Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 36
Verso 35: Wake up


Notas iniciais do capítulo

Por favor, leiam as notas finais



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Não consegui mais falar com o Jungkook depois daquele dia. O que eu diria? “Ela não voltou”? Eu não quero acabar de vez com o garoto. E a própria Stella me pediu para aguardar sua chegada à Coreia.

É claro que não tenho coragem para contar para ele, esse é o verdadeiro motivo por não ter nem mandado uma mensagem nos últimos dias. Nem consegui ir até o aeroporto. Desde ontem, não olho para as mensagens do Kakao Talk. Me assombra a possiblidade dele perguntar algo. Todos esses dias, tive pesadelos sobre hoje.

Está tudo tão surreal que não me assustaria se o Freddy Krueger surgisse ao meu lado – mentira! Senhor Freddy Krueger, não entenda isso como um desafio!

Estou sentada num banco bem na entrada da empresa. Serei a primeira a vê-los passar a porta, e serei a primeira que eles verão. Entrelaço meus dedos, constantemente movimentando as mãos, a fim de acabar com esse tremor, porém sei que a causa não é frio. Quem me dera! Pelo menos, assim escondo um pouco do quanto tremo de medo.

Curvo-me para frente, quase instintivamente. Talvez assim eles não me reconheçam logo de cara, então lembro do meu cabelo azul e percebo a inutilidade da minha ação. Continuo assim de qualquer maneira. Quero abraçar meus joelhos agora para me afastar do medo, mas não posso, isso é o mais perto que posso chegar deles.

E é então que vejo o Bangtan chegar. Vejo através do vidro fumê, então provavelmente ainda não me perceberam. Eles riem bastante, principalmente o Jungkook.

Principalmente o Jungkook.

Como raios eu deveria fazer isso?! Por que eu tenho que estragar a felicidade desse garoto?

Essa visão deixou um vácuo no meu peito, bem onde deveria estar o coração. Por um segundo, cogito a possibilidade de fugir, adiar um pouco mais, só que as minhas pernas não me obedecem. O tremor em minhas mãos se intensifica e espalha para o corpo todo. Minha dor de ouvido volta junto com as placas vermelhas pelo corpo. Com esforço, pego o tic tac do meu bolso e viro duas balas na minha mão.

Eu tenho que fazer isso.

Não posso enganá-lo, não posso adiar por mais tempo.

Eles demoram um pouco para me perceber ali.

— Sam!!!!!! – Jimin é o primeiro a me notar. Os outros vêm atrás. – Caramba! Seu cabelo está azul! Tipo, azul mesmo! Que fofo!

— E o seu está laranja! – Digo, sem muita animação.

— Ei! Por que não foi no aeroporto de novo? – J-Hope faz biquinho – Eu estava com saudade!

— É... Eu...

Esse é o pior momento para perceber que não consigo nem formular uma frase que faça sentido.

— Ah, desculpa, Sam – Jungkook se dirige a mim com aquele sorriso pueril dele. – Fiquei te enchendo a viagem toda, foi mal. Eu não deveria ter te atrapalhado. Não era um problema seu, não havia sentido em te envolver.

— O que houve, Sam? – Jin é o primeiro a se referir a mim com um tom sério. A partir de agora, não mais escapatória.

— Há alguns dias atrás, a Stella me mandou essa mensagem.

Todos se juntam para ver o vídeo na pequena tela do celular. Assim que entendem o conteúdo do vídeo, os outros membros não prestam mais atenção na tela, só no Jungkook. Este não tira seus olhos do celular, sem mover um músculo. Todos trocam olhares e entre si e depois voltam-se para o Jungkook. Assim como eu, ninguém sabe o que esperar.

— Oi, gente. – Falo com um sorriso triste. – Vai ser difícil para mim, mas vocês merecem saber – suspiro. – Bem, por onde começar? Desculpa por ter guardado tantos segredos de vocês. É por isso que agora tenho muito para contar.

Foi mal ser tão detalhista, mas tudo começou quando eu era pequena. Meus pais sempre tiveram uma confeitaria. É algo bem pequeno, mas era a única fonte de renda da família, por isso eles quase nunca estavam por perto. Quando completei meus 8 anos, pediram para eu ajuda-los, mas, por mais que eu me esforçasse, eu não conseguia ser simpática e sempre acabava estragando tudo.

