Mana, deixa eu me despedir da mamãe? – agacho-me para falar com ela.

–Claro. – Emma diz, sem olhar muito para minha mãe, apenas passando direto em direção a sala.

Já consigo até imaginar o que ela vai dizer, porque é o mesmo que ela vem dizendo em minha vida inteira.

–Você tem que ganhar. – suas sobrancelhas se juntam em uma sintonia bonita. - Pare de brincar feito criança, Jack. Cresça, está bem? Impressione a princesa. Precisamos disso.

–Eu sei, mãe. – minha mãe, Susan, não tinha um humor dos melhores, mas eu não a culpava. Ela deu tudo que tinha para poder nos alimentar e nos vestir, meu pai caça, porém o que ele consegue caçar é pouco para os quatro e agora estamos perdendo tudo aos poucos. Ele não veio se despedir de mim, e eu fico feliz com isso.

Não me contento em ter de deixá-las nesse estado enquanto eu estarei lá, naquele castelo bonito que tanto veneram. O que me tranquiliza é saber que uma pequena quantia de dinheiro é mandada para elas logo na primeira semana em que eu estiver lá.

Eu sei que tenho que ganhar, por elas. Porém eu não quero, eu não quero ter que casar com alguém que eu nunca vi na vida, que possivelmente nem vou gostar. Alguém que não tem nada a ver comigo. Pelo que vi no relatório, ela é extremamente perfeccionista, reservada e irritadiça. De qualquer jeito, quais as chances que eu tenho? Sou do 6. Não me importa se entrei para os trinta e cinco selecionados, já estou praticamente eliminado.