Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 35
Verso 34: U Can't Do That


Notas iniciais do capítulo

Ufa! Finalmente respondi os comentários! Obrigada por tudo! E espero que tenham gostado da capa nova :3



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Jungkook POV

A fila do fansign vai andando. As pequenas costas da Fada vão se afastando ao passo que os olhares de todo o evento caem sobre si. Meu coração se aperta ao vê-la ir, saltitante, mas tem muitas outras armys na minha frente. Quando ela some de vista, compreendo que não vai ser tão fácil assim quanto pensei.

Antes que mais uma remessa de fãs chegue ao balcão, faço sinal para um staff vir até mim, como a chamar um garçom. Normalmente, eu o chamaria pelo nome, sempre com bastante educação. Além de serem mais velhos que eu, sem eles, não haveria BTS. Há muito tempo prometi a mim mesmo que não seria um daqueles ídolos estrelinha. Mas hoje, as lágrimas em que estão banhados meus olhos me impedem de reconhecê-lo. Ao que ele se aproxima, sussurro em seu ouvido uma súplica:

— Por favor, me dê alguns minutos. Preciso ir ao banheiro.

Meu estômago ainda reclama de todas as palavras, ações e acontecimentos que tenho para digerir.

O staff responde com algum movimento de cabeça, mas não consigo identificar, então, para variar um pouco, sou otimista e assumo que foi um sim. Felizmente, eu acertei. Em poucos segundos, ouço os seguranças avisando algo em tailandês para as próximas da fila.

Saio em disparada para o banheiro mais rápido que posso. Ao longe, ouço algumas pessoas falando no microfone, mas não consigo focar no que estão dizendo. Empurro a porta e enxáguo urgentemente meu rosto na pia mais próxima.

Como está tendo evento hoje, esse banheiro está completamente vazio, deserto, acho que solitário seria a melhor palavra para descrevê-lo. No enorme espelho, apenas um garoto com o rosto pingando de água gelada – uma rachadura rasga seus olhos.

Esperava que mais alguém surgisse quando eu vinha. Mas quem viria? Eu briguei com todos por motivo nenhum! Não mereço que ninguém venha. Todos esses dias, rebelde sem causa. Uma preocupação imaginária me assombrava, enuviando minha visão com seu espectro. Em que brigar com os outros membros iria ajudar a Stella? Nunca fui uma criança muito inteligente, mas não esperava ser tão burro.

Das minhas mãos, toda a minha máscara escorre até o ralo. Toda a maquiagem que a noonas passaram se foi. Nada mais cobre o pequeno ponto vermelho que revela a minha idade, nada mais suaviza o nariz avermelhado, ou disfarça os olhos inchados. Pelo contrário, toda a maquiagem que elas passaram nos meus olhos escorreu, se espalhando a cada lágrima que eu enxugava com o verso da mão. Duas nuvens negras cobrem meus olhos agora.

Eu sou o espectro que me assombra.

A porta se escancara com a força de Taehyung. Por mais que o tempo no banheiro solitário se passe de forma diferente que no mundo real, contei pouco mais de vinte segundos depois que cheguei.

Apesar de todo seu ímpeto ao entrar, sua pressa se desfaz ao ver-me. Parado no batente da porta, a única evidência de que não é uma estátua é sua respiração ofegante.

— Estou horrível, não? – Rio de mim mesmo por mais que não esteja rindo.  – Mesmo que eu estivesse ainda pior há algumas horas atrás.

— Onde está o seu celular?

— Na mesa. Não preciso dele agora.

— Precisou disso para você perceber que estava agindo errado? – Ele grita comigo indignado.

Está tudo bem, eu mereço isso.

— Sim.

— E se ela não estivesse aqui? Você ia continuar com aquele comportamento? Até quando? Até você desistir completamente do seu sonho? Até que percebesse o erro quando não pudesse mais voltar atrás?

Ouço cada grito dele em silêncio. Não o interrompo nenhuma única vez. Apoiado na pia, não desvio um segundo meus olhos dos dele. Depois de tanto falar, devo escutar um pouco.

— E você diz que faz isso pela Stella? Tem certeza que a ama?! Ou você a odeia?!

Quero responder, mas me contenho. Sei que não é a hora.

— Pôr todas as suas inseguranças e frustrações no nome dela é usá-la de bode expiatório! Se quer tomar uma decisão drástica dessas, se quer fuder com a sua vida, faça por si mesmo! Se continuar colocando a culpa nela, irá magoa-la.

O momento em que eu mais odeio o Taehyung é quando ele está certo.

— Você depende dela. Usa-a como uma âncora para seus problemas. Mas como você pode esperar isso dela se a mesma nem está ancorada por si própria? O que você fez esse tempo todo não foi ajudá-la. Você só queria ser importante para alguém.

Cada palavra é uma voadora na minha cara. Uma surra que eu bem mereço.

— Para amar uma pessoa, você deve amar a si mesmo primeiro! Nesse momento, a Stella precisa de uma base para se apoiar, mas você não tem nenhuma! Entende isso? Vocês nunca se apoiaram um no outro, mas se afundaram juntos. Tudo porque você pôs ela na frente de tudo, até dos seus sonhos! Você acha que ela ficará contente de ficar com alguém infeliz?

Sim... Eu nunca pude ajuda-la realmente. Lembro-me de seus olhos naquela noite antes de partir. Virei apenas mais uma preocupação para ela. Não trago mais alegria aos seus olhos, só aflição, isso não é de pouco tempo.