Então as brigas começaram a aflorar em casa. Se não era o silêncio da ausência deles, eram seus gritos, principalmente quando a minha irmãzinha também passou a ajudar na confeitaria. Não havia dia em que eles não me comparassem com ela. Como eles não conseguiam entender que eu sou diferente dela?! Desculpa, eu acebei desviando do assunto.

Também nunca fui um grande gênio, o que se deve em parte a ninguém em casa explicar as minhas dúvidas. Minhas notas logo viraram outro motivo de briga. Nesse ponto, minha relação com os meus pais estava por fio, mas como qualquer criança indesejada, eu só queria me agarrar a eles o quanto eu conseguisse. Eles eram o cobertor que me salvava dos monstros.

Quando eu completei 10 anos, já estava acostumada a me virar sozinha. No tempo em que eu ficava só em casa, passei a estudar como uma condenada. Se esse era o sacrifício preciso para que meus pais me amassem, valia a pena. Claro, minhas notas nunca foram exemplares, mas eram o bastante para que as brigas se amenizassem. Para mim, era o suficiente.

O tempo que me restava, eu passava brincando com um violão velho do sótão. Tinham alguns discos por lá também. Não gostava daqueles evangélicos que minha mãe me forçava a ouvir. Eles me lembravam de todas as vezes que ela usou Deus como justificativa para suas ações e eu não pude discordar. Talvez seja por isso que sou ateia. Enfim, sempre preferi o gosto musical do meu pai. Eram alguns rocks velhos. Lembro de tentar tanto imitar a guitarra de uma música que um dia consegui!

A minha relação com meus pais melhorou, porém isso não significa que era boa. Apesar de todo o meu esforço, tudo que eu ganhava era o silêncio. Ao menos é melhor que brigas, não?

Mas depois disso só piorou. Na escola, apesar de algumas pessoas implicarem comigo, nunca tinha sido “a excluída”. Eram só aquelas rixas bobas de criança. Aliás, eu até tinha um grupinho de amigas. Só que uma delas era especial.

Outra voz feminina a interrompe com um “own” prolongado. Suas bochechas coram violentamente.

— Ei, Bia! Será que não dá para sair daqui só agora? Eu não vou conseguir explicar tudo assim!

— Ok, ok – Bia continua. – “Só que uma delas era especial. ”

Se não fosse pelo barulho de porta se fechando, acredito o travesseiro que a Stella atirou nela teria acertado.

Continuando, uma delas era especial. E quando eu comecei a perceber que o que eu sentia por ela era o mesmo que a Ariel ou a Branca de Neve ou a Cinderela sentiam por seus príncipes, eu entrei em pânico. “Eu só podia estar com defeito” era o que eu continuava a pensar. Pensei em várias maneiras de como eu poderia ser “consertada”, mas obviamente nenhuma delas funcionou. Toda noite eu molhava meu travesseiro com lágrimas.

Só depois de anos eu resolvi contar a ela o que eu sentia. O receio foi enorme, mas se não falasse, eu não conseguiria conviver comigo mesma. E, superando todas as minhas expectativas, ela disse sim. Isso definitivamente me faz um caso em um milhão.

Desde o começo pedi para que BIa guardasse segredo do nosso namoro. Apesar de gostar tanto dela, eu ainda tinha medo dos coleguinhas de escola e principalmente dos meus pais. Ela já havia mudado de escola e seus pais sabiam há muito tempo, então ela não via o porquê de esconder. Bia sempre dizia que me protegeria de tudo e de todos, que sempre estaria ao meu lado. Eu nunca acreditei.

Isso começou a atormentar minha cabeça. Minhas notas voltaram a cair e não havia nada que eu pudesse fazer para melhorá-las. No entanto, foi então que uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. Em um dos meus dias de tormenta, encontrei uma antiga professora de música, Adriana o nome dela. Ela sempre tinha sido muito legal comigo e daquela vez não foi diferente. Ela perguntava e perguntava o porquê de eu chorar, mas me recusava a responder. Entretanto, ela foi mais persistente que eu. Dia após dia ela me esperava no mesmo lugar e perguntava a mesma coisa. Até que sucumbi a sua preocupação e lhe contei tudo. Ela foi a primeira pessoa a me escutar.

Adriana insistiu para que eu usasse a música como terapia. Foi ela que me ensinou a tocar violão, a cantar e a compor. Meus pais nunca estava em em casa, então nunca saberiam. Foi ela, também, quem me incentivou a pesquisar por músicas além do mundinho do sótão. Numa dessas pesquisas que encontrei o K-Pop, aliás. Mas isso ainda não vem ao caso.

Certo dia, estava saindo da casa da Bia quando finalmente decedi fazer algo em público. Doía demais ter que guardar em segredo quem eu amo. Aquela rua era deseta e bem longe da minha casa. Ninguém iria notar se eu seguransse sua mão. Eu estava profundamente errada.

Por acaso, um garoto da minha sala estava passando na rua naquela mesma hora. Acho que nem preciso dizer o que aconteceu depois.

As lágrimas fluem relutantemente dos olhos de Stella com essa lembrança.

Ele espalhou a nóticia por toda a escola, que por acaso era católica. Alguns pais souberam disso pelos filhos e logo vieram reclamar com a diretoria. Diziam que deveriam me expulsar pela minha “conduta indecente”. Claro, porque eu segurar a mão da minha namorada é mais indecente que por onde a mão dos filhos deles passa nas garotas da sala.

É claro, uns desses pais eram os meus. Eles tentaram me trocar de escola, não por compaixão, mas porque tinham vergonha de irem para a reunião de pais e serem “os pais da garota lesbica”. Nem adiantava tentar explicar a diferença entre lésbica e bi. Mas eles não conseguiram o que queriam tão cedo. Estava bem no fim do ano, não dava para me mudar de escola assim. Então eu tive que aturar esses últimos meses.

Eu não ia mais a escola. Colocava o uniforme, mas nunca chegava lá. Não queria mais gente me enchendo. Às vezes eu chorava sozinha na rua, só para saber se eu ainda era um ser humano digno de compaixão. Nem isso eu merecia.

Meus pais não deixaram barato. Eles proibiram Bia de ir para a minha casa. Ou melhor, eles me proibiram de ir para casa praticamente. Minha irmã era jovem demais, ela ficava tão assustada com as brigas que não conseguia fazer nada. A única pessoa que estava do meu lado era a minha namorada. Mas eu estraguei tudo.

Eu realmente não sabia o que fazer. Era muita coisa para a minha cabeça. Parecia que o mundo inteiro queria que eu desaparecesse. Confesso que tentei me suicidar algumas vezes nessa época. Mas tinha uma pessoa que ficou do meu lado, apenas uma: Bia. Porém, eu estava tão assustada e indefesa que passei a culpa-la por tudo. Passei a odiá-la e a me odiar.

No fim, eu só não queria todo o peso da culpa sobre mim.

Apesar de tudo, nunca terminei com ela. Nunca tive coragem para isso. Eu apenas fugia e fugia e fugia. Contudo, quem foge não tem para onde voltar.

Eu só queria um lugar para me refugiar, um lugar bem longe disso tudo: Coreia. Liguei para o meu querido avô. Ele estava há meses perguntando por que eu não respondia suas cartas. Disse que era uma briga de família, que estava desesperada para sair daqui, mas não disse o motivo. Ele também não questionou. Mesmo com sua condição financeira, em pouco tempo ele comprou as passagens de avião e eu me mudei. Ele sempre foi o melhor avô do mundo

Pelo que eu sabia da cultura coreana, eu teria que guardar minha sexualidade em segredo se quisesse viver em paz. “Viver em paz” fingindo ser quem eu não era. Por isso guardei segredo de todos vocês, me desculpa.

Mas agora que voltei percebi que não posso mais fugir. Meu pai ele... Francamente é só uma questão de tempo para ele não estar mais conosco... Não posso perder mais tempo. Tenho que acertar tudo o que eu fiz de errado. Não posso deixar meu pai sozinho no hospital. Apesar de tudo, ele está arrependido e, apesar de tudo, eu o amo. Também tenho a minha irmã. Ela é muito nova para li dar com isso sozinha.

E a minha mãe. Tenho certeza de que ela ainda vai me aceitar como eu sou.

Eu também... ehrm... reencontrei a Bia e nós... voltamos a namorar.

Enfim, eu espero que vocês continuem falando comigo apesar de tudo. Considero muito a amizade de vocês.

Rap Monster, Suga, Jin,  Jimin e J-Hope, mesmo não sendo muito próximos, vocês vão fazer uma falta muito grande. Vocês me deixavam felizes só por estarem ali.

Jazzie e Chae, só Zeus sabe o quanto vocês vão me fazer falta. Vocês foram e ainda são as melhores amigas que eu poderia ter, muito obrigada por tudo.

Sam, mesmo te conhecendo a pouco tempo, você é uma pessoa muito especial para mim, desculpa por não cumprir nossa aposta (ou seria “de nada”?).

Tae, vou sentir falta das nossas conversas, do seu jeito meio nervoso e ao mesmo tempo doce. Muito obrigada mesmo, você foi o único que me compreendeu sem eu precisar usar palavras.

E por último, mas não menos importante, Biscoito, eu nunca vou conseguir esquecer de você. Mesmo que não seja da maeira que você queria que fosse, eu te amo com todas as minhas forças, queria poder te dizer isso pessoalmente, mas eu não posso. Você sempre ficou do meu lado e me ajudou sempre que precisei. Palavras não conseguem descrever o quanto estou agradecida.

Jungkook, desculpa por enrolar por tanto tempo. Quando eu cheguei aí na Coreia, eu estava muito confusa. Eu só queria alguém em quem me apoiar. E esse alguém foi você. Só que eu, idiota como você sabe que sou, só pensei em mim mesma e esqueci dos seus sentimentos. Se tem uma coisa de que me arrependo é de não poder ir aí e acertar isso com você pessoalmente, mas não posso. Se eu retornar para a Coreia nunca mais terei forças para voltar para o Brasil. Preciso resolver assuntos aqui, eu cansei de fugir de tudo.

Por enquanto essa é a minha despedida para vocês, mas nós vamos continuar nos falando, espero. E voltaremos a nos encontrar, eu tenho certeza! Tenho certeza que o Tae está louco para rever as A.R.M.Y.s do Brasil, o que me inclui!

Eu amo cada um de vocês, e me dói muito ter que dizer adeus. Para retribuir tudo o que vocês me deram, só me resta tocar uma música para vocês. Eu gostaria de fazer mais, mas a essa distância estou impossibilitada. Pego meu violão e começo a tocar e cantar War Of Hormone.

— Eu não me esqueci da nossa aposta Biscoito. – Digo sorrindo triste, as lágrimas não pararam de escorrer até agora. – Desculpa por não cumpri-la. Eu amo vocês – repito, mais uma vez sorrindo triste. – Adeus.

O vídeo acaba. As lágimas marejam os olhos de todos, mas o silêncio predomina. Os poucos segundos que Jungkook passou quieto, sem expressão nenhuma, foram o suficiente para fazer com que meu coração saísse pela boca. E então uma risada ecoa pelo hall de entrada. Uma risada forçada, assustadora, que arrepia todos meus pelos e força não só eu, mas todo o Bangtan a engolir a seco.

— Sério... Que pegadinha mais mal feita! – Jungkook ri ainda mais alto. Seu sorriso me assusta tanto que dou um passo trêmulo para trás e esbarro no banco. – Já pode aparecer, Stella! – Ele grita para o nada, ficando sério de repente. – Não tem graça... Essa foi uma piada muito sem graça! Pode aparecer logo, Stella! Não estou com humor para esse tipo de brincadeira!

Ninguém responde. Todo mundo paralisou. Encolho-me de medo, apertando com força o meu braço. Minhas mãos tremem violentamente. Estou nervosa demais para conseguir corrigi-lo, ou fazer coisas complicadas, como falar.

Ele dá um passo na minha direção e sinto mais uma vez a minha perna esbarrar no banco na minha vã tentativa de fugir. Não há escapatória.

— Ei, já pode avisar para ela aparecer. Não tem mais graça – a frieza em sua voz congela todo o meu corpo.

— Não é uma... – a frase se desfaz na minha boca.

— O quê? – Ele grita ainda mais alto.

— Não é uma brincadeira, Jungkook. – Rap Monster interfere. – Tudo no vídeo era verdade, ninguém aqui está fazendo uma pegadinha. Aceite isso logo e deixe a Sam em paz. Não é culpa dela, nem de ninguém.

Ele ri uma risada ainda mais forçada que a de antes. Dessa vez mais baixa, mais rouca, muito mais assustadora. Eu não deveria ter feito isso. Não desse jeito. Porém, de que outro jeito eu faria?