— Você mudou tanto esses últimos meses... Começou quando você começou a só falar da Stella. Nós achamos fofo porque você é jovem, então te encorajamos, mas passado um tempo, você não falava sobre mais nada. Os hyungs foram os primeiros a se afastarem. Estava ficando chato, mas pensei que fosse ser mais uma fase. Foi então que não só seus assuntos eram sobre ela, mas todas as suas ações eram para ela. Você não era mais você mesmo, nem agia por conta própria. Mal falava com a gente, viramos segundo plano. Foi por isso que o Jimin e J-Hope se afastaram. Eles até vieram falar comigo, mas decidi ficar do seu lado apesar de tudo. Sinceramente, você está um saco!

Ele nem precisa falar “sinceramente” para eu saber que está falando a verdade. Me sinto mal por nem mesmo perceber que o Jimin hyung se afastou. Estive tão concentrado em mim mesmo e na Stella que deixei as pessoas que me amam de lado. Magoei todas.

— Tive que aguentar muita coisa todo esse tempo. Mas fiz isso por vocês dois. Se nenhum tinha base, alguém teria que ajudar ambos. Sempre torci para vocês ficarem juntos, então essas são minhas melhores dicas para você agora: seja você mesmo e ame a si próprio. Essas são as melhores coisas que você pode fazer pela Stella. Não mude só porque gosta de alguém. Sua felicidade só depende de você e mais ninguém. Não esqueça das pessoas que te amam. Nós brigamos porque gostamos de você, não queremos te ver numa situação deplorável dessas. Também errei. Me mantive complacente quando você estava se destruindo aos poucos. Agora não. Agora eu quero que melhore. Quero que você seja feliz.

— Desculpa...

Finalmente pronuncio algo. Minha voz reverbera pelas paredes do banheiro calando Taehyung. Com meus passos lentos e trôpegos, vou aos poucos chegando perto dele. E molho sua camisa ao abraça-lo em meu choro.

— Desculpa por tudo. Você esteve do meu lado mesmo quando eu não estava. Não sei o que fiz para merecer um amigo como você. Devo ter salvado o país na minha vida passada. Obrigado por tudo.

— Ei, ei! Assim eu fico envergonhado! Se você continuar falando essas coisas, tenho certeza que a Stella vai me matar quando voltarmos! Não sei você, mas eu amo a minha vida!

Por entre os soluços, solto uma risada abafada. Perto de mim, ele é tão magro... Por mais que seja mais velho, sinto que posso esmaga-lo com toda a força que estou usando para abraça-lo. Entretanto, ele não liga. Sei que é mais resistente, por dentro e por fora. Em troca da força do meu abraço, Taehyung afaga a minha cabeça como a de uma criança.

— Ei, Pânico! Não deveria terminar de lavar esse rosto para voltarmos logo para lá? Melhor não fazermos as armys esperarem mais, não? Quando eu saí de lá, o Hoseok estava apelando tanto no aegyo que todas elas devem estar passando mal agora de tão nojento que foi.

Hyung sempre sabe o momento certo de fazer uma piada. Esfrego bem o rosto para apagar as manchas pretas. Agora, não resta mais nada do Jungkook, o ídolo que dá mais atenção ao celular que às fãs. O espelho só reflete Jungkook, o garoto apaixonado por música que ama o que faz mais que tudo.

Volto para a minha cadeira de cara limpa, porém com um sorriso no rosto. Passo por todos os hyungs que ganharam tempo para mim com a sua – nojenta – batalha de aegyo. Todos retribuem meu sorriso. Pela cara deles, sofrerei um festival de tapas depois desse fansign, mas quem se importa? Eles me perdoaram tão fácil! Por que demorei tanto para perceber que tenho os melhores amigos do mundo?

E, à minha frente, lá estão elas. Um mar de fãs que me amam incondicionalmente e sempre estão ao meu lado. O Taehyung falou algo sobre uma base, ou uma âncora, sei lá. Por mais que eu tenha que aprender a me levantar sozinho, se tem alguém (no caso, “alguéns”) quem me põe nos trilhos são as armys. Não importa a minha situação, elas sempre me apoiam e me ensinam a ser uma pessoa melhor.

Amigos tão pacientes, fãs tão amorosas e a Stella. Tantas pessoas boas ao meu redor... Tenho que me esforçar para retribuir pelo menos um pouco do que recebo.

Engraçado, todo esse tempo eu fui a pessoa mais sortuda do mundo e não sabia!

A fila finalmente volta a andar e mais uma garota vem correndo na minha direção com um pôster em mãos. Enquanto assino, meu celular anuncia uma mensagem.

— Desculpe, deveria ter deligado isso antes – digo ao desligar sem a mesmo olhar a mensagem.

— Está tudo bem em não responder? – Ela se preocupa.

— Sim! No momento, a pessoa mais importante para mim é você – pisco da maneira mais sensual que meu rosto de ídolo deixa.

Sim, Jungkook. Viva o presente.

Sam POV

Traz uma certa nostalgia andar por esse aeroporto. Foi aqui onde conheci a Stella pela primeira vez. Hoje, os papéis estão invertidos. Já estou me preparando para cumprir a promessa assim que ela surgir no portão.

Ai... Só de pensar, o meu rosto já doí.

Desde algumas horas atrás, o Jungkook parou de me mandar uma mensagem a cada 5 segundos pedindo um relatório atualizado da situação com no mínimo 30 páginas. Não posso mentir, estou aliviada, porém será que aconteceu alguma coisa? Por mais que ele estivesse enchendo o saco, não quero que nada de ruim aconteça. Assim que a Stella passar por aquele portão, vou mandar uma mensagem perguntando se aconteceu alguma coisa.

No entanto, essa mensagem nunca foi mandada.

Por mais que voos e mais voos pousassem e eu ficasse fielmente esperando com a placa da Big Hit na mão, a Stella nunca passou por aquele portão.


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