Ele dá lentos passos para trás, tentando se afastar de nós e da verdade. Todos que passavam pararam para ver o que estava acontecendo. Ninguém além dele se movia. Quando já está longe o suficiente, quando tempo o suficiente já se passou para que ele entenda o que está acontecendo, ele chuta a lixeira mais próxima. Esta ressoa oca sobre o chão, com todo o seu conteúdo despejado e com seus cacos de plástico espalhados por aí. Morta.

Jimin e V vão correndo pará-lo, mas ele os afasta com os braços. E vem, a passos largos, em linha reta para mim.

— POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ANTES?! -  Ele me sacode pelos ombros.

— Eu... eu... – tento organizar meus pensamentos para dar alguma resposta, mas isso é bem mais difícil do que eu pensava que seria. – A Stella me pediu para te mostrar isso só quando voltasse.

Sam! Não é hora de botar a culpa em mais alguém. Ele não precisa ouvir nenhuma dessas coisas. Lágrimas saem dos seus olhos sem censura, suas mãos apertam violentamente meus ombros, onde provavelmente vão ficar marcas vermelho vivo. Minhas mãos tremem demais para fazer alguma coisa e, mesmo se pudessem, sua força sobrepõe a minha. Estou tão assustada que não consigo me mover.

— VOCÊ SÓ SABE FAZER O QUE ELA MANDA?! NÃO CONSEGUE PENSAR POR SI PRÓPRIA?! – Ele me sacode ainda mais violentamente, meus ombros já começam a arder de dor. Socorro. Por favor, eu só quero sair daqui. – Pensei que você fosse minha fã! Você deveria ser a primeira a ficar ao meu lado! Mas assim como os outros você me traiu! Hein! Você deveria ter me dito antes!

Junto todas as minhas forças restantes e profiro uma única frase:

— Mudaria alguma coisa?

O tom foi baixo, mas assim que a disse, ele parou. A força de suas mãos se desvaneceu. Parece que toda a confusão que ele estava causando do lado de fora migrou para dentro dele. Seu choro se intensifica, seus olhos se fecham, e seu nariz denuncia cada respiração em voz alta. Ele é uma criança que acabou de acordar de um pesadelo e só quer a mãe para acalmá-lo. Pena que o pesadelo é real.

Jimin se coloca entre ele e eu, afastando-o de mim. Ele e o V se aproximam para consolá-lo, mas novamente Jungkook se desvencilha.

— Jungkook! – Jimin tenta conversar. – Fazer isso tudo não vai adiantar de nada!

— Se eu não puder fazer isso, o que eu vou fazer? Por favor, me diz, o que eu devo fazer?!

O tom choroso dele choca todo mundo e nos deixa sem palavras. Como não houve respostas, ele somente vira as costas e vai embora a passos apertados. Jimin tenta segui-lo, mas V o para.

— Deixe-o sozinho. Não vai adiantar de nada agora.


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Notas finais do capítulo

Sim, este é realmente o último capítulo da Stella.
Há alguns meses, eu e a outra autora (a qual era a criadora e responsável pela Stella) conversamos e ela decidiu parar com a fanfic por motivos pessoais.
Desde então, eu tenho escrito os capítulos da personagem. Por isso, eu me desculpo por todos os erros que foram cometidos nesses últimos capítulos.
Escrever esses capítulos tem sido bem exaustivo. É estranho escrever por uma visão que nunca foi sua. Acredito que para muitos de vocês também foi cansativo de ler. Por isso, me desculpo. Também me desculpo por não responder os comentário. Mesmo assim, eu leio cada um deles e fico muito feliz.

No entanto, eu tenho que falar sobre uma coisa séria. Por conta de vários motivos, esse vai ser o último capítulo antes de um hiato. Só que esse hiato não tem tempo determinado, talvez seja para sempre. Eu não sei quanto tempo vai demorar para eu reencontrar a minha motivação para continuar essa história. Desculpe por prejudicar vocês, mas depois de escrever por tanto tempo os capítulos de uma personagem que não é minha, tendo que receber todas as críticas, sempre sob tensão, está sendo difícil para mim retornar aos capítulos da Sam. Algo que era divertido passou a virar um stress.

Desculpe por decepcionar vocês. Mas como já disse, eu não sei quanto tempo esse hiato irá durar. Não tenho certeza se será um ponto final, talvez seja só uma vírgula. Eu preciso muito que vocês escrevam nos comentários o que vocês pensam, essa pode ser a última chance. Obrigada por tudo até agora